Brasileiro clérigo xiita diz ter sido deportado do Irã

Jalloul (de joelhos) na cerimônia em Qom, no Irã - 13071894

SAMY ADGHIRNI
DE TEERÃ

O paulistano Rodrigo Jalloul, instalado no Irã desde 2007 e que havia se tornado o primeiro clérigo xiita brasileiro, foi deportado da república islâmica, segundo ele afirmou à Folha.

O incidente ocorreu em 1º de novembro (de 2013), quando Jalloul, 27, desembarcou no aeroporto internacional Imã Khomeini, em Teerã, voltando do Brasil. Funcionários da imigração o colocaram de volta no avião sem apresentar justificativa. O governo iraniano também não se pronunciou.

O setor consular da Embaixada do Brasil em Teerã diz não ter sido procurado sobre o caso.

Contatado pela reportagem, Jalloul confirmou a deportação e disse não saber porque foi impedido de entrar no país, onde segue formação teológica na Universidade Al Mustafá, na cidade de Qom (90 km sul de Teerã), voltada para estrangeiros convertidos ao xiismo.

“Não tenho informação sobre o motivo. Nada está confirmado em relação à minha situação. Tenho recebido apoio da universidade, que me disse estar trabalhando para que eu possa voltar”, afirmou Jalloul à Folha, por telefone, desde São Paulo.

Nascido de um pai sunita de origem libanesa e de uma mãe católica com ascendência espanhola, Jalloul converteu-se ao islã xiita aos 18 anos de idade.

Após optar por uma carreira religiosa, foi o primeiro brasileiro a estudar teologia no santuário de Qom, que forma os mais altos clérigos da teocracia iraniana. Outros estudantes do Brasil seguiram seus passos e se instalaram no Irã.

Jalloul aprendeu o idioma local farsi e aprofundou seus conhecimentos até receber, em cerimônia oficial ocorrida em março, o título de hojatoleslam, equivalente a um grau abaixo do cargo de aiatolá, ápice da hierarquia xiita.

A credencial de hojatoleslam lhe dá o direito de usar turbante e lhe confere autoridade espiritual para se pronunciar sobre questões religiosas e reconhecer casamentos, divórcios e enterros.

Oficialmente reconhecido como mulá (sábio religioso), Jalloul ministrava palestras em várias cidades iranianas e participava de atividades para divulgação do islã no Brasil, onde predominam muçulmanos sunitas.

Foto: Rodrigo Jalloul de joelhos na cerimônia em Qom, no Irã, organizada em 11/03/2013, na mesquita da Escola Superior Imã Khomeini, epicentro do ensino teológico xiita. Um aiatolá (cargo mais alto do xiismo) colocou sobre a cabeça de Jalloul um turbante branco, símbolo do reconhecimento como mulá, sábio religioso. O brasileiro agora possui o status de hojatoleslam, equivalente a um grau abaixo do cargo de aiatolá na hierarquia xiita. O mulá diz não ter planos de seguir estudando para alcançar o cargo de aiatolá, algo que exigiria uma dedicação exclusiva nos estudos por pelo menos mais dez anos.

Fonte: Folha, 04/12/2013  

 

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Radicado no Irã, Rodrigo Jalloul é o 1º brasileiro nato a se tornar clérigo xiita

SAMY ADGHIRNI
DE TEERÃ

Radicado há seis anos no santuário de Qom, no Irã, o paulistano Rodrigo Jalloul, 27, tornou-se o primeiro brasileiro nato a ser oficialmente reconhecido como clérigo xiita.

Em cerimônia organizada anteontem, 11/03/2013, na mesquita da Escola Superior Imã Khomeini, epicentro do ensino teológico xiita, um aiatolá (cargo mais alto do xiismo) colocou sobre a cabeça de Jalloul um turbante branco, símbolo do reconhecimento como mulá, sábio religioso.

O brasileiro agora possui o status de hojatoleslam, equivalente a um grau abaixo do cargo de aiatolá na hierarquia xiita.

A credencial lhe confere autoridade espiritual para se pronunciar sobre questões religiosas e reconhecer casamentos, divórcios e enterros.

“Estou muito feliz e me sinto vitorioso diante das dificuldades que encontrei no caminho”, disse Jalloul à Folha, por telefone, desde Qom, cidade situada 120 km ao sul da capital do país, Teerã.

“Passei por problemas financeiros e enfrentei resistência até mesmo dentro da religião”, afirma o hojatoleslam, um católico que se converteu ao xiismo em 2004 e obteve bolsa para estudar no Irã dois anos depois.

Jalloul envolveu-se em uma polêmica em 2010, quando a revista “Veja” o apontou como expoente de um plano do governo iraniano para doutrinar brasileiros com o intuito de fincar uma suposta ideologia terrorista na América do Sul.

Ele nega as acusações e diz que seu único objetivo é aprofundar estudos teológicos no xiismo, ramo minoritário no islã, dominado por sunitas.

O mulá diz não ter planos de seguir estudando para alcançar o cargo de aiatolá, algo que exigiria uma dedicação exclusiva nos estudos por pelo menos mais dez anos.

Jalloul, que faz frequentes viagens pelo interior do Irã para ministrar palestras religiosas no idioma local farsi, afirma querer completar um ciclo de especialização em Qom antes de voltar ao Brasil, por volta de 2015.

“Minha intenção é ensinar aos brasileiros a verdadeira face do islã e mostrar que se trata de uma religião de paz, amor e solidariedade”, afirma ele.

COMBATE A EXTREMISMO

Jalloul diz querer ajudar a ampliar o conhecimento dos brasileiros acerca do islã.

O mulá afirma que entre suas prioridades após o regresso ao Brasil estão programas de caridade –que ele diz já ter iniciado em São Paulo com colegas evangélicos e kardecistas– e de combate à ideologia salafista, um ramo ultrarradical do islã sunita pregado em algumas mesquitas brasileiras.

“Nos meus longos anos de estudos, nunca ouvi falar que homem deveria bater em mulher ou que pessoas iriam queimar no mármore do inferno. Quem diz isso está distorcendo a religião.”

Jalloul afirma querer “quebrar essa imagem negativa do islã.” Segundo ele, uma religião não deve ser imposta, mas explicada a quem se interessa.

O jovem clérigo planeja montar uma família, de preferência ao lado de uma mulher brasileira. “As iranianas são muito bonitas, mas a cultura não bate com a nossa.”

O clérigo insiste em que a mulher não precisa ser muçulmana. “Mas ela tem que acreditar em Deus; não posso me casar com uma incrédula”, acrescenta.

Fonte: Folha, 13/03/2013

9 Comentários

  1. Ano passado um homem foi enforcado no Irã, pelo crime de se converter ao cristianismo.
    Nós devemos tolerância com eles, a reciproca não e nunca verdadeira, porque?

    Outra coisa que eu gostaria de ver, e ativista ateu chato e feminista tagarelando em Teerã, quantos segundos será que dura?

    • A esquerda que apoia o Irã medieval é a mesma que apoia as nazifeministas e os nazigays, grupos de ativistas radicais que não tem apoio nem nos grupos aos quais pertencem…

      • Eu também nunca entendi esta simpatia que comunistas/socialistas nutrem pela Sharia Olhos azuis, acredito quedeve ser pela identificação que tem pelo terror revolucionário

      • A esquerda que apoiaram os mullas, pagaram com a cabeca. E nao foi traicao. Khomeine que foi ,posto no poder com ajuda da CIA e MI5 dizia que iria cortar aas cabecas dos esquerdistas. Mas estes preferiram ignorar essa ameacas, e marcharam atras os islamitas cantando Deus e Grande. Uma vez no poder, Khomeine mandou que suas cabecas fosses decapitadas.

    • Eu não sei não CAPA PRETA, mas desconfio muito dessas notícias,pelo fato de existir uma grande comunidade de judeus ortodoxos no Irã,perdendo em número só para Israel naquela região !

      • E existem cristãos de nascença também, em guetos, a sharia (lei islamica fundamentalista) proibe a conversão de muçulmanos para outra religião

        Como neste caso no Afeganistão por exemplo.
        RELIGIÃO

        Para o juiz do caso, lei islâmica proíbe conversão; pena é a morte
        Afegão é julgado por virar cristão

        DA REDAÇÃO

        Um afegão está sendo processado em Cabul e pode ser condenado à morte por converter-se ao cristianismo. Segundo o juiz do caso, as leis islâmicas consideram a conversão um crime.
        O julgamento, acredita-se, é o primeiro do tipo no Afeganistão e chama atenção para a briga entre religiosos conservadores e reformistas sobre a forma que o islamismo irá tomar quatro anos após o fim do regime fundamentalista do Taleban.
        O réu, Abdul Rahman, 41, foi preso no mês passado depois de a sua família o acusar de se tornar cristão, disse o juiz Ansarullah Mawlavezada à agência de notícias Associated Press.
        O julgamento começou na última quinta-feira, e Rahman foi acusado de rejeitar o islamismo.
        Durante a audiência, ele teria confessado que se converteu ao cristianismo 16 anos atrás enquanto trabalhava com um grupo internacional cristão que ajudava refugiados afegãos no Paquistão.
        “Nós não somos contra nenhuma religião em particular, mas no Afeganistão esse tipo de coisa é contra a lei”, disse o juiz. “É um ataque ao islamismo.” Mawlavezada disse que decidiria o caso em dois meses.
        A Constituição afegã é baseada na sharia, que estabelece que qualquer muçulmano que rejeitar o islamismo deve ser condenado à morte. O promotor, Abdul Wasi, disse que propôs retirar a acusação se Rahman se convertesse de volta ao islamismo, mas ele se recusou. “Ele teria sido perdoado se tivesse aceitado. Mas ele disse que é e sempre será cristão”, disse o promotor. “Somos muçulmanos, e tornar-se um cristão é contra a lei. Ele deve receber a pena de morte.”
        Depois de trabalhar por quatro anos no Paquistão, Rahman mudou-se para a Alemanha, onde morou por nove anos, segundo informou seu pai.
        Ele voltou ao Afeganistão em 2002 e tentou conseguir a custódia de suas duas filhas, hoje com 13 e 14 anos, que viveram com os avós a vida toda. A briga pela guarda das meninas acabou levando o caso à polícia. Rahman teria levado uma Bíblia quando foi depor e, por isso, foi preso.
        O Afeganistão é um país islâmico extremamente conservador. Cerca de 99% dos seus 28 milhões de habitantes são muçulmanos.
        Fonte,http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft2003200604.htm

      • A sharia é o emprego medievalesco do islamismo… fica difícil imaginar um esquerdopata materialista vivendo debaixo da batuta da sharia… teria como fim a forca, pois não crer em Alá é crime passível de morte, pois renegando a Alá ele renega automaticamente o islamismo…

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