O poder dos EUA está se reduzindo

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Denise Chrispim Marin – O Estado de S.Paulo

Michael Mandelbaum, professor da Universidade Johns Hopkins


Sob o peso de uma dívida pública de US$ 14 trilhões e de um déficit fiscal de US$ 1,3 bilhão, os EUA não serão mais a mesma superpotência das sete décadas passadas. As ações militares e diplomáticas diminuirão, por resistência dos contribuintes americanos em pagar a conta. Regiões que precisam de apoio direto de Washington para construir suas instituições – da Líbia ao Haiti, do Afeganistão ao Iraque – mergulharão na “desordem”.

http://www.ceibs.edu/link/images/20090209/14837.jpgA previsão sombria é de Michael Mandelbaum, professor de política externa americana da Universidade Johns Hopkins. Segundo ele, porém, mesmo com o aparente declínio americano, nenhuma outra potência alcançará os Estados Unidos nas próximas décadas. A seguir, trechos da entrevista.

Os Estados Unidos não têm hoje o mesmo peso em foros internacionais como no pós-2ª Guerra. Qual é o seu real poder?

Os Estados Unidos continuam a ser o país mais poderoso e importante do mundo. Mas, haverá uma contração do poder americano nos próximos anos por causa do peso maior dos programas de assistência e previdência social no orçamento do país. A geração do baby boom, americanos nascidos entre 1946 e 1964, começou a se aposentar. Os EUA serão obrigados a conduzir uma política externa com gastos menores. E não há outro país interessado em assumir o papel dos EUA no mundo, mesmo de forma complementar.

A China seria uma alternativa aos EUA?

A China não se tornará uma superpotência, como os EUA. Primeiro, a China é ainda um país muito pobre. Cresceu muito, mas a renda per capita continua muito baixa e há centenas de milhões de pessoas pobres no país. O foco de qualquer governo chinês estará sempre no espaço doméstico, no crescimento econômico interno, não na projeção de seu poder no mundo. Segundo, a China não assume responsabilidades no sistema internacional. Terceiro, os países do Leste Asiático suspeitam da China e preferirão contar com os EUA.

Outros emergentes não podem tocar essa agenda?

O Brasil se tornará mais importante na América Latina e no Caribe. A Índia, no Sul da Ásia. Para carregarem as tarefas atuais no mundo, não vejo nenhum outro substituto.

A redução do orçamento dos EUA em defesa e diplomacia levará a que tipo de mudança? O que é descartável na atual política externa?

As áreas vitais são o Leste da Ásia, o Oriente Médio e a Europa – as mesmas do período da Guerra Fria. A política de construção de nação conduzida desde o final da Guerra Fria – Bósnia, Kosovo, Haiti e Somália – não será repetida.

Por pressão doméstica ou outras razões?

Porque os EUA constataram que essas intervenções são muito custosas. Talvez sejam desejáveis, mas não são mais viáveis.

E em relação a países como Egito, Tunísia e Líbia. Os EUA podem se dar ao luxo de negar essa ajuda?

Eu acredito que os EUA podem e vão negar. E, com isso, não creio que a imagem do país como líder mundial sofrerá. Será uma surpresa se os EUA custearem essas intervenções porque os contribuintes americanos não querem mais pagar essa conta. Os EUA continuarão com suas atividades de contraterrorismo e de inteligência, em cooperação com outros governos e agências, e ainda podem se valer de seus mísseis de alcance continental. A questão não é mais enviar grandes contingentes de soldados nem adotar programas de construção de nações. Ou seja, não mais valer-se dos modelos de (George W.) Bush e de (Bill) Clinton. Essas políticas de intervenção militar não contam mais com o apoio popular.

Se não há substitutos para os EUA como superpotência, qual o destino dos países em reconstrução?

Haverá mais desordem no mundo. Não chegará ao caos. Mas, onde os EUA não puderem mais intervir, haverá desordem. O custo da liderança atrofiada será pior para o mundo do que para os EUA.

Qual sua avaliação sobre o desinteresse dos EUA pela América Latina?

A região não é importante na política de segurança nacional dos Estados Unidos, o que é bom para todo o mundo. Não há problemas na América Latina que afetem os EUA como existem em outras partes do mundo. E acho que não é de interesse da América Latina atrair a atenção dos Estados Unidos.

QUEM É

Referência no estudo da diplomacia dos EUA, ganhou fama como um dos maiores defensores de um imposto adicional sobre fontes não renováveis de energia para reduzir a dependência americana do petróleo. Mandelbaum também tornou-se especialista em Europa Oriental e Rússia. Ele fez doutorado na Universidade Harvard, mestrado na Universidade Cambridge e graduação em Yale

Fonte: Estadão

17 Comentários

  1. ”qualquer governo chinês estará sempre no espaço doméstico…” Isso é uma meia verdade empresas chinesas estão se espalhando pelo mundo!há investimentos chineses em todos os continentes!

  2. Afeganistão ao Iraque – mergulharão na “desordem”.
    Com a saida dos EUA desses paises não tem outra, todos sabem disso menos os americanos.
    O EUA esta deixando no O.M. uma politica de anos de equivoco, tera que contar com a Europa e Brasil na America do Sul.
    Da para eles confiarem na Russia ou China???
    Acho que não apesar de não descartarem a possibilidade, mas os arranjos feito com Russia e China sobre o caso Iran em que os dois burlam o embargo mostra bem a encruzilhada em que se encontra os americanos.
    Me parece que a forma que o Brasil tem de buscar soluções negociadas pode se tornar uma alternativa relevante a EUA.

  3. César Pereira, ele quiz dizer que as prioridades de qualquer governo Chinês estarão no espaço doméstico, os EUA não tem preocupações com seus vizinhos, tampouco no Atlântico Norte ou no Pacífico, Já a China tem que se preocupar com a Índia, Japão, Rússia, Coréias…, creio que suas únicas incursões fora do teatro asiático serão na África, por exemplo: eles já viram que quem se mete no Oriente médio se ferra.

  4. O URSO so fica rindo deses paises como Ukrania.Polonia
    eas fantasia deserem da otam kkkkkkkkk
    ja vai mais que na hora o mundo nunca presizo do yankes na fanasia de xerife

  5. As contradições no discurso de Michael Mandebaum são gritantes, típica de quem não aceita entregar os pontos. Na história universar, na física e etc. não há espaço vazio que não possa ser ocupado. De poder, então, a história está cheia de exemplos. A não ser que os americanos acreditem num poder metafísico inexpugnavel, do além, de que não poderão nunca serem ultrapassados e deixados para trás por outra potência. Dá dó ver a falta de senso de realidade de pretensos pensadores.

  6. os EUA estão diminuindo seu poder.. e não se esfacelando.
    estudos anteriores já apontavam para essa direção… por décadas os EUA estavam “podemos dizer” anabolizados de poder.. agora estão voltando ao normal.

  7. UNIÃO FAZ A FORÇA E VENCE OS OBSTÁCULOS COMUMS

    Países que sempre tiveram nas sombras protetora do tio sam;Israel é um exemplo dessa proteção,em um novo cenário que se vislumba no mundo,os governo de Israel terá que buscar outros meios para resolver os seus problemas com os seus vizinhos,se não corre o risco de ser riscado do mapa político mundial.
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    Japão, Taiuam,Arábia Saudita,Quaite são alguns exemplos de países que se curvaram a novas potências ou novos grupos políticos na região.
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    Já na américa latina,o único inimigo dessa região, a meu ver, é o narcotráfico;fora isso não vejo problemas entre estados soberanos, e sim divergências políticas e ideológicas más não chega a uma escaramuça.
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    A UNASUL será um instrumento de coesão de todas as forças na região para enfrentar esses problemas e tantos outros da época,se eu puder definir em uma frase como será essa época será UNIÃO .

  8. Fato que nenhum país tomará o “lugar” dos EUA no mundo, mas não por falta de poder, mas sim pela sobra dele, o novo cenário não conta com uma ou duas potências, e sim várias. Temos o Brasil na América, India, China, Russia na Ásia, Russia também para a Europa, sobra a África que não vislumbra um grande nome para tão breve quanto outros, e por isso o Brasil precisa se adiantar.

  9. PIB DA CHINA VAI DESACELERAR;A DÚVIDA É QUANDO
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    14 de março de 2011 | 11h27
    Sílvio Guedes Crespo

    Mailson da Nóbrega, colaborador do Radar Econômico, indica um artigo de Barry Eichengreen segundo o qual o ritmo de crescimento econômico da China vai diminuir, só não se sabe quando.

    Escreve Mailson da Nóbrega:
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    “Barry Eichengreen, professor de Economia e Ciência Política na Universidade da Califórnia em Berkley, mostra por que vale acreditar na projeção de crescimento da China nos próximos cinco anos, feita pelas autoridades no recente Congresso do Partido Comunista. Em vezes anteriores, o governo subestimou a taxa de expansão do PIB. No último plano quinquenal, a projeção era de 7,5% e a economia cresceu 11% ao ano em média. Agora, diz Eichengreen, há razões para crer que a economia chinesa vai mesmo desacelerar.
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    “De fato, em resposta a pressões externas, a China terá que buscar um novo equilíbrio. Até aqui, a economia cresce por uma combinação que tende a não se repetir nos próximos anos, isto é, uma taxa de poupança descomunal (52% do PIB); elevada taxa de investimento (45% do PIB); ganhos elevados de produtividade do trabalho, resultante da transferência de trabalhadores das áreas rurais para a indústria; e impulso às exportações, derivado de uma moeda valorizada e dos efeitos da produtividade na competitividade dos produtos chineses. Eichengreen não menciona os níveis de consumo, mas eles correspondem a apenas cerca de 35% do PIB (mais de 60% do PIB no Brasil).
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    “Para Eichengreen, a China vai reestruturar sua economia mediante menor ênfase à indústria e às exportações, e maior no consumo doméstico. Os trabalhadores vão demandar mais salários e menos horas de trabalho. Mais consumo significará menos investimento. E tudo isso implicará menor crescimento econômico.
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    “Por essas e outras razões, a dúvida não é se a economia chinesa vai desacelerar, mas quando. Eichengreen entende que a desaceleração é iminente. A dúvida, conclui, é se o mundo está preparado para seguir os passos da China e prover o dinamismo que advinha da forte expansão da China.”
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    O artigo de Barry Eichengreen está no Project Sindicate, um site que publica artigos opinativos sobre economia.
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    Mailson da Nóbrega foi ministro da Fazenda (1988 a 1990) e hoje é sócio da Tendências Consultoria Integrada e membro de conselhos de administração de empresas no Brasil e no exterior. Ele colabora com o Radar Econômico, indicando artigos e reportagens relevantes da imprensa nacional e estrangeira.

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    Fonte:
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    http://blogs.estadao.com.br/radar-economico/2011/03/14/analise-pib-da-china-vai-desacelerar-a-duvida-e-apenas-quando/
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    Blog: http://mailsondanobrega.com.br/blog/

  10. Pessoal, não costumo errar nas minhas projeções econômicas. A África, a América Latina, 60% dos chineses, 80% dos indianos e 60% do Oriente Médio, passarão a ter uma melhor renda, impedindo que as nações mais desenvolvidas afundem economicamente (não tenham para quem vender seus produtos). Haverá uma cota de exportação para cada país. A China, como tem um imenso mercado interno, vai se safar e Índia, idem.
    Os carros passarão a ser descartáveis, assim como os demais produtos. E o Brasil ? Vamos ficar com a lanterninha dos desenvolvidos, pois os nossos políticos continuarão se locupletando com o dinheiro do povo e administrando mal a nação. Caso tenhamos bons economistas e políticos, vamos passar a nos industrializar, deixando de ser meros exportadores de alimentos e matéria prima.
    A nossa Div Pública engessa a nossa economia, pois tem gerado inflação, pois parte desses recursos vão para o consumo.
    O Populismo atrasou demais o Brasil. Precisamos de pessoas altamente preparadas no Poder, e isso só será conseguido através do Parlamentarismo e Trabalhismo / Empresariado.
    Temos que acabar com o amigo, o amigo do amigo, o fidalgo (filho de algo), o bajulador e o apadrinhado político.
    Esses personagens afundam com qualquer país.
    Temos que simplificar as nossas leis, pois elas emperram a administração da nação. O país precisa economizar em todas as áreas, para poder reduzir os impostos.
    Os nossos economistas criaram uma Div Int monstruosa, que não existia na época de Collor – 1 tri de dólares. E agora estamos com um déficit nas constas externas de mais de 50 bi de dólares, que poderá chegar no final do ano a 100 bi de dólares. É o fim da picada.
    Vamos ter que fazer o Calote da Dívida interna, através de rendimentos negativos e liberação a conta gotas desses recursos aplicados. O dólar e o euro irão irão disparar, mas não poderemos deixar os estrangeiros comprar as nossas empresas estratégicas. Caso sejamos grandes exportadores de Petróleo, o dólar irá cair novamente.
    Eu sei como zerar a Div Int sem traumas, mas não vou dizer aqui. É muito simples. O Gov vai ter que me contratar, se quiser saber. Economia pra mim é muito fácil.

  11. Os EUA não estão quebrados.O que houve foi uma maciça transferência de renda da base para o topo da sociedade americana.Hoje em dia,400 americanos têm mais dinheiro do que 155 milhões de concidadãos.
    A base industrial da China já maior do que a dos EUA,porém os EUA produzem com 11,5 milhões de pessoas o que a China produz com 100 milhões.
    Se não mudar esse rumo(o do capitalismo que privilegia Wall Steeet ao invés da produção,a Main street) aí,sim,veremos o poder sair do ocidente e ir para a eurásia.E não adianta querer usar a força militar porque eles,lá,estão desenvolvendo armas pesadas também.

  12. Pessoal,
    O que está acontecendo é a falencia do capitalismo.
    Temos que fazer logo a transição para a tecnocracia.
    Para saber mais acessem o site do Movimento Zeitgeist Brasil movimentozeitgeist.com.br .
    Temos que evoluir logo.

  13. vocês se esqueceram que o povo é quem manda no mundo com o advento da internet os lobistas safados e cruéis tiveram os seus lados negros revelados que até então na era da tv não se sabia da verdade sobre as corporações e suas malignas intenções com a população global, hoje as sociedades operarias sabem como feri-los grave-mente suas intenções egoístas infelizmente eles agora vão pagar o preço caro população acordou ninguém mais quer pagar pra elite matar ou luxar.

  14. O cara analisa os mundo olhando para seu umbigo, pois ainda crê no destino manifesto e na pax americana como um axioma inquestionável.
    Essa ideologia amarica é que levou o EUA a banca rota da história e fica evidente que ninguém é insubstituível.
    Há espaço sempre para outras nações ocuparem ou compartilharem o poder no concerto das nações.

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