Encontro entre governo e oposição termina sem acordo na Ucrânia

Mediada por EUA e União Europeia, primeira reunião desde o início dos protestos não avança mesmo após presidente oferecer anistia a manifestantes presos. Líderes opositores querem renúncia e prometem grande ato nas ruas.

O presidente ucraniano, Victor Yanukovytch, se reuniu com líderes da oposição nesta sexta-feira (13/12) pela primeira vez desde o início dos protestos que há três semanas tomaram as ruas do país. Sem consenso após duas horas e meia de conversa, o encontro acabou, porém, sem resultados concretos. Uma nova grande manifestação deve ocorrer no próximo domingo.

Nem a promessa de Yanukovytch de conceder anistia a todas as pessoas presas durante as manifestações das últimas semanas – um dos principais pedidos da oposição – fez com o que o grupo liderado pelo pugilista e líder da Aliança Democrática Ucraniana pela Reforma (Udar), Vitali Klitschko, retrocedesse nos pedidos. Entre as exigências dos opositores estão a renúncia do presidente e a convocação antecipada de novas eleições.

O presidente ucraniano rejeitou qualquer possibilidade de deixar o cargo sem a aprovação de uma moção de censura no Parlamento. Ele ainda lembrou os adversários sobre a rejeição, por parte dos parlamentares, da moção contra o primeiro-ministro Nikolai Azarov no dia 3 de dezembro. Na época, o bloco da oposição obteve apenas 186 dos 225 votos necessários para colocar fim ao governo de Azarov.

Os manifestantes contestam a decisão de Kiev de congelar o processo de aproximação com a União Europeia. A oposição vinha resistindo a sentar-se à mesa de negociações com o governo, mas a reunião acabou sendo realizada mediada pelos Estados Unidos e pela União Europeia, que temem a aproximação da Ucrânia com a Rússia.

Apoio europeu à oposição

Durante o encontro, Klitschko, que conta com o apoio europeu para assumir a presidência da Ucrânia, advertiu Yanukovytch sobre as consequências de uma repressão contra os manifestantes, que devem continuar nas ruas.

Manifestantes permanecem firmes na Praça da Liberdade, centro de Kiev.

“A opção violenta, a qual nós sabemos que está sendo considerada pelo governo, poderá ter terríveis consequencias para o país e para você, pessoalmente”, disse o boxeador. Comícios realizados pela oposição nos dois últimos domingos juntaram centenas de milhares de manifestantes, e um novo protesto está marcado para o próximo domingo. Os governistas prometem reagir: eles querem levar 200 mil pessoas para defender Yanukovytch nas ruas.

Além de Klitschko, também participaram do encontro os líderes do Partido Pátria, Arseniy Yatsenyuk, do nacionalista Liberdade, Oleh Tyahnybok, além de líderes religiosos e estudantis e do primeiro-ministro ucraniano.

Segundo a mídia local, o número de manifestantes na Praça da Liberdade, a Maidan, já subiu para 15 mil pessoas. No início da sexta-feira, elas passaram a ocupar uma área ainda maior no local. Mais de 4 mil manifestantes passaram a noite na praça, observados por quase 2 mil policiais, segundo o Ministério do Interior.

O impasse entre governo e oposição na Ucrânia se intensificou nas últimas três semanas depois que Yanukovytch suspendeu a assinatura de um aguardado acordo com a UE, numa decisão tida pela oposição como um gesto de aproximação ao Kremlin.

O primeiro-ministro ucraniano anunciou que Ucrânia e Rússia devem assinar, na próxima terça-feira, acordos que vão garantir a remoção de “contradições comerciais” bilaterais. O encontro de líderes dos dois países será em Moscou.

MSB/dpa/ap

 

Fonte: DW.DE

3 Comentários

  1. Os paladinos da democracia e do mercado livre (EUA e UE), interferindo em assuntos internos de uma nação soberana por causa de acordos comercias que não conseguem aceitar. Que beleza. O sol é realmente o melhor desinfetante.

    E essa oposição!? Mesmo com a garantia da anistia , que é claramente uma saída política para reiniciar o processo de forma mais calma (a polícia realmente fez besteira ao prender manifestantes), querem de fato é a substituição do governo. Só isso. E, pra variar, usam o argumento furado da antecipação das eleições e renúncia do primeiro-ministro como precondição para continuar negociando.

    O nome disso é: tentativa de golpe branco.

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