J-31 “sem o aporte financeiro do estado” indica novos rumos no desenvolvimento militar chinês.

J-31

E.M.Pinto

baseado no original (China: J-31 Indicates Trend of Weapon Development without Government Funding)

Como fazer frente ao poder tecnológico militar das nações ocidentais, especialmente aos Estados Unidos da América?

Planejamentos e décadas de sucessivos investimentos e avanços tecnológicos são as únicas formas de se desenvolver um aparato militar condigno de uma nação que almeja ser uma potência.

É esta condição que separa hoje por décadas o avanço tecnológico alcançado pelos Estados Unidos frente a qualquer nação que queira se colocar em pé de igualdade a superpotência ocidental. Pode-se dizer que os EUA correm sozinhos em inúmeras tecnologias de uso militar uma vez que o seu mais expressivo oponente a Rússia, herdeira tecnológica da extinta URSS, amargurou pelo menos uma década de estagnação e perda de capacidades técnico/científicas e industriais.

A Rússia busca recuperar em inúmeros setores do desenvolvimento militar, o atraso da “década perdida” dos anos 90, muitas vezes recorrendo a soluções inovadoras, partindo do zero como no caso do programa PAK FA e carros de combate Armata e Typhoon, noutras, revitalizando e atualizando os sistemas desenvolvidos na era soviética como o caso dos Submarinos Borei e ICBMS Topol-M e Bulava.

Seja como for, garantir-se na vanguarda tecnológica ainda é um desafio enorme para qualquer nação candidata a potência. Não bastasse o “gap” tecnológico, a defasagem numérica dos meios modernos e os investimentos necessários para a sua produção, são os fatores que irão manter a Rússia na segunda posição logo atrás dos EUA por um bom tempo nesta corrida, isto porque apesar de expressivas aquisições contratos de produção e novas armas, o aparato militar americano ainda é de longe o mais subsidiado por aportes financeiros do estado.

Para fazer frente a isto, pelo menos no que se refere ao recurso econômico necessário, a china dá sinais de e numa ofensiva sem precedentes, a sua crescente indústria Estatais e “Privadas” (se é que se pode usar este termo) de defesa mostra capacidade de inovação frente aos desafios da expansão e manutenção do poder militar.

O governo chinês permite que as suas empresas estatais forneçam-lhe equipamentos militares a preços muito baixos, ou como se diz por aqui, “sem fins lucrativos”, o que permite a China obter mais “hardware” com muito menos gastos do que a América.

Nesta análise não levaremos em conta o valor de sofisticação das armas nem o seu estado de comparação tecnológico, mas sim a medida necessária para que o reaparelhamento torne-se viável a uma nação com dificuldades de superar os problemas que enfrenta.

Por exemplo, segundo as fontes chinesas a construção de um LPD Type 071 custou aos cofres chineses algo perto de US$ 300 milhões, devido ao apoio estatal e aos subsídios intrínsecos do plano de desenvolvimento, este navio com capacidade equivalente aos navios americanos é basicamente quatro vezes mais barato para o estado Chinês, um LPD da Classe San Antonio custa algo perto de US$ 1,2 bilhões.

Para o bom entendedor, fica fácil perceber que as estatais e seus institutos de pesquisa estão cada vez mais mergulhados nos programas militares chineses e mais ainda, o custo real de um navio destes seria pelo menos duas ou três vezes superior não fossem as condições de trabalho e isenções dadas pelo governo Chinês aos seus construtores.

Outra consequência lógica destas medidas é a de que o orçamento militar da China, já criticado por especialistas ocidentais por não condizer com a realidade dos investimentos, passa a ser considerado ainda maior frente aos subsídios do estado para a indústria.

Em suma a China adota um sistema no qual a indústria de defesa desenvolve e produz os seus sistemas de armas, e o estado não precisa pagar-lhe por isso, pagando apenas os seus custos de manutenção, em troca, estes centros de pesquisa e empresas se mantém atualizados tecnologicamente e ainda transformam em bens de consumo exportáveis as tecnologias desenvolvidas.

J-31 “sem o aporte financeiro do estado” indica novos rumos no desenvolvimento militar chinês.

Um exemplo claro, foi revelado pelo site  Tiananmen’s Tremendous Achievements, que rela a biografia de um especialista em aerodinâmica do Instituto de Pesquisa Shenyang Aircraft da Shenyang Aviation Corporation (SAC). Segundo ele, o projeto do desenvolvimento do caça J-31, é um projeto inteiramente da SAC, com o apoio de sua holding a Aviation Industry Corporation of China (AVIC), ou seja, ao contrário do que se vinha pensando, o J-31 não é um projeto do governo e o governo não paga um centavo para o seu desenvolvimento.

A empresa arca com 100% dos custos de desenvolvimento e não há garantias de que o estado Chinês venha a contratar a produção do caça J-31, cuja a sigla “J-31” não é reconhecida pelo estado, esta foi alcunhada por fãs e especialistas ocidentais. Muito provavelmente este caça passe a ser designado pela força aérea do exército da libertação do povo como “J-21”.

Quando o governo convidou para as propostas de desenvolvimento de um avião de caça furtivo, a Shenyang Aircraft perdeu para o Chengdu Aircraft Research Institute, a decisão feita em favor do caça J-20.

No entanto, a SAC não deve parar o desenvolvimento do J-31, de posse de seus próprios recursos, o instituto desenvolve as tecnologias do caça a fim de dominá-las tendo em conta o seu desenvolvimento futuro, a melhoria de seu núcleo de especialistas, a competitividade e manutenção da sua força de trabalho.

O desenvolvimento de novos aviões por conta própria tornou-se uma tendência comum na indústria de aviões da China que além de J-31, FC-1 desenvolve aviões de treinamento de alto desempenho como G-15. No momento Chengdu Aviation Corporation investe por conta própria no desenvolvimento de um novo avião de caça multipropósito com vistas à exportação.

Em março de 2013, Sun Cong, designer-chefe do programa J-31, disse à imprensa que ele esperava que, no futuro, o J-31 e o J-20 fossem escolhidos como caças das forças armadas chinesas, segundo ele as aeronaves se complementam em tarefas e necessidades diferentes e que uma versão melhorada do J-31 seria a futura geração de caças navais embarcados da PLAN.

Fonte: mil.huanqiu.com

“Biography of Shenyang Aviation Corporation’s Aerodynamic Expert Reveals J-31 is not a PLA project and developed entirely for export”

Fonte: Tiananmen’s Tremendous Achievements

1 Comentário

  1. No exemplo dado comparando custos: O chinês LPD Type 071: US$ 300 milhões.

    E o estadunidense LPD da Classe San Antonio: U$1,2 bilhões…Porém seu custo médio foi de U$1,6 bilhões, segundo o *”DEPARTMENT OF THE NAVY FISCAL YEAR (FY) 2013 BUDGET ESTIMATES Shipbuilding and Conversion, Navy”. Quando o preço original planejado, era de U$890 milhões…

    *http://www.finance.hq.navy.mil/FMB/13pres/SCN_BOOK.pdf

    O LPD Type 071 tem 28 mil t de deslocamento e o LPD da Classe San Antonio 24.900 t.
    Para efeitos de comparação: O NAE São Paulo tem 31 mil toneladas…E a China em 6 anos (2006->2012) produziu e comissionou três LPD Type 071, uma média de um a cada 2 anos.

    Já aqui no Brasil, uma corveta Barroso demorou 14 anos para ficar pronta! Os P-3 Orion da FAB são uma novela que se arrasta desde sua aquisição nos anos 90 e ainda faltam 2 ou 3 a serem entregues…

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