Cruzex Flight 2013

Roberto Valadares Caiafa

Noventa e seis aeronaves, mais de dois mil militares de nove países. É este o cartão de visita da CRUZEX Flight 2013, o maior exercício de guerra aérea da América Latina, programado para acontecer de 4 a 15 de novembro no Nordeste brasileiro. As Bases Aéreas de Natal (RN) e do Recife (PE) vão receber aviões e helicópteros para missões que envolvem desde o combate aéreo entre caças até o salto de paraquedistas de forças especiais, uma das novidades deste ano.

Pela primeira vez, o exercício realizado desde 2002 vai focar unicamente a atividade aérea e contará com a participação recorde de nove países. Argentina, Canadá, Chile, Colômbia, Estados Unidos, Equador, Uruguai e Venezuela, além do Brasil, vão levar para o Nordeste caças supersônicos como os F-16, F-5 e F-2000, aeronaves de grande porte, a exemplo do C-130 Hércules e do KC-767, além de helicópteros, entre eles o AH-2 Sabre, um dos estreantes desta edição.

Mais que uma mostra da perícia de pilotos e tecnologia das aeronaves, a CRUZEX é um grande treinamento sobre como atuar em coalizão, a situação cada vez mais vista nos conflitos modernos em que diversos países atuam juntos em um Teatro de Operações. A consequência mais visível é o predomínio da língua inglesa em praticamente tudo, mas também na forma de planejar e executar as missões. Um dos desafios é atuar com dezenas de aeronaves ao mesmo tempo, nos chamados “pacotes” de missão. Um piloto também precisa estar familiarizado com missões de reabastecimento em voo com aviões-tanque de outros países. E quem está no comando precisa ter total domínio da situação para evitar o “fogo amigo”.

É o que explica o Exercise Director, brigadeiro Mário Jordão, da Força Aérea Brasileira. Ele conta que, seja em uma missão de Air Superiority, quando caças podem atingir velocidades supersônicas em combates que se desenrolam em centenas de quilômetros do espaço aéreo, até um Combat Search and Rescue (C-SAR), situação em que helicópteros voam baixo para resgatar um piloto amigo em território hostil, o padrão adotado durante a CRUZEX é o da Organização do Tratado do Atlântico Norte, a OTAN.

Dois dos participantes deste ano são da Organização, o Canadá e os Estados Unidos, e têm a experiência real de conflitos como as guerras no Afeganistão e no Iraque. Mas isso não quer dizer que a CRUZEX seja só uma aula desses países para os representantes da América do Sul. “Se por um lado eles [os sul-americanos] não têm a experiência, eles têm um valor que é primordial nessa parte de interação, que são as ideias. As pessoas são capazes em todas as áreas do planeta. Muitas vezes a melhor ideia vem da pessoa que você menos espera”, explica o diretor do exercício.

Apesar da decolagem de dezenas de aeronaves juntas roubar a cena, Jordão lembra que a interação entre os países é o mais importante. “Você tem um momento de uma ou duas horas na missão e as outras 22 horas do dia para conversar, para trocar informação. E é nessa hora que a gente aprende. Além disso, teremos ciclos de conversas e aulas setorizadas, para cada tipo de atividade. Com isso, a Força Aérea Brasileira agrega bastante. E não só a brasileira, porque os outros países também estão interessados no que nós estamos realizando”, diz.

Acertou ou não?!

Para a CRUZEX Flight 2013, uma das novidades é um pequeno aparelho que pode ser levado até no bolso dos pilotos. Com o uso de GPS, pela primeira vez haverá o que a direção do exercício chama de “shot validation“. Como em um exercício o lançamento dos mísseis só ocorre de forma simulada, no passado era difícil ter a certeza de “quem acertou quem”. Muitas vezes o resultado era definido “no grito”. “A Força Aérea já passou da fase ‘cachecol no pescoço’, de Barão Vermelho”, nas palavras do brigadeiro. Agora será possível baixar todos os dados obtidos pelas aeronaves para saber, detalhadamente, o que aconteceu lá em cima. Mais que motivar os pilotos, o shot validation é bastante útil para os debriefings, pois o nível do aprendizado aumenta.

No Recife, controladores de tráfego aéreo do Terceiro Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA III) vão monitorar os movimentos das aeronaves e ali, ao vivo, poderão validar os disparos virtuais. Em seguida, já no solo, os pilotos que participaram de uma mesma missão vão se reunir para uma segunda validação. Em uma sala reservada, serão discutidos todos os combates e como aconteceu cada uma das “vitórias”. “Será talvez um dos momentos mais interessantes dessa CRUZEX”. É neste momento que os pilotos poderão aprender muito, entender quais são suas vulnerabilidades e pontos fortes.

Top Gun dá lugar à tecnologia

Se no imaginário popular a CRUZEX é o momento dos pilotos de caça mostrarem o seu talento com manobras radicais em combates a curta distância, como fez Tom Cruise em Top Gun – Ases Indomáveis, a realidade já é bem diferente do filme dos anos 80. Permanece o espírito guerreiro e o alto desempenho dos caças, mas a maior parte dos combates hoje acontece na arena BVR, do inglêsBeyond Visual Range, ou seja, além do alcance visual. Isso significa que muito antes de ver a outra aeronave, os pilotos já se enfrentam em um combate que envolve radares, mísseis de alta tecnologia e técnicas bastante diferentes das simuladas pelo astro de Hollywood.

Nesta guerra aérea do século XXI, os caças atuam em rede por meio do datalink, que transforma esquadrilhas em uma verdadeira rede de computadores. Um F-5EM da Força Aérea Brasileira, por exemplo, pode receber informações de outro sem a necessidade do piloto usar o rádio. Já uma aeronave de ataque A-29, é capaz de compartilhar dados detalhados a respeito de um alvo com outra aeronave. A CRUZEX acaba sendo um teste geral para estas tecnologias, que modificam doutrinas e treinamentos.

Os caças F-16 da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF) e da Força Aérea do Chile (FACh), presentes na última edição em 2010 (acima), terão a companhia em 2013 dos Viper F-16 fa Força Aérea da Venezuela, veterana de outras edições da Cruzex. (Foto: Roberto Caiafa).

Muito disso é resultado dos projetos de reequipamento e modernização. O Brasil ainda aguarda a decisão sobre o seu novo avião de caça, mas desde a primeira CRUZEX, em 2002, muita coisa mudou. Os Mirage III, Xavante e F-5E saíram de cena e deram lugar aos Mirage 2000, Super Tucano e F-5 modernizados, além dos aviões-radar E-99, que apesar de não levarem armamentos, têm papel de destaque neste tipo de exercício. E os pilotos do caça de ataque A-1, apesar deste ano ainda participarem com sua versão antiga, já treinam pensando em como vão aplicar essas novidades na versão modernizada, cuja primeira unidade já foi recebida pela FAB, em setembro.

Fonte: Tecnologia & Defesa

 

4 Comentários

  1. Muito disso é resultado dos projetos de reequipamento e modernização. O Brasil ainda aguarda a decisão sobre o seu novo avião de caça, mas desde a primeira CRUZEX, em 2002, muita coisa mudou. Os Mirage III, Xavante e F-5E saíram de cena e deram lugar aos Mirage 2000, Super Tucano e F-5 modernizados, além dos aviões-radar E-99, que apesar de não levarem armamentos, têm papel de destaque neste tipo de exercício. E os pilotos do caça de ataque A-1, apesar deste ano ainda participarem com sua versão antiga, já treinam pensando em como vão aplicar essas novidades na versão modernizada, cuja primeira unidade já foi recebida pela FAB, em setembro.==== Se c esses ekipa/ os n pilotos já são bons, imaginem eles pilotando os Su-35″S”/rafales”C”…Sds.

  2. E la vão os bravos pilotos e F5 brasucas carregar o piano nas costas de novo, apesar do profissionalismo deles e demais tecnicos da FAB, já virou piada internacional,

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