“Malabarismo político” do Ocidente ultrapassou limites do razoável

Foto: East News/imago/Ralph Peters

Ilia Kharlamov

A UE e os Estados Unidos procuram novos métodos de pressionar sobre a Rússia que, alegadamente, interviria ativamente na crise grave na Ucrânia, que tem todas as hipóteses de se transformar numa guerra civil de plena escala.

Não vale a pena repetir que os estrategistas americanos dominaram quase perfeitamente o método de lançar as culpas sobre outrem. Uma das últimas iniciativas consiste em formação de uma união energética pan-europeia que permita diminuir a dependência do Velho Mundo de fornecimentos de gás russo.

Já durante vários meses, parceiros ocidentais de Moscou estão deturpando as causas reais da crise ucraniana, substituindo fatos e demonstrando a arte de malabarismo político. Cria-se a impressão de que eles próprios acreditassem na imagem demoníaca da Rússia, pintada pela mídia e propagandistas profissionais.

Há uma sensação de que Bruxelas e Washington tenham caído num frenesi sensacionalista na tentativa de passar a perna em outrem. Há dias, o presidente da França, François Hollande, apoiou a iniciativa do primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, de formar uma união energética da Europa com o objetivo de torná-la “mais independente e mais unida na política energética”, ou, concretamente, de diminuir a dependência em relação à Rússia.

Hollande e Tusk tencionam apresentar a proposta à discussão da cúpula do Conselho Europeu, marcada para junho. A iniciativa já foi apoiada pelo dirigente do Conselho, Herman Van Rompuy. No fundo, trata-se de sanções veladas contra Moscou. Vladimir Kozin, perito em assuntos políticos, considera que esta iniciativa prejudique o próprio Ocidente:

“Quaisquer novas propostas irão prejudicar seus organizadores e autores. Quanto à segurança energética, podem instituir quaisquer consórcios – políticos ou energéticos. Os militares já são criados, tais como a OTAN. Podem extrair petróleo, transformá-lo e fornecer uns a outros. Podem enviar gás à Ucrânia, mas gratuitamente.”

Um dos principais argumentos de Tusk consiste na necessidade de minimizar as potencialidades da Rússia, principal fornecedor de hidrocarbonetos à UE, e de ditar os preços de matérias-primas fornecidas e seus volumes. O primeiro-ministro da Polônia até formulou os princípios que irão libertar os europeus da dependência dos fornecimentos russos de gás. Trata-se, em particular, de elaboração de um mecanismo único e transparente para a conclusão de contratos de gás.

Parece que tais contratos sejam celebrados em parte alguma, em clandestinidade, por pessoas não encarregadas dessas ações, mas não será possível formar os preços sem a participação da Rússia. No comércio é impossível firmar transações sem a presença de uma das partes envolvidas no negócio e, neste caso, sem o vendedor. Pelo visto, Tusk confundiu um pouco a economia com atitudes políticas.

As atuais autoridades ucranianas ficaram entusiasmadas com uma política dura em relação à Rússia por parte dos seus patrocinadores ou, melhor, dos seus chefes diretos em Washington e Bruxelas. Violando os acordos alcançados em Genebra, elas recorrem à força do Exército, dos serviços especiais e de neonazistas do movimento pró-europeu Maidan, tentando esmagar os protestos dos partidários do referendo no Leste da Ucrânia.

Mas isso é insuficiente. O chamado primeiro-ministro ucraniano, Arseni Yatsenyuk, acusou Moscou de desdobrar uma terceira guerra mundial e de tentar ocupar a Ucrânia e apelou a que os dentes da Rússia sejam quebrados. Ao que tudo indica, os partidários ocidentais da confrontação com a Rússia indicaram que os líderes do golpe armado em Kiev se libertem de todos os limitadores morais e físicos.

Fonte: Voz da Rússia

11 Comentários

  1. Repetindo meu comentário feito no post “União Europeia e EUA ampliam sanções contra Moscou”:

    Esse pessoal do G7 acha que ninguém está vendo o que estão fazendo.

    Essa batalha eles já perderam.

    Eles até podem fazer com que a Ucrânia não se divida em duas partes, que o governo local seja pró Europa, mas o que não vão fazer mais é trabalhar livremente no sistema internacional. Principalmente com essa coisa de ficar aplicando sanções a indivíduos e empresas. Tem muita ditadura amiga dessa turma que já deve estar esvaziando os cofres mundo afora, procurando lugar mais seguro pra guardar a grana. Até porque não tá dando pra comprar ouro pois a China tá raspando o tacho e o que estava em poder dos EUA sumiu.

    E se aparece um grupo de países (digamos uns… cinco… com população economicamente ativa maior do que a soma do total das populações do G7), que resolvem, na louca, criar um sistema de crédito financeiro internacional alternativo ao dominado por Mastecard e VISA? Só para não ficarem a mercê dessa nova modalidade de “política” internacional.

    Vão fazer o que?

    Mandá-los para a lua?

    Opa, essa opção não dá porque o taxi é nosso.

    A propósito, já que as sanções são aplicadas diretamente indivíduos, porque não aplicar essa estratégia aos cartéis de drogas da Colômbia? Ou do México? Ou da Bolívia? Ou de Porto Rico? Ou a máfia calabresa? Ou aos controladores das redes de tráfico humano no leste europeu, notadamente os sérvios que agora são “civilizadíssimos europeus” novamente, segundo a digníssima Ashton?

    Todo mundo sabe o nome e sobrenome dos chefões e aonde está a grana.

    Talvez fosse uma saída melhor e mais barata do que ficar usando aquele queijo suíço que atende pela alcunha de DEA.

    E tem uma história rolando nos EUA que seria de morrer de rir, se não fosse trágica.

    A mais de uma semana tem uma turma que não quer nem saber de obedecer o governo federal no estado de Nevada (aquele de Las Vegas). E não é pouca gente. E recebe amplo apoio dos Republicanos. E também da Fox News (maior empresa de mídia dos EUA), através de ampla e favorável cobertura “jornalística” isenta, dia sim outro também, nos principais noticiários do país.

    Esse pessoal aí quase saiu “na bala” com um grupo de US Marchall a poucos dias. E quando falo grupo estou falando de uns 50 policiais.

    Motivo: acham que não são representados naquele país governado por um negro obviamente covarde e preguiçoso, controlado financeiramente por um grupo de judeus do mal.

    Então não querem nem saber de EUA. E viva a República de Nevada!!!

    Sem negros e judeus, por favor.

    E a única autoridade aceita por eles é… o xerife!!!

    Porque o xerife é da turma deles.

    Abaixo segue um link que apresenta o assunto. Pena que não tem legenda (não achei outro que tivesse, desculpem-me).

    O que será que o governo dos EUA fará nesse caso?

    Sanções financeiras contra indivíduos?

    Suspensão de passaporte?

    No VISA?

    No Masterard?

    Ir à guerra?

    É sempre a mesma coisa na casa do ferreiro…

    http://www.youtube.com/watch?v=MB8Oi1ARq3M
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    • Pra que dar tiros se pode sufocar o urso cortando os seus creditos ,kkkkkk,a globalizaçao eh uma ideia diabolica ,kkkkk, ha cumunistas praticando o capitalismo selvagem, insentivando o consumo , gerando uma horda de novosburgueses,kkkkkkkk

      • Olá teropode

        Se você sabe como sufocar a Rússia através do controle na concessão de créditos é bom mostrar lá praquela turma do G7, porque até agora não saiu nada de evetivo além da piada ruim que é ficar restringindo acesso a onta bancária de indivíduos podres de ricos da rússia.

        Abs

      • A sufocaçao serah lenta, estao dando tempo para a diplomacia , a russia possui uma arma para dissuadir o impeto europeu (hidrocarbonetos),por isso apertam pouco , ninguem rasga dinheiro em tempos dificeis , tudo que ocorre eh um misto de orgulho nacional e uma necessidade economica e estrategica !

    • Meu caro, Sadam tentou mudar a moeda comercial do Petróleo do Dolar para o Euro e ….. Kaddafi criou o Dinar de Ouro para tentar estabelecer uma nova moeda entre os países africanos baseada em lastro (e não emissão de papel) e…..
      Tem coisas que só os “atômicos” podem pensar em peitar !!
      Abraço,

      • Lmbro bem dessas tentativas de Saddam e Kadafi. Mas acredito que estes casos foram mais uma tentativa baseada em suas personalidades, sem base de sustentação prática nenhuma.

        A hipótese que levantei é bem diferente.

        Já existe um acordo de cooperação econômica entre estes países para, no mínimo, minimizarem os efeitos de crizes financeiras sobre suas economias. Daí a criar um sistema de crédito pessoal não é lá um grande desafio. Se vai ocorrer é outra história.

        E isso não é “peitar”. Pelo menos não mais.

        A propósito, começou o enterro da Ucrânia:
        “FMI vai liberar 17 bilhões de dólares para a Ucrânia”
        http://actualidad.rt.com/actualidad/view/126831-fmi-prestamo-ayuda-ucrania

  2. Já durante vários meses, parceiros ocidentais de Moscou estão deturpando as causas reais da crise ucraniana, substituindo fatos e demonstrando a arte de malabarismo político. Cria-se a impressão de que eles próprios acreditassem na imagem demoníaca da Rússia, pintada pela mídia e propagandistas profissionais. === Enfim , começa a brilhar à luz da verdade.ainda tem mt + p vir a tona.Quem viver vera.Sds.

  3. por LUCENA
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    A EUROPA ESTÁ SENDO INVADIDA !!!
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    Por muito tempo os europeus massacram populações no oriente médio desde os tempos do mercantilismo até os dias atuais.
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    Hoje a OTAN ( Europa ) e a vaca sagrada dos americanófilos ( EUA ),vivem fazendo da vida da população indefesa seus principais saco-de-porrada,basta vê o exército de refugiado das guerras que são patrocinada pelos mafiosos europeus e americanos,uma quantidade significativa de refugiado se escondem dessa guerra em território ( casa ) daqueles que os destetam.
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    Deus muita das vezes faz justiça pela sutileza, vejam só o exemplo que Ele as aplica a correção em cima dos hipócritas dos “nobres-do-norte”;o altíssimo as vezes quando mete o ferro,o cabra só sente quando o tonho entrou até o tronco ! 😉
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    Europa limita asilo a refugiados sírios
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    Dos 2,5 milhões que abandonaram a Síria desde 2011, só 70 mil conseguiram refúgio na Europa; ONGs criticam descaso francês
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    (*) fonte: [ estadao.com.br/noticias/internacional,europa-limita-asilo-a-refugiados-sirios,1159046,0.htm ]
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    PARIS – Depois de três meses dormindo em hotéis, pensões, dentro de automóveis ou ao léu em uma praça pública de Saint-Ouen, periferia de Paris, Kader al-Nasser, de 26 anos, teve enfim, na quinta-feira, motivos para comemorar. Abraçado ao filho, de um ano e meio, ele e 164 outros refugiados da Síria receberam os primeiros documentos provisórios na França – o que lhes garante a permanência no país sem o risco imediato de expulsão.
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    Como o comerciante, milhares de outros homens, mulheres e crianças, parte deles doentes e impregnados de infecções como sarna, lutam por asilo político e pelo status de refugiados de guerra na Europa.
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    O sonho de viver em segurança, porém, enfrenta a pouca disposição dos países europeus em socorrer as vítimas do conflito, que desde março de 2011 já deixou mais de 150 mil mortos. De acordo com as Nações Unidas, 2,5 milhões de sírios já deixaram o país desde então, mas destes apenas 70,7 mil foram admitidos como refugiados na Europa, a maior parte na Alemanha e na Suécia.
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    Com reputação de “terra de asilo”, a França só aceitou 1,7 mil pessoas em 37 meses da guerra civil contra o regime de Bashar Assad. Em comparação, o Líbano, país vizinho à Síria, já acolheu 1 milhão de refugiados no mesmo período – proporcionalmente, esse número equivaleria a 11 milhões de pessoas em solo francês.
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    O tema voltou a ganhar relevância em Paris na semana passada graças à mobilização de organizações não governamentais empenhadas em socorrer sírios em fuga do conflito. Juntas, Reviver e França Terra de Asilo (FTA) denunciaram o descaso do Ministério do Interior, que até então não aceitara as demandas de regularização dos 165 refugiados que vagavam em grupo pelas ruas de Saint-Ouen.
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    Na quinta-feira, o Estado encontrou as famílias, rodeadas de lixo e espalhadas em um estacionamento público. Imigrantes que deixaram cidades como Homs, Hamah, Alepo e áreas de Damasco conflagradas pelos choques entre o Exército de Assad e grupos rebeldes.
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    Parte do grupo vaga há três anos pelo Oriente Médio, pelo Norte da África e pela Europa em busca de abrigo, passando por Líbano, Jordânia, Egito, Líbia, Tunísia, Marrocos e Argélia antes de chegar de forma ilegal ao território europeu.

    “Ontem, minha mulher, meus três filhos e eu dormimos na rua. Não temos mais nenhum centavo”, disse Al-Nasser, que fugiu da Síria após ser libertado da prisão.
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    Tortura
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    Detido “para averiguações” em casa, diante da família, o comerciante deveria permanecer na delegacia “por cinco minutos”, mas desapareceu por oito meses sem jamais dar notícias. Na prisão, passou por sessões de tortura, choques elétricos e espancamentos que ainda marcam seu corpo. “Eu nem mesmo era um rebelde”, disse.
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    No mesmo grupo de imigrantes estava Mohamed al-Nassan, empresário de 46 anos, que há um ano e meio deixou o bairro de Bab al-Amer, em Homs, com a mulher e seus oito filhos. “O Exército mandou que meu filho se alistasse para fazer a guerra contra outros muçulmanos. Como eu poderia permitir?”, questionou.
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    Antes de abandonar o país, Al-Nassan deixou US$ 100 mil em “contribuições” ao Exército, fugindo com US$ 36 mil – dinheiro que, de acordo com ele, acabou.
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    Yannis, de 30 anos, também comerciante, contou que o grupo é constituído por sunitas, a confissão predominante entre os rebeldes. Mas, segundo ele, a maioria da população não escolhe mais lados. “Somos vítimas desse conflito”, disse, seguido pela mulher, de 25 anos, que não quis se identificar. “Nós, mulheres, temos pânico de tudo. Na Síria, a qualquer momento, alguém pode invadir nossas casas e nos violentar ou matar.”
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    As ONGs que lhes prestam apoio confirmam o sofrimento dos candidatos ao asilo. “A situação é extremamente crítica, com situações sanitárias e sociais problemáticas. Crianças estão ao léu, mulheres grávidas enfrentam situações médicas preocupantes e a condição jurídica de todos é muito instável”, resume Pierre Henry, diretor-geral da FTA.
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    A emergência, porém, não parece sensibilizar as autoridades. No ano passado, a ONU solicitou que governos europeus autorizassem 30 mil “recolocações” de refugiados de guerra – um número ínfimo comparado à amplitude do êxodo. Ainda assim, o governo alemão aceitou 10 mil e o francês, 500. “Quinhentas pessoas não é nada, sobretudo se pensarmos no papel que a França quis desempenhar no conflito na Síria”, lembra Jean-François Dubost, responsável pelo programa de refugiados da Anistia Internacional.
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    Pressionado pela imprensa e pela opinião pública, o governo reagiu no fim da semana, realizando um mutirão para registrar os pedidos de asilo do grupo de sírios de Saint-Ouen, reduzindo o risco de expulsão no curto prazo.
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    No velho testamento,os hebreus,os filhos de Jacó;se refugiram no Egito da seca que se alastrava naquela região ( previsão do José do Egito );em pouco tempo refugiados ali, o povo hebreu cresceu em população,onde os seus costumes e tradição e as suas crenças,fez o faraó egípcio refletir que ali havia uma ameaça a integridade nacional do reino egípcio.

  4. Pra não ser completamente injusto com Obama, segue link para uma charge que mostra a origem da fragilidade de seua argumentos frente a sua postura na Ucrânia.

    Em tradução livre, a frase significa algo como “isto poderia ter sido útil”, ou então “isto deveria ter servido para alguma coisa”, sugerindo que as ações anteriores do governo dos EUA mais atrapalham do que ajudam o “discurso” adotado nesse momento.

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