Defesa & Geopolítica

Brexit e o Efeito do Dominó na União Europeia

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Brexit

De Leon Petta* 

Especial para o Plano Brasil

Após a decisão popular pelo Brexit, os mais variados veículos e analistas começaram a prever a reação em cadeia e um “efeito dominó” de países que iriam seguir os britânicos optando então pela saída que culminaria no fim da União Europeia. Porém, será isso verdade ou realmente inevitável?

Mais do que difícil dizer seria até irresponsável fazer previsões em um cenário de incertezas. O que há de melhor a se fazer é analisar o que ocorre, traçar paralelos, ver quais são as probabilidades do que está pra vir, e no caso das lideranças, planeja e estabelecer objetivos.

De cara, previsões que tomem a Teoria de Efeito Dominó como fundamento tem tudo para dar errado, pois ignoram uma das coisas mais obvias na política: agentes políticos não são irracionais e nem estáticos. Pessoas e grupos (ainda que demorem ou apanhem pra isso) aprendem a lição e no caso de grupos que estão no comando de nações elaboram estratégias justamente para evitar o “Efeito Dominó”. Como Kissinger descobriu décadas depois, não havia conspiração comunista centralizada e organizada na Ásia que justificasse a entrada dos Estados Unidos no Vietnam. A ideia de que o movimento comunista caso fosse vitorioso após a Guerra do Vietnam iria desencadear um “efeito dominó” sobre o Sudeste e Leste Asiático se mostrou errado, pois assim que os comunistas vietnamitas venceram não só as rivalidades regionais vieram à tona (inclusive com uma guerra em China e Vietnam) como também outros governos anticomunistas ganharam ainda mais força.

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A saída do Reino Unido não significa por sua vez outro “Efeito Dominó” inevitável de outras saídas, ele apenas abre um precedente que só o tempo vai dizer se a Alemanha irá conseguir responder de forma adequada para segurar os países europeus dentro de sua gravidade geopolítica, aliás, os alemães possuem bons recursos para isso.

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Autor ( Vitor Stuart de Pieri)

Provavelmente o Brexit é superestimado na maioria dos casos, uma vez que Londres nunca realmente se incorporou geopoliticamente na União Europeia e isso por si só já torna a “Teoria do Efeito Dominó” improvável. Sendo que uma eventual saída da França abalaria muito mais estabilidade da União Europeia, pois não só Paris é uma das engenheiras do Projeto Europeu junto com Berlim como também atingiria diretamente a integridade geográfica do bloco.

Em todos os casos não é um bom momento para previsões, mas sim, para planejamentos em cima de perguntas chave como: o que o Reino Unido deve fazer para manter uma economia dinâmica? Como a Alemanha irá manter a coesão e que reformas a EU irá adotar? E o Brasil, quais são oportunidades de negócios de um Reino Unido “separado”?

*De Leon Petta Gomes da Costa. Pesquisador de Doutorado da Univ de São Paulo. Pesquisador visitante da Virginia Commonwealth university (EUA) e Pesquisador Honorário da Universidade de Hong Kong (China).

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