Especialistas americanos temem um novo Chernobyl no Japão

Usina nuclear de Fukushima

France Presse  —  Utilizar água do mar para esfriar um reator nuclear como estão fazendo os japoneses em sua usina de Fukushima, atingida pelo terremoto de sexta-feira passada, é “ato de desespero” que evoca a catástrofe de Chernobyl, estimaram especialistas americanos em energia atômica.

Vários técnicos, falando à imprensa em audioconferência, preveem, também, que o acidente nuclear possa afetar a reativação deste setor energético em vários países.

“A situação tornou-se tão crítica que não têm mais, ao que parece, a capacidade de fazer ingressar água doce para resfriar o reator e estabilizá-lo, e agora, como recurso último e extremo, recorrem à agua do mar”, disse Robert Alvarez, especialista em desarmamento nuclear do Instituto de Estudos Políticos de Washington.

O que acontece atualmente na central é uma perda total de alimentação dos sistemas de resfriamento, exterior e interior (asegurada neste caso por geradores a diesel).

Esta falha total “é considerada extremamente improvável, mas é um tema de grande preocupação há décadas”, explicou Ken Bergeron, físico que trabalha com simulações de acidentes em reatores.

“Estamos num terreno desconhecido”, precisou.

Os reatores de Fukushima foram paralisados, mas seu centro pode fundir-se se não for resfriado e começaria a fluir para o fundo do cilindro, o recinto de confinamento.

“A estrutura de confinamento nesta central é certamente mais sólida que a de Chernobyl, mas muito menos que a de Three Mile Island, e só o futuro dirá” o que pode acontecer, disse Bergeron.

“No momento, estamos diante de situação semelhante à de Chernobyl, onde foi tentado derramar areia e cimento” para cobrir o reator em fusão, explicou Peter Bradford, ex-diretor da Comissão de Vigilância Nuclear americana.

“Se isto continuar, se não for controlado, vamos passar para uma fusão parcial do centro (do reator) a uma fusão completa. Será um desastre total”, disse por sua vez Joseph Cirincione, chefe da Ploughshares Fund, em entrevista ao canal CNN.

Cirincione reprovou às autoridades japonesas o fato de oferecerem informações parciais e contraditórias sobre a situação na central de Fukushima.

A presença de césio na atmosfera depois de a central ter lançado o vapor excedente indica que uma fusão parcial está em curso, segundo o especialista.

Para Bradford, esta situação representa “um grave revés para o pretendido relançamento” do setor nuclear em vários países.

“A imagem de uma central nuclear explodindo diante de seus olhos na televisão é um prelúdio”, destacou.

Mas, para o porta-voz da Associação nuclear mundial, Ian Hore-Lacy, os riscos de fusão ou de explosão do reator “diminuem à medida que o tempo passa e que o combustível nuclear esfria”.

Fonte: Correio Braziliense

10 Comentários

  1. A tempos eu falo dos riscos ignorados de se ter usinas nucleares, em foruns, bate papos e diversos outros lugares na internet do Brasil e do exterior.
    Semanas atrás eu estava falando justamente dos riscos proporcionados por terremotos e tsunamis, e fui muitas vezes ironizado por outros participantes. Agora, infelizmente, posso dizer que eu tinha razão.
    A humanidade vai semeando essas usinas a esmo em todos os lugares, e quando as catastrofes naturais vem (e sempre vem) o resultado é o que estamos vendo no Japão, e que já aconteceu outros vezes na história.
    Não seremos perfeitos, nunca construiremos uma usina completamente livre de qualquer risco, isso só existe na imaginação.

    E digo mais, se um evento como o meteorito que atingiu Tunguska na Russia, no início do século passado, se repetir numa area com muitas usinas nucleares estaremos acabados. E se esse evento acontecer no mar, imaginem a altura das tsunamis que varreriam dezenas de paises…

    No futuro, com usinas nucleares em todo lugar, um meteoro, mesmo pequeno, seria garantia de exterminar a humanidade, tornando todo o planeta estéril pelos vazamentos de radiação.

    Se a Terra fosse um planeta morto como marte, sem atividade tectonica nenhuma, seria seguro. Mas num planeta “vivo” como o nosso é perigoso investir na energia nuclear.

  2. O Brasil deve tomar como exemplo esse acidente e pensar na desativação definitiva da usina de ANGRA DOS REIS!
    Realmente uma usina nuclear não vale o risco de seu funcionamento !

  3. discordo cesar pereira , para o que o brasil precisa na demanda de energia, so usinas nucleares sao capazes de atender , e sem poluir como as outras, e no brasil nao tem terremoto.

  4. Acho que qualquer coisa é menor que chernobil, mas mesmo assim será complicado no Japão. Esperamos que eles arrumem a solução rápidamente e também espero que não esteja morrendo ninguém nas tentativas.

  5. Infelizmente, o pior cenário já está tomando forma… Esta usina de Fukushima já entrou em colapso… A US Navy já detectou níveis de radiação acima do normal à mais de 100km da costa do Japão… Creio que governo japonês esteja totalmente empenhado em remediar esta catástrofe para minizar ao máximo os danos… Mas, é quase certo que as informações, da real situação, são divulgadas para o grande público de forma à não causar pânico e não agravar a crise interna.

  6. Deixa fundir o núcleo; não tem problema. Depois ele entra dentro da terra e fica sepultado.
    Os japoneses têm que fazer o seguinte:
    Fechar a usina com uma estrutura metálica, mas com um cone em cima. Fabriquem um robô rapidamente com Ímãs para posicionar as chapas, e braço com solda ou máquina de rebite. Por baixo vai jogar bastante ar, através de possantes ventoinhas. Pelo cone, vai sugar esse ar, e vai filtrá-lo na água de cisternas. E onde irão jogar essa água radioativa ? No meio do oceano.
    Pronto, resolvido.

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