Índios Guarani buscam reconhecimento cultural em encontro no Paraná

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Sugestão e colaboração: Gérsio Mutti

São Paulo, 3 fev (EFE).- O reconhecimento da cultura guarani como parte da identidade sul-americana foi discutido hoje na abertura do primeiro Encontro dos Povos Guarani da América do Sul, no qual participam cerca de 800 índios do Brasil, Paraguai, Bolívia e Argentina.

“O objetivo é o de buscar o fortalecimento e reconhecimento da cultura indígena como formação da identidade brasileira. Há uma influência muito forte na nossa língua, na nossa culinária e na nossa dança vinda dos povos Guarani”, afirmou o secretário da Identidade e da Diversidade Cultural do Ministério da Cultura, Américo Córdula, em nota divulgada pela pasta.

O primeiro dia do evento, que acontece até a próxima sexta-feira na aldeia indígena Tekoha Añetete, no município de Diamante D’Oeste (PR), foi dedicado a debates sobre a “valorização cultural” da comunidade guarani.

Em seu discurso, Córdula afirmou que a cultura guarani “possui um importante vínculo com a identidade sul-americana. Por isso, a necessidade de se começar uma grande campanha de valorização destes povos para reverter o quadro de preconceito existente hoje com relação aos índios”, disse.

Participaram da cerimônia de abertura líderes indígenas de sete estados brasileiros, assim como da Argentina, Paraguai e Bolívia.

Segundo Córdula, o encontro servirá para debater diversos temas colocados em fóruns prévios ao encontro dos guarani.

Um desses assuntos é a discussão sobre a terra, pois os guarani, que eram a etnia predominante nos atuais territórios de Brasil e Paraguai antes da chegada dos colonizadores europeus, perderam a maior parte de suas terras.

“Com a (questão da) terra resolvida é possível nos organizarmos melhor e termos estrutura para cuidar de outros assuntos que também são importantes, como o nosso reconhecimento cultural”, declarou o cacique Elpídio Pires, do estado do Mato Grosso do Sul.

De acordo com Pires, os guarani querem mostrar sua história e o que pretendem ser no futuro. “Nós gostaríamos de ter nossa cultura mais valorizada e incentivada. Tenho muito orgulho de ser Guarani”, afirmou.

Segundo um estudo de 2008 da Comissão Nacional de Terras Guarani, há no Brasil 65 indígenas dessa etnia, dos quais quase 45 mil vivem no Mato Grosso do Sul.

O evento reúne representantes das etnias Kaiowa, Ñandéva e Mbya, do Brasil; Mbya, da Argentina; Chiriguano, da Bolívia, e Ache-Guayaki, Kaiowa, Mbya e Ava-Guarani, do Paraguai, país no qual o guarani é língua oficial junto com o espanhol. EFE wgm/bba

Fonte: Último Segundo