Obama faz sua maior aposta ao consultar Congresso sobre Síria

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Mark Mardell

Da BBC News em Washington

Obama / APPedido de Obama ao Congresso ocorre após governo britânico rejeitar intervenção na Síria

O presidente Barack Obama fez a maior aposta de sua Presidência. Sua decisão de adiar um ataque à Síria e pedir autorização do Congresso aparentemente surpreendeu alguns de seus conselheiros mais próximos.

O secretário de Estado, John Kerry, defendeu a rápida mudança de estratégia do presidente, dizendo à TV NBC: “Ele achou que não valia a pena agir e ter os sírios e um monte de outras pessoas olhando para os Estados Unidos, discutindo se era ou não legítimo (o ataque), se ele deveria ter feito, ou se deveria ter agido mais rápido”.

Mas é exatamente isso o que vai acontecer pelos próximos dez dias, pelo menos. Já há muitas críticas à decisão – e muita repetição de como Obama optou por tomá-la.

Na sexta-feira, o secretário de Estado ficou numa posição desconfortável ao enfatizar o que estava em jogo para o mundo e para a reputação dos EUA. É difícil imaginar que ele esteja satisfeito com o fato de que a punição a Assad tenha sido suspensa.

Se o Congresso votar “não”, suas palavras voltarão para assombrar a ele próprio e a Obama.

Isso pode acontecer: a vitória não está garantida de forma alguma, particularmente na Casa dos Representantes (Câmara dos Deputados), controlada pelos republicanos. Talvez o Senado também não seja seguro – será um voto livre e não haverá tentativa formal de líderes partidários de convencer seus colegas.

Depois de assistir a uma longa apresentação de documentos de inteligência no Capitólio (Congresso dos EUA), muitos senadores e congressistas não pareciam convencidos.

O documento preliminar da Casa Branca pede autorização para uma ação para “deter, interromper, prevenir e degradar” a habilidade da Síria de usar armas químicas: dois senadores – um republicano, um democrata – já a chamaram de muito genérica.

O senador republicano John McCain, que tem liderado as vozes pró-intervenção na Síria, disse que “não há estratégia, não há plano” – e que ambos eram necessários para que ele apoiasse o projeto.

Se o Congresso não o apoiar, isso será um desastre para o presidente.

Sua decisão de convocar uma votação parecerá burra, e ele terá em mãos uma escolha difícil.

Ou ele opta por ignorar a votação, o que enfureceria o Congresso e muitos americanos. Ou ele não realiza o ataque e encara as consequências apresentadas por John Kerry: os Estados Unidos se enfraqueceriam e ditadores desprezíveis ganhariam um incentivo. A história faria um duro julgamento dos líderes americanos.

Então tudo depende de Obama vencer a votação. Mas, mesmo que ele vença, a demora dá a Assad mais tempo para se preparar para o ataque.

A decisão fez com que muitos comentaristas colocassem em dúvida sua liderança e questionassem como ele conseguiu se colocar nesta situação.

Mas decidir agir sem a ONU, sem a Grã-Bretanha, sem o Congresso e sem o apoio do povo americano seria muito desconfortável para um homem que chegou ao posto propondo encerrar todas as guerras dos EUA no exterior.

Fonte: BBC Brasil

5 comentários em “Obama faz sua maior aposta ao consultar Congresso sobre Síria

  1. Ele só está ganhando tempo para se acertar com os aliados europeus. Além de se fortalecer na política doméstica (loby israelense e saudita).

  2. Ele tá se esquecendo que quem manda no senado são os Republicanos… Tá brincando com fogo, a chance deles rejeitarem só para desmoraliza-lo é enorme.

  3. por LUCENA,
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    É sabido que foram os EUA a utilizar “fósforo branco” em Fallujah, em 2004 (não havia “linhas-limites” exceto aquelas traçadas no chão por sangue iraquiano). Portanto, a justificativa é tão turva quanto nas guerras anteriores e as intenções dos EUA ao povo sírio.
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    Desde a invasão e guerra no Iraque, o mundo árabe está dividido entre sunitas e xiitas. Apoiando a invasão à Síria estão dois velhos conhecidos: Arábia Saudita e Israel.
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    Ambos querem o regime do Irã destruído. Os sauditas, por disputas de facção; os israelenses, por estarem desesperados para acabar com o Hezbollah.
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    Esse é o grande objetivo que têm em mente e Washington, após resistir por um tempo, está voltando a considerá-lo.O ” Bombardeio humanitário” a Síria é o primeiro passo. (…)
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    obs: parte deste texto foi tirada do texto ” Às vésperas de uma guerra obscena”,de Tariq Ali, no London Review of Books | Tradução: Vinícius Gomes
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    (*)fonte:outras palavras

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