Palco global – China faz xeque-mate em Washington

A China está no seu terceiro ano do plano “Um Cinturão, Uma Rota”, ou a nova Rota da Seda, estratégia anunciada por Xi Jinping e destinada a desenvolver a cooperação com parceiros europeus. O plano, que consiste de duas partes, é um impulso para aumentar o potencial econômico chinês e maximizar a influência geopolítica do país.

A primeira parte é um cinturão econômico no continente, enquanto a segunda parte tem a ver com a zona marítima.

O projeto continental inclui os países situados na antiga Roda da Seda, através da Ásia Central e Ocidental, Oriente Médio e Europa, apelando para uma maior integração e criação de uma zona económica coesa.

A iniciativa marítima expande o projeto nas águas do Mar do Sul da China, Pacífico do Sul e Índico, servindo como um instrumento para frear as incursões americanas na hegemonia econômica da China nesta região.

O ponto central do projeto é o Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura (AIIB, em sigla inglesa), alternativa do Banco Mundial dirigido pelos EUA, que dá à China a possibilidade de influenciar a política regional, concedendo ao mesmo tempo aos europeus oportunidades para investir. Durante os primeiros anos, estão planejados mais de $200 bi (R717 bi) para projetos de construção e mais quatro trilhões estão no horizonte, diminuindo os investimentos dos EUA em várias ordens de grandeza.

A utilização da prosperidade econômica para comprar a benevolência política não é nova, comparada por muitas pessoas ao Plano Marshall, aplicado pelos EUA nos anos seguintes à Segunda Guerra Mundial, quando enormes investimentos foram feitos na Europa para supostamente evitar que o continente se tornasse comunista e região satélite da esfera de influência soviética.

Recentemente, a China usou uma estratégia semelhante em África, (levando muitos países deste continente a apoiar Pequim nas Nações Unidas), e no Afeganistão, para obter o seu apoio em disputas territoriais no Mar do Sul da China.

Enquanto os EUA, apesar do défice econômico, continuam gastando recursos para manter a sua esfera de influência no Ocidente, financiando a OTAN, os avanços regionais da China fazem Washington se mexer.

Então, na tentativa de combater a influência chinesa, o presidente estadunidense Barack Obama passou a semana passada em turnê na Ásia, oferecendo concessões ao presidente do Vietnã, Tran Dai Quang, na forma de levantamento do embargo, e se desculpando – ainda que não abertamente — pelo holocausto nuclear, quando visitou Hiroshima e Nagasaki no Japão.

Uma professora da Universidade de Nova Iorque, Ann Lee, especialista em relações econômicas da China, disse na quinta-feira (2) à emissora Sputnik:

“Os EUA e a Europa estão envolvidos em diplomacia econômica no mundo, através de empréstimos do FMI e do Banco Mundial, que requerem que os países receptores concordem com os termos, tais como a abertura dos seus mercados, a adoção de certos princípios de governo e a adesão às normas referentes aos direitos humanos”.

Segundo ela, a Nova Rota da Seda influenciou as relações sino-europeias positivamente, tornando-as mais próximas.

“A China é muito assertiva nos vários acordos com a Europa. Já foram anunciados acordos com a Escócia, a Itália e outros países”, disse Lee, falando sobre os passos seguintes de Pequim que, segundo ela, são “um xeque-mate a Washington no palco global”.

Ela sugeriu que a própria Europa pode ganhar imensamente com este processo, tendo em conta a estagnação da sua economia e o desejo de explorar os mercados emergentes.

“A China oferece as formas para atingir estes mercados, então isto é uma vitória para ambas as partes”, disse a professora.

Fonte: Sputnik News

9 Comentários

  1. O texto apenas “esquece” de mencionar a aproximação recente de Washington com Nova Deli, Seul e outros tigres asiáticos cujos interesses são diretamente atravessados pelos chineses…

    Também é um erro acreditar que os interesses europeus convergem com os chineses ao nível de afastar a parceria transatlântica… Os europeus, tal como estão, irão querer ganhar dos dois lados. Basta os americanos cederem em alguns pontos…

    Pra mim, longe de um xeque-mate, está mais pra uma daquelas jogadas em que se arrisca um bispo pra pegar uma torre e deixa a rainha perigosamente exposta… Reforçar as relações com seu entorno deveria ser a prioridade dos chineses, antes de mais nada… É algo difícil, mas o fato é que não é possível construir uma casa pelo telhado… Os americanos, ao reforçarem as relações com o entorno chinês, criam as condições para que suas grandes corporações ( além de outras pelo mundo ) desloquem investimentos da China para os demais países asiáticos, travando os chineses em sua base de produção e, por consequência, reduzindo sua capacidade de exportar e acumular divisas para investir, além de, por tabela, isola-los diplomaticamente naquela que seria sua zona de influência…

    Quanto aos meios de acesso chineses aos mercados emergentes, eles são essencialmente os mesmos dos americanos. A diferença está na aceitação destes em determinado momento e das concessões que os americanos podem fazer…

  2. Sinceramente, essa é uma realidade consumada, nada parará a superioridade chinesa no mundo, e digo isso com pesar, pois até que isso aconteça (uns 20 anos segundo pesquisas) haverão confrontos e tentativas dos EUA e aliados de limitar a China e seu avassalador crescimento (que será em média de 6,5% em nos próximos 15 anos) mas dificilmente conseguirão, pois enquanto os EUA lutam para manter uma média de 1,8% sofridos, a China já tem atraído pra si o reconhecimento de seu futuro posto, tanto na Ásia (pois os países asiáticos apesar de reclamarem dos abusos, continuam aumentando suas relações com o dragão) quanto em outras partes do mundo, é questão de tempo, pouco tempo, e a China será maior potência do mundo.

    • Qual a vantagem para o mundo de termos uma CHINA COMUNISTA IMPERIALISTA toda poderosa, caro ARC ? talvez mais “LIBERDADE” ? ou talvez mais IMPERIALISMO DE ESTADO ? ou ainda mais MÁFIA CHINESA instalada nas periferias das grandes cidades ocidentais ?

      • Nenhuma Patriota, e meu comentário deixa claro isso.
        Sou credor do multi polarismo, acredito que o mundo teria mais equilíbrio com diversas potencias regionais dispersas pelo globo, o que forçaria o diálogo entre todas, e daria a ONU o real poder de órgão equilibrador.
        Hoje temos os EUA tacando fogo no mundo, em breve a China fará o mesmo, principalmente porque os EUA irão agonizar suas forças (econômicas, politicas,etc) ao máximo, a fim de tentar conter o avanços chinês, mas fatalmente não conseguirá deter a mudança de polo mor do ocidente para o oriente, as aproximações da Europa, AL, e principalmente OM e África para a China não são mero descontentamento, mas o reconhecimento que eles serão a nova economia motriz daqui a umas décadas, não sou eu que constatou isso, mas diversos econômicas e outros especialistas de todo mundo.
        Outra coisa, não se engane, a Máfia chinesa é um braço do serviço de inteligencia chinesa, opera de modo a inserir células chinesas em outros países, tenho certeza disso, só não posso provar, hoje o próprio EUA tem incontáveis delas, China Town é um exemplo, pois o mais estranho é que tais negócios são porta de entrada para negócios muito maiores, a exemplo disso temos um certo mercadão aqui no Brasil que já sofreu diversas operações da PF por negócios bem sombrios.
        Resumindo, não desejo a hegemonia chinesa, torço para que de alguma forma os EUA se mantenham de pé, a Europa reassuma sua postura, a Rússia progrida, o Brasil avance (kkkkk), a fim de termos equilíbrio.

      • ou talves o brasil acabe sendo absorvido para ganhar musculos, por uma dessas grandes naçoes beligerantes no campo economico e militar.brasil nao sendo uma delas mas mero apendice .

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