Defesa & Geopolítica

O “calcanhar de Aquiles” da espionagem estrangeira no Brasil

Posted by
 Audiência foi motivada pelas denúncias de espionagem americana

A fragilidade brasileira à espionagem estrangeira no Brasil , deve-se à dependência tecnológica estrangeira, e não será superada tão cedo!

Fragilidade brasileira à espionagem não será superada de imediato, diz general

Responsável pela defesa cibernética do Exército diz que principal causa é a dependência da tecnologia estrangeira. Abin diz que já existem soluções. Audiência foi motivada pelas denúncias de espionagem americana no Brasil

Reportagem – Sílvia Mugnatto

Edição – Dourivan Lima

O general José Carlos dos Santos, chefe do Centro de Defesa Cibernética do Comando do Exército, afirmou hoje, quarta-feira, 02/10/2013,  aos parlamentares da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional que as vulnerabilidades verificadas hoje nos sistemas cibernéticos brasileiros têm como causa principal a dependência da tecnologia estrangeira – e não serão superadas de imediato.

De qualquer forma, ele disse que a atuação colaborativa do governo com universidades e empresas, entre outros, já tem mostrado resultados, como a elaboração de um simulador de defesa cibernético e um antivírus. Mas o general defendeu a criação de uma agência nacional de segurança cibernética para regular e coordenar o setor.

O general José Carlos dos Santos defendeu ainda, enfaticamente, a aprovação do Marco Civil da Internet, em tramitação na Câmara. Ele disse também que a sociedade brasileira, de maneira geral, não se preocupa com a proteção dados sensíveis, pessoais ou não.

Abin: já existem soluções

Otávio Carlos da Silva, diretor do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento para Segurança das Comunicações da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), disse que o Centro de Pesquisas e Desenvolvimento para a Segurança da Comunicação já existe há mais de 30 anos e oferece várias soluções. O centro atuou, por exemplo, na Rio+20 e na Copa das Confederações, na segurança das redes interna e externa desses eventos.

A audiência é motivada pelas denúncias de espionagem de autoridades brasileiras pelo governo americano.

 Fonte: Agência Câmara, 02/10/2013

 Leia também:

Pergunta (Preto no branco): “Dê onde vem a eficiência comprovada da Polícia Federal (PF) no exercício das suas funções???”

“A parceria entre a Embaixada dos EUA e a Polícia Federal foi formalizada por meio da assinatura de um memorando em 2010, mas encontra-se ativa na prática desde muito antes disso.

O problema não é a parceria. O problema é do Brasil, que não faz o dever de casa…, diz o professor Eurico Figueiredo, do Instituto de Estudos Estratégicos da UFF (Universidade Federal Fluminense).

Em um dos prédios da Polícia Federal em Brasília, no setor policial sul da capital, ali, onde ficam os cerca de 40 agentes brasileiros da Divisão Antiterrorismo (DAT) que investigam o terrorismo no Brasil, os computadores, parte dos equipamentos e até o prédio, dos anos 90, foram financiados pelos EUA.

 

Agentes da CIA conseguem atuar livremente no Brasil

Ação dos Estados Unidos em território nacional não se limita à espionagem. Americanos direcionam as investigações e apontam quem deve ser alvo de policiais federais brasileiros

Marco Antônio Martins, Folha de São Paulo

Pelo menos uma vez por semana, dois agentes da CIA, a agência de inteligência dos Estados Unidos, chegam a um dos prédios da Polícia Federal em Brasília, no setor policial sul da capital.

Em menos de cinco minutos, eles passam pela portaria e se dirigem a uma reunião em um dos edifícios onde ficam os cerca de 40 agentes brasileiros da Divisão Antiterrorismo (DAT).

A desenvoltura dos americanos não é por acaso: ali, os computadores, parte dos equipamentos e até o prédio, dos anos 90, onde estão reunidos e trabalham os policiais que investigam terrorismo no Brasil, foram financiados pelos EUA.

Nas duas últimas semanas, a Folha entrevistou policiais federais, militares da inteligência do Exército e funcionários do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República.

Todos admitem que os acordos de cooperação entre a Embaixada dos EUA e a PF são uma formalidade. E que, na prática, os americanos têm atuação bastante livre em território brasileiro. Procurada, a Embaixada dos EUA no Brasil não se pronunciou.

Segundo a Folha apurou, a atuação da inteligência americana no Brasil não se limita à espionagem eletrônica, revelada em documentos do ex-analista da NSA (Agência de Segurança Nacional) Edward Snowden.

Os americanos estão espalhados pelo país atrás de informações sobre residentes no Brasil, brasileiros ou não. Eles dão a linha em investigações e apontam quem deve ser o alvo dos policiais federais, dizem essas fontes.

Na prática, os americanos acabam se envolvendo em operações das mais diversas.

Em 2004, por exemplo, a Operação Vampiro, que desmantelou uma quadrilha que atuava em fraudes contra o Ministério da Saúde na compra de medicamentos, teve participação da CIA.

Em 2005, os americanos estiveram diretamente envolvidos no rastreamento do lutador de jiu-jítsu Gouram Abdel Hakim, suspeito de pertencer a uma célula da rede terrorista Al Qaeda.

Polêmica

A parceria entre a Embaixada dos EUA e a Polícia Federal –formalizada por meio da assinatura de um memorando em 2010, mas ativa na prática desde muito antes disso– é polêmica.

Um de seus críticos é o ex-secretário nacional Antidrogas Walter Maierovitch. “Opinei pela não oficialização do convênio, em relação às drogas, porque era um acobertamento para a espionagem desenfreada, sem limites”, lembra Maierovitch.

À época, a justificativa para o convênio era que o auxílio entre americanos e brasileiros serviria para o combate às drogas. Depois do 11 de Setembro, no entanto, o foco passou a ser o terrorismo.

Os americanos mantêm escritórios próprios no Rio, com a justificativa da realização da Copa do Mundo e da Olimpíada de 2016, e em São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, para vigiar a atuação das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) na fronteira.

“O que mais tem é americano travestido de diplomata fazendo investigação no Brasil”, afirma o policial federal Alexandre Ferreira, diretor da Fenapef (Federação Nacional dos Policiais Federais).

Cinco bases da PF para o combate ao terrorismo funcionam hoje no país –no Rio, em São Paulo, em Foz do Iguaçu e em São Gabriel da Cachoeira. Todas contam com equipamentos e tecnologia da CIA para auxiliar nos trabalhos, e há agentes americanos atuando em parceria com os brasileiros.

“O problema não é a parceria. O problema é do Brasil, que não faz o dever de casa e não se protege contra esse amigo que busca, na verdade, seus interesses”, diz o professor Eurico Figueiredo, do Instituto de Estudos Estratégicos da UFF (Universidade Federal Fluminense).

Fonte: Folha via Defesa Aérea & Naval (DAN) 

7 Comments

shared on wplocker.com