O novo mapa mundial do petróleo

Na América Latina, o país mais afetado devera ser a Venezuela pela redução das importações de petróleo pelos EUA, hoje situadas ao redor de 10% da demanda americana. As refinarias da costa do Golfo estão substituindo o petróleo venezuelano pelo xisto betuminoso, de produção local.

Argentina, por suas reservas importantes de xisto betuminoso, e Brasil, pelas reservas do pré-sal (http://veja.abril.com.br/tema/pre-sal), estarão em posição privilegiada, caso consigam superar as dificuldades internas que impedem a exploração em sua plenitude. Nos dois países, a instabilidade jurídica, derivada da modificação das normas regulatórias, as limitações financeiras das empresas e as dificuldades que atravessam as estatais petrolíferas mostram um retrocesso em suas capacidades produtivas, justamente quando ocorre essa grande transformação. No caso do Brasil, o petróleo do pré-sal não mais será absorvido pelo mercado americano, como inicialmente esperado. Outros destinos deverão ser buscados, em especial China e Índia.”

Pre-sal - Brasil

O novo mapa do petróleo

Rubens Barbosa 


Segundo recentes relatórios especializados, dois fatos novos deverão trazer significativas implicações políticas, econômicas e estratégicas no cenário internacional: as fontes de produção de petróleo deverão mudar e a demanda global, em especial de China, Índia e Oriente Médio, crescerá de 35% a 46% entre 2010 e 2035.

Em 2015, os EUA deverão superar a Rússia e se transformar no maior produtor mundial de gás natural. Até 2017, os mesmos EUA devem superar a Arábia Saudita e se tornar um dos maiores produtores de petróleo do mundo. De importadores, passarão, até 2025, a ser exportadores de combustível líquido, graças a um significativo aumento na produção de gás (20% de 2008 a 2012) e de petróleo (37% nesse período).

O crescimento na produção global é resultado do grande volume de investimentos feitos nos EUA desde 2003, no Canadá, na Venezuela e no Brasil. A continuação do crescimento da produção, contudo, dependerá, segundo os relatórios, de o custo de produção manter-se ao redor de US$ 70, a preços correntes. Caso haja queda da demanda por uma recessão global ou crise no Oriente Médio, o excesso de produção poderá trazer o preço abaixo dos US$ 50, ameaçando a produção global.

A partir desses fatos e projeções, surgem algumas consequências geopolíticas da revolução petrolífera. O Oriente Média poderá deixar de ser o foco das preocupações para os principais mercados consumidores, especialmente para os EUA e Europa. E a Ásia se tornará o principal mercado para a maior parte do petróleo do Oriente Médio com a transformação da China em novo protagonista no cenário politico da região.

Os EUA reduziram, desde 2006, em 40% a importação do produto. Não parece provável, porém, que para os EUA, no contexto da política externa, as questões do Oriente Médio perderão importância. A Rússia deverá reduzir suas exportações de petróleo e, sobretudo, diante da concorrência dos EUA, de gás natural para a Europa, o que tenderá a enfraquecer a importância politica relativa russa na região.

Na América Latina, o país mais afetado devera ser a Venezuela pela redução das importações de petróleo pelos EUA, hoje situadas ao redor de 10% da demanda americana. As refinarias da costa do Golfo estão substituindo o petróleo venezuelano pelo xisto betuminoso, de produção local.

Argentina, por suas reservas importantes de xisto betuminoso, e Brasil, pelas reservas do pré-sal, estarão em posição privilegiada, caso consigam superar as dificuldades internas que impedem a exploração em sua plenitude. Nos dois países, a instabilidade jurídica, derivada da modificação das normas regulatórias, as limitações financeiras das empresas e as dificuldades que atravessam as estatais petrolíferas mostram um retrocesso em suas capacidades produtivas, justamente quando ocorre essa grande transformação. No caso do Brasil, o petróleo do pré-sal não mais será absorvido pelo mercado americano, como inicialmente esperado. Outros destinos deverão ser buscados, em especial China e Índia.

Fonte: O Globo, 3ª feira, 23 abril 2013, Opinião, Página 17 via Perca Tempo

7 Comentários

  1. A questão do xisto betuminoso ainda é algo incerto,pois o impacto ambiental para a extração é enorme,será que o ecosistema americano conseguirar absorver esse impacto,eu defendo a muito tempo que o Brasil faça uma aliança estratégica no setor de energia com os E.u.a,em troca de favores comerciais,algo como ser um parceiro econômico privilegiado,status que a china tem hoje.

  2. Para os apocalípticos de plantão que ainda não entenderam que essas interpretações históricas de destruição e fim do mundo se originam apenas em inspirações malígnas, e não em divinas. Que Deus não é de forma algum destruidor mas sim construtor.
    Taí mais uma boa notícia, pois…
    Quem já era adulto nas décadas passadas de 70 e 80 se lembra bem do clima político pesado que a crise do petróleo e seus principais donos “OPEP” exercia no mundo. A ponto de provocar guerras (kuwait q o diga). E uma tremenda insegurança nos USA (Brasil e Europa etc também) quanto a seu futuro energético na sua enorme economia.
    Havia até inumeros prognósticos científicos indicando o fim do petróleo em poucas décadas.
    Porém, hoje, e cada vez com mais força, esse antigo fantasma aterrorizador escuro do petróleo vai ficando acorrentado lá nas bandas do Oriente Médio.

    • Isso me lembra a questão do Carvão. Antes da substituição dele pelo petróleo, diziam que o carvão do mundo ia acabar, que haveriam crises e blablabla. Bom, acontece que naquele periodo, não se sabia a localização de 2% do carvão mundial. Tanto que hoje ele ainda tá ai, firme e forte. O petróleo é a mesma coisa. Tudo terrorismo de ecoxiitas, pode ter certeza, nem nossos tetranetos vão ver o fim do petróleo e do gás natural.

  3. MÁS QUÊ DILEMA
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    O nosso pré-sal para ser economicamente viável será necessário que o preço do barril tenha um valor que traga rentabilidade a sua exploração e confesso que não sei qual é o seu valor.
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    Com muita oferta de petróleo nos principais mercados internacional,corre o risco da exploração do pré-sal ser inviável economicamente,triste é para o Brasil que poderá importar combustível da Venezuela ou dos EUA, que dilema cruel..rsrs
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    Na exploração do Xisto betuminoso americano,a sua nova matriz energética,eles os americanos também terão o seu dilema deles;em se tronarem o maior produtor e exportador de petróleo e gás, conforme algumas previsão de especialista, e contaminar uma imensa extensão do seu solo freático fazendo com que a água passe por um complexo tratamento para ser potável…que dilema…Rsrsr.
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    Uma coisa é certa, no que se refere com a exploração do Xisto,as companhias de água por lá irão rir à toa….Rsrs.

    • Lucena, eu posso estar errado, mas creio que o pré-sal começa a ser viável entorno de US$ 90,00 o barril. O Xisto betuminoso é ainda mais alto, lá pros 120, a extração dele é muito cara. Mas havia umas noticias de que eles teriam criado um novo método, que tornaria não só viável economicamente quanto ambientalmente. Pode ser propaganda ou verdade, isso só o futuro vai dizer.

  4. O problema é fonte da noticia que é uma das empresas coligada ao capital estrangeiro :

    Depois dos “escandalos dos reservatórios” do “tomate” esse então ridículo, o alvo era a taxa selic (rentismo), agora é infraestrutura.

    O Globo, Foolha, Veja e assemelhados nunca foram a favor da nação.

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