Obama: “É preciso estar alerta para o aumento do nacionalismo étnico”

O presidente Barack Obama iniciou nesta terça-feira em Atenas sua última viagem pela Europa com um chamado à vigilância ante a ascensão do nacionalismo étnico.

Não citou nomes, mas aludia tanto à vitória do republicano Donald Trump nas eleições de terça-feira passada como ao sucesso dos imitadores de Trump em uma Europa em pleno recolhimento identitário. Nos próximos dias deverá dar explicações aos parceiros internacionais sobre seu sucessor na Casa Branca, um político que chegou ao poder agitando o ódio às minorias.

Não era a despedida da Europa que Obama esperava. Ao lado do primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, o presidente dos EUA lançou uma dessas mensagens de que gosta, uma vista panorâmica sobre o momento atual, pessimista sobre os riscos mais iminentes, mas confiante no longo prazo.

O presidente falava da Europa. “Sabemos o que acontece quando os europeus começam a se dividir e enfatizar suas diferenças e competir entre si, na forma de uma soma zero. O século XX foi um banho de sangue. E, apesar de todas as frustrações e fracassos do projeto para unificar a Europa, as últimas cinco décadas foram um período de paz, prosperidade e crescimento sem precedentes”.

E falava dos Estados Unidos. “Não realizamos nosso potencial como país quando impedimos os negros e os latinos os asiáticos os gays e as mulheres de participarem plenamente no projeto de construir a vida americana.”

A viagem de Obama é um epílogo melancólico. O anticlímax de uma presidência que começou como uma mensagem de esperança ao mundo e termina com a chegada de um homem que prometeu revisar a aliança militar com os europeus, manifestou desprezo por sua líder mais influente, a chanceler alemã, Angela Merkel, e flertou com a Rússia de Vladimir Putin.

A própria mensagem de Obama a Tsipras esteve tingida pela vitória de Trump. Elogiou-o, primeiro, por manter elevado o gasto militar: um dos argumentos de campanha do presidente eleito foi que os parceiros da OTAN contribuem pouco para o orçamento comum e, portanto, os EUA têm de sentir-se livres para se desfazerem de sua obrigação de defendê-los. E também o elogiou pela recepção dada pela sociedade grega aos refugiados: Trump construiu seu êxito eleitoral, em parte, com a demonização deles.

Tudo o que Obama disser e fizer nestes dias será lido com a chave trumpiana. Trump, não como fenômeno isolado, mas mundial: o sintoma mais estridente e poderoso de uma onda da onda de populismo nacionalista em ambas as margens do Atlântico.

MARC BASSETS

Foto: Aris Messinis / AFP – Primeiro Ministro grego Alexis Tsipras e o Presidente Obama dos EUA.

Edição: konner@planobrazil.com

Fonte: El País

2 Comentários

  1. Para os EUA ,o nacionalismo é uma ameaça porque impedem o domínio completo dos interesses deles, além de dificultar o domínio econômico e militar sobre certos países.
    Ser nacionalistas está virando crime na visão dos EUA….

  2. Hipócrita e canalha (posso escrever isso aqui?) são as palavras que definem bem esse cidadão que ateou fogo no Oriente Médio e Africa gerando uma onda de refugiados que partiram para a Europa. Essa onda de refugiados foi o catalizador que a extrema direita Europeia precisava para galgar voos mais altos, a impressão que dá é que o alvo deles (EUA) nem era a Líbia e Siria e sim a própria UE que se alinhavava.
    Quanto mais medo na Europa maior será a influencia dos EUA, um continente apaziguado não obedece e reflete sobre o porque da presença militar em casa.

    Sds

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