Kerry garante apoio dos EUA ao Egito em primeira visita após queda de Morsi

Secretário americano de Estado reúne-se com autoridades no Cairo um dia antes do julgamento do ex-presidente. Kerry busca reatar relações entre americanos e egípcios e pede julgamento justo dos islamistas.

O secretário americano de Estado, John Kerry, esteve neste domingo (03/11) no Cairo para uma visita de algumas horas – a primeira viagem de um alto funcionário dos Estados Unidos ao Egito desde a destituição do então presidente Mohammed Morsi, no dia 3 de julho, pelos militares. A visita ocorre um dia antes do início do julgamento do ex-presidente egípcio, que responde pela morte de manifestantes durante protestos em dezembro do ano passado.

O secretário americano reuniu-se com autoridades egípcias com o objetivo de reativar as relações dos EUA com o país árabe. Também foram abordados outros assuntos como o conflito sírio e as negociações de paz entre israelenses e palestinos. Kerry fez ainda um apelo para um julgamento justo e transparente a todos os egípcios.

“O presidente (Barack) Obama e o povo americano apoiam o povo egípcio, trata-se de uma relação vital, e estamos preparados para ajudar nesta enorme transformação que está acontecendo no Egito”, disse Kerry em entrevista coletiva depois de se reunir com seu colega egípcio, Nabil Fahmi. Ele garantiu que os EUA estão “decididos a apoiar e ajudar o governo interino atual”.

John Kerry (dir.) reúne-se com o ministro egípcio do Exterior, Nabil Fahmi (esq.) no Cairo.

Ajuda é “questão menor”

Segundo Kerry, o presidente interino do Egito, Adly Mansour, escreveu recentemente uma carta a Obama na qual lhe oferecia abrir um “diálogo estratégico”, algo que os Estados Unidos aceitaram. Sendo assim, apesar do congelamento de parte da ajuda americana ao governo egípcio, principalmente de caráter militar, os EUA confirmam que manterão a assistência para “segurança das fronteiras e contra o terrorismo”, além do repasse de recursos para as áreas de saúde, em investimentos privados e bolsas de estudos.

O secretário americano minimizou a suspensão de parte do repasse de 1,3 bilhão de dólares anuais para o Cairo, negando que a decisão tenha sido tomada como uma forma de punir os líderes militares. Kerry afirmou que esta é uma “questão menor” entre os dois países. “As relações entre os Estados Unidos e o Egito não podem ser definidas pela assistência”, disse.

Ele ainda condenou “qualquer ato de violência” no país, principalmente os atentados contra as forças de segurança, e ressaltou a importância de estabelecer um governo “civil, inclusivo e eleito democraticamente” e de elaborar uma Constituição “que proteja os direitos de todos os egípcios”.

O Egito foi a primeira escala de Kerry no giro que fará por outros oito países: Arábia Saudita (para onde ele seguiu ainda no domingo), Israel, Cisjordânia, Jordânia, Emirados Árabes, Marrocos, Argélia e Polônia.

Protestos de seguidores do presidente deposto antecedem o julgamento do islamista, marcado para esta segunda-feira.

Julgamento de Morsi

Morsi, que tem sido mantido em lugar não revelado desde sua queda do poder, deve aparecer no tribunal nesta segunda-feira juntamente com outros 14 antigos integrantes da Irmandade Muçulmana, que respondem a acusações por incitação à violência.

Quando os militares derrubaram Morsi do poder, o novo governo prometeu pavimentar o caminho para a realização de novas eleições livres. Mas o que se seguiu foi uma das mais violentas repressões sobre a Irmandade Muçulmana, que agora luta para continuar existindo.

Os réus poderão receber penas de prisão perpétua ou mesmo pena de morte, caso sejam considerados culpados. Tais sentenças iriam inflamar ainda mais a tensão entre os seguidores islamistas da Irmandade Muçulmana e o governo, aumentando a instabilidade política e dificultando a recuperação econômica do país. Um quarto dos egípcios atualmente vive abaixo da linha de pobreza.

MSB/efe/rtr/afp

Fonte: DW.DE

4 Comentários

  1. os vermes yankes estão dando apoio desde a primavera desde a queda de mursi e desde o governo militar
    resumo quanto mais tumultuado um pais melhor para os yankes

  2. Os EUA criaram a chamada “primavera arabe”. Os yanques perceberam que o antigo ditador fantoche estava se desgastado. Havia-se tornado um bagaco de limao. Os EUA perceberam que havia descontentamento popular com o governo por causa da politica economica neo-liberal adotada por este seguindo instrucoes do Banco Mundial e do Fundo Monetario Internacional. Dai, o governo norte americano utilizou-se de grupos vinculados com o Ministerio da Defesa e com a CIA, incluindo Face Book e Twitter, para criar agitacoes populares sob liderancas cooptadas e treinadas por esses organizacoes yanques. Agitacoes essas que forneceram justificativas para os EUA pressionarem o antigo fantoche deixar o poder. Nao so isso. o objetivo foi queimar uma possivel lideranca revolucionaria que pudesse surgir do processo de agitacao e mobilizacao popular. Isso foi o que ocorreu. Mais uma vez o pessoal da esquerda deixou-se iludir ou o que e pior colaborou em criar ilusao nas massas que poderia haver uma solucao democratica para a crise economica que se encontra o Egito. Agora estao todos desiludidos. e os militares novamente firme no poder para satisfacao geral dos banqueiros internacionais, do Fuindo Monetario Internacional; e acima de tudo de Israel. E Obama agora pode falar s uma coisa so com a boca. Nao precisa mais utilizar-se da arte de falar duas coisas diferentes ao mesmo tempo pelos diferentes cantos da boca.

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