Turbulências entre a Índia e a Rússia no projeto do PAK-FA

fmga_1024Nova Deli está cada vez mais preocupada com o lento progresso do projeto do avião de caça de quinta geração, um esforço conjunto entre a Índia e Rússia

India Today via Defesa Aérea & Naval (DAN), 02/09/2014

A preocupação da Índia se dá ao fato de que os russos não explicam os motivos pelos quais o protótipo da aeronave pegou fogo durante uma demonstração de tecnologia no início deste ano, e de não responderem a outras dúvidas técnicas levantadas. Na verdade, o Ministério da Defesa é bastante cético sobre relatos da Rússia do contrato do projeto final para a próxima geração de caças de combate.

Nova Deli está particularmente irritada com o fato de que a apesar de ser um parceiro com igual participação no projeto FGFA (Fifth Generation Fighter Aircraft) em termos de contribuição financeira, Moscou não compartilha os detalhes técnicos sobre o caça stealth PAK-FA, na qual a versão indiana está baseada.

A versão indiana, chamada de Prospective Multi-Role Fighter (PMF), é quase idêntica ao PAK-FA, mas com algumas variações. Na verdade, o dinheiro indiano é fundamental para manter vivo o programa russo PAK-FA, do qual a Rússia construiu seis protótipos e, depois de repetidos pedidos da Índia, concordaram em realizar um voo de demonstração no início deste ano para avaliação técnica. O voo terminou em um incêndio que envergonhou os russos.

Mas, para a surpresa da equipe indiana que estava presente no local, eles não foram autorizados a chegar perto da aeronave. A Índia quer saber as razões do incidente, mas os detalhes nunca foram compartilhados, disseram fontes. A Índia pagou US$ 29,5 milhões para o projeto preliminar, que foi finalizado no ano passado, e é lógico que as autoridades indianas estão preocupadas com o status do programa PAK-FA.

O lado indiano não está nada satisfeito com o projeto preliminar e levantou questões sobre problemas de manutenção, de motor, das características furtivas, do sistema de transporte de armas, de segurança e de confiabilidade.

Fontes disseram que não poderia haver qualquer progresso até que esses problemas fossem resolvidos.

Porém, as perguntas continuam sem resposta, mesmo depois de uma rodada de discussões entre os dois lados, ocorridas no mês passado. Resposta comum do lado russo às preocupações de Nova Deli tem sido: “Não sejam emotivos”.

Qualquer novo impulso a estas questões resulta em falar de reajuste de preços, disseram as fontes. Por exemplo, a Força Aérea da Índia (IAF) havia deixado claro no ano passado que não estava satisfeita com o motor do novo caça, que foi baseado na planta propulsora do Sukhoi-30. A mudança foi prometida pelos russos, mediante um custo adicional.

Nenhum especialista ou piloto indiano, pôde olhar o PAK-FA até o momento. Os russos não estão permitindo que os pilotos voem a aeronave, alegando que pilotos estrangeiros estão impedidos de voar no seu espaço aéreo.

Mas a Índia argumenta que tais restrições não foram impostas quando os pilotos indianos voaram exautivamente os caças MiG e Sukhois. Agora, a Índia foi rebaixada de colaboradora para uma parceira de financiamento no projeto FGFA.

A participação do trabalho indiano é de apenas 13%, mas está pagando 50% do custo previsto de 10,5 bilhões, acordado em 2011. Em termos de trabalho, a estatal Hindustan Aeronautics Limited, contribuirá apenas com os pneus, instrumentos básicos de navegação VOR-DME, líquido de arrefecimento para o radar, pod de designação laser e com o HUD (Heads-Up Display).

Mesmo dentro deste 13%, os itens realmente indianos são da casa de um dígito, o resto vai ser adquirido no estrangeiro. O programa tem sido atormentado por dificuldades desde o início.

A Índia queria inicialmente em torno de 30 ou 40 aeronaves biplaces, para serem usados em instrução de voo. Mas desde que PAK-FA foi lançado monoplace, os russos informaram um adicional de 8 bilhões para desenvolver a versão de instrução. Face ao custo, a Índia resolveu realizar a instrução em simuladores. Após a assinatura do contrato do projeto final, ainda vai demorar 94 meses para o completo desenvolvimento do programa.

Com o atraso na resolução dos problemas técnicos, a IAF não terá caças de quinta geração até a próxima década.

Fonte: India Today via Defesa Aérea & Naval (DAN) ()

14 Comentários

  1. “A participação do trabalho indiano é de apenas 13%, mas está pagando 50% do custo previsto de 10,5 bilhões”

    Chora Índia, chora…
    Tão pagando metade desse bagulho e recebem 13% kkkkkkkkkkkkkkkkk

    • Ta igual a internet brasileira., você paga 100 MB e recebe 1 MB , isso quando consegue receber. HAHAHAHA….

      • Boa, mas faço uma correção. Não esta igual a internet brasileira, na Índia esta melhor. Aqui nós pagamos 10 e recebemos 1 e olha lá. Viva os tributos, por isso que privatizaram, olha na conta quanto imposto pagamos…. com tanto imposto retirado das faturas o melhor negócio não é ser dono do negócio e sim cobrar imposto.

    • O mesmo 171 que os russos aplicaram no Vidamardita ( reforma de um casco velho que no final custou metade de um Nimitz, mas sem sequer 10% do poder do NAe norteamericano), aplicam agora com o PAK FA…rs!

  2. Sempre quando ocorre falhas desse gênero em caças experimentais, os responsáveis terão que guardar os motivos para não ocasionar problemas na ordem do marketing e demais situações, a exemplo disso foi o F-35 quando teve sério problemas em um motor e teve que ser impedido de voar e as informações foram ocultadas por motivos lógicos. A Russia entende isso, e com certeza já está trabalhando em cima da solução, mas realmente os indianos são novatos nesse campo, e por isso não entendem que ao invés de perguntarem explicitamente sobre os problemas, deveriam buscar o encobrimento do defeito e aproximar-se dos responsáveis para adquirir informações mais sigilosas, demonstrando assim mais prudencia na ordem dos negócios. Sinceramente, acredito que os caças mais evoluídos até 2018 serão o F-22, Su-35, Typhoon e Rafale, os demais parecem estar passando por um processo de amadurecimento que não os deixarão entrar na prateleira tão cedo.

  3. E olha que eles já assinaram contrato, já entraram com grana, montaram equipes, já estão voando e tá dando BO… imagina como vai ser o trôço por aqui do curruíra NG… vai vendo .

  4. Comentário meu feito no DAN a alguns dias atrás sobre o assunto:

    Sem querer puxar a brasa para um lado só, mas quem é que faz contrato de desenvolvimento de qualquer coisa assumindo 50% dos custos (!!) e participando com apenas 13% de todo o projeto?

    Duvido que os indianos sejam (ou foram) estúpidos a ponto de terem concordado em aceitar um acordo de parceria deste tipo.

    Não sei os detalhes do acerto entre Rússia e Índia, mas creio que a matéria acima está necessitando de algum complemento.

  5. “A Índia pagou US$ 29,5 milhões para o projeto preliminar, que foi finalizado no ano passado…”

    Assim tá esquisito… se eu soubesse que era tão pouco para começar a participação teria aberto um projeto no Kickstarter pra gente fazer uma “vaquinha”…

    Depois de vários protótipos voando PUBLICAMENTE o bichinho simplesmente “pega fogo”… acho que a Rússia fez muito tem… ninguém chega perto até que seja feita uma INVESTIGAÇÃO do kct pra saber o que houve, porque está muito estranho mesmo!

    Essa participação Indiana também tá esquisita… não está muito clara não!

    Enfim… acredito no projeto. Acho que é mais viável que o F-22 “a peso de ouro” dos EUA, e torço para que dê certo… e se votarem em mim pra presidente, eu faço a PARCERIA, doa a quem doer! 🙂

  6. Já era esperado… só quem não entende nada de sobrevivência industrial iria achar que os russos dariam tão facilmente a quem quer que seja o “pulo do gato” em troca de merrecas ou fracassadas amizades… pior para a Índia… mas tinha gente aqui no PB garantindo que os russos nos iriam repassar DE GRAÇA a tecnologia de seus caças, só porque o molusco havia dito que os caças acabariam saindo de graça… de graça porque o dinheiro não é dele… brincar com dinheiro dos outros é uma graça… mas, voltando ao tema, NINGUÉM, mas ninguém mesmo, fornece tecnologia bélica a outros, a não ser que tenha interesses muito convenientes em questão… o resto é mimimi sem fundamentos….

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