YEREVAN/BAKU (Reuters) – Aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), França e Turquia trocaram recriminações irritadas nesta quarta-feira, conforme aumentavam as tensões internacionais sobre os confrontos mais intensos entre o Azerbaijão e as forças armênias étnicas desde meados dos anos 1990.
No quarto dia de combate, o Azerbaijão e o enclave armênio étnico de Nagorno-Karabakh acusaram um ao outro de bombardeios ao longo da linha de contato que os separa no volátil e montanhoso sul do Cáucaso.
Desde o domingo, surgiram relatos de dezenas de mortos e centenas de feridos no combate, que se estende muito além das fronteiras do enclave e ameaça degenerar em uma guerra total entre as ex-repúblicas soviéticas do Azerbaijão e da Armênia.
O ressurgimento de um dos “conflitos congelados” que remontam ao colapso da União Soviética, em 1991, provocou preocupações a respeito da estabilidade do sul do Cáucaso, um corredor de dutos de petróleo e de gás para mercados de todo o mundo, e o temor de que as potências regionais Rússia e Turquia sejam envolvidas.
A porta-voz do Ministério da Defesa armênio, Shushan Stepanyan, tuitou um vídeo de explosões enormes de disparos de artilharia acompanhados por uma música dramática e a legenda “Tomada de uma posição no Azerbaijão”.
Alguns dos aliados da Turquia na Otan estão cada vez mais alarmados com a posição de Ancara em relação a Nagorno-Karabakh, região separatista situada dentro do Azerbaijão, um aliado próximo dos turcos, que é controlada por armênios étnicos, mas não é reconhecida por nenhum país como uma república independente.
Ecoando comentários do presidente turco, Tayyip Erdogan, seu ministro das Relações Exteriores, Mevlut Cavusoglu, disse nesta quarta-feira que seu país “fará o que for necessário” quando indagado se Ancara ofereceria apoio militar caso o Azerbaijão o solicitasse.
O presidente azeri, Ilham Aliyev, agradeceu a Turquia pelo apoio mais tarde, mas disse que seu país não precisa de assistência militar e que o combate cessará se as forças armênias “deixarem nossas terras” imediatamente.
Lavrov disse que a Rússia continuará a trabalhar de forma independente e em conjunto com outros representantes do grupo de Minsk da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa para mediar o conflito.
A França tem dito que quer que o Grupo de Minsk –liderado por Moscou, Paris e Washington– resolva o conflito. Os líderes da União Europeia também vão discutir isso em uma cúpula no final desta semana, disse uma fonte do governo alemão.
Reportagem adicional de Maria Kiselyova, Dmitry Antonov, Polina Ivanova e Alexander Marrow em Moscou; Margarita Antidze em Tbilisi; Tuvan Gumrukcu em Ancara; Michel Rose em Paris e Sabine Siebold em Berlim.