
Apesar do Super Tucano estar ainda na competição para novas aeronaves contra insurgência (COIN) nos EUA, nessa semana, o Early Warning Blog, do Lexington Institute, divulgou um artigo feito por um de seus colaboradores dizendo quais as razões pelas quais os EUA não deveriam adquirir a aeronave brasileira e escolher o modelo desenvolvido pela pela Beechcraft. O artigo, divulgado pelo site Defence Professionals, está traduzido abaixo, com o original no link no final do post.

A Força Aérea dos EUA está planejando comprar aeronaves de “ataque leve e reconhecimento armado” para uso pelos pilotos dos EUA e estrangeiros na guerra de contra-insurgência. Por cerca de US$ 10 milhões por avião, provavelmente é o avião de combate mais barato em serviço que será comprado neste século – que é uma razão pela qual poucos políticos ou especialistas estão prestando atenção. Mas a concorrência para selecionar uma aeronave vencedora levanta questões mais amplas sobre a forma como a compra de armas militares, em especial, se os responsáveis ??políticos do Pentágono entendem a gravidade do recente declínio econômico da América.
Existem apenas dois candidatos credíveis para o contrato: um avião americano feito pela Hawker Beechcraft designado AT-6, e um avião brasileiro feito pela Embraer designado EMB-314. São ambos aviões turbohélices, multi-missão, e seus preços de tabela são semelhantes. Mas como a oferta da Beechcraft seria desenvolvida e montada nos Estados Unidos, iria gerar mais de 1.000 postos de trabalho aqui. O avião brasileiro seria desenvolvido em outros lugares, e a montagem final que ocorreria nos EUA provavelmente geraria menos de uma centena de postos de trabalho.
Então aqui vai a pergunta óbvia: por que os militares de um país com os maiores déficits orçamentários e comercial da história consideram a compra de um novo caça leve de um fabricante estrangeiro quando há um plano em perfeito estado e já disponível a partir de fontes internas? Sabemos que a oferta americana funciona bem, porque a mesma plataforma foi usada pela Força Aérea e ma Marinha para treinamento de pilotos ao longo dos últimos dez anos, e centenas deles são utilizados a partir de seis localidades nacionais. Isso provavelmente faz com que o avião americano seja o candidato com melhor relação custo-benefício na concorrência, pois já existe uma infra-estrutura de treinamento e manutenção no lugar e que os pilotos do avião também o conhecem bem.

Mas o fato de a Força Aérea estar estudando uma oferta do Brasil nos diz que o Pentágono está fora com as realidades econômicas. Deixemos de lado o fato de o governo do Brasil, muitas vezes não concorda com as políticas de defesa dos EUA em países como Irã e Venezuela, e tentaremos ignorar o disposto no Estatuto Social da Embraer, permitindo que o governo corte o fluxo de peças de reposição e acessórios, se não gostar da maneira como o avião está sendo usado em algum lugar. Em vez disso, considere o que aconteceu com a economia americana ao longo dos últimos dez anos. Na manhã do dia 11/09, os Estados Unidos estavam gerando 32% de toda a produção econômica global. Hoje, caiu para 23 por cento, e se o Congresso se recusa a aumentar o limite da dívida poderia diminuir ainda mais, a 20% da produção mundial, porque o empréstimo federal ultrapassa atualmente os 10% do produto interno bruto.
É este o perfil de um país que pode dar ao luxo de passar para trás mil novos postos de trabalho e comprar no exterior só porque alguns estados são influenciados pela empresa estrangeira que pode oferecer-lhe um negócio um pouco melhor em um turboélice militar? Eu não penso assim! A Força Aérea dos EUA deve começar a pensar mais claramente sobre suas responsabilidades para com os contribuintes, durante um período de perigo fiscal e econômico. Talvez o que significará reduzir a quantidade de dinheiro que gastam em guerras em outros países. No mínimo, porém, significa a compra de aviões norte-americanos, sempre um produto adequado disponível para atender as necessidades militares. Isso é o que a China faz – compra de fontes chinesas, sempre que possível – e agora ele está subindo tão rápida quanto a América está diminuindo. Independentemente do tipo de “negócio” que a Força Aérea acha que ela poderá ser capaz de receber do Brasil, é uma perda líquida para a América se não comprar o avião dos EUA.
Fonte: Loren B. Thompson, Ph.D. – Early Warning Blog, Lexington Institute, via DefPro.com
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