Desafios estratégicos brasileiros

Eurico de Lima Figueiredo

O envolvimento de empresas estratégicas nacionais é vital, cabendo à Petrobras papel de destaque; sindicatos também não podem ficar à margem

Paroquial. É esse o termo que descreve da melhor forma a posição da classe política e da opinião pública em relação às políticas externa e de defesa do Brasil.
http://www.morethanmediapr.com/new_edited_stock/strategic.pngSe, durante a campanha presidencial, o tema pouco frequentou a agenda dos candidatos, a situação não mudou em relação ao assunto quanto ao novo governo que se instalou em Brasília.
Tudo tem se passado como se o país ainda ocupasse os subúrbios da periferia e não ostentasse a posição, já agora, de oitava economia do mundo, celeremente caminhando para assumir a posição de quinta potência mundial. O provincianismo ganha feição paradoxal.
No plano internacional, as imagens preconcebidas em relação ao Brasil -durante tanto tempo retratado como o país do Carnaval, do futebol e do café- se desfazem. No plano interno, contudo, prevalece o desdém em relação às questões estratégicas que incidem sobre o futuro da nação.
O governo Lula lançou em dezembro de 2008 a estratégia nacional de defesa. Foi o primeiro documento dessa espécie em toda a história republicana brasileira.
Nele, dois aspectos, em latência, devem ser realçados, entre tantos igualmente importantes. Primeiro: ele se dirige aos brasileiros, e não a qualquer outro país ou comunidade de países. Pretende adequar o potencial econômico do Brasil ao seu perfil político-estratégico.
Segundo: entende que, em situações de conflitos de interesses, o principal bem dos Estados foi -e será, sempre!- a preservação de sua própria existência.
Não há lugar para o discurso da arrogância, por certo, tampouco para a mera submissão.
A nação carece de debate sério sobre o tema. Não dá mais para se comportar como se fôssemos uma potência de segunda categoria.
Cabe à primeira mandatária função essencial, assistida pelos ministros da área, o da Defesa e o dos Assuntos Estratégicos. A participação do Congresso não é menos importante. Um sistema de defesa democrático e poderoso não pode, contudo, se amparar apenas nesses atores. Deve envolver seriamente a comunidade científica.
É mister a participação militar, porquanto são as Forças Armadas que operam os dispositivos de defesa e segurança no contexto global.
O envolvimento das empresas estratégicas nacionais é vital, cabendo à Petrobras, entre outras, papel de destaque. Os sindicatos não podem ficar à margem. A mídia tem, nos últimos tempos, aberto espaços; é preciso ampliá-los. Defesa nacional e segurança internacional dizem respeito aos destinos da sociedade como um todo.
O Brasil aspira integrar o Conselho de Segurança da ONU. Os cinco países permanentes do Conselho (China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia) detêm os mais dispendiosos e críveis sistemas de defesa no planeta. Guardam a perspectiva adequada. Cosmopolita.
EURICO DE LIMA FIGUEIREDO é professor titular do Programa de Pós-Graduação em Estudos Estratégicos da Universidade Federal Fluminense (UFF). Foi presidente da Associação Brasileira de Estudos da Defesa (Abed).
Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.

Fonte: FSP via NOTIMP

12 Comentários

  1. Texto muito interessante, o problema é que nossa sociedade não liga a mínima para o tema defesa, durante a campanha eleitoral mandei várias questões a respeito para serem respondidas nos debates, porém, nenhum canal de TV selecionou ao menos uma questão sobre defesa para os candidatos, o tema passou em branco, enquanto, abobrinhas religiosas, sobre aborto e outras coisas tomaram todos os holofotes!

  2. Faltou só a pecinha preta pra derreter tudo e fazer 5 círculos do símbolo de real interesse da população, fora a copa claro!

  3. Os desafios nós todos sabemos, temos agr e q implementar medidas p proteger esses n calcanhar de Aquíles; + com contenção p a defesa fiuca bem difícil, vide esse tal de FX 2 q nunca saí a maldita decisão. Cadê os rafales?!?! N FAB tem um buraco , falta um vetor novo , moderno à altura do n país , na mesma. A quem recorrer?

  4. Paulo Rick vc esta certo em relação das abobrinhas religiosas, como sempre a religiao tendo papel de destaque infelizmente.
    Quero ver quando tiver uma guerra aqui no brasil se vem os santos pra ajudar os religiosos.

    Temos de pensar na soberania do nosso pais, sem um exército forte tudo o que construimos será envão!

  5. Na decada de 80 ja eramos considerados como de oitava,querendo ou nao ,o brasil sempre teve cultura pacifista,convencer a populaçao e os pios politicos da necessidade de mudar essa postura vai levar tempo,se fizer um plebicito para escolher entre 36 caças ou dez sambodromos pelo pais afora,quem vcs acham que ira vencer? O problema agora e´que o mundo nao caminha para uma bipolarizaçao,aonde escolhendo um dos lados tava de bom tamanho.Surgirao outras potencias querendo uma parte do bolo,a Turquia ja se movimenta para isso,paizes que antes ficaram do lado capitalista,terao que se garantirem,alguem tem a iluzao que Japao ira assistir de braços cruzados seus inimigos historicos darem as cartas?E´uma questao de tempo para a populaçao Japonesa se convencer deque agora pacifismo nao da garantias de paz ao Japao,os EUA ja estudam meios de soltar o espirito samurai dos nipos,vai ficar caro bancar sozinho a defesa do oceano pacifico.Na Alemanha e nos paises nordicos movimentos no sentido de criar uma superdefesa ja foram iniciados.Algum bem informado pode entao questionar:mas com,eles nao tem armas atomicas!Senhores fazer uma bombinha atomica para estes povos que detem tecnologias de ponta e´mais facil doque produzir um carro alegorico para carnaval.E nois continuamos ,agora sentados em berço esplendido

  6. Se houver plebiscito quanto a isto.. jose carlos p, com certeza o povo ignorante vai achar que deveria usar esse dinheiro pra construir casas e comprar comida. Por isto os políticos fazem a festa.

  7. É fundamental uma sincronização mas antes deveriamos definir o que é estrategico e comum do que é estrategico comercial pois o que vemos são industrias e segmentos unicamente disputando fatias e beneficios.

  8. Percebam que antes da avalanche de investimento extrangeiro e a presença dos mesmo em nosso mercado de defesa nossas empresas especializavam-se em determinados itens e assim se completavam.Agora FARINHA POUCA MEU PIRÃO PRIMEIRO.Tudo ia bem quando caminhavamos por nossas proprias pernas.Não que eu seja contra a presença extrangeira no nosso segmento mas sou contra a total falta de proteção do que é nosso e do que é essencial e estrategico.

  9. “O Brasil aspira integrar o Conselho de Segurança da ONU. Os cinco países permanentes do Conselho (China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia) detêm os mais dispendiosos e críveis sistemas de defesa no planeta. Guardam a perspectiva adequada. Cosmopolita.”

    E todos estes integrantes permanantes do Conselho de Segurança tem um instrumento em comum: arma nuclear. Nosso ex-mandatário Lula viveu/vive na ilusão de que se pode integrar um organismo dessa natureza sem esse aparato, confiando meramente em boas intenções de paz e ética diplomática em nível global…

  10. Temos de mostrar aos politicos que um pais soberano na sua estrategia de defesa é mais lucrativo e receptivo a lobbys.

    Aí ele aderem!!!!

  11. O medo da OTAN (EUA + Europa) em relação ao Brasil são 2.

    1) Passe para a esfera da Rússia, China e Índia;
    2) Resolva ter armas nucleares.

    O meu medo, é que o nosso país não faça isso, e continuemos vassalos dos antigos países imperialistas.

    Nós temos problemas internos muito sérios a resolver.

    Citarei alguns:

    1) Os 3 Poderes da República são um só, na prática, por mais que eles disfarcem. Quantos políticos corruptos (e seus parentes e amigos venais) estão efetivamente na cadeia ? Muito poucos …
    2) O nosso Sistema de Ensino não tem o foco na inovação (pesquisa), criatividade, intuição e desenvolvimento do pensamento crítico, mas na decoreba e no volume de conhecimento;
    3)O nosso Sistema Político não funciona para a nossa realidade, pois se baseia no populismo corrupto e demagógico. Os nossos Partidos Políticos parecem mais oligarquias corruptas. O nível intelectual dos nossos políticos, em geral é muito baixo. Os Coroné ainda tem muita influência no meio político. Solução: Acaba-se com todos os partidos políticos, e os sindicatos de todas as profissões escolhem os seus representantes no Congresso Nacional, mas tem que ser o melhor dos melhores de cada grupo (intelectual, físico, patriotismo, liderança, visão executiva, cultura geral, visão internacional, etc);
    4) A nossa justiça é cara e ineficiente, sendo que um processo só termina depois de 20 anos, fazendo com que a impunidade brasileira seja a maior do Planeta Terra. As nossas leis foram feitas para beneficiar mais os criminosos, do que as pessoas de bem;
    5) A burocracia brasileira é terrível, emperrando toda a nação;
    6) Temos que acabar com a cultura de beneficiar (conseguir cargos públicos) para o amigo, o amigo do amigo, o fidalgo (filho de algo), o bajulador, e a indicação política de incompetentes, inclusive dentro das Forças Armadas.
    (Veja o meu caso – com um conhecimento tecnológico imenso, não consigo uma colocação de pesquisa dentro do Exército. Na verdade, nem quero mais … Prefiro a iniciativa privada ou governo federal. Para pesquisar nas Forças Armadas é muito difícil, devido ao sistema hierárquico rígido, idealizado para combates …
    Esse sistema disciplinar é necessário na guerra, sem dúvida, mas não para a Pesquisa Científica. Não se pode misturar as duas coisas, mas na prática isso ocorre;
    7) Não temos bons economistas no Brasil, motivo pelo qual a nossa Div Pública chegou a quase 1 trilhão de dólares, sem que grandes obras fossem realizadas. Já estudei economia e sei bem como ela funciona. Tenho em mente teorias econômicas inéditas e futuristas;
    8) O Congresso Nacional não respeita a vontade do Povo Brasileiro. A Lei da Ficha Limpa não foi cumprida e o povo quer a aplicação da Pena de Morte;
    9) A Defesa Nacional tem que ser prioridade número 1 para o Brasil, principalmente no Gov Federal, mas o Gov Federal prefere se intrometer nos problemas Estaduais e Municipais, jogando na lata do lixo o Pacto Federativo.
    O Brasil nunca foi uma federação de fato, pois a nossa formação territorial não foi composta por vários países que resolveram se unir, como nos EUA. Porém, como somos um país continental, é bom que haja uma federação, sim.
    A Presidenta Dilma deve fortalecer a Federação Brasileira, e deixar de se intrometer nos problemas dos Estados e Municípios.
    O Gov Federal tem que pensar Macro, e não Micro.
    Cada Estado deve ter o seu SM e sua Previdência Social.
    Descentraliza o INSS. Transforme as Universidades Federais em Estaduais e Municipais. Com o Sistema de Saúde é a mesma coisa.
    Pessoal,o Brasil é um Continente, e deve ser governado como tal. Nesse aspecto, os americanos podem nos servir de exemplo. Vamos respeitar a vontade da população de cada Estado;
    10) Vamos priorizar o povoamento das nossas fronteiras amazônicas e matogrossenses. A cada 50 km uma cidadela.
    Coloquem as FFAA para realizar esse trabalho, pois a nossa Segurança Nacional depende disso. A largura de 50 km da fronteira deve ser povoada. Simples. Não basta apenas colocar Companhias e Pelotões de Fronteira. Essas cidadelas serão interligadas por rios e/ou estradas, e todas terão pistas de pouso. Vamos dar cursos universitários para os nossos índios, pois a Era do Homem Pré-histórico já acabou.Temos que ceder 2% das vagas do Congresso Nacional para os índios, mas eles tem que ter cultura, caso contrário vai virar uma palhaçada;
    11) Reforma nas FFAA. Vamos selecionar e incorporar nas Academias Militares, jovens com cursos universitários realizados, e preferencialmente com Curso de Engenharia, Física, Química, Informática e Adm (Logística), pois as nossas FFAA devem ganhar um banho de tecnologia e logística. Não se faz guerra atualmente, sem tecnologia e logística. O ITA, IME e Univ Naval são um mal necessário, mais deve formar apenas cursos de mestrado e doutorado, e não de graduação, e quem não for criativo e intuitivo não deve ser aceito. Os primeiros 2 anos seria de avaliação prática no curso de mestrado. Quem não servir, fora …
    As FFAA precisam mais de pesquisadores e militares futuristas, do que de engenheiros. Não vamos perder tempo com a graduação de engenheiros, pois as FFAA precisam empregar melhor os seus recursos financeiros.

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