Redução de recursos militares dos EUA preocupa aliados da Otan

Secretário de Defesa , Robert Gates e a Secretária de Estado americana, Hillary Clinton

Planos de Washington para cortes militares preocupam aliados da Otan. Especialistas dizem que aliança tem que redefinir objetivos e se adaptar à nova ordem mundial, pós-Guerra Fria.

Washington planeja redução de tropas na Europa

A administração Obama promete reduzir gastos, à medida que os envolvimentos dos EUA no Iraque e no Afeganistão vão perdendo em importância. O secretário norte-americano de Defesa , Robert Gates, anunciou cortes da ordem de 78 bilhões de dólares  (57 bilhões de euros). E estes cortes podem afetar o que Gates chamou de uma “estrutura de excesso de força na Europa”.

A Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), que foi criada para conter a União Soviética, está redefinindo sua missão em um continente agora unido e em paz. No futuro, uma presença militar menor dos EUA na Europa irá ter como meta prioritária auxiliar a agilidade das tropas na locomoção para outras partes do mundo. No entanto, Washington tem que equilibrar essa força menor, de custos mais efetivos, com as obrigações tradicionais de segurança dos EUA enquanto membro da Otan.

Êxodo militar

Após os acontecimentos de 11 de setembro de 2001, o então presidente norte-americano, George W. Bush, começou a reestruturar as forças armadas dos EUA para facilitar as intervenções no Iraque e no Afeganistão. Mais de uma década depois do colapso da União Soviética, o palco geopolítico tinha mudado definitivamente da Europa para o Oriente Médio e a Ásia Central.

“Durante décadas, as Forças Armadas norte-americanas no exterior haviam permanecido essencialmente onde as guerras do século passado acabaram”, disse Bush em agosto de 2004, ao discursar para veteranos em Cincinnati, Ohio. “A atual postura militar dos EUA foi projetada, por exemplo, para nos proteger e proteger nossos aliados da agressão soviética. Essa ameaça já não existe”, afirmou.

Segundo Washington, o islamismo radical substituiu o comunismo soviético como ameaça existencial para os interesses dos EUA. Para combater esse novo inimigo, o então secretário de Defesa, Donald Rumsfeld, deu início a um êxodo de soldados norte-americanos de seus postos históricos na Europa Ocidental. Mas os críticos advertiram, já na época, que a reestruturação iria minar a capacidade da Otan de manter suas responsabilidades de segurança dentro e fora da Europa.

“O plano de Rumsfeld foi uma opção por reduzir os contingentes dos então 100 mil para 60 mil”, disse à Deutsche Welle Ian Brzezinski, analista do Conselho do Atlântico. “Enquanto o plano era implementado, o Comando Europeu pesou as consequências e chegou à conclusão de que se o plano fosse executado, teríamos problemas para manter as responsabilidades já definidas, incluindo as previstas no artigo 5”, disse.

O artigo 5º do Tratado da Otan exige que a aliança venha em auxílio dos países membros, caso seu território sofra algum ataque.

Novo conceito estratégico

Em resposta às preocupações expressas pelos comandantes, Gates, o sucessor de Rumsfeld, suspendeu o plano em 2007. No entanto, cortes no orçamento do Pentágono recentemente anunciados podem trazer de volta o assunto de redução de tropas. Especialistas acreditam que a mudança do papel da Otan em um mundo pós-Guerra Fria irá determinar, em última instância, o número e a estrutura dos soldados norte-americanos na Europa.

“Trata-se de uma Otan diferente, mas ainda é a Otan”, afirma Michael Cox, especialista em política externa norte-americana e em relações internacionais da Chatham House, em Londres. Segundo ele, “instituições sao criadas para fazer uma coisa num determinado contexto e acabam fazendo outra, em outro contexto”.

E, embora a determinação do artigo 5º, de defender os Estados membros de um ataque convencional, continue a ser pertinente, uma política ativa de proteger os interesses ocidentais no mundo assumiu uma nova importância. O conceito estratégico da Otan, adotado em novembro passado, enfatiza a prevenção de conflitos fora da Europa, a luta contra o terrorismo, o controle da proliferação nuclear e garantia da segurança de rotas comerciais, assim como de fontes de energia.

Alguns países temem enfraquecimento da OTAN

“As tropas norte-americanas têm agora outras atribuições que durante a Guerra Fria”, afirma Henning Riecke, especialista em política de segurança transatlântica do Conselho Alemão de Relações Exteriores. “A preocupação agora é reagir a crises ou combater os novos riscos devido à instabilidade no norte da África, Oriente Médio e no Afeganistão, que são áreas onde estão estacionadas tropas norte-americanas “, disse Riecke.

Defesa territorial convencional

Muitos europeus estão preocupados, achando que a defesa territorial convencional irá cair no esquecimento, enquanto o olhar estratégico dos EUA irá recair cada vez mais sobre o Oriente Médio e a Ásia Central. Para os novos membros da Otan, tropas norte-americanas continuam a agir como uma garantia contra as imprevisibilidades da política externa de Moscou.

“As nações que estão mais preocupadas com a credibilidade do artigo 5º são os países da Europa Central”, disse Brzezinksi. “As pessoas se lembram que a Estônia sofreu um ataque cibernético originado da Rússia, e que muitos acham que foi planejado pelo governo russo.”

Jogos de guerra

E em 2008, a Rússia moveu jogos de guerra com a Bielorrússia, que culminaram em um ataque nuclear simulado na Polônia. A simulação provocante veio em um momento de tensão entre o Ocidente e a Rússia em relação à Geórgia e de criação de um escudo antimísseis. Embora as relações tenham melhorado posteriormente devido a negociações entre Washington e Moscou, os membros da Otan, nos limites a leste da Europa, continuam céticos sobre as intenções russas.

Soldado alemão em missão da OTAN nos Balcãs

“A Polônia e os países bálticos têm um forte receio da influência política da Rússia e de um possível confronto”, diz Riecke. “Para eles, continua a ser muito importante que as tropas norte-americanas estejam estacionadas na Europa. Estes são cenários que não estão no topo da lista dos possíveis riscos, mas você não pode simplesmente varrê-los para debaixo do tapete”, fala o especialista.

Embora mais reduções de tropas norte-americanas na Europa possam vir a acontecer, as forças militares do país permanecerão no continente por tempo indefinido

Elemento importante

“A presença norte-americana em solo europeu age como um componente importante da política europeia de segurança e defesa”, fala Riecke. “Não posso dizer se os europeus se moveriam mais lentamente ou mais rapidamente se os americanos não estivessem aqui, mas é um elemento importante.”

De acordo com Brzezinski, a presença contínua dos militares norte-americanos em solo europeu demonstra a importância de uma relação de segurança que beneficia os países de ambos os lados do oceano Atlântico, mesmo no século 21.

Autor: Spencer Kimball (md)
Revisão: Soraia Vilela

Fonte:   DW-WORLD.DE

5 Comentários

  1. Temos a Rússia, China, Paquistão, Irã + 1,5 bi de islâmicos, Hugo Chávez + Rússia, Coreia do Norte, etc.
    Ninguém confia em ninguém.
    É melhor o Brasil ser amigo de todos, mas vamos nos armar, pois Papai Noel não existe.

  2. RSRSRSRSR (( SE ARMAR COM QUE )) SO SE FOR COM CABO DE VASSORA ” PARA COM ISSO AMIGOOOO defesa do brasil e muito fraco

  3. Comecem a ficar realmente preocupados, terão de andar c às próprias pernas. O declínio e inevitável , tio sam será no ma´ximo um país c mt armas atômicas e sem meios p fazer a manutenção das mesmas;nos próximos anos. Quem viver verá.

  4. Preocupa porque nunca quiseram investir a sério. E também porque nunca se entenderiam.

    Vê-se no caso actual da Líbia. O tempo que está a demorar impor uma zona de exclusão aérea.

    Com porta-aviões no Mediterrâneo das marinhas Italiana e Espanhola, e com possível deslocamento do Charles de Gaulle, Kadhafi continua a massacrar o seu povo.

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