Quem são os “rebeldes” líbios? Procuro informações a respeito, e não acho. Provavelmente são tão ruins ou piores do que o Kadafi.
Prometi a mim mesmo não blogar até segunda, mas o bombardeio da Líbia por forças americanas, francesas e britânicas me intriga e me perturba.
Obama, que tanto prometia ser o “presidente da paz”, conseguiu deixar os EUA envolvidos em três conflitos ao mesmo tempo, um recorde: além das tropas que ainda estão no Iraque e no Afeganistão, agora interfere na Líbia.
Minha pergunta é: se era para bombardear algum país, então por que não o Irã? São eles que mais massacraram seu próprio povo (após a fraude eleitoral do ano passado); são eles que estão desenvolvendo armas nucleares; são eles os que recentemente mataram soldados americanos e seqüestraram soldados britânicos, são eles os que mais apoiam o terrorismo internacional. Ou por que não a Arábia Saudita? (Bem, nesse caso já sabemos por que não).
A Líbia? Sim, Kadafi não é flor que se cheire, mas tampouco representa uma grande ameaça internacional. Promoveu atentados nos anos 80 e 90, mas nas últimas décadas estava até quietinho. Pode até estar matando rebeldes em seu próprio país, mas e daí? No mundo pós-Guerra Fria, devem os países mais poderosos intervir em todos os conflitos ao redor do globo? No Sudão, houve matanças muito piores, mas nenhum país ocidental interveio (e olha que há petróleo também por lá). Na escaramuça entre Rússia e Georgia, ninguém foi maluco de se meter.
Sempre desconfio quando dizem que “a razão de tudo é o petróleo”, mas neste caso talvez seja mesmo. Em tempos de crise, acreditar que há países que se mexem exclusivamente por “razões humanitárias” é algo que não é muito engolido pelo cínico que estou me tornando ultimamente. A zona ocupada pelos rebeldes, curiosamente, é a parte do país onde tem mais poços de petróleo.
E, no entanto, essa explicação tampouco me convence. De que forma o acesso ao petróleo ficaria mais fácil com os rebeldes no comando? Isso sem falar que, com a guerra, o preço tende a aumentar, o que beneficia ditadores e fundamentalistas árabes e não aos países ocidentais importadores.
O objetivo da ação militar parece ser apenas a de promover uma “zona de exclusão aérea” na parte ocupada pelos rebeldes. Isto é, evitar que eles sejam bombardeados por Kadafi. Ao mesmo tempo, segundo os últimos comunicados, as forças da coalizão não pretendem atacar diretamente Kadafi. Ou seja: estão organizando um “empate”. Nem Kadafi vence, nem os rebeldes. A situação pode se alastrar por anos a fio. Quem sabe vire um novo conflito Israel-palestinos, que só existe mesmo porque idiotas de fora insistem em manter um inexistente “processo de paz”.
Por falar nisso, quem são os “rebeldes” líbios? Procuro informações a respeito, e não acho. Provavelmente são tão ruins ou piores do que o Kadafi. Não entendo por que EUA, França e Inglaterra apoiam um grupo de pessoas que, claramente, seria ingenuidade acreditar que sejam democratas à maneira ocidental.
E os franceses? Por que os franceses, ou ao menos o Sarkozy, estão tão ansiosos em bombardear o Kadafi? Será que é por isto? Ou tem algo a ver com isto?
Como é que Obama conseguiu ordenar o uso de força militar sem pedir autorização ao Congresso americano? (Lembrem que esta foi necessária para invadir o Iraque, e demorou vários meses). Será que a autorização só é necessária quando soldados entram de fato no país?
Demasiadas perguntas, poucas respostas. Se me perguntarem se sou a favor dessa nova ação militar, digo que não. (Ainda que isso pareça me colocar do lado da esquerda chavista.) É que parece-me um desperdício de dinheiro, de tempo e de vidas, no momento mais equivocado possível. Mas deve haver muita coisa por trás de tudo isso que ainda não sabemos, ou ao menos que eu não sei.
Se alguém souber, me avise.
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Bom, por mim o Brasil ajudava os Eua na guerra da Libia, mas… Não penso em nada disso, apenas ver o Brasil crescer, tanto em militarismo quanto em desenvolvimento do País.
Se quiserem jogar um jogo muito loko, que voC~e é presidente e tem sua ilha, entra em alianças militares, guerras, Pactos-de-não-Agreção, vende petroleo , compra, vende ouro, compra, pesquisa armas este é o seu jogo:
http://game.desert-operations.com.pt/?recruiter=41385&world=d29ybGQx
No jogo meu nome é Lukskills, me procurem lá e trocamos uma idea
Surpreendente essa análise do MSM, considerando seu viés reacionário… sintetiza bem a questão.
Esses rebeldes aí, armados, de diversas tribos, não tem nada a ver com os manifestantes da Tunísia, Egito, Bahrein, Iemen, etc.
Se o Brasil não consegue afastar e colocar na cadeia os seus políticos corruptos, como podemos dizer que Kadafi está certo ou errado ? Isso não tem lógica.
Primeiramente, temos que limpar o nosso rabo.
(vamos colocar na cadeia todos os políticos corruptos)
CONCORDO COM VOCE, TAMBEM ESTOU MUITO DESCONFIADO QUE TEM COISA AI POR TRAZ, MAS ACREDITO QUE ELES NAO INVADAM O IRA PORQUE O IRA TEM A FORÇA MILITAR MAIS FORTE QUE A LIBIA E IRAQUE ENTAO PODE SER POR ISSO OU ENTAO TALVEZ ESTEJAM ESPERANDO A POPULAÇAO SE REVOLTAR COM MAHMUD AMAJNEJHAT, MAS MESMO ASSIM ACHO QUE NAO ADIANTARIA JA QUE TODO O POVO É AFAVOR DA ENERGIA NUCLEAR E DAS ARMAS ENTAO NAO SEI SE MUDARIA TANTO.
Pude ter uma leve noção de quem são os “rebeldes” ao ler uma entrevista publicada no The Moscow News a cerca de duas semanas, após seu retorno à Russia, do ex-Embaixador russo Vladmir Tchamov na Líbia, demitido pelo presidente Medvedev por discordar da atitude e posição russa na questão Líbia.
É de fato motivo para reflexão!O que faz crer é que não existe ideologia, sim interesses economico. Vitrine para vetores para ser vendido o Rafale,F-18 e agora o Griphen.
Porque kadhaffi não apoia explicitamente o “terrorismo” internacional há anos?
É verdade a historia do financiamento de campanha de Sarkosy por parte da familia kadhaffi?
A queda de Kadhaffi sem a participação da OTAN abriria margem para ascenção ao poder de quem?
A Gra Bretanha da asilo a familia mubaraki e depois bombardeia a Libia para apoiar rebeldes?
A instalação da zona de exclusão aerea tem o objetivo de derrubar kadhaffi ou mostrar força a quem vier depois?
Estas e outras eletrizantes perguntas serão respondidas nos proximos capitulos de “mosqueteiro 2 – Sem canal mas com petroleo”.
Lamentavelmente nesse episódio vemos o hipócritas e malignos são os seres humanos.
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A ONU é uma pantomima que avalizou o ataque contra o petróleo líbio.
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A França precisa vender equipamento militar e o garoto propagando Sarkozy promoveu uma vitrine para isso.
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Seres humanos não são criaturas do bem, mas do mal e da mentira.
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Os homens estão perdidos em si mesmos.
Moderador
Favor corrigir meu texto. Eu quis dizer:
“Lamentavelmente nesse episódio vemos QUÃO hipócritas…”
Muito simples a intervenção acontece porque lá existia um movimento armado contrario ao atual governo, as potencias acreditaram que seria algo rápido se ajudassem, garantiriam o fornecimento de petróleo para a Europa a Rússia não precisaria usar preços abusivos o Sarkozy teria a chance de passar a imagem de homem forte para as eleições do ano que vem assim como fez o Bush e a guerra do Iraque.
Não me venha com essa de atacar o Irã seria caro de mais uma vez que o país pode contar com seu povo diferente da Líbia onde o povo já desmantelou o país, é claro que é um jogo de interesses e não só de um lado a população deseja sua democracia assim como a população do Egito nada de bobagens ideológicas ou religiosas apenas democracia, Sarkozy deseja a presidência a Europa deseja o garantimento de combustível, sem precisar pagar mais caro pra Rússia, e a população da Europa tem sua sede de justiça concretizada com o afastamento do ditador todos saem ganhado menos o ditador.
No caso da Geórgia para que alguém ia se meter lá o que se teria pra ganhar lá, se os interesses fossem realmente grandes seria a 3ª guerra mundial a poderosa Rússia pode “piar” até certo ponto se seu ataque fosse contra outra nação exemplo a Inglaterra ou a França estaríamos em uma guerra agora bem talvez no outro mundo afinal tanto a Europa como a Rússia possuem armamento nuclear capazes de acabar com a vida na terra.
Quanto a o Obama bem capaz que não quisesse se meter nessa, mas não poderia deixar a França como o novo líder europeu os EUA tentaram segurar até certo ponto não deu então foram à guerra mesmo sem querer. Os EUA já estão muito desgastados perder a liderança da Europa seria o golpe final.
A frança, leia-se OTAN, acaba de MATAR o elán iank na UE, ao assumir a liderança nesse atake, q vai custar a ela a venda dos rafales, eles vão levar oa kadafi a um acordo e retirada do poder na Líbia;quem vai ganhar nisso tud: China e Rússia quem viver verá
Bom, de uma coisa eu não tenho dúvidas… A onda protestos nos países no norte da África e no OM se deram por iniciativa popular e com motivações legítimas… Agora, como eu já comentei em outros posts, os oportunistas, os inescrupulosos, “os abutres”, etc., que estão sempre espreitando uma boa oportunidade de se colocarem no “poder”, assumindo o controle da situação para depois visarem apenas os interesses próprios, certamente, já estão em plena campanha para estabelecerem os seus “modos operantes” e obterem seus “dividendos”… E, como nós todos sabemos, esta corja existe em todos os cantos do mundo, não só no Brasil…
🙁
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concordo inteiramente com o txt.
ao q parece cada vez mais m sinto enganado pela midia q nos bombardeou contra a libia. de certo, qm sao os rebeldes? pq eles so estao nas cidades d petroleo.
como deu no blogdovinna, a libia tem um indice da onu, muito melhor q o do brasil.
essa intervenção passou dos limites.
é provavel q em breve, para o povo libio, kadafi passe de um tirano para um heroi.
abraços.
Bom, bom, bom… Nunca pensei dizer isso, mas, DESTA VEZ, os americanos estão inocentes na história (acho eu). DESTA VEZ fora arrastados para esta zorra por terceiros e devem estar danados da vida por isso… Mas fazer o quê, né? É o preço de algumas alianças.
Quem arrastou os americanos para este burraco foram os ingleses e os franceses. Motivo? A crise, para os ingleses, e a crise e uma oportunidade de batizarem os Rafales em combate para os franceses.
Que digam os italianos, que eram os principais parceiros do Kadaf e estão vendo que, no pós-guerra, ficarão fora da reconstrução da Líbia.
Quem são os rebeldes? He,he,he… Quando ELES descobrirem vão comunicar ao mundo, até lá… Bom, “escolheram” um “presidente”, que provavelmente será questionado por parte da militancia quando a guerra acabar, para falar por eles. Em comum tem que são, ou dizem ser, xiitas e tem apoio do Irã.
Mas há quem questione, entre eles os próprios americanos, e daí a falta de interesse americano nos combates… Obama está nesta para dar cobertura para ingleses e franceses, só.
Bom, pelo menos é o que a atitude bonachona me leva a crer. Se fosse realmente visto como um risco pelos americanos a Líbia não estaria com apenas um porta-aviões na sua costa, haveria pelo menos 4 B-52 em órbita para dizimar qualquer posto de artilharia com uma chuva de bombas (cada um tem, pelo menos, 50 toneladas delas) e Kadaf já teria recebido a visita de 2 ou tres CVANT com HELLFIRE e ido para o inferno. Kadaf não é Bin Laden… É fácil de achar e detonar.
[]´s
O galo Frances esta cantando desde o comeco da rebeliao na Libia. Os EUA nao queriam se meter nessa encuzilhada mas quem entrou com a papelada na ONU foi a Franca e pouco a pouco foram envolvendo Obama e os Ingleses. O terremoto no japao deixou Khadafi sozinho por 10 dias e ele aproveitou e quase deu um cheque mate nos rebeldes.
Esses rebeldes sao uma incognita, porque uma pergunta sempre feita por comentaristas aqui nos EUA e Quem sao eles? Cade o Chefe da Tribo? Como armar uns gatos pingados esparramados num deserto e sem orientacao ou grupamento militar. O misterio continua. Mesmo com a cobertura aerea os rebeldes nao fazem progresso contra Kadafi. E a pressao dos bombardeios e o fato dos aliados prometerem ficar em cima da Libia por um bom tempo e que vai forcar Kadafi a tomar alguma decisao e eventualmente deixar o pais.
Não alcançarei esta mudança, mas meus netos veram ! O mundo esta sofrendo uma transformação de mentalidade.Vejamos este episodio da Libia. A Alemanha foi criticada pela a OTAN porque não participou com suas tropas. Mas foi povo alemão que não quer mais seus filhos sendo usado em conflitos de interesses economico.Nos devemos ter nossa Defesa forte,mas para defender nosso territorio , nossa riquezas.
Eu nunca tinha ouvido falar de oposição ao Kadafi. Claro que todo governo autoritário possui oposição, mas essa era bem silenciosa. Inclusive no “exílio”, nunca ouvi falar de nenhum líder atuante.
Por isso sou contra a intervenção do modo como foi feita, por medo de que a remoção de um ditador se transforme em uma tragédia para a população.
Vamos ver no que vai dar.
O mal tomou conta do nosso país: Banqueiros, políticos corruptos que não são punidos, toma lá dá cá, apadrinhamento, dívida interna elevada e externa começando a disparar, etc. Eu acho que vamos afundar.
devem ser aqueles soldados franceses os “legendarios” que so tem cara com problema na justiça devem ter armado os civis rebeldes e até está entre eles
Texto de Mauro Santayana sobre o mesmo tema:
Nova repartição colonial do mundo
por Mauro Santayana
A Europa e os Estados Unidos, com sua ação contra a Líbia, buscam voltar ao século 19, e promover nova repartição colonial do mundo. Na realidade, não houve independência efetiva das antigas colônias. Mediante os artifícios do comércio internacional, e, sobretudo, da circulação de capitais, a dependência econômica e política dos paises periféricos permanece. Nos últimos vinte anos, com a globalização neoliberal, o domínio dos paises centrais se tornou ainda maior. Razão teve Disraeli, o controvertido homem de estado britânico, ao dizer que as colônias não deixam de ser colônias pelo simples fato de se declararem independentes.
Esse domínio indireto por si só não lhes basta: querem retornar ao estatuto colonial escancarado. Ao perceberem os sinais de insurreição geral dos povos contra a opressão de seus prepostos, tomam a iniciativa da repressão preventiva. A doutrina da preemptive war de Bush continua vigendo, e é agora aplicada pela França e pela Grã Bretanha, sob solerte delegação de Washington. Os norte-americanos bem intencionados, que votaram em Obama, descobrem que não podem mudar o sistema mediante o processo eleitoral. Como o grande presidente republicano – e o mais importante militar do século passado – Eisenhower denunciara e previra, quem domina o sistema é o “complexo industrial-militar”, hoje com o mando repartido entre o Pentágono e Wall Street.
O presidente Obama se assemelha, a cada dia mais, aos Bush. Embora seu objetivo final seja o mesmo, ele cuida de falar macio na América Latina, enquanto açula seus aliados contra a Líbia, no movimento da reconquista imperial do Norte da África. Tal como Tony Blair, no caso do Iraque, Cameron se dispõe ao dirt job. Conforme o semanário alemão Focus, comandos britânicos já operavam na Líbia semanas antes da oficialização da aliança.
O movimento pela re-colonização, por parte das antigas metrópoles, se desenvolve pari-passu com a globalização. E obedece ao discurso hipócrita de que, fora dos padrões católicos e protestantes da civilização ocidental, todos os povos são bárbaros e incapazes de autogoverno. A realidade é bem outra: a fim de manter o nível de conforto e de consumo dos países centrais, é necessário usar todos os recursos naturais e humanos da periferia. O espaço asiático de saqueio, no entanto, se estreita com o aumento da população e de consumo conforme os padrões ocidentais – e o crescimento da China. Mas há ainda o gás e o petróleo do Cáspio, pelos quais os americanos buscam controlar o Afeganistão e ameaçam o Irã. Manter os mananciais petrolíferos do Oriente Médio e do Norte da África é, em sua visão, essencial – apesar de seu discurso hipócrita sobre o meio-ambiente. A mesma hipocrisia se revela na declaração de que não querem atingir Kadafi: seu complexo residencial foi atacado pelos mísseis de Obama, da mesma forma que Reagan o fez, em 1986, matando uma filha do dirigente líbio.
Ao mesmo tempo, é-lhes conveniente assegurar o suprimento de minerais e de alimentos, da América Latina e da África Negra. Ameaçados pela penetração dos chineses no continente africano, eles estão dispostos a jogar tudo, para a restauração de seu antigo domínio. E não faltam os sócios menores, os sub-empreiteiros do colonialismo, como os espanhóis e os italianos. Os espanhóis, nessa nostalgia de Carlos V e Felipe II, se unem a Obama, a Cameron e a Sarkozy. Não há diferença entre Zapatero e Aznar: os dois são o mesmo, no esforço pela Reconquista da América do Sul. Os italianos são menos insistentes: sabem que com a queda de Kadafi, a Líbia não lhes será devolvida.
Os neocolonialistas tentam aproveitar-se de uma rebelião sem idéias, embora justa, contra a corrupção e o poder ditatorial nos países árabes. Mas seu êxito não é certo.
Os norte-americanos sempre criam, estimulam e financiam movimentos oposicionistas em todos os paises nos quais é de seu interesse desestabilizar os governos e os sistemas políticos. Estamos, nestes dias, lembrando-nos de 1964. Poderíamos nos lembrar de todos os anos anteriores, sobretudo do período entre 1945 e 1954 quando Vargas, eleito presidente, criou os instrumentos econômicos necessários ao desenvolvimento independente, com as grandes empresas estatais. Depois de morto o grande presidente, Juscelino conseguiu equilibrar-se, graças à sábia opção política de mobilizar a nação para as tarefas do crescimento acelerado.
Assim, não é de surpreender que seus agentes e aliados, nos países muçulmanos, tenham estimulado o movimento que se iniciou, de maneira aparentemente acidental, na Tunísia. Os jovens dos países islâmicos se encontram insatisfeitos com a vida. Faltam-lhes oportunidades de realização profissional e pessoal. Sua liberdade é limitada, e seus sonhos se desfazem, diante de uma sociedade fechada em si mesma.
No último dia 21, o New York Times publicou artigo de um jovem de 24 anos, e bem sucedido colaborador do respeitável Council of Foreign Relations, de Nova Iorque. Mattew C. Klein analisa a situação dos jovens norte-americanos, mostrando que a sua situação de desemprego é semelhante à dos jovens dos países pobres, e que os seus sonhos são também limitados. Ele poderia ter discutido também o desencanto da parcela não alienada da juventude de seu país com o governo, com a corrupção parlamentar e com o indecente comportamento das grandes corporações que têm a sua cabeça em Wall Street, com o belicismo de seu país. O fato de que haja liberdade de imprensa e eleições periódicas não reduz o absolutismo essencial do sistema norte-americano. O povo vota, de quatro em quatro anos, a imprensa é livre, o sistema judiciário funciona, embora nem sempre a Suprema Corte julgue com isenção. Mas, ainda assim, a liberdade, ali, como em outros lugares, é um bem de mercado. É preciso comprá-la.
Os direitos humanos, ainda que proclamados em declarações altissonantes, são também violados nos Estados Unidos e nos países que lhes fazem coro. Basta lembrar o que se passa em Guantanamo, o que foi documentado em Abu Ghraib, e as condições a que está submetido, em uma prisão naval, o soldado norte-americano Bradley Manning.
O discurso de que a intervenção na Líbia se faz em nome dos direitos humanos e da proteção aos civis é imoral. É considerada insensata até mesmo a parlamentares britânicos, como o deputado Rory Stewart, em artigo publicado no dia 18, pela London Review of Books. Stewart não é um homem de esquerda. Deputado por um dos tradicionais redutos conservadores do Noroeste da Inglaterra, o de Penrith and the Border, o parlamentar revela conhecimento do tema. Ele participou das tropas britânicas no Iraque, e, depois disso, atravessou a pé o Afeganistão, como parte de uma viagem maior, da Turquia ao Nepal, por 6.000 quilômetros e que durou dois anos. Embora conservador, Stewart considera um erro a participação de seu país nas cruzadas anti-islâmicas. Justifica, em parte, a intervenção na Iugoslávia, em nome da proteção das populações civis, ali ameaçadas de genocídio – mas não concorda com as demais. Reproduzimos alguns textos de seu artigo, publicado com o titulo de “Here we go again”:
Parecia duplamente improvável que a Inglaterra algum dia interviria militarmente em país como a Líbia. Embora pobre em petróleo, o Afeganistão, na Ásia Central, foi visto por muitos muçulmanos como objeto de ocupação por cruzados infiéis, comandados por Israel, e com o objetivo de implantar bases militares ou de arranjar petróleo barato. Qualquer movimento contra a Líbia – país árabe, muçulmano, obcecado numa luta sem tréguas contra o colonialismo e suando petróleo – dava a impressão de que seria visto como movimento extremamente hostil e sinistro, primeiro pelos seus próprios vizinhos árabes; mas também pelo mundo desenvolvido e até pelos próprios líbios.
A Líbia não atende, sequer, aos critérios do direito internacional, como alvo de intervenção militar. Kadáfi é o poder soberano, não os rebeldes; não praticava nem genocídio nem limpeza étnica. Na Bósnia, a situação era diferente: em algumas semanas, haviam morrido 100 mil pessoas. E a própria Bósnia – estado soberano não reconhecido pela ONU – pediu formalmente a intervenção. O caso do Kôssovo foi menos claro, mas a intervenção visou Milósevic e veio depois das guerras dos Bálcãs, iniciadas por ele, e do deslocamento forçado de 200 mil pessoas, com provas abundantes de atrocidades movidas por preconceitos étnicos. Esse tipo de concepção do que seja uma intervenção militar legal, e que em 1999 parecia ser a quintessência da governança e do consenso global, deixou de ser a concepção dominante no Ocidente.
Como deputado à Câmara dos Comuns, ocorreu-me que talvez seja hora de lembrar às pessoas que, apesar da desgraça do Afeganistão, a Inglaterra ainda pode ter papel construtivo no mundo.
No fim de seu artigo, o parlamentar é pessimista e vai fundo na exposição dos pretextos dos colonialistas:
“Nada me tira da cabeça que o perigo maior não é o desespero, mas as decisões irrefreáveis, quase hiperativas: o senso de alguma obrigação moral, o medo de estados-bandidos, de estados fracassados, de perdermos nossa “credibilidade”. Isso, sim, me faz temer que estejamos no início de mais uma década de superintervenção militar”.
Rory Stewart (nascido em Hong Kong, de pais ingleses, educado na Inglaterra) confirma assim o objetivo de outro movimento colonialista, de novo “manu militari” dos velhos dominadores. Acuados pela falta de petróleo barato, eles se agarram ao passado, em busca de sua segurança e de seu orgulho, como donos do mundo.
Uma derrota do povo
Ao decidir, pelo voto do novo ministro Luis Fux, pela não validade da Lei da Ficha Limpa no pleito passado, o STF contribui para o desalento do povo e sua descrença no processo político nacional. Espera-se que, diante da decisão, o STF dê prioridade aos processos já instaurados e acelere o julgamento dos ladrões do Erário, que agora se acobertam pela decisão do tribunal. Os cidadãos honrados (entre eles os políticos decentes) sentem-se pessoalmente ofendidos pela impunidade dos corruptos, corruptores e peculatários.
A nação pode sentir-se consolada pelo fato de que cinco dos ministros foram sensíveis ao seu clamor pela moralização da atividade política.
De alguma forma a chama da revolta árabe não pode apagar, acredito ser isso que move os Etsados Unidos nesta aventura. O que move França e Grã-Bretanha é o óleo e o prejuízo que grupos como Total Fina Elf ou Shell/BP podem ter com tudo isso.
No mais, virou tiro ao arvaro, ou ao árabe… Me intriga mais saber que o Kadafi entregou AK47 para a população. Se fosse tão impopular, por que faria isso?
Não sei, se tudo que vem pela mídia é real e verdadeiro.
Wolfpack, temos que lembrar que os civís partidários do Kadafi, na sua maioria residiam em Trípoli ou cidades mais próximas, e portanto mantinham-se sob seu julgo, ou seja, sob alcance das garras das suas tropas leais… E, este fator deve acometer essa população de uma espécie de “Síndrome de Estocolmo”(onde o medo faz com que o próprio algoz passe a ser venerado pelas suas vítimas)… Além disso, sabemos que ele começou a distribuir e ou prometer dinheiro para que a população o apoiasse… E quando a ONU aprovou a intervenção, ele resolveu, também, distribuir armas para a mesma… Coisa do típico covarde que só pensa em tentar salvar a própria pele, colocando o próprio povo como escudo… Mas creio que, pelo andar da carruagem, o feitiço virará contra o feiticeiro em breve… Agora o que vai acontecer com a Líbia depois que o facínora do Kadafi cair, aí só esperando pra ver…
🙁
Como os senhores sabem, a opinião do povo do país que ataca influência em muito no resultado da guerra. A derrota sofrida pelos EUA no Vietnam, por exemplo, teve grande percentagem de culpa do próprio povo norte-americano. A velocidade da informação que circula pela internet aumenta essa influência ainda mais.
Por quê um povo pode se voltar contra suas próprias guerras? Eles não entendem que precisam delas para manter o poder hegemônico de seu país?
Um jurista alemão chamado Hans Kelsen acredita que toda pessoa tem a necessidade de justificar seus atos como sendo algo bom.
A partir desta premissa acho que podemos intuir que: se o povo entender que a causa de uma guerra é boa e por isso justificável, ele não irá atrapalhar (como tem feito o povo americano no Iraq e Afeganistão), mas se sentirá honrado em ajudar(como o povo americano na 2ªGM).
Aos olhos de um leigo em assuntos militares (ou seja, a maioria das pessoas), intervir militarmente para evitar que um “temível ditador mau” mate seu próprio povo que se manifesta por intermédio de “pobres rebeldes indefesos” parece ser uma causa nobre. Esta, pelo menos, parece mais convincente e justificável do que a guerra contra a Al-Quaeda ou contra Saddam Hussem.
Em minha humilde opinião este é um dos fatores que influenciaram, não apenas à intervenção da OTAN, mas o aval da ONU à zona de exclusão aérea.