O presidente Barack Obama fez a maior aposta de sua Presidência. Sua decisão de adiar um ataque à Síria e pedir autorização do Congresso aparentemente surpreendeu alguns de seus conselheiros mais próximos.
O secretário de Estado, John Kerry, defendeu a rápida mudança de estratégia do presidente, dizendo à TV NBC: “Ele achou que não valia a pena agir e ter os sírios e um monte de outras pessoas olhando para os Estados Unidos, discutindo se era ou não legítimo (o ataque), se ele deveria ter feito, ou se deveria ter agido mais rápido”.
Mas é exatamente isso o que vai acontecer pelos próximos dez dias, pelo menos. Já há muitas críticas à decisão – e muita repetição de como Obama optou por tomá-la.
Na sexta-feira, o secretário de Estado ficou numa posição desconfortável ao enfatizar o que estava em jogo para o mundo e para a reputação dos EUA. É difícil imaginar que ele esteja satisfeito com o fato de que a punição a Assad tenha sido suspensa.
Se o Congresso votar “não”, suas palavras voltarão para assombrar a ele próprio e a Obama.
Isso pode acontecer: a vitória não está garantida de forma alguma, particularmente na Casa dos Representantes (Câmara dos Deputados), controlada pelos republicanos. Talvez o Senado também não seja seguro – será um voto livre e não haverá tentativa formal de líderes partidários de convencer seus colegas.
Depois de assistir a uma longa apresentação de documentos de inteligência no Capitólio (Congresso dos EUA), muitos senadores e congressistas não pareciam convencidos.
O documento preliminar da Casa Branca pede autorização para uma ação para “deter, interromper, prevenir e degradar” a habilidade da Síria de usar armas químicas: dois senadores – um republicano, um democrata – já a chamaram de muito genérica.
O senador republicano John McCain, que tem liderado as vozes pró-intervenção na Síria, disse que “não há estratégia, não há plano” – e que ambos eram necessários para que ele apoiasse o projeto.
Se o Congresso não o apoiar, isso será um desastre para o presidente.
Sua decisão de convocar uma votação parecerá burra, e ele terá em mãos uma escolha difícil.
Ou ele opta por ignorar a votação, o que enfureceria o Congresso e muitos americanos. Ou ele não realiza o ataque e encara as consequências apresentadas por John Kerry: os Estados Unidos se enfraqueceriam e ditadores desprezíveis ganhariam um incentivo. A história faria um duro julgamento dos líderes americanos.
Então tudo depende de Obama vencer a votação. Mas, mesmo que ele vença, a demora dá a Assad mais tempo para se preparar para o ataque.
A decisão fez com que muitos comentaristas colocassem em dúvida sua liderança e questionassem como ele conseguiu se colocar nesta situação.
Mas decidir agir sem a ONU, sem a Grã-Bretanha, sem o Congresso e sem o apoio do povo americano seria muito desconfortável para um homem que chegou ao posto propondo encerrar todas as guerras dos EUA no exterior.
Só uma coisa a dizer: Mandou muito mal…
http://www.youtube.com/watch?v=Q5K3_FOvyxs
Ele só está ganhando tempo para se acertar com os aliados europeus. Além de se fortalecer na política doméstica (loby israelense e saudita).
Ele tá se esquecendo que quem manda no senado são os Republicanos… Tá brincando com fogo, a chance deles rejeitarem só para desmoraliza-lo é enorme.
por LUCENA,
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É sabido que foram os EUA a utilizar “fósforo branco” em Fallujah, em 2004 (não havia “linhas-limites” exceto aquelas traçadas no chão por sangue iraquiano). Portanto, a justificativa é tão turva quanto nas guerras anteriores e as intenções dos EUA ao povo sírio.
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Desde a invasão e guerra no Iraque, o mundo árabe está dividido entre sunitas e xiitas. Apoiando a invasão à Síria estão dois velhos conhecidos: Arábia Saudita e Israel.
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Ambos querem o regime do Irã destruído. Os sauditas, por disputas de facção; os israelenses, por estarem desesperados para acabar com o Hezbollah.
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Esse é o grande objetivo que têm em mente e Washington, após resistir por um tempo, está voltando a considerá-lo.O ” Bombardeio humanitário” a Síria é o primeiro passo. (…)
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obs: parte deste texto foi tirada do texto ” Às vésperas de uma guerra obscena”,de Tariq Ali, no London Review of Books | Tradução: Vinícius Gomes
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(*)fonte:outras palavras