Por que a Rússia precisa de uma base militar no Irã

Um grupo de bombardeiros táticos e de longa distância da Rússia foi enviado à base aérea de Hamadan, no Irã, após a assinatura de um acordo entre Teerã e Moscou que permite que a força aérea russa utilize o aeroporto em questão para conduzir missões à Síria.

Os seis bombardeiros Tu-22M3 e os quatro Su-34, que chegaram à base na terça-feira (16), começaram imediatamente a se revezar em operações no nordeste da Síria.

“O ataque aéreo destruiu cinco grandes armazéns com armamento, munições e combustíveis, campos de treinamento nas áreas das comunidades de Serakab, al-Bab, Aleppo e Deir ez-Zor, além de um grande número de militantes”, lê-se em nota divulgada pelo Ministério da Defesa da Rússia.

No dia seguinte ao início das missões, o grupo também destruiu um posto de comando do Estado Islâmico (EI) na província de Deir ez-Zor, matando mais de 150 militantes.

Base em Hamadan

Inicialmente, os bombardeiros de longa distância Tu-22M3 estavam decolando do aeroporto de Mozdok, na Ossétia do Norte. No percurso, voavam sobre o mar Cáspio rumo ao Irã e ao Iraque, e então retornavam à base na Rússia.

No total, cada aeronave percorria uma área de quase 5.000 quilômetros. Com os tanques de combustível cheios, o Tu-22M3 acabava transportando apenas um terço de sua carga máxima, isto é, entre seis e oito toneladas de ogivas.

Segundo o Ministério da Defesa russo, o deslocamento dos aviões para a zona de combate visa a aumentar a eficácia dos voos em missão.

“Aumentamos a eficácia dos voos de longa distância em, pelo menos, três vezes. Agora, cada bombardeiro Tu-22M3 transporta cerca de 20 toneladas de ogivas e ataca de quatro a cinco alvos em cada voo”, explica Leonid Ivachov, coronel-geral aposentado e presidente do Centro Internacional de Análise Geopolítica, em Moscou.

Além disso, Ivachov ressalta que a base aérea de Hmeimim, na Síria, que já vinha sendo usada pela aviação tática da força aérea russa, não combina com o Tu-22M3. “A sua pista é muito curta e falta de infraestrutura necessária”, diz.

Hamadan, porém, não é uma base militar russa no sentido comum da palavra, segundo o diretor do Centro para Análise de Estratégia e Tecnologia, Ruslan Pukhov.

“O termo ‘base’ pode ter vários significados. Pode ser uma cidade militar com plenos direitos, ou dezenas de aviões de combate com militares em serviço. Hamadan não é Hmeimim 2”, esclarece Pukhov.

Retomada de Aleppo

De acordo com Iliá Kramnik, observador militar do site de notícias Lenta.ru, a implantação de bombardeiros russos no Irã mudará significativamente o alinhamento das forças na luta contra o terrorismo.

“Enviar Tu-22M3s e Su-34s para o Irã não significa o retorno das tropas russas para o Oriente Médio. É um movimento tático e um reforço qualitativo das forças aeroespaciais, preservando o número de aviões em operação”, afirma Kramnik.

O principal objetivo hoje da Rússia é, segundo o especialista, permitir que as tropas de Damasco obtenham vitória em Aleppo, uma tarefa que vem sendo dificultada pelas tentativas do EI de inverter o rumo da batalha usando homens-bomba.

“Uma coisa é parar um veículo militar transportando soldados de infantaria que querem sobreviver, outra é quando um veículo blindado está disparando contra você quilos de explosivos e o motorista pretende matar si mesmo e todos os demais”, diz.

Ainda segundo Kramnik, a força aérea russa enfrenta agora o desafio de destruir um acampamento onde homens-bomba são treinados, “algo que vai ajudar o Exército sírio a alterar o curso da batalha por uma das principais cidades na Síria”.

Dividendos políticos e militares

Para os especialistas, a recente iniciativa também demonstra que Moscou e Teerã estão evoluindo do modelo pragmático “fornecedor-comprador de armamento” para uma cooperação militar efetiva. No entanto, ainda é cedo para se falar em uma convergência plena entre os dois países.

“Hoje em dia, é mais fácil contar com os vizinhos com os quais a Rússia não tem problemas do que com aqueles que tem. E agora podemos ver que a Rússia está em paz com o Irã, não só em discurso, mas também na realidade”, diz Pukhov.

O observador destaca também que a operação russa na Síria não tem por objetivo exclusivo dar apoio ao governo do líder sírio Bashar al-Assad e combater o terror, mas também criar uma saída diante do isolamento político e diplomático em que o país se encontrava após o início da crise ucraniana.

“Basicamente, obrigamos nossos parceiros ocidentais a se sentar à mesa e resolver a questão do Oriente Médio juntos. Hamadan é outro sinal de que a Rússia não tem intenção de renunciar a seus interesses”, arremata Pukhov.

NIKOLAI LITÔVKIN

Edição/Imagem: Plano Brasil

Fonte: Gazeta Russa

Progresso nas relações russo-iranianas

A instalação dos bombardeiros russos que participam da operação anti-terrorista na Síria para a base de Hamadã, no Irã, tornou-se um marco nas relações bilaterais que abrirá o caminho para “parceria estratégica” entre Moscou e Teerã, Vladimir Evseev, vice-diretor do Instituo do CEI, escreveu para a agência RIA Novosti.

Em 16 de agosto, pela primeira vez bombardeiros russos atacaram terroristas na Síria a partir da base iraniana de Hamadã.

Esta decisão “terá mais implicações”, notou Evseev. Isso não somente terá um impacto positivo sobre a situação na Síria, mas a cooperação entre Rússia e Irã também contribuirá para a estabilidade regional, pois prevenirá os EUA e os seus aliados de lançamento de intervenções militares no Oriente Médio.

Recentemente, as forças sírias conseguiram cercar terroristas em Aleppo, cidade que estava sendo controlada por terroristas desde o fim de julho.

Em 6 de agosto, grupos terroristas conseguiram abrir um corredor estreito no distrito de Ramouseh, em Aleppo, cercando tropas do Exército sírio. As forças sírias conseguiram empurrar para trás os militantes em 9 de agosto, mas os jihadistas receberam grande reforço de armas e munições.

Especialistas acreditam que o destino da Síria está relacionado com o resultado deste combate.

Neste contexto “a Rússia ficou perante uma escolha difícil”, sublinhou o analista. O país precisa “aumentar a sua presença militar na Síria por causa da escalada de combates, mas entende que isso também impedirá o diálogo interno sírio e a busca pela paz no país”.

É por isso que Moscou decidiu desistir de ideia de instalar mais aviões na base de Hmeymim na Síria e resolveu, em acordo com o Irã, utilizar a base de Hamadã. Outras opções possíveis da Rússia incluem o uso de mísseis de cruzeiro Kalibr-NK a partir do mar Cáspio. O Iraque e o Irã já permitiram à Rússia usar o seu espaço aéreo para realização de ataques.

Além disso, planeja-se que o único porta-aviões russo, Admiral Kuznetsov, chegue ao mar Mediterrâneo em setembro.

Como resultado de tudo isso, “o caso da Rússia e Irã está se movendo mais rapidamente, mudando de simples diálogo estratégico para parceria estratégica”, acrescentou.

Fonte: Sputnik News

 

 

7 Comentários

  1. Até aqui .. nesse momento … quem diz que está combatendo os terrorista daquela região e mostram isso em ações concreta e eficiente …. é a força conjunta liderada pela Rússia …bem diferente daquele liderada pelo mentiroso EUA . .

    • Como é difícil aceitar que ambos mentem. chega a ser patético essa ideia que de apenas a Russia é a boazinha e os EUA ão os vilões…. cada um com seus interesses.

      • Hoje em dia a verdade é coisa rara de se vê e ouvir, especialmente quando se fala dos americanos e seus fã clubes .. rsrsr … em especial no estados desunidos do brazil … que usou uma rol de mentiras para se fazer golpe e meso assim muitos “inocentes” aceitam como verdades .. rsrsr … por falar em mentirosos .. não foi pego uns “santinhos” mentirosos ianques que vieram aqui para aprontar e “urinar” na hipocrisia daqueles que acham que só atleta do 3° mundo é arruaceiro . 😉

      • ………………bem, não se entende como que na cidade de Alepo praticamente cercada, a canalha terrorista ainda continue a receber armamento desafiando o Exército Sírio…penso que os sírios devem rever suas táticas e estratégias pra expulsar de uma vez por todas essa corja da cidade…..outrossim, por outra parte, dá pra ver claramente pelas reportagens de TV e Internet, como a maioria da grande “MÍDIA” estadunidense colocou o Brasil e o povo brasileiro perante sua população e ao mundo pelo comportamento de ARRUAÇA de seus bem “queridos” atletas….aí “pagamos o pato”……enfim,país que tem os Estados Unidos como AMIGO….não necessita de inimigos………..

  2. A coalizão dos EUA é uma farsa, isto está provado, eles apenas fingem que atacam os terroristas mas na realidade dão suporte, dinheiro, treinamento, armas e abrigo a esses canalhas … quem se lembra daquelas imagens do cargueiro americano lançando centenas de toneladas de armas para o ISIS ??? as imagens não mentem

    Já a Rússia não, em pouco menos de 1 ano os bombardeios da aviação russa tornou possível ao exército sírio recuperar extensas áreas que estavam perdidas sob o controle dos guerrilheiros, matando e trucidando a capacidade de combate deles… falta pouco agora, a aviação russa está catando de pinça, a maioria dos alvos grandes já foi batida. Não se trata da Rússia ser “boazinha”, se trata de agirem na luz da verdade e não fingindo ser duas coisas ao mesmo tempo como EUA faz.

  3. Isso se chama parceria estratégica ……..só tem 2 potência no mundo com alcance global ( u.s.a e russia)…….confiar em washinton nem pensar…..em moscou foi a menos pior das opção !!!!!!

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