Possível compra de aviões americanos causa polêmica na Argentina

O Ministério da Defesa dos Estados Unidos declarou sobre início de negociações para venda de aviões militares à Argentina, causando polêmica na mídia.

Em particular, a compra seria de aviões T6-C Texan II, destinados a proteger fronteiras e combater tráfego de drogas. A polêmica estaria relacionada ao fato de a fabricante de aviões argentina, Fábrica Argentina de Aviones (FAdeA), ter planos de recomeçar a produção do Pampa III: muito parecido ao T6-C Texan II, por suas funções. Ao mesmo tempo, o governo argentino demonstra interesse nos análogos americanos, italianos e franceses do avião de produção nacional.

De acordo com o diretor da FAdeA, Ercole Felippa, a fábrica dará início a produção de 40 aviões Pampa em 2017, logo após quitar dívidas de seus fornecedores estrangeiros. De acordo com o projeto, será realizada a substituição de 15 caças A4-AR Fightinghawk, que deixarão de ser usados no ano de 2018. Atualmente, 3 dos 15 aviões se encontram em estado normal de uso, segundo os dados da edição argentina La Voz.

O Ministério da Defesa considera também a possibilidade de comprar o avião M-346 Master do fabricante italiano, Aermacchi. O modelo italiano custa 30 milhões de dólares, ou seja, duas vezes mais que o Pampa III.

As autoridades argentinas consideram a aquisição dos análogos americanos T6-C Texan II apropriada, pois a compra de 24 aviões lhes custaria 300 milhões de dólares.

A terceira e última opção seria comprar do fabricante francês o modelo Mirage F-1. O avião custa 23 milhões de dólares, totalizando a compra em cerca de 280 milhões de dólares.

Segundo explicou à Sputnik Espanha o analista e especialista em política internacional, defesa e direitos humanos, Andrei Serbin:

“A mídia apressa em declarar que serão adquiridos aviões Texan. Mas nem tudo é tão simples. Segundo o procedimento adotado nos EUA, se um Estado estrangeiro estiver interessado na compra de tecnologia militar, o respectivo inquérito deve ser adotado para consideração e aprovado pelo Congresso. Esta questão ainda está na fase inicial das negociações. A Argentina somente pediu o orçamento dos americanos”.

Ainda não foram divulgadas declarações oficiais, e as especulações estão sendo interpretadas por muitos de forma cética.

“Uma grande parcela da mídia declarou que o governo realizou compra de aviões. Mas não é bem assim. Na realidade, os EUA simplesmente responderam ao pedido de orçamento para compra. Isso não significa de forma alguma que a compra tenha sido realizada. Às vezes, isso significa somente interesse”, explicou Serbin.

O especialista frisa que o pedido de orçamento, possa ser ponto de partida para início de negociações sobre o preço, tendo o comprador interessado em diminui-lo. Existe a possiblidade de a Argentina ter pedido orçamento aos Estados Unidos somente para comparar preços de um terceiro país, ou seja, tentar diminuir o preço dado pelo terceiro país envolvido na negociação.

Seja como for, há outro ponto que deve ser discutido: atualmente, a Argentina não tem capital necessário para prestar assistência técnica aos aviões em questão.

“É possível comprar todos os aviões do mundo, mas se não há dinheiro para combustível, reparo, motores e treinamento de pilotos, estes aviões não seriam úteis de forma alguma”, sublinhou o especialista entrevistado.

Foto: © AFP 2016/ JACK GUEZ

Fonte: Sputnik News

 

7 Comentários

  1. ……………. o correto seria a Argentina jogar todas as suas fichas no Pampa II(ou III), pois com esse treinador grande parte dos pilotos argentinos ja treinaram e usam como a única plataforma de defesa aérea da FAA disponível no momento …..os hermanos só deveriam pensar em caças maiores quando sua economia estivesse bem mais equilibrada …..quanto à um treinador turboélice primário, a FAA ja tem o Grob alemão, o que atrapalha a introdução do novo treinador IA- 100,único projeto argentino nos últimos 20 anos, confirmando o fato de que se eles realmente quisessem já teriam desenvolvido um turboélice mais potente algo semelhante ao
    Torito ou Super Tucano….. comprar aviões Texan agora é jogar dinheiro fora………..

  2. A ultima vez que os argentinos confiarão nos Américas eles forao forao convencidos a parar o programa do missil tronador e logo depois que o programa foi desmantelado teve a guerra das Malvinas e perdeu seu pre sal para os ingleses…os branquinhas ingleses vao continuar ter vida boa por varias décadas……já os argentinos vao se fufu por varias décadas!!!!!!!

  3. dilson queiroz

    A compra dos Texan se justifica por vários motivos:

    a ) ‘Tucanos’ e ‘Pucarás’ já estão no final de suas vidas úteis. Qualquer revitalização é um custo/benefício ruim… Até tentaram fazer com o ‘Pucará’, dotando-os de motores PT-6, mas não conseguiram fazer ir pra frente…

    b ) O T-6C+ cumpre exatamente as missões dos dois aviões acima citados. Sei que muitos aqui pensariam em ‘Super Tucano’, mas a aeronave brasileira tem seus requisitos mais voltados para servir como contra-guerrilha. Aliás, aqui no Brasil o ‘Super Tucano’ executa missões de treinamento para a formação de caçadores ( no Esquarão ‘Joker’ ), o que é cumprido pelos ‘Pampa’ na FAA ( além de se-lo por uma aeronave a reação na maioria das forças aéreas ).

    c ) A ausência de recursos, que deve perdurar ainda por considerável tempo, inibe o desenvolvimento de uma nova aeronave de treinamento turboélice. O custo de um desenvolvimento desses, certamente supera a compra de vários exemplares novos do T-6C+.

    d ) Relacionado ao item anterior, há também o fator “tempo”… Conceber uma nova aeronave da complexidade de um turboélice de treinamento é trabalho para anos; logo se estendendo a um tempo em que a operação do atual inventário estará seriamente debilitada ( muito mais do que já está; em particular por fatores relacionados a estrutura das próprias aeronaves )…

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