Ataques na França ocorrem no dia em que EUA anunciam ‘morte’ de John Jihadista

Antes mesmo de sair da universidade, Emwazi passou a ser monitorado pela inteligência britânica por suspeita de associação com jihadistas
Antes mesmo de sair da universidade, Emwazi passou a ser monitorado pela inteligência britânica por suspeita de associação com jihadistas

Uma série de ataques coordenados em Paris acontecem no dia em que os Estados Unidos anunciaram estar “razoavelmente certos” de que um ataque na Síria teria matado o militante do grupo autodenominado “Estado Islâmico” conhecido como “John Jihadista”.

Ainda não há relação confirmada entre os dois acontecimentos. Ataques em diversos locais de Paris deixaram dezenas de mortos e feridos.

Há relatos de explosões próximas a um estádio de futebol e pelo menos 60 pessoas estariam sendo mantidas como reféns na casa de shows Bataclan, na região central da capital.

De acordo com o editor da BBC Mark Urban, nenhum grupo assumiu, até a noite desta sexta-feira, a autoria dos ataques.

Em pronunciamento na televisão, o presidente francês François Hollande declarou estado de emergência em todo o território e o fechamento das fronteiras.

Procurado

De acordo com o Pentágono, o ataque que teria matado John Jihadista foi realizado por um drone (aeronave não tripulada) na quinta-feira em Raqqa foi “de rotina”, mas será preciso algum tempo até “declarar formalmente que houve sucesso”.

O primeiro-ministro britânico David Cameron disse que o ataque foi “a coisa certa a se fazer” e “um ato de legítima defesa”.

Mohammed Emwazi, britânico nascido no Kuwait, ficou conhecido após aparecer em decapitações de reféns ocidentais e se tornou um dos homens mais procurados das autoridades do Ocidente.

O carrasco do”EI” era tido como um homem frio, calado e solitário, que não se misturava com os outros combatentes, segundo Abu Ayman, um desertor da milícia entrevistado pela BBC.

Questionado sobre o que seus colegas pensavam de Emwazi, Ayman afirmou que “alguns o amavam”.

“Alguns se juntaram ao ‘EI’ depois de assisti-lo e admirá-lo; tomam ele como um exemplo”, disse.

‘Problemas adolescentes’

Mohammed Emwazi nasceu no Kuwait em 1988 e foi para o Reino Unido em 1994, quando tinha seis anos de idade. Ele estudou na escola Quintin Kynaston Community Academy em St John’s Wood, no norte de Londres.

Jo Shuter, que era professora no colégio na época, disse à BBC que quando Emwazi chegou lá, aos 14 anos de idade, era um garoto tímido e com muitas responsabilidades fora da escola, já que era o mais velho de muitos irmãos.

Chamado de “Little Mo” (Pequeno Mo, em inglês) pelos colegas, Emwazi era descrito como um fã de futebol, dedicado à religião e com dificuldades de se aproximar das meninas. Segundo relatos na imprensa britânica, ele teria ouvido de uma colega, de quem gostava, que tinha mau hálito e sentiu-se humilhado.

“Ele tinha problemas de adolescente. Especialmente naquela idade, e particularmente para os meninos, é um momento em que os hormônios começam a falar mais alto. E ele sofreu bullying, algo com o que tivemos que lidar”, afirmou Shuter.

“Percebíamos que ele ficava muito irritado e demorava muito para se acalmar, então trabalhamos muito com ele para ajudá-lo a controlar a raiva e suas emoções. Pareceu funcionar. Ele respeitava muito o trabalho que fizemos com ele na escola.”

“Ele era um jovem esforçado e com sonhos, que foi para a universidade que queria. Não era uma preocupação para nós”, diz a professora.

Na escola, em Londres, ele sofreu bullying e se dizia humilhado pelas meninas por ter mal hálito
Na escola, em Londres, ele sofreu bullying e se dizia humilhado pelas meninas por ter mal hálito

‘Briguento e barulhento’

Emwazi se formou em computação na Universidade de Westminster em 2009 e, no mesmo ano, chamou a atenção do MI5, o órgão de inteligência britânico, que monitorava suspeitos de extremismo ligados a combatentes estrangeiros que se juntavam ao Al-Shabab, braço da Al-Qaeda na Somália.

Usando o nome Muhammad ibn Muazzam, ele tinha ido para a Tanzânia com outro britânico, conhecido como “Abu Talib” e um terceiro homem, um alemão convertido ao islamismo chamado “Omar”.

Ao voltarem, eles foram interrogados e deportados por mau comportamento, segundo um policial do aeroporto.

O policial afirmou que Emwazi “trouxe caos ao aeroporto”, foi “briguento e barulhento” e se comportou “como se tivesse alcoolizado”.

O britânico disse depois ao Cage – um grupo ativista de direitos das comunidades impactadas pela Guerra ao Terror – que foi ameaçado com uma arma e torturado. As autoridades negam.

Apesar da confusão, Emwazi não foi acusado de nenhum crime. Mas o MI5 acreditava que sua viagem com amigos não havia sido apenas de férias.

Ele já era associado, segundo as autoridades, a uma série de suspeitos de jihadismo cuja movimentação ao redor do mundo a inteligência britânica monitorava.

Emwazi ficou conhecido por aparecer mascarado em vídeos de decapitações de reféns ocidentais
Emwazi ficou conhecido por aparecer mascarado em vídeos de decapitações de reféns ocidentais

Vida no Kuwait

Entre o final de 2009 e o início de 2010, Mohammed Emwazi voltou para o Kuwait para viver com a família de seu pai e, segundo relatos, buscar uma nova vida no Oriente Médio. Sua família é de beduínos – um grupo marginalizado na sociedade local.

Ele buscava um emprego em computação e, segundo o funcionário do Cage Asim Qureshi, planejava se casar e ter uma vida estável.

O rapaz passou três meses trabalhando como vendedor de serviços de TI antes de dizer a sua família que iria visitar o Reino Unido. Mas, depois dessa viagem, ele nunca mais conseguiu regressar ao Kuwait.

De acordo com o Cage, ele foi detido por seis horas no aeroporto de Heathrow e impedido de voltar ao país. Depois, afirmou que apanhou de um oficial de segurança.

O grupo diz que Emwazi ficou desesperado para sair do Reino Unido nos meses seguintes e, em 2013, mudou seu nome para Mohammed Al-Ayan e tentou novamente, sem sucesso.

Em agosto daquele ano, seus pais foram à polícia e o deram como desaparecido. Quatro meses depois, a polícia teria dito à família que ele estava na Síria.

Não se sabe exatamente quando o britânico chegou à zona de guerra síria, mas ainda em 2013 ele foi localizado em Idlib, ajudando a vigiar reféns ocidentais.

Emwazi ficou conhecido por aparecer mascarado em vídeos de decapitações de reféns ocidentais
Emwazi ficou conhecido por aparecer mascarado em vídeos de decapitações de reféns ocidentais

Vídeos

Em agosto de 2014, ele apareceu mascarado no vídeo que mostra o assassinato do jornalista americano James Foley e, nos meses seguintes, em vídeos semelhantes mostrando as execuções dos reféns Steve Sotloff, David Haines e Alan Henning.

Em nenhum destes vídeos fica claro se é o homem mascarado que mata as vítimas ou se é outra pessoa não mostrada pela câmera.

Mas em novembro de 2014, já conhecido como “John Jihadista”, ele aparece em mais um vídeo de execução e, desta vez, parece estar realmente matando um oficial do exército sírio. Ele também apareceu ao lado da cabeça decapitada do americano Peter Abdulrahman Kassig.

Dois meses mais tarde, em janeiro de 2015, Emwazi aparece matando o refém japonês Kenji Goto. Essa foi sua última aparição.

De acordo com o especialista de segurança da BBC Frank Gardner, ele havia se tornado um dos principais alvos das agências de inteligência americana e britânica, mesmo que não esteja comprovado que ele tivesse nenhum papel militar dentro do “EI”.

“Depois que sua identidade foi revelada em fevereiro, Emwazi ficou a maior parte do tempo afastado dos holofotes, tomando cuidado especial para não deixar pistas digitais sobre sua localização”, disse Gardner.

Mas o GCHQ, sede das comunicações do governo britânico, fez grandes esforços para interceptar e decifrar quaisquer mensagens criptografadas que pudessem revelar onde ele ou seus associados estavam.

Fonte: BBC Brasil

15 Comentários

  1. Isto eh uma prova cabal deque idiotas nao se integram a culturas diferentes da cultura beduina , O OCIDENTE SE PROSTITUI COM COBRAS que depois ira feri-lo de morte ! A ssuecia caminha a passos largos para o mesmo fim frances e britanico !

    • O idiota chegou a fazer ateh uma corre;ao da orelha de abano , tudo as custas do contibuinte ingles ! Deve estar se fartando agora com suas setenta virgens …………bestial !

  2. Eh interessante notar que todos refens decapitados , andavam livremente entre os terroristas , eles atuavam na propaganda ante assad , alguns cobriam os acontecimentos do conflito acompanhando os terroristas , dan;aram , foram idiotas uteis ao EI ateh na hora da morte , infelizmente perceberam tarde que Assad era um MAL bem , mais muito bem menor !

  3. senhores..não se enganem…por trás disso esta a própria inteligência francesa…que facilitou e permitiu estes terroristas entrar no pais e realizar estes ataques para que o governo tenha justificativas para estabelecer as leis anti imigração em seu pais…já que toda europa vive hoje um problema seríssimo kom a sua taxa de natalidade/fertilidade…sem contar kom a atual explosão de refugiados da Síria que tem komo um dos principais destinos este pais…o ocidente cada vez mais assume uma postura de extrema direita perante ao mundo em decorrência da crise, problemas sócio econômicos, perdas de áreas de mercados e influencia para os Brics e dos problemas relacionados aos imigrantes…já há mais de 1 bilhão de muçulmanos no mundo…o islamismo ultrapassou o catolicismo em número de fiéis em 1986 e continua a crescer….o número de adeptos aumenta inclusive em áreas tradicionalmente cristãs, komo na Europa, África Ocidental e Estados Unidos….as taxas de natalidade de 28 países europeus estão em queda desde 2008 aponta pesquisa do Instituto Max Planck de Pesquisa Demográfica, na Alemanha, de acordo kom a BBC…a Alemanha kom a menor taxa de natalidade de todos, foi o mais recente país europeu a anunciar incentivos para casais que tenham filhos….o pacote de incentivos inclui dois meses de licença do trabalho, remunerados, e 1.800 euros por mês para pais que queiram tirar mais tempo de licença…em toda a Europa o declínio da natalidade preocupa, pois não está havendo reposição da população…diante desse fator, aliado à alta natalidade dos imigrantes, alguns países já vêem o fantasma do dia em que os descendentes de imigrantes serão mais numerosos do que os locais…

  4. Vai USA
    É só dar dinheiro para esses terroristas moderados que desviam armas com seu consentimento para mais inocentes morrerem!
    Viva USA

  5. Vai ser mais um Bin Laden, morto sem corpo, sem imagens e sem provas.
    Só a verdade Americana. Se fosse Saddan, Kadafi ou outros inimigos “mais declarados”, o mundo veria suas mortes, inclusive com detalhes de crueldade.

    • Engraçado mesmo é que o seu querido Bin deu chá de sumiço né, por onde será que ele anda? Ah, já sei, tomando chá com o Jonh, no paraíso, cercados de 140 travecos tarados, 70 pra cada um!!! HAJA TRABALHO !!!

      • Querido, bárbaro id. seria seu meu país o tivesse fabricado. Mas engraçado que o tal Bin foi criado pela sua nação idílica, seu norte, seu adorado States. Ou você é mais id. do que parece, e não sabia?

  6. Mataram o amigo do Senador republicano John McCain?Hackers abriram o email address e leram trocas emails entre esse senador e esse terrorista. Duvido que mataram esse terrrorista.Creio que ele simplesmente foi transferido para outro local. Ele e um operador da Cia. E os videos que mostram ele decapitando gente sao montagens cinematograficas. Sangue nao sai das veias quando “ele corta as cabecas de suas “vitimas”

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