Comunidade internacional avalia riscos de uma intervenção na Líbia

USS Kearsarge’s

Para especialistas, criação de zona de exclusão aérea é medida dispendiosa e de poucos efeitos práticos. Envio de tropas seria mais eficaz para proteger a população e apoiar a ajuda humanitária.

Diante das brutais ações do ditador Muammar Kadafi na repressão aos insurgentes líbios, a comunidade internacional debate cada vez mais a adoção de medidas militares na Líbia, incluindo a criação de uma zona de exclusão aérea no país ou o envio de tropas por terra.

O embaixador-adjunto da Líbia na ONU, Ibrahim Dabbashi, que rompeu com Kadafi, foi um dos primeiros a exigir uma área de não circulação aérea na Líbia. Ele falou de um início de genocídio em seu país, o qual só poderia ser impedido por meio de uma intervenção militar da comunidade internacional.

Do ponto de vista do direito internacional, o ONU poderia emitir um mandato com base na responsabilidade de proteger, compromisso assumido pelos países-membros na Assembleia Geral de 2005.

Rebeldes perto de Bengasi, cidade no leste da Líbia

Segundo esse compromisso, a comunidade internacional tem o dever de proteger uma população em todo e qualquer lugar onde possa acontecer um genocídio, como lembra o cientista político Carlo Masala, da Universidade Militar de Munique.

Intervenção externa

Mas não há consenso entre especialistas internacionais se o que está acontecendo na Líbia pode ser chamado de genocídio. Além disso, até hoje a comunidade internacional poucas vezes pôs em prática o compromisso assumido em 2005.

“Mesmo que isso soe cínico, a situação na Líbia ainda é relativamente inofensiva se comparada com o que aconteceu, há alguns anos, no Darfur. E mesmo assim, nós não agimos no Darfur”, enfatiza Masala. “Os países intervêm apenas quando querem defender seus próprios interesses e não motivados por um compromisso internacional”, complementa.

Para instituir uma zona de exclusão aérea ou para avançar com a intervenção militar é necessária a aprovação do Conselho de Segurança da ONU. Na semana passada, o grêmio concordou em aplicar sanções contra a Líbia. Mas essa unanimidade dificilmente seria alcançada no caso de uma intervenção militar, mesmo que ela se restringisse ao fechamento do espaço aéreo.

A China e a Rússia provavelmente vetariam esta decisão. Ao Ocidente restaria apenas a opção de agir sem um mandato da ONU. Mas até mesmo na Otan, que dispõe dos meios para impor o fechamento do espaço aéreo, há restrições a uma ação militar.

Anti-Kadafi: Defesa do ataque aéreo no leste da Líbia

Otan poderia agir

A Turquia, segundo maior exército da Otan, é contra. França e Alemanha hesitam. O especialista em política de segurança  Henning Riecke, da Sociedade Alemã para Política Externa, também é cético: “A proibição do tráfego aéreo é uma questão tão complexa que a curto prazo seria quase impossível aplicá-la, embora a Otan esteja em condições de fazê-lo. Mas a questão é quanto tempo essa operação iria durar, quão ampla ela seria e o que exatamente o mandato das Nações Unidas iria prever.”

A Otan dispõe de pessoal e recursos para implementar uma zona de exclusão aérea. A Nato Response Force – Força de Reação da Otan – possui uma tropa militar móvel capaz de enviar, em uma semana, 14 mil soldados para operações militares também fora da Europa.

Porém a Líbia apresenta riscos geopolíticos peculiares. A maior parte do país é um deserto. A Líbia é quase cinco vezes maior que a Alemanha e, para controlar o espaço aéreo de um território como este com eficiência, seriam necessários de 100 e 150 voos diários. Nem mesmo a Otan teria condições de fazer isso a longo prazo.

“Não vai funcionar”

Manifestantes em Ajdabiya

Para Riecke, uma área de não circulação aérea não teria um impacto direto na luta entre as tropas de Kadafi e os rebeldes. “Daria-se início a uma operação muito complexa e de efeitos muito limitados para o confronto que ocorre no país”, afirma.

Até hoje houve apenas dois casos de restrição de voos. No norte do Iraque em 1991, para proteger os curdos dos ataques aéreos de Saddam Hussein; e em meados dos anos 1990 com o mandato da ONU na Bósnia-Herzegovina. Mesmo assim, o massacre de Srebrenica não foi evitado.

Por isso, para a maioria dos especialistas, faz mais sentido uma intervenção de tropas por terra para proteger os oposicionistas da ação das forças leais a Kadafi e também para apoiar os serviços de ajuda humanitária às centenas de pessoas refugiadas nas fronteiras do país.

Autor: Daniel Scheschkewitz (br)
Revisão: Alexandre Schossler

Fonte:  DW-WORLD.DE

17 Comentários

  1. Será que os EUA estão preocupado com a população da Libia ou estão preocupa com o Petróleo?

    Tantos massacres já aconteceu no mundo e nunca se manifestaram assim. Além disso nenhum massacre foi confirmado até agora. O que sabemos é que há combate entre a força do governo e os manifestantes.
    Na minha opinião, os EUA e a Europa estão incentivando a oposição a atacar o governo da Libia militante. Isso é um jogo muito perigoso.
    A Libia é um país composto por tribos e uma guerra civil pode se alastrar no país.

  2. Realmente, não dá para se confiar na Rússia, China, Turquia, Venezuela e Cuba, mesmo.
    Pessoal, o Brasil deve se aliar e alinhar aos americanos, mesmo. Que venha os americanos para a América do Sul.
    A morte da democracia do povo líbio, será de única responsabilidade dos 5 países citados acima.
    Na prática, é que sabemos quem é quem.
    Se os americanos passarem a lançar Mísseis Cruzeiros na logística de Kadafi, o mundo irá criticar. A ONU tinha que agir, mas os chineses e russos iriam bloquear essa iniciativa. Então,a responsabilidade pelo massacre do povo líbio irá recair nos ombros dos russos e chineses, além dos venezuelanos,turcos e cubanos.
    Espero que o Governo Brasileiro se afaste desses países, em todos os sentidos.
    Vamos ter caças F-18 pessoal.

  3. O Kadafi é um louco que tem que ser sim retirado do poder, e uma zona de exclusão aérea teria sim efeito prático (e muito) para as tropas da oposição, já que o maior trunfo do Kadafi é o poder de fogo aéreo se não fosse isso os opositores já tinham atacado Tripole. Uma intervenção militar com o envio de tropas por terra iria deslitigimar a revolta do povo, aí viria ainda a força de ocupação e etc… o que geraria um novo iraque. Na área de exclusão aérea não precisaria que a OTAN ficasse sobrevoando de 100 a 150 vezes por dia, bastaria bombardiar todas as bases militares de Kadafi a aniquilar a resistência aérea dele.

  4. Estão preocupados com o fruir do ouro negro p sua combalída econômia , assim com o os outros…compactuaram c o Líbio no poder durante + de 40 anos…agr q arrumem a bagunça q ajudaram a manter por tantos anos…sem destruir , mutilar e matar os mesmo, as vítimas .Sds.

  5. OS GAFANHOTOS ESTÃO A SOLTA,DEVORANDO TUDO
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    Enquanto isso no Afeganistão os civis estão sendo massacrados por aviões da OTAN & EUA ,hipocrisia pura.Rsrsr…..
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    Fica muito difícil de acreditar que os EUA e a Europa(Inglaterra,França,Alemanha,..ETC) estão mais preocupado com o povo líbio do que com o petróleo deles.
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    A nós,o Brasil;devemos está em prontidão com esta horda de vampiros pois, eles estão de olho em nossas gargantas(riqueza).
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    O velho guerreiro de vez em quanto,ele acerta uma e até aqui neste assunto ele não errou!
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    http://port.pravda.ru/mundo/03-03-2011/31338-fidel_otan-0/

  6. Isso é trabalho para aquelas empresas de mercenários americanos, já que o Kadafi também está usando desse tipo de soldados

  7. A Crise Líbia, vai mudar o jogo de força militar mundial.
    Li em um artigo, que a Rússia e a China estão contra a intervenção de uma força militar da ONU. Quer dizer, que os russos e chineses apóiam ” Kadafis ” pelo mundo afora,e acham que a Democracia Popular é uma bobagem.
    Os americanos irão sair fortes da Crise Líbia, pois não se afastaram da ética e dos princípios democráticos.
    Depois dessa, acho que temos que nos aliar aos americanos, pois somos todos da América.

  8. Aff dandolo presta atenção no que você está falando. Os eua não estão la para defender democracia, nem direitos humanos. Estão para defender o petróleo e reforçar as alianças com a europa, (que é dependente direta do óleo Líbio).
    Não, eles não são confiáveis, assim como nenhum outro país que venha a entrar em conflito de interesses conosco!
    Quem defende a democracia dos palestinos? Quem defende os direitos humanos do Iraque? Quem defendeu Kosovo? Quem vive sabotando o Irã?
    QUEM VIVE SABOTANDO O BRASIL? QUEM AMEAÇA A NOSSA SOBERANIA NAS AMAZÔNIAS?
    Aff, parece que não lê as notícias do próprio PB. Se vierem pra cá vão fazer o de sempre, nos estuprar até a morte.
    Não existe mocinho e bandido, apenas interesses. É com esse pensamento que devemos fazer alianças nesse tipo de situações.
    O aliado de hoje, quer nos pegar na curva amanhã. E sendo nosso vizinho, a esquina é bem mais perto.

  9. Nunca vi o Lula acusando políticos corruptos.Por que ?
    Pessoal, ninguém está acima da lei.
    Dilma vai ter que mandar apurar o Caso Gamecorp.

  10. ”Os americanos irão sair fortes da Crise Líbia, pois não se afastaram da ética e dos princípios democráticos.” CARA VOCÊ ESTA DE BRINCADEIRA!!

  11. Para os “viajões” de plantão… não terá intervenção militar terrestre nem aérea na Líbia pois qualquer intervenção externa seria considerada uma invasão pelo direito internacional. Kadhafi é um ditador e fanfarrão de longa data mas o mundo sempre conviveu com ele. Apesar disso, ele tem ampla simpatia na população arabe e muçulmana. A Líbia não é como o Egito e Tunisia, uma intervenção externa ocidental lá pode produzir o que ainda não ocorreu: os movimentos revolucionários se voltarem contra o ocidente. Coisa que já ocorreu no Oriente médio e norte da África nos anos 50, com o pan-arabismo.

  12. Está de caras que não vai haver intervenção nenhuma. O mundo Ocidental tem que ter calma e não se precipitar , o que já o fez.

  13. Quer dizer que o Ocidente enganou o povo líbio com essa estória de Democracia ? Não há ÉTICA nesse planeta.
    Peço a Deus que elimine a humanidade da face da Terra e comece tudo da estaca zero.

  14. Dandolo, porque os EUA não derrubam o imbecil do rei Abidula da Arábia Saudita!? E Cingapra!?

    Não seja ingênuo, os EUA em sua prepotência e interesse gostam de decidir quem são “os ditadores do mau e do bem”

  15. Os americanos, a ONU e a OTAN, também não vão contra a monstruosa e vergonhosa impunidade dos políticos corruptos brasileiros. Esse mundo está totalmente podre.
    Eu gostaria que Deus fizesse um Dilúvio na Terra, para começar tudo da estaca zero.

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