Sobre “Uma garrafa no mar de Gaza”

UMA_GARRAFA_NO_MAR_DE_GAZA_1352590821PHoje é terça feira e acabo de sair do cinema.

Ver mais uma vez, no telão Gaza que conheço bem, Tel Aviv, Jerusalém e Massada que também conheço para lá de bem, me abriu o apetite. Não é segredo para os meus amigos mais próximos que sou viciado em hummus, quibe e baba ghanoush. Quando volto do Oriente Médio, não há regime alimentar que me ajude a perder os quase sempre cinco a dez quilos que arrumo lá pelas bandas da terra do leite, do mel e de tantas iguarias imperdíveis.

Voltando ao filme: é um filme de amor e de desamor, aliás, como é a vida. Poucos recursos cinematográficos para retratar uma família de judeus imigrantes franceses que está se adaptando à vida israelense, quando Tal, a filha do casal de franceses, manda através de seu irmão Eithan que já está servindo no Exército de Defesa de Israel, uma mensagem de paz, dentro de uma garrafa de whisky, através do mar, para as praias de Gaza, em seguida à explosão de um café, perto de sua casa em Jerusalém, após ataque de um homem-bomba palestino.

Em Gaza, um grupo de adolescentes descobre a garrafa e com ela a mensagem. Um dos rapazes, entre dúvidas, bombas, ódio a Israel e deboche de seus amigos, resolve responder à mensagem que trazia o e-mail da remetente.

Não vou contar mais sobre o filme que está em cartaz e à disposição de quem tiver interesse em assisti-lo.

O que me chamou a atenção e me fez escrever é exatamente a simplificação de um conflito que envolve bilhões de dólares em armas, milhares de mortos, já há sessenta e cinco anos, diversos países procurando solução, grupos e partidos de ambos os lados se reunindo há décadas para discutir os pontos de discordância, promessas árabes de varrer judeus do mapa, acabar com a existência de Israel e enquanto não conseguem, continuam com o lançamento sistemático de foguetes disparados de Gaza em direção ao sul do Estado judeu, promessas israelenses de que a cada ataque, a retaliação chegará sempre, muito rápido e pesada, além de tudo o que esta questão fez ressurgir, no mundo inteiro, em termos de antagonismo aos judeus, antagonismo este que jamais foi resolvido, tendo apenas sido colocado para dormir, após os episódios assassinos ocorridos durante a Segunda Guerra Mundial, protagonizados por Hitler e seus canalhas nazistas de plantão.

Ora, a questão do Oriente Médio, o conflito árabe – israelense quando é reduzido a uma história de amor, pode passar a parecer a alguém menos avisado que é uma brincadeirinha de adolescentes. E, não é.

Conversei, não fazem dez dias, com Mike Leven, o diretor executivo dos hotéis-cassino Venetian e Palazzo e vou repetir uma de suas frases. Ele me disse que não há estado palestino porque os palestinos e israelenses ainda não precisam que haja. Diz Leven que no dia em que este estado for necessário, ao menos para uma das partes, ele vai acontecer.

Parece simples e, no final, é mesmo muito simples.

Se os palestinos desejassem, constituiriam seu estado nas terras que estão sob seu domínio, para começar. Dariam demonstrações de convivência possível e continuariam a lutar diplomaticamente pelo que consideram ideal.

Se os israelenses quisessem, teriam paralisado a construção de colônias e tentariam encontrar do outro lado, parceiros para colocarem em conjunto, em prática, o que está escrito na Convenção de Genebra e que de uma forma objetiva, põe fim à luta de tantos anos.

A verdade é que para os líderes dos dois lados, não há ainda, necessidade de estado palestino. Nada fazem nesta direção.

Bem, voltando ao meu apetite oriental, saí do cinema e como não vi solução para o conflito que tanto ocupa a minha mente, já há cinquenta anos, dei uma passadinha no Árabe da Gávea e matei minha fome, dando curso ao meu vício por quibes e berinjelas em pasta.

Que os próximos Ramadã e Rosh Hashaná, nos tragam boas novidades para a região onde estão vivendo hoje, palestinos e israelenses.

Paz, Shalom, Salam, para todos os povos.

Ronaldo Gomlevsky
Editor Geral – “MENORAH RAPIDINHAS”

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