KM – o “monstro do Mar Cáspio”
Sugestão e colaboração: Konner
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Não é um avião, não é um barco, nem é um veículo terrestre; também não é um hovercraft, apesar de apresentar certas semelhanças. O próprio nome é estranho: Ekranoplano é uma palavra composta a partir da expressão russa ecranniy que significa à letra “efeito de solo” e refere-se a um veículo capaz de deslocar-se – e bem depressa – graças a esse efeito. Que espantosa máquina é esta, afinal, que parece saída de um filme de ficção científica ou de um moderno jogo de computador?
Quando uma superfície plana se desloca a grande velocidade muito próxima de outra superfície plana, o ar existente entre elas forma uma espécie de colchão que as mantém afastadas. Este fenómeno, conhecido como “efeito de solo”, fez antever a possibilidade de conceber um veículo que se deslocasse a rasar o solo sem a necessidade de construir qualquer estrada ou via, além de que o baixo atrito permitiria atingir grandes velocidades. A superfície de deslizamento ideal seria a água, uma vez que é completamente lisa e isenta de obstáculos. Surgiu assim o conceito do ekranoplano.
O primeiro a conceber tal engenho foi o russo Rostislav Evgenievich Alexeyev nos anos que se seguiram à Segunda Guerra Mundial. Estava-se em plena Guerra Fria e governo soviético da altura viu com bons olhos o desenvolvimento de um veículo militar veloz impossível de ser detectado pelo radar. O projecto, denominado KM, ficou concluído em 1966. Foi o primeiro e maior veículo de efeito de solo alguma vez construído, com 100 metros de comprimento e mais de 500 toneladas de peso, impulsionadas por dez potentes turbo-reactores. Os testes decorreram nas águas do Mar Cáspio sob o maior segredo e sob um satélite espião americano. Das cem unidades previstas inicialmente, apenas foram construídas cerca de vinte deste veículo.
O desenvolvimento do ekranoplano continuou a ser apoiado pelo governo soviético e, em 1972, surgiu um novo aparelho mais pequeno mas mais eficaz: o Orlyonok A-90. Possuía apenas 58 metros de comprimento e pesava cerca de 140 toneladas. No entanto, dois reactores e um motor a hélice levavam-no a ultrapassar os 400 Km/hora a uma altitude de 5 a 10 metros. Estas características davam-lhe também a possibilidade de operar sobre terra, o que devia ser verdadeiramente impressionante! Vários aparelhos destes mantiveram-se em serviço em operações no Mar Cáspio e no Mar Negro até 1992.
Orlyonok A-90
Actualmente ainda se podem ver ekranoplanos um pouco por todo o lado. Já não se destinam a fins militares como os colossos produzidos no tempo da ex-União Soviética e sim a usos comerciais e turísticos. Não obstante os aparelhos serem de um modo geral pouco estáveis, algo que a evolução da tecnologia acabou por resolver, continuam a representar um meio de transporte válido e relativamente económico. Prevaleceu o conceito que deu origem a algumas das mais estranhas e fascinantes máquinas que o génio humano concebeu.
Beriev BE-2500
LippischX-114
Aerocom Atlantis 1
Fontes: ObviousMag 1, 2, 3
So tem um problema, barcos voadores sao menos versateis que aeronaves.
Tem que estudar este fenomeno. E incorporar mais esta capacidae em aeronaves.
O Ekranoplano é um conceito que deverá ter algum futuro no transporte de carga pesada militar. Não é impossível visualizarmos super transportes com mais de 2000 toneladas de peso máximo de decolagem, o que permitiria o transporte de mais de 1000 t de carga útil por grandes distâncias.
Um abraço a todos.
Salve Bosco.
Também vejo uma possibilidade ímpar de se utilizar estes veículos muito em breve.
Funções com sar- carga, passageiros e mesmo patrulha marítima em amres fechados como o mediterrâneo Cáspio e negro.
Grande abraço
E.M.Pinto
O uso militar deste é q o fará ser útil a nós em nosso cotidiano , pelo seu desenvolvimento é aplicações especificas.
Pra uso militar estes veiculos poderiam subistituir ate fragatas e se combinados,
com vants, daria uma formidavel nave de defesa.
Mas seria bom mesmo se fossem usados pra transporte de cargas,aproveitando nossos
rios e nosso grande oceano.
Os ecranoplanos são o tipo de veículo de transporte que pode trazer grandes benefícios ao Brasil.
Nossa capacidade técnica e de engenharia torna plenamente viável que venhamos a ter uma ou mais fábricas de ecranoplanos no Brasil. Um dos maiores desafios que era a estabilidade na navegação em vôo solo em mar aberto, pode ser resolvida hoje por sistemas computacionais e programas de piloto semi-automático.
O grande desafio, neste caso, não é tecnológico, mas econômico: precisaríamos criar uma demanda mais ou menos permanente por este tipo de equipamento que se sustente ao longo de algumas décadas, para viabilizar plenamente empresas fabricantes deste tipo de veículo híbrido.
Esta “aeronave-barco” poderia ser amplamente utiliza para fins civis ou militares. Na área militar seriam necessários ao menos dois modelos, um para transporte pesado e outro de combate. Uma versão maior para carga, poderia transportar blindados, suprimentos e soldados através do nosso litoral e no interior do continente, através dos rios, lagos e represas. Qualquer rio mais largo, lagoa ou represa torna-se um “porto” em potencial para descarregar a carga. Uma versão de combate poderia transportar tanto mísseis ar-ar, torpedos e mísseis anti-navio de grande porte. Um veículo destes, voando a mais de 500km/h, a poucos metros da superfície do mar seria praticamente indetectável aos radares inimigos até o momento do lançamento dos seus mísseis. Nenhuma frota marítima, de nenhuma grande potência, se sentiria plenamente segura para planejar um ataque ao nosso litoral, se tivermos este tipo de arma. Seria absolutamente fundamental para defender o pré-sal e toda nossa Amazônia Azul. A capacidade múltipla significa que o mesmo tipo de veículo poderia ser utilizado pela Marinha, Força Aérea e Exército simultaneamente, resolvendo alguns dos grandes desafios da logística militar moderna.
Mas, como sabemos, no Brasil não se pode contar apenas com as compras estatais para viabilizar economicamente uma empresa, pois se mudam os governos e mudam também as prioridades. Embora as compras governamentais sejam vitais para viabilizar uma empresa que fabrique ecranoplanos no Brasil, seria necessário que os principais modelos de ecranoplanos tivessem equivalentes civis para o transporte de carga pesada ou leve, ou ainda pequenos modelos para o transporte de pessoas. Com dois ou três modelos civis sendo produzidos e os devidos incentivos fiscais, uma ou duas empresas de ecranoplanos no Brasil seriam suficientes para realizar uma verdadeira revolução na logística dos transportes do país. O uso dos nossos rios como meio de transporte não sofreria mais as limitações e dificuldades de construção de portos e eclusas. As hidrovias sul-americanas poderiam finalmente ser integradas através de um meio de transporte rápido, mas mais barato que o aeronáutico, sem necessitar da construção de novos aeroportos.
Caso venha a ser realmente viável este tipo de projeto, pode-se imaginar até mesmo pequenos produtores do interior do Brasil e da América do Sul exportando produtos típicos diretamente aos mercados internacionais que mais crescem, no continente ou fora dele. Pode-se imaginar um grupo de pequenos produtores de carnes “exóticas” típicas da América do Sul (como avestruz e capivara), ou produtores de frutos nativos como cupuaçu, buriti castanhas, exportando para os mercados internacionais, diretamente do interior do Pantanal, do Chaco ou da Amazônia Ocidental, sem a necessidade de construir um único novo aeroporto, apenas utilizando a malha hídrica natural.
Obviamente, pode ser que isto sempre seja complicado, as até mesmo o transporte de pessoas pode ser melhorado. Por exemplo, um dos grandes desafios da Petrobrás hoje, e que deve crescer nos próximos anos, é o transporte de seus funcionários e equipamentos pesados até as plataformas petrolíferas em alto mar. O custo da contratação do serviço de helicópteros, cada vez maiores e mais modernos, mas sempre importados, tende a ser crescente, principalmente com o rápido aumento do número de plataformas. A Petrobrás está cogitando construir uma “ilha artificial” no meio do caminho entre o litoral e as plataformas mais distantes, para tentar resolver este problema de logística. Porque então não utilizar ecranoplanos, que podem atingir velocidades muito maiores do que helicópteros e transportar muito mais carga, a distâncias maiores? Somente a contratação deste tipo de serviço por parte da Petrobrás, já seria mais do que suficiente para viabilizar uma ou mais empresas de “transporte aéreo” que utilizem ecranoplanos no litoral do país. Teríamos mercado suficiente para garantir a sustentabilidade econômica de pelo menos uma fábrica de ecranoplanos no país.
Um dos desafios tecnológicos que restaria resolver seria a fabricação das turbinas, que, até os dias de hoje, o Brasil ainda não passou a produzir em série, embora tenha desenvolvido plenamente a tecnologia de fabricação de turbinas. O desafio de saltar da produção em escala laboratorial ou de protótipos, para a produção em massa, continua vigorando, e a solução, tudo indica, continua sendo política.