‘A privacidade na web é uma ilusão’ ‘A privacidade na web é uma ilusão’

Homem protesta do lado de fora de complexo do Exército norte-americano na Alemanha FOTO: Kai Pfaffenbach/Reuters

Responsável por elaborar relatórios de cibersegurança para Obama diz que é impossível evitar o monitoramento

Sugestão: Cicero

SEUL – Diretor do Centro Internacional de Estudos Estratégicos (CSIS, na sigla em inglês), James Lewis já liderou a produção de uma série de relatórios sobre segurança na internet para o presidente americano Barack Obama. Considerado um dos maiores especialistas em cibersegurança do mundo, é autor de mais de 90 publicações sobre assuntos relacionados ao tema.

Em entrevista exclusiva ao Link no mês passado, durante a Conferência de Cibersegurança em Seul, na Coreia do Sul, Lewis falou sobre o escândalo da espionagem norte-americana, afirmou que todos os países possuem algum tipo de vigilância, que o Brasil não é defensor da democracia e que a privacidade na internet é uma ilusão. Confira os principais trechos:

O Brasil defende um modelo descentralizado de regulação da internet. É a melhor opção?
Quando o modelo de regulação atual foi decidido, a maioria dos usuários da internet eram americanos. Hoje não é mais assim. As instituições criadas na época precisam se tornar globais. Esperamos que o Brasil se coloque ao lado da liberdade de expressão e defenda a internet aberta.

Muitos dizem que todos os países já sabiam sobre a espionagem. Se isso é verdade, por que continuamos tão vulneráveis?
Os especialistas sabiam, mas o grande público não. E ele não entende quão vulnerável está na web. A internet é totalmente insegura. Enviar um e-mail é como mandar um cartão postal, as informações estão abertas. A privacidade é uma ilusão. E o (Edward) Snowden acabou com essa ilusão.

Essa espionagem é uma forma de ciberguerra?
Não. A espionagem é comum. Sempre falei com outros países sobre esse assunto e não encontrei nenhum que não estivesse engajado em algum tipo de espionagem. Tenho quase certeza que o que o Brasil faz tem foco doméstico. Não me surpreenderia descobrir que países da América do Sul espionam uns aos outros. Alguns documentos do Snowden mostram a inteligência de outros países. Eles vão aparecer e reformular o debate.

O Brasil tomou medidas contra a espionagem como criar um serviço de e-mails nacional e comprar um satélite. Funciona?
Isso tudo é “fofo”. Temos uma cadeia de suprimentos global, não fazemos mais as próprias tecnologias e isso cria riscos. É um dilema. Mas não significa que é viável economicamente fazer as próprias empresas. Rússia, EUA, Reino Unido, Israel e talvez os 20 ou 30 maiores cibercriminosos do mundo são capazes de quebrar qualquer sistema de segurança existente no mundo.

O que Brasil deveria fazer?
Pode fazer as empresas observarem melhor suas engrenagens, criar redes mais seguras e se engajar de forma positiva internacionalmente. A democracia não acontece. Há pessoas que a defendem. Não vejo o Brasil fazer isso.

O que você quer dizer?
Não vejo o Brasil defender a democracia. Não tenhamos ilusões sobre isso. O Brasil não assinou a Convenção de Budapeste e isso é muito questionável. Façam isso, invistam em engrenagens básicas, defendam a internet aberta e 90% do problema vai desaparecer.

Qual a maior preocupação dos EUA em relação ao Brasil?
O Brasil não é uma prioridade para os EUA. Dizem que os americanos fazem espionagem econômica, mas não é verdade. Uma das coisas que os EUA monitoram é corrupção. E nós a encontramos, não necessariamente no Brasil. Mas se há empresas norte-americanas no país, estamos preocupados com isso. O Brasil tem o direito de estar chateado. Do lado americano, digo que precisamos ser mais transparentes, estabelecer princípios de reciprocidade e garantir que as coisas serão feitas de forma responsável. Precisamos pedir desculpas ao Brasil. Mas para os americanos é difícil fazer isso.

*A repórter viajou a convite do governo sul-coreano

Fonte: Estadão

9 Comentários

  1. estão agora o jornal estado de são Paulo que que acreditemos no fulano que trabalhou para o Obama ,e que eles fazem isso por serem filantrópicos
    matéria se seguir o que o gringo fala isso significa continuar do mesmo jeito
    se você coloca um cadeado no portao isso realmente nao sera a melhor coisa do mundo em matéria de segurança
    mas a ocasião faz o ladrão e os gringos vao ir nos que nao tem cadeado e estão mocorongando
    esse estado de são Paulo jornal é mesmo um meio caquético de informação ,já foram defender o patrão yanke

  2. E as velhas máquinas de escrever também ainda podem servir bastante, os russos fabricantes de Pantsir que o digam.

    Mas será que os sinais de fumaça dos índios ainda poderão voltar?
    Bem… o Vaticano ainda faz bom uso dele.

    ushsushaushsu!!!!!!!!!!!


    Um dia no futuro, contaremos aos nossos netos como foram incríveis os velhos tempos da Internet (não estou falando da deep) tipo velho oeste! E como se dava risada com os absurdos que ocorriam na rede mundial em seus tempos pioneiros de terra sem lei!
    .
    .
    Quem se lembra do sucesso repentino internético entre tantos outros: “Para Nossa Alegria!”

    haushaushaushs!!!!!

    Mas a farra, em que até o sabor do pedido de pizza da Papagaio de Pirata na madrugada solitária do Alvorada se pode saber, um dia ainda vai acabar.

  3. Hoje, no Valor Econômico, saiu no caderno Opinião a reportagem “Porque a NSA espiona o Brasil”. Eis aqui um parágrafo que diz muita coisa sobre como a nossa política é vista:

    “O que nos traz ao Brasil: alguns dos países menos livres do mundo, não coincidentemente, são os sócios mais importantes de política externa da presidente Rousseff. Em setembro, em uma coluna do “Miami Herald” intitulada “Por que espiamos o Brasil”, o escritor, nascido em Cuba, Carlos Alberto Montaner, transcreveu uma conversa com um embaixador americano, não identificado. O diplomata explicou: “Os amigos de Dilma Rousseff e do Partido dos Trabalhadores são inimigos dos Estados Unidos: a Venezuela chavista, primeiro com [Hugo] Chávez e agora com [Nicolás] Maduro; a Cuba, de Raúl Castro; o Irã; a Bolívia, de Evo Morales; a Líbia, na época de Gadafi; a Síria, de Bashar Assad”.

    A relação brasileira com Cuba é especialmente perturbadora. Em vez de mostrar solidariedade com as vítimas da opressão de Cuba, o diplomata disse que o “ex-presidente Lula da Silva leva investidores para a ilha para fortalecer a ditadura dos Castro”. “O dinheiro investido pelos brasileiros no superporto de Mariel, perto de Havana, é estimado em US$ 1 bilhão”.

    http://www.valor.com.br/opiniao/3327718/porque-nsa-espiona-o-brasil

    Abraçcos,

  4. Entrevista teleguiada. Na primeira resposta já dá vontade de vomitar. Só podia sair do Estadão mesmo.

    A grande vantagem da internet é o anonimato. E dá sim para sustentar esta situação.

    O problema é que, para que estas condições de anonimato e liberdade sejam aceitas e mantidas, deve-se abrir espaço para as melhores soluções, que estão com o pessoal do software livre, hackers e crackers. Uma turma que entende mais de liberdade e democracia do que esse engomadinho.

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