Ex-ministra britânica diz que gabinete foi enganado sobre Iraque

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Uma ex-ministra britânica disse que o ex-primeiro-ministro Tony Blair não informou o gabinete plenamente sobre seus planos de invadir o Iraque em 2003 e que o ex-advogado chefe do governo induziu os ministros ao engano quanto à legalidade da guerra.

Claire Short, crítica de longa data de Blair que foi secretária do Desenvolvimento Internacional do governo britânico na época da invasão do Iraque, contestou o depoimento dado por Blair na semana passada em um inquérito sobre a guerra do Iraque.

Short disse ao inquérito Chilcot, que estuda o papel da Grã-Bretanha na guerra e o que se seguiu a ela, que as discussões foram limitadas e que ocorreu “um bloqueio das comunicações”.

Ela votou a favor da invasão de 2003, mas deixou o governo de Blair pouco depois.

Na sexta-feira Tony Blair apresentou uma defesa robusta de sua decisão de ir à guerra, dizendo que Saddam Hussein representava uma ameaça ao mundo, tornando necessário seu desarmamento ou afastamento.

Ele disse ao inquérito que houve “discussões substantivas” com ministros de alto escalão do gabinete.

Mas Short disse que ela foi excluída das discussões e que Blair não quis que o Iraque fosse discutido no gabinete, porque temia vazamentos para a imprensa.

“Além disso tudo, houve sigilo e engano”, disse ela. “As comunicações normais estavam sendo fechadas.”

A ex-ministra acusou o ex-procurador-geral Peter Goldsmith de não comunicar ao gabinete suas dúvidas quanto à legalidade da guerra, nem o fato de que advogados do Ministério do Exterior consideravam que partir para a guerra seria ilegal na ausência de uma segunda resolução da ONU.

Goldsmith já declarou que inicialmente questionou a legalidade da guerra e que só concluiu que ela seria legal, mesmo na ausência de tal resolução, uma semana antes da invasão, dias antes de o gabinete ser informado sobre a questão.

“Acho que ele induziu o gabinete ao engano; ele certamente me induziu ao engano, mas as pessoas deixaram passar”, disse Short. “O parecer dele me deixou estarrecida.”

Ela disse ao inquérito que acredita que Goldsmith tenha sido pressionado por Blair, hipótese que Goldsmith nega, mas que não tem provas diretas para fundamentar essa suposição.

Short disse que não havia ameaça iminente de Saddam e que o planejamento para o pós-guerra foi inadequado.

“Não havia razão pela qual tivesse que ser tão apressado quanto foi”, disse ela. “Foi tudo feito de maneira improvisada.”

“Poderíamos ter procedido mais devagar, com mais cuidado, e não termos terminado com um Iraque totalmente desestabilizado e revoltado, no qual entrou a Al Qaeda, que não estava presente lá antes. Isso teria sido mais seguro para o mundo.”

Claire Short deixou o grupo parlamentar do Partido Trabalhista em 2006 para tornar-se deputada independente, dizendo que Blair mentiu sobre a guerra.

Fonte: Último Segundo

4 Comentários

  1. Engana eu também que eu gosto!!

    “discussões substantivas”… o que quer dizer?? que tinham muitas opiniões diferentes ou que tinha muitas palavras complicadas?? Ou ainda interpretações diferentes??

    Bem senhores, no fim este é o trabalho da política… usar as bem palavras!!

    Se alguém entende é outra coisa!! Triste mesmo.

  2. Pois é, e ainda tem alguns que querem o F-18 no FX-2, os YANKES puxaram a coleirinha e os britânicos correram para ajudar, sempre é assim o dono manda e os vassalos obedecem.
    Abraço.

  3. Triste mesmo essa confusão em que a política britânica se meteu nos últimos anos…

    Mas o interessante é que mesmo com toda essa confusão os Britânicos permanecem sustentando operações em campo…

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