G-20 exige do Brasil equidistância

http://sandromeira12.files.wordpress.com/2009/09/g20.jpgPrimeiro, muda a realidade; depois, as instituições se adaptam. O G-20, por exemplo, cujos ministros se reúnem hoje e amanhã em Paris, é expressão da mudança na distribuição do poder mundial a partir do final da Segunda Guerra, em 45. Se há duas décadas bastava reunir as sete maiores economias do planeta (G-7) para debater questões de interesse do mundo, o processo acelerado de globalização dos últimos 15 anos, com a cristalização dos chamados emergentes, forçou, felizmente, a ampliação daquele clube fechado.
Este G-7 + 13 cada vez mais se fortalece como fórum de definições-chave em conjunturas difíceis como a atual. Na agenda do encontro de Paris, uma sequência da cúpula realizada em Seul no final do ano passado, encontra-se, entre outos temas, a definição de indicadores para alertar sobre desequilíbrios nas economias.
O pano de fundo da pauta é o fato de as duas maiores economias, a americana e a chinesa, provocarem desbalanceamentos em todo o planeta, enquanto tentam resolver problemas internos efetivos. Os americanos, em ações compreensíveis para estimular sua economia e, por tabela, a geração de empregos, praticam forte política monetária expansionista, desvalorizam, assim, a moeda e inundam o mundo de dólares. Estes vão financiar operações especulativas com matérias-primas e ainda forçam uma indesejada valorização de outras moedas, caso do real.
Por sua vez, os chineses insistem em conservar desvalorizado de forma artificial o yuan, a fim de manter as exportações em ascensão e, desta forma, sustentar o crescimento interno em alta velocidade, necessário para absorver as centenas de milhões de chineses ainda na miséria no interior do país. Com isso, a China retarda a recuperação dos Estados Unidos – impedidos pelo câmbio de vender mais para os chineses – e invade os mercados, inclusive o brasileiro, com produtos baratos.
No caso do Brasil, Paris será um teste para a aplicação prática da esboçada política externa mais responsável, pragmática, não antiamericanista apenas por ranço ideológico. A diplomacia companheira jogava sobre os Estados Unidos todas as responsabilidades pelas atuais mazelas globais. Mas, na verdade, americanos e chineses são sócios nesta questão, e é preciso muita negociação para EUA e China, cada vez mais interdependentes, articularem suas políticas econômicas com a Europa e emergentes.
Atual presidente do G-20, o francês Nicolas Sarkozy defende a regulação dos mercados de derivativos e de commodities. Via derivativos coloca-se em debate o controverso controle do fluxo de capitais, tão ao gosto de autoridades brasilienses. Mas, quanto às commodities, não há negociação possível por parte do Brasil e dos EUA. Nenhum grande produtor agrícola tem interesse no assunto, por óbvio. Ora, se não fossem os superávits obtidos pelas exportações de produtos primários, o déficit externo brasileiro em contas correntes já teria explodido.
Não deverá ser conclusiva a rodada de Paris do G-20. Mas nem por isso é desimportante na tentativa de o mundo compartilhar problemas e soluções, e como oportunidade de o Brasil recalibrar sua diplomacia.

Fonte: O Globo via CCOMSEX

11 Comentários

  1. “se não fossem os superávits obtidos pelas exportações de produtos primários, o déficit externo brasileiro em contas correntes já teria explodido.”…concluindo..ainda somos um pais agricola. Cobra tudo que tem direito..provoca escassez se necessario.

  2. É uma imbecilidade taxar a política externa do Brasil,sempre que defende os interesses de nosso país,como “ideológica” só porque não quer mais tirar os sapatos nos aeroportos americanos.Ideológica,sim,é a submissão acrítica aos Estados Unidos.Eles chamam nossa política externa de “ideológica” porque ela vai contra os interesses deles.

  3. Sei ñ, + essa de país agrícola está p acabar, parece-me q será meio-a-meio, e o mundo ganharia mt se o BRASIL fôsse td só agrícola, teriam grãos + baratos…espero q fikemos no meioa-a-meio,teremos + superavites com o mundo. ou seja, estaremos vendendo + q comprando deles. sds.

  4. Meu amigo Nelore, foi isso que fizeram os Árabes nos anos 70. Provocaram a escasses do petróleo. Pagam a conta até hoje. O petróleo somente tem bom preço quando os grandes querem. Desculpe, mas sua idéia, ao contrário de nos dar força, pode se tornar nossa fraqueza.
    Melhor não se alinhar. Continuar a fazer nossa lição de casa e a prender a tabuáda.
    No futuro, quando ninguém (Países) mais tiver crédito por suas palavras, seremos o maior. Por ter apostado nesta posição de que, apesar de podermos, nunca fizemos mal à ninguém.
    Você está certo em seu pensamento… “se não temos FAs à altutura, usemos as armas que temos”.
    Mas a História nos mostra que vence quem tem maior poder e complementando, porém em segundo plano, quem confia na vitória e confia nela, por mais tempo.
    Um grande abraço.

  5. COMO TODOS SABEMOS HOJE E MAIS AINDA AMANHA O MUNDO TEM NESCSSSIDADE DE ALIMENTO E SIM TEMOS VOCAÇAO AGRICOLA,DEVIAMOS E NOS ORGULHAR DE SERMOS UM PAIS AGRICOLA FORTEMENTE INDUSTRIALIZADO,CREIO EU QUE DEVIAMOS TER UMA MAIOR DEFESA DE LEIS QUE CONTROLEM ENTRADA DE PRODUTOS SUBIZIDIADOS DE OUTROS PAISES EM DEFESA DA NOSSA INDUSTRIA E AGRICULTURA.DEVEMOS SIM CRIAR INFRAESTRUTURA, LOGISCA ,MELHORES LINHAS DE CREDITOS, BAIXAR TARIFAS,DESBUROCRATIZAR NOSSO SISTEMA MONETARIO E DIMINUIR IMPOSTOS EM VALORES E QUANTIDADES,CREIO EU QUE COM ISSO NOSSO PAIS SE TORNE MAIS COMPETITIVO E GERE MUTAS RIQUESAS E TRABALHO PARA OS JA SOFRIDOS BRASILEIROS DEVEMOS JA ESTAR NESTE CAMINHO MAS TEMOS MUITO O QUE ANDAR MAIS PATRIOTISMO E MENOS CRITIC A DE TODOS PRINCIPALMENTE DE NOSSOS POLITICOS,BRASIL ASSIMA DE TUDO.

  6. Quem nao gosta desta istorinha sao os empregados que perderam seus empregos por causa dos produtos impurrados chineses.Se continuarmos estendendo tapete vermelho para os Chineses acabaremos morrendo na praia,outra vez.Deveriamos comprar somente produtos de extrema necessidade ao qual nossa industria nao teria condiçoes de produzir.Ate macarrao a turma anda importando!

  7. Nelore, o bom disso tudo é que temos o superávits na balança comercial, mesmo que seja com produtos agrícolas, o ruim é uma balança deficitária que só apresenta saldo negativo, trazendo assim apreensão para os cidadãos de um certo país, fazendo com que os imigrantes comecem a fazer suas malas mais cedo. Como diz o Roberto Silva: “ Parceria nenhuma com o diabo”, ah, faltou a bola vermelha com rabo e chifre.

  8. Bom, apesar de O Globo continuar insandecido em solapar a política externa do governo anterior, com chavões de simplismo ideológico como “antiamericanismo”,

    “camaradagem”, tentando desqualificar a não-subordinação automática, deve-se preocupar realmente com a estrutura econômica do Setor Externo.
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    Segundo o presidente do IPEA, Marcio Pochmann, devido a constante elevação da taxa de juros básicos, indexada pela Selic, o Brasil, por efeito da valorização excessiva do câmbio real, corre o risco de se perder na fórmula fácil da “fa-ma”.
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    A “fa-ma”, diz Pochmann, é a mistura de fazenda com indústrias maquiladoras (como as existentes no México).

    Ou seja: com câmbio desfavorável (por causa dos juros reais altíssimos que inundam o país com dólares), o Brasil só conseguiria manter competitividade na

    agricultura, contentando-se com o papel de grande fazenda do mundo, a fornecer grãos e carne para chineses e europeus.
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    Do lado da indústria, aconteceria algo parecido ao que ocorreu no México, depois de assinar o Nafta, tratado de livre comércio com EUA e Canadá. A indústria mexicana foi dizimada.
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    Quase tudo vem pronto de fora, e o México mantem apenas “maquiladoras” para fazer a “montagem” final dos produtos (aproveita-se, pra isso, a mão-de-obra barata do país).
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    O Brasil tem um parque industrial sofisticado – construído a duras penas, desde a era Vargas.

    Nossa indústria parece ter resistido às ondas de abertura recentes. Mas tudo tem limite.
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    Essa entrada de capitais, se trata na esmagadora maioria sob Investimentos em Carteira, especulativos de alto risco pelo curto-prazo de permanência.
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    Cobrem os históricos déficits em transações correntes que o saldo da balança comercial não atinge, e o excedente vai compor as reservas internacionais, elevando parte da dívida bruta.
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    Isso não afeta só a balança comercial, mas a balança de serviços no estímulo à forte remessa de lucros ao exterior (moeda “forte”),

    elevação real do pagamento em royalties e direitos, e principalmente, Importação de tecnologia sofisticada a ser empregada nas linhas de produção.
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    Acho que chegou a hora de um novo paradigma no Projeto de Estado-Nação, de políticas ICT pró-ativa (Industrial, comercial e tecnológica) e integrada, como na Coréia do Sul, que superava seu desenvolvimento tardio e deficits em transações correntes, ao mesmo tempo:
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    Com fortes superavits na balança comercial;
    Gerava muita inovação, investindo pesadamente em P&D básico;
    Fixava metas de C&T e exportação de conteúdo para as corporações privadas beneficiadas com financiamento público.
    Promover multinacionais e IDE no exterior, mantendo a marca e processos de agregação de valor, no país.
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    E na outra ponta, estimular a estrutura produtiva agrícola de alimentos que compõem a cesta básica de consumo interno, via agricultura familiar.
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    Fortemente cooperativada, apoiada em estoques comunitários de subsídio público inicial,

    redes de assistência logísitica e escoamento da produção aos mercados locais, eliminando a necessidade do atravessador, além dos serviços técnicos e de biotecnologia oferecidos em parceria com Embrapa.
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    Abraços

  9. É evidente que paises com alta taxa tecnologica agregada em seus commodites queiram recursos naturais quase de graça.

    Mas não aceitam doar essa tecnologia…

  10. Eu entendo muito sobre economia.
    Se o dólar for a moeda mundial, toda vez que os americanos emitirem a sua moeda acima de determinado patamar, devem doar parte dessa emissão para todos os países desse planeta, proporcionalmente a economia deles.
    Não existe câmbio artificial,mas modelos de investimentos.
    Se a China tem dólares sobrando, ela quer acumulá-los e investí-los quando lhe convier. Na prática passa a ter 2 moedas. Por que os americanos não aceitam a moeda chinesa como reserva ? Iria valorizar o Yuan.

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