Brasil: conquistas da nova classe média devem sobreviver à desaceleração

fora dilma

“Jens Arnold, economista sênior da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) especializado em Brasil, e Homi Kharas, do programa em Economia Global e Desenvolvimento do Brookings Institution, nos EUA, concordam que a expansão da classe média brasileira e de outros emergentes seria um fenômeno “sustentável”.

“No Brasil em especial, temos um processo de redução das desigualdades amparado em tendências bem estabelecidas como o avanço no acesso a educação e a redução das diferenças salariais entre trabalhadores qualificados e não qualificados, além de políticas de transferência de renda que dificilmente serão revertidas”, afirma Arnold.

Kharas, do Brookings Institution, vê na expansão da classe média o elemento de ligação entre os protestos brasileiros e os ocorridos recentemente em outros países em desenvolvimento, como os protestos por mais segurança na Índia, organizadas após uma estudante ser estuprada em Déli; a onda de manifestações iniciada na Turquia por um projeto de urbanização que destruiria um parque na praça Taskim e os protestos ocorridos na Indonésia em junho por causa do aumento dos combustíveis.

“Em todos esses países temos uma classe média em expansão, em um contexto em que é cada vez mais fácil se organizar por internet e a repressão política é menos aceitável”, diz Kharas.

“As classes médias dependem muito dos serviços públicos e boas regulamentações governamentais para manter seu padrão de vida, então é natural que a pressão pela melhoria da eficiência desses serviços cresça com a expansão de tal classe em diversas partes do globo.””

Conquistas da nova classe média devem sobreviver à desaceleração

Ruth Costas
Da BBC Brasil  31/07/2013

A recente desaceleração da economia brasileira e de outros países emergentes pode frear o processo de redução da pobreza e expansão da chamada “nova classe média” ou “classe C” nesses países, mas não deve significar uma reversão das conquistas da classe na última década.

Essa é a avaliação de especialistas no tema de redução da pobreza ouvidos pela BBC Brasil, como o brasileiro Francisco Ferreira, economista-chefe do Grupo de Pesquisa em Desenvolvimento do Banco Mundial.

“Se o critério para a classificação de indivíduos como pobre ou classe média é puramente a renda, evidentemente é possível que uma família específica que esteja no que chamamos de faixa de vulnerabilidade volte para a pobreza ─ por exemplo, se algum de seus membros ficar desempregado”, diz Ferreira.

“Mas estamos falando de casos individuais. Não acredito que uma desaceleração possa reverter os ganhos sociais dos últimos anos de forma generalizada ─ o que podemos ter é uma freada no ritmo dos avanços.”

Jens Arnold, economista sênior da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) especializado em Brasil, e Homi Kharas, do programa em Economia Global e Desenvolvimento do Brookings Institution, nos EUA, concordam que a expansão da classe média brasileira e de outros emergentes seria um fenômeno “sustentável”.

“No Brasil em especial, temos um processo de redução das desigualdades amparado em tendências bem estabelecidas como o avanço no acesso a educação e a redução das diferenças salariais entre trabalhadores qualificados e não qualificados, além de políticas de transferência de renda que dificilmente serão revertidas”, afirma Arnold.

Classificação

Segundo dados da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), ligada ao governo brasileiro, de 2001 a 2011 cerca de 35 milhões de brasileiros deixaram a pobreza para serem incluídos nas fileiras da nova classe média, segmento que hoje incluiria 53% da população.

Os critérios para classificação de uma família nesse grupo, porém, são tema de amplo debate. Pelos parâmetros da SAE, fazem parte da classe média indivíduos com renda entre R$ 291 e R$ 1.019 mensais, ainda que vivam em moradias precárias, sem saneamento básico, por exemplo.

No caso do Banco Mundial, são considerados de classe média indivíduos que recebem entre US$ 10 e US$ 50 por dia, ou entre US$ 300 (R$ 680) e US$ 1500 (R$ 3.400) por mês.

Segundo explica Ferreira, os que vivem com uma renda diária de US$ 4 a US$ 10 ─ o que equivale a um salário mensal de US$ 120 a US$ 300 (R$ 272 a R$ 680) ─ seriam parte de uma espécie de classe média baixa considerada “vulnerável”, que incluiria 37,5% da população latino-americana.

“Nossa estimativa é que, com essa renda, os indivíduos tem um risco de mais de 10% de voltar para a pobreza em 5 anos. Por isso eles são considerados vulneráveis”, diz.

Durante os protestos que tomaram as principais cidades do país no mês passado, uma das hipóteses levantadas por observadores e analistas era que algumas pessoas teriam saído às ruas motivadas pelo “medo” de ter seus ganhos da última década revertidos em um cenário de maior inflação e menor crescimento econômico ─ apesar de os níveis de desemprego brasileiros ainda estarem historicamente baixos.

Protestos

“Não acho que esse medo seja tão significativo, mas o que concluo desses movimentos é que a expansão da classe média deve ter um efeito importante sobre o equilíbrio político do país, embora a essa altura seja difícil estimar qual será tal efeito”, opina Ferreira.

“No longo prazo poderíamos ter uma pressão mais consistente por melhorias nos serviços públicos, por exemplo.”

Kharas, do Brookings Institution, vê na expansão da classe média o elemento de ligação entre os protestos brasileiros e os ocorridos recentemente em outros países em desenvolvimento, como os protestos por mais segurança na Índia, organizadas após uma estudante ser estuprada em Déli; a onda de manifestações iniciada na Turquia por um projeto de urbanização que destruiria um parque na praça Taskim e os protestos ocorridos na Indonésia em junho por causa do aumento dos combustíveis.

“Em todos esses países temos uma classe média em expansão, em um contexto em que é cada vez mais fácil se organizar por internet e a repressão política é menos aceitável”, diz Kharas.

“As classes médias dependem muito dos serviços públicos e boas regulamentações governamentais para manter seu padrão de vida, então é natural que a pressão pela melhoria da eficiência desses serviços cresça com a expansão de tal classe em diversas partes do globo.”

O economista admite que há “evidências contraditórias” sobre a agenda política das classes médias de países emergentes, o que faz com que seja difícil prever os resultados no médio e longo prazo de ondas de protestos como essas.

Alguns grupos tendem a ser mais conservadores e até apoiam regimes autoritários, enquanto outros são mais liberais.

“Mas, apesar dos riscos, tais movimentos representam oportunidades importantes para se criar mecanismos que garantam políticas públicas mais eficientes e um maior engajamento do governo e das classes políticas com os cidadãos.”

Fonte: BBC Brasil via UOL

10 Comentários

  1. Os black blocks são fascistas, anarquistas que querem impor sua corrente de pensamento a outros, fazendo uma analogia simples, eles tem o mesmo pensamento do Coringa do filme dark knight, querem ver o circo pegar fogo pura e simples, e se a sociedade não se adequar a sua forma de ‘auto gestão” anarquica, que seja reduzida a pó a sociedade então, quer algo mais fascista que isto ?!!

    • BLACK BLOCK e uma tecnica punk anarquista de incitar conflito em protestos pacificos democráticos, em que um protesto pacifico democrático ajuda na causa nojenta anarquista ? pense ?
      A tecnica Black block consiste em pequenos grupos de lixo anarquistas(20/30 no maximo) se infiltrarem na manifestação, e incitarem o confronto atacando tanto a população, quanto a força policial, com pedras, rojões etc,e assim que conseguem disseminar o caos, se descaracterizam, e se misturam a multidão foi usada pela primeira vez em escala, por anarquistas em Seattle 1992.

      “Foi aí que a coisa começou a ficar tensa. Dentro do pátio da prefeitura, um grupo mascarado começou a soltar rojões e fogos de artifício, em local coberto e algumas vezes na direção da policia e dos manifestantes. Eu estava ali, bem na frente, e comentei: esses aí faltaram nas aulas de física e de química. Eu achava que estavam fazendo aquilo por ignorância, e não por maldade. Alguns começaram a subir nos pontos de ônibus e depredar, e aí veio à primeira bomba de efeito moral”.

      Relato de uma manifestante de Campinas nas manifestações de junho

    • Amigo, agora adivinha que partidão está por trás, orientando e manipulando ???… ganha um biscoito CÃOnino quem conseguir desmentir o que eu disse… rsrsrsrsrsrsrs…

  2. ”Vejo em muitos post aqui no Fb o mistério que muitos fazem a respeito dos Black Block. Nada mais que um bando de mercenários pagos pelos políticos de extrema esquerda, de anárquicos, que neste sentido convivem muito bem. Black Block e um “sentido” e não um movimento que nasce nos anos 80 na Europa; inicialmente formados grupos Punk e Punkabbestia (estes últimos são os Punk que vivem na rua em companhia de cachorros), autônomos, ocupantes de casas abusivos, centros sociais. Com o tempo, e as próprias “ações” e, como sempre acontece, os Black Block começaram a ter a atenção de movimentos políticos de extrema esquerda e extra parlamentares, e de políticos “nascentes”. Quem fala que os Black Block não são organizados esta errado. São organizados sim, se comunicam nos social’s fórum, nos grupos fechados, uma linguagem simples e direta. Se infiltram nas manifestações aparentemente pacificas, deixando as próprias armas (molotov, entre outras “ferramentas”), em caminhões, ou caixas de papelão em proximidade de depósitos de lixo. Isto permite a eles de se infiltrar nas manifestações sem despertar a atenção da policia. Caminhões baú, carros, são perfeitos esconderijos. Atacam violentamente quanto determinado, o sentido deles e a guerrilha urbana, e nada de manifestação pacifica. O nome, blocos pretos ou Schwarzer Block, ´e pela etimologia do termo “um bloco solido inanimado” a letra K e indevida. Bloc seria a palavra idônea, correta. Este nome foi utilizado pela própria policia da Alemanha que pelas manifestações de protesto contra a energia nuclear e a favor da “Rote Armee Faction”, por utilizar mascaras antigas e roupa preta. Os Black Block inicialmente começam com um grupo inicial que se organiza e se coordena para iniciar a ação. Em seguida outros sujeitos se unem espontaneamente ao grupo, para perseguir um objetivo comum o pelo desejo de protestar de forma mais ativa. Onde o fenômeno é mais consistente a agregação dos militantes acontece de forma mais articulada e homogênea, em particular a identificação da roupa permite a eles de formar grupos bastante numerosos, assim conseguem se reconhecer nas posições politicas comuns. No nucelo do protesto possam se formar diferentes blocos black com diferentes objetivos e táticas. A policia como é, no Brasil não esta preparada para enfrentar os Black Block, os motivos são muitos, e não são devidos a quanto a maioria das pessoas possam pensar e manifestam nos demais post aqui no Fb. Falta tática de guerra urbana (quanto acontece nas favelas não se deve considerar guerra urbana), conhecimento do adversário, e coordenação eficiente, estas são as bases.”

    Gianluca Vigilanti
    ex-militar italiano

  3. O partidão iniciou esta putaria toda, com o financiado mov. passe livre ( parece ate nome de centro de macumba) com o intuito de atingir o governo paulista do PSDBosta, mas o tiro saiu pela culatra, o verdadeiro e de saco cheio povo foi para as ruas, e jogou a merda petralha no ventilador, e botou a esquerdalha para correr, o que os deixou putionhos.
    mas o partidão tem muitos tentaculos, os partidos “dissidentes” “(que de dissidentes não tem nada, tudo cortina de fumaça) que compõe os xiitas da esquerda, soltaram a coleira de seus cachorros vira-latas, Anarco punks da Black block, e a juventude marxista, ligada a vendida UNE.
    E tem mais, o partidão sabe que dificilmente leva as eleições do ano que vem, pode não levar, mas não vão querer entregar, e tem duas carta na manga, para tocar o foda-se de vez, os terrorista rurais do MST, e sua ligação estreita com a narcoguerrilha Sul-Americana (Farcs) que abastece o braço armado do partidão nas periferias das capitais, PCC, e comando vermelho, que vai servi-lhes para jogar-nos em uma guerra de classes sem precedentes no Brasil.
    2014 promete ser um ano du caralho, devemos ficar atentos.

  4. Kennedy Alencar analisa o “Chega, basta, fora” dos golpistas coxinhas
    ‘Fora, Cabral!’ é um exagero

    Para se tirar um governador do cargo, é preciso uma situação política de total descrédito e que ou uma acusação concreta que justifique um impeachment na Assembleia Legislativa, o que não parece ser o caso de Geraldo Alckmin e Sérgio Cabral.
    Eles foram eleitos por votos que devem ser respeitados, e devem ser tirados do poder também por meio da urna. No entanto, os governadores devem explicações à sociedade. Também é mais do que correto cobrar o paradeiro do pedreiro Amarildo, morador da favela da Rocinha, no Rio de Janeiro.

    • Essas ponderações também servem para a dilma e o pt… mas não são eles mesmos que sempre disseram que a voz do povo é a voz de Deus ???…

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