A virada da tríade neo-liberal

A líder da Frente Nacional francesa, Marine Le Pen, tenciona unir toda a extrema-direita europeia para as eleições do Parlamento Europeu a realizar na próxima primavera.

As esperanças de Marine Le Pen não são tão ilusórias como gostaria o atual establishment do Velho Continente. A popularidade da extrema-direita europeia está em crescimento. Neste momento, já se pode dizer que ela está transformando a sua existência marginal numa força eleitoralmente significativa capaz de transformar o panorama político do continente. Apresentamos o comentário da diretora do Centro de Estudos Euro-Atlânticos e Segurança Internacional do MRE da Rússia Tatiana Zvereva:

“A base de apoio da direita na Europa cresce em simultâneo com o eurocepticismo. Uma das causas principais é o aumento do desemprego. A Europa se adapta à globalização. Esse processo é doloroso e complexo. Entretanto, as instituições europeias não estavam totalmente preparadas para atingir os novos objetivos que lhes são impostos pela globalização”.

Assim, a ideia de uma Europa una, indivisível e sem fronteiras abriu brechas, mas não parece que a culpa seja só da globalização e das suas consequências sob a forma da imigração ilegal e do desemprego. Segundo a opinião de muitos peritos, o problema está num erro sistêmico dos fundadores da União Europeia, que tentaram unir num todo civilizações e economias que se encontram em diferentes etapas do seu desenvolvimento, e que por vezes até divergem.

Para resolver o problema de uma vez por todas, a direita propõe o regresso aos Estados nacionais. Pelo menos Marine Le Pen acredita que a UE está condenada. Na primavera ela tenciona demonstrar a Bruxelas nas eleições para o Parlamento Europeu que a sua convicção é partilhada por pelo menos um quarto da população da Europa. Tatiana Zvereva considera:

“Nas futuras eleições os resultados da direita irão depender de uma série de fatores: desde a gravidade da crise neste ou naquele país, da pressão migratória e da força das tradições de tolerância neste ou naquele país. Tudo isso influencia fortemente o nível de popularidade das ideias de extrema-direita. Nós observamos como na Grécia cresceu exponencialmente o partido Aurora Dourada. A causa principal foram as duras condições criadas pela crise da dívida soberana. Os sentimentos de direita também se reforçaram repentinamente na Hungria, colocando políticos de direita no poder. Mas já quando falamos da Alemanha, aí pelo contrário se regista uma redução do eleitorado de direita. Entretanto os peritos notam uma radicalização nas posições da direita”.

Tanto no sul como no norte do continente concordam que a União Europeia está fatalmente doente. Num certo sentido, a viragem da Europa à direita indica o retrocesso do pêndulo dos sentimentos sociais, sendo nesse aspecto facilmente explicável, mas isso não significa que a Europa esteja a evoluir para o fascismo. O diretor do Centro de Estudos Franceses Yuri Rubinski comenta:

“Uma votação na extrema-direita não significa obrigatoriamente uma votação nos fascistas. Os eleitores votam neles em sinal de protesto, por estarem descontentes e não verem alternativa. Mas dificilmente a extrema-direita irá substituir a direita. Isso aconteceu na Alemanha nos anos 30 do século passado, mas na Europa de hoje isso é impossível”.

Entretanto observamos uma viragem inequívoca da tríade neoliberal (correção política, tolerância e multiculturalismo) para as ideias da identidade nacional e da soberania. Esse movimento só agora começou a ganhar velocidade. Além de tudo o resto, ele é obrigado a ultrapassar uma inércia colossal das décadas anteriores. Mas muitos peritos supõem que a Europa está a abandonar definitivamente a trajetória que percorria desde finais dos anos 60 do século passado.

O mais provável é o desvio de direita da Europa ser inevitável na presente etapa da história. Será uma espécie de mecanismo social de defesa que se ligou quando a política imprevidente de Bruxelas levou a Europa a um estado que nos recorda o Império Romano durante o seu período de decomposição e decadência.

 

 

Fonte: Voz da Rússia

4 Comentários

  1. Para resolver o problema de uma vez por todas, a direita propõe o regresso aos Estados nacionais. Pelo menos Marine Le Pen acredita que a UE está condenada. Na primavera ela tenciona demonstrar a Bruxelas nas eleições para o Parlamento Europeu que a sua convicção é partilhada por pelo menos um quarto da população da Europa. Tatiana Zvereva considera: ==== Ainda ñ, se a Grécia tivesse saído…talvez, eu disse talvez, fosse o salve-se quem puder…Sds.

  2. até que essa le pen poderia expulsar todas as bases americanas do território europeu
    já disse aqui a europa é uma concha de retalhos várias línguas ,cada um poderia seguir seu próprio caminho
    é muito diferente da américa latina que apenas o português e espanhol e esses dois já foram um so pais e que nossa língua se é entendida no portunhol ,
    para mim a europa é dividida em regiões e é muito diferente uma da outra
    cada um no seu quadrado !!!!

  3. rsrsrsrsrssrs… devagarinho, comendo pela beiradas… nosso dia vai chegando… e há de chegar !!!… ai teremos soberania, leis e justiça de verdade… e não será o PCC quem mandará no país… muito menos o Foro de São Paulo…

  4. Le Pen e fascista. Quem diz o contrario, ou e ignorante ou uma avestruz que frente o perigo enfia a cabeca na areia e expoe o traseiro. A questao que ninguem comenta e quem sao os responsaveis por esse ressurgimento do fascismo na Europa. Os partidos social democrata. os partidos estalinistas e no caso especifico da Franca, a Quarta Internacional em suas varias faccoes, principalmente os descendentes de Mandel, Krivine, e os Lambertistas, da antigo OCI. Sao esse gente que inculcou na mente do proletariado europeu a ideia que o capitalismo pos-segunda guerra mundial, dinha se transformado, o chamado neo-capitalismo de Mandel, que nao mais passaria por crises economicas, que a era de revolucao na Europa tinha passado etc etc. Agora desde 1971, a direita se deu conta que a era de politica de consenso tinha passado, isto e aquele periodo pos-segunda guerra, quando a classe capitalista europeia que estava enfraquecida por causa da guerra, evitou confronto com as classes operarias, criando por meios inflacionarios o chamado Estado de Bem Social. E verdade que um bom setor da burguesia ainda teme um confronto. mas este setor burgues esta se tornando uma minoria. Com as costas na parede por causa da crise economica, e com os Asiaticos dominando a economia mundial por que la a classe operaria nao e militante, e aceita uma exploracao maior, isto e trabalho apertado, muitas horas, pouco direitos sindicais e salario baixissimo, as classes burguesa capitalista na europa chegou a conclusao que nao ha outra maneira para ela sobrevivier, senao o confronto. Por isso, eles reforcam o aparatos de seguranca, a policia, a espionagem interna e financiam os partidos fascistas. Porque, para implementar a politica economica que o capital requer para sair dessa crise a burguesia tera de abandonar o sistema democratico. A epoca da politica de consenso acabou. Social democracia esta a um passo do cova.

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