Putin diz não ver necessidade de enviar tropas à Ucrânia

Putin Putin falou pela primeira vez sobre a crise desde o envio de tropas russas à Criméia, no leste da Ucrânia

O presidente russo, Vladimir Putin, disse nesta terça-feira que não há necessidade ainda de enviar tropas para a Ucrânia.

Mas ressaltou que a Rússia se reserva o direito de usar “todos os meios” para proteger os cidadãos no leste da Ucrânia. Foi sua primeira declaração sobre a crise desde o envio de tropas russas à Crimeia, região autônoma no sudeste da Ucrânia.

Ele negou que tropas russas tenham sitiado pontos estratégicos ucranianos na região – estas seriam forças de “autodefesa” pró-russas.

Putin chamou a derrubada do presidente Viktor Yanukovych na capital Kiev de um “golpe anticonstitucional e tomada do poder pelas armas”.

Ele disse que os “militantes” mergulharam o país no “caos”. Procurou desqualificar os manifestantes também ao dizer que ucranianos “nacionalistas ” e “antissemitas” estavam circulando pelas ruas de Kiev e outras cidades.

E avisou: se as pessoas de língua russa no leste da Ucrânia pedirem ajuda à Rússia, Moscou vai responder.

“Se virmos esta anarquia começando nas regiões orientais, reservamo-nos o direito de utilizar todos os meios”, disse Putin.

Segundo ele, são civis e homens armados pró-Rússia que estão cercando bases militares ucranianas na Crimeia – não soldados russos, afirmou.

“As forças locais de autodefesa” foram responsáveis por assumir edifícios oficiais na Crimeia, disse ele.

A Ucrânia diz que a Rússia enviou milhares de soldados à Crimeia nos últimos dias.

As tensões permanecem especialmente elevadas em Belbek, base aérea perto de Sebastopol, cidade portuária que abriga a base da frota russa do Mar Negro.

Referindo-se à derrubada de Yanukovych, Putin disse que o líder deposto havia concordado com todas as exigências da oposição. Um acordo para realizar eleições no fim do ano havia sido firmado com líderes opositores, sob mediação da União Europeia, no dia 21 de fevereiro, um dia antes da queda de Yanukovych. Parte da oposição e manifestantes, porém, exigiram eleições em maio.

Putin insistiu que Yanukovych ainda é o presidente legítimo.

Havia apenas três meios legais para remover um presidente, ele disse: em caso de morte, renúncia ou impeachment.

Sobre Yanukovych, que se encontra foragido na Rússia, Putin disse: “Eu não acho que ele tem um futuro político”.

Putin disse que a Rússia o ajudou por razões “humanitárias” pois, “caso contrário, ele teria sido simplesmente morto”.

Fonte: BBC Brasil