“Eu me arrependi de derrubar a estátua de Saddam Hussein em Bagdá”

“Hoje, quando passo por aquela praça, sinto vergonha”, diz o iraquiano Khadim al-Jabbouri.

O mecânico foi um dos iraquianos que ajudaram a derrubar a estátua do ex-presidente Saddam Hussein, na Praça do Paraíso, após a entrada das forças americanas em Bagdá no ano de 2003.

Fotos suas marretando o monumento correram o mundo e o transformaram no rosto da esperança dos iraquianos por um futuro livre do sangrento e autoritário regime de Saddam.

Mas hoje, Al-Jabbouri, que teve mais de uma dúzia de parentes executados pelo regime de Saddam, diz que se arrepende.

“Por que derrubei aquela estátua? Queria colocá-la de volta, reconstruí-la. Mas tenho de ser morto.”

Treze anos após a invasão americana do Iraque, o mecânico é um dos muitos iraquianos frustrados com o rumo que o país tomou desde a guerra.

Imerso em conflitos sectários, com um poder central fragmentado e territorialmente ameaçado pelo grupo autodenominado ‘Estado Islâmico’, o Iraque nunca emergiu da violência extrema em que mergulhou desde a guerra.

No último domingo, um caminhão carregado de explosivos foi detonado em uma área de Bagdá lotada de pessoas saindo às compras após o fim do período sagrado do Ramadã.

A contagem dos mortos já chegou a 250 – fazendo daquele o dia mais sangrento na capital desde a invasão americana e britânica. O ataque foi atribuído ao EI.

“O regime de Saddam foi implacável e assassino. Saddam levou o país a uma série de guerras desastrosas e sanções internacionais. Mas olhando para os últimos 13 anos, o mundo que existia antes de 9 de abril de 2003 era mais calmo e seguro”, escreveu o editor de Oriente Médio da BBC, Jeremy Bowen.

“Eles (os iraquianos) não tiveram um só dia de paz desde a queda do regime.”

A história da invasão do Iraque vem à tona no dia em que uma investigação sobre a participação britânica na guerra, elaborada pelo político britânico John Chilcot a pedido do governo, é publicada.

Chilcot passou sete anos avaliando os acontecimentos pré-guerra, quando o então premiê trabalhista Tony Blair procurou convencer o público doméstico de que o Iraque de Saddam possuía armas de destruição em massa – armas que nunca foram encontradas.

O relatório também trata das ações militares e suas consequências, para estabelecer que decisões foram tomadas, o que aconteceu e que lições podem ser tiradas.

Mas para Al-Jabbouri, que hoje vive refugiado no Líbano, as conclusões já são claras. “Bush (o ex-presidente americano George W. Bush, que ordenou a invasão) e Blair são mentirosos, definitivamente.”

“Eles destruíram o Iraque, voltamos à estaca zero”, diz.

“Se eu fosse um criminoso, os mataria com as minhas próprias mãos.” – Iraquiano Khadim al-Jabbouri

BBC Brasil

Edição e Imagens: Plano Brasil

Fonte: Terra

4 Comentários

  1. Nações terroristas, bandidas. Mataram, destruíram, aniquilaram milhares de vidas inocentes em busca do poder, tudo pelo poder. Mentirosos, manipuladores. Líbia, Iraque, Siria (que resiste heroicamente), destruídos por essa corja de bandidos terroristas camuflados de entidades legitimamente eleitas pelos seus povos (EUA-OTAN). O dia de voces chegarão.

  2. Eu te dou o perdão,pois você não conhecia com quem estava lhe dando.Agora quê você conhece…….

  3. Se arrependimento matasse ..rsrsr …tinha muita gente que estaria comendo capim pela raiz .. embora que tenha gente por ai que adora comer capim .. rsrsr … especialmente … aqueles arrependidos que proporcionaram os golpes que resultou “nos lojinhas” que existem por ai …. e no Iraque o roubo, depois do golpe sanguento … foi GRAAAANDE .. e como foi … muito maior que R$ 160 bilhões . 😉

  4. Pois é….. A queda do regime no Iraque foi o predecessor de toda esta bagunça que vive o Oriente Médio. Não adianta querer levar a tal de “democracia” para países ou regiões que nunca serão democracias.. perderam um “ditador” (Iraque e Libia) que traziam seus países nas rédeas e crescimento econômico para ganharem o mais puro perfeito caos com todos os tipos de terroristas soltos em seus territórios.
    No Iraque e Líbia as populações sentem agora falta de Saddam e Kadaffi …. aqui, por outro lado, sentimos falta do regime militar pois estamos caminhando para sermos uma futura zona de guerra…

Comentários não permitidos.