Imprensa livre sob ameaça na América Latina

censuraEm Argentina, Equador e Venezuela, há pressão. No México, assassinatos

Rennan Setti

 A liberdade de imprensa está sob ameaça constante em países da América Latina. Seja por causa de governantes que tentam chantagear veículos de comunicação impondo restrições à publicidade ou mesmo propondo a criação de órgãos e leis que visam a controlar a mídia, seja por meio de cartéis de narcotraficantes que executam repórteres e editores que expuseram (ou não) os meandros desses negócios criminosos.

O assunto foi discutido no encontro do Grupo de Diarios América (GDA), cujos representantes estiveram no Rio durante a semana passada para debater os rumos do setor de mídia e da organização, que reúne jornais de veículos de 11 países da região, incluindo O GLOBO.

Em três desses países, as restrições ao trabalho da imprensa são flagrantes. Na Argentina, segundo Luis Saguier, diretor-executivo do diário “La Nación”, o governo da presidente Cristina Kirchner “não tolera qualquer tipo de crítica” e busca atingir a mídia independente proibindo as principais cadeias de supermercado de anunciar nos jornais para reduzir receitas desses grupos.

No México, segundo Roberto Rock, diretor-editorial do “El Universal”, os frequentes assassinatos de jornalistas impuseram um clima de medo em que a principal ameaça à liberdade de expressão é a autocensura. O país já perdeu uma centena de jornalistas na última década, vítimas de traficantes de drogas que se vingaram depois que detalhes de seus cartéis criminosos foram revelados.

Segundo Marco Arauz, subdiretor-geral do “El Comercio”, o personalismo do presidente equatoriano Rafael Correa criou um clima de permanente tensão entre governo e mídia. A situação pode piorar com a proposta de criação de um conselho que terá o poder de aplicar sanções contra conteúdo publicado por veículos de imprensa. Até autoridades são proibidas de dar entrevistas e, a exemplo de Hugo Chávez, Correa fala horas na TV.

Fonte: O Globo via CCOMSEX