“Hoje existem dois EUA. É um show de horrores”

Escritor e jornalista norte-americano David Simon

Em palestra no Festival of Dangerous Ideas em Sydney, o escritor e jornalista norte-americano David Simon disse que o capitalismo perdeu a visão de seu pacto social.

Os Estados Unidos são hoje um país totalmente dividido no que se refere a sociedade, economia, política. Existem definitivamente dois EUA. Eu vivo em um, em uma quadra de Baltimore, no estado de Maryland, que faz parte da versão viável dos EUA, a parte dos EUA conectada com a sua própria economia, onde existe um futuro plausível para as pessoas ali nascidas. A cerca de 20 quarteirões de distância existe outro país totalmente diferente. É incrível como temos pouco a ver uns com os outros, e, no entanto, vivemos em grande proximidade.

Não há arame farpado ao redor de Baltimore Oeste ou de Baltimore Leste, ao redor de Pimlico, áreas de minha cidade que foram totalmente divorciadas da experiência americana que conheço. Mas poderia haver. De certa forma nós conseguimos caminhar para dois futuros diferentes, e creio que estamos vendo cada vez mais disso no Ocidente. Não acho que seja exclusivo dos EUA.

Creio que nos aperfeiçoamos muito na tragédia e estamos chegando lá mais depressa que muitos outros lugares talvez ainda um pouco mais racionais. Mas minha ideia perigosa envolve um homem que foi deixado de lado no século XX e quase parecia ser o final da piada do século XX: um homem chamado Karl Marx.

Não sou marxista no sentido de que não acredito em uma resposta clínica muito específica do marxismo para nossos problemas econômicos. Marx era muito melhor ao fazer diagnósticos do que como clínico. Ele era bom em descobrir os erros ou o que poderia estar errado com o capitalismo se não cuidassem dele, e muito menos verossímil no aspecto de como se poderia solucionar isso.

Se você leu O Capital, ou tem as Cliff Notes, sabe que suas imagens de como o marxismo clássico – de como sua lógica funcionaria quando aplicada – mais ou menos evoluem para absurdos tais como o encolhimento do Estado e platitudes semelhantes. Mas ele foi realmente arguto sobre o que dá errado quando o capital vence de maneira inequívoca, quando ele consegue tudo o que quer.

Essa talvez seja a tragédia definitiva do capitalismo em nossa era, que ele alcançou a predominância sem consideração pelo pacto social, sem estar conectado a qualquer outra métrica de progresso humano.

Nós entendemos o lucro. Em meu país, medimos as coisas pelo lucro. Escutamos os analistas de Wall Street. Eles nos dizem o que devemos fazer a cada trimestre. O relatório trimestral é Deus. Vire-se de frente para Deus. Vire-se de frente para Meca, você sabe. Você atingiu seu número? Você não atingiu seu número? Você quer seu bônus? Você não quer seu bônus?

E essa ideia de que o capital é a métrica, de que o lucro é a métrica pela qual mediremos a saúde de nossa sociedade, é um dos enganos fundamentais dos últimos 30 anos. Eu a dataria em meu país exatamente em 1980, e ela venceu.

O capitalismo arrasou com o marxismo no final do século XX e predominou em todos os sentidos. Mas a grande ironia disso é que a única coisa que realmente funciona não é ideológica, é impura, tem elementos dos dois argumentos e na verdade nunca alcança algum tipo de perfeição partidária ou filosófica.

É pragmática, inclui os melhores aspectos do pensamento socialista e do capitalismo de livre mercado. E funciona porque não deixamos que ela funcione totalmente. E essa é uma ideia dura de pensar – que não existe uma mágica que nos tire da confusão na qual nos metemos. Mas que confusão!

Depois da Segunda Guerra Mundial, o Ocidente emergiu com a economia norte-americana saindo de sua extravagância do tempo de guerra, surgindo como o melhor produto. Era o melhor produto. Funcionava melhor. Estava demonstrando seu poder não apenas em termos do que fez durante a guerra, mas em termos de como era fácil criar riqueza em massa.

Além disso, oferecia muito mais liberdade e fazia a única coisa que garantia que o século XX seria – e perdoem o tom chauvinista disto – o século norte-americano.

Ele pegou uma classe trabalhadora que não tinha uma renda perceptível no início do século, que trabalhava por salários de subsistência. E a transformou em uma classe de consumidores que não apenas tinha dinheiro para comprar todas as coisas de que precisavam para viver, como o suficiente para comprar um monte de porcarias que eles queriam mas de que não precisavam. Essa foi a máquina que nos conduziu.

Não era apenas que podíamos fornecer coisas, ou que tivéssemos as fábricas, o know-how ou o capital. Nós criávamos nossa própria demanda, e começamos a exportar essa demanda por todo o Ocidente. E o padrão de vida possibilitou fabricar coisas em um ritmo incrível e vendê-las.

E como fizemos isso? Fizemos não cedendo a qualquer lado. Esse foi o novo acordo. Essa foi a grande sociedade. Essa foi toda a discussão sobre negociação coletiva e dissídios, e foi uma discussão que significava o seguinte: nenhum lado pode vencer.

Os trabalhadores não conseguem vencer todos os seus argumentos, nem o capital. Mas é na tensão, é na verdadeira luta entre os dois, que o capitalismo realmente se torna funcional, que ele se torna algo em que toda camada da sociedade tem um interesse, que todas compartilham.

Os sindicatos foram realmente importantes. Os sindicatos faziam parte da equação. Não importava se eles vencessem o tempo todo, não importava se eles perdessem o tempo todo, apenas importava que eles tinham de vencer algumas vezes. Mais: eles tinham de armar uma briga e tinham de discutir pela demanda e a equação e pela ideia de que os trabalhadores não valiam menos, eles valiam mais.

Afinal, abandonamos isso e acreditamos na ideia da transmissão gradual da riqueza e na ideia da economia de mercado. Em suma, o mercado sabe melhor, a um ponto em que hoje o libertarismo em meu país está realmente sendo levado a sério como uma forma inteligente de pensamento político. Isso me surpreende. Mas é assim. As pessoas estão dizendo que não preciso de nada além de minha capacidade de lucrar. Não estou conectado à sociedade. Não me importa como a estrada foi construída, não me importa de onde vem o bombeiro, não me importa quem educa as crianças que não são meus filhos. Eu sou eu. É a vitória do ego. Eu sou eu, ouçam-me rugir.

Surpreende-me que tenhamos chegado a este ponto, porque basicamente, ao vencer sua vitória, ao ver aquele Muro cair e ver a viagem do antigo Estado stalinista em direção ao nosso modo de pensar em termos de mercados ou de ser vulnerável, você teria pensado que tivéssemos aprendido o que funciona. Em vez disso, decaímos ao que só pode ser descrito como ganância. Isto é apenas ganância. É uma incapacidade de ver que todos estamos conectados, que a ideia de dois Estados Unidos é implausível, assim como de duas Austrálias, duas Espanhas ou duas Franças.

As sociedades são exatamente o que elas parecem. Se todo mundo estiver empenhado e se todo mundo apenas acreditar que tem “uma parte”, não quer dizer que todos vão receber a mesma quantia. Não significa que não haverá pessoas que são os capitalistas de risco que pretendem ganhar mais. Não é cada um segundo suas necessidades ou algo que seja puramente marxista, mas que todo mundo sinta que “se a sociedade tiver êxito, eu terei êxito, não ficarei para trás”. E não existe uma sociedade no Ocidente hoje, neste momento, que seja capaz de sustentar isso para toda a sua população.

Assim, em meu país estamos vendo um show de horrores. Estamos vendo uma retração em termos de renda familiar, o abandono de serviços básicos como a educação pública, a educação pública funcional. Vemos a subclasse caçada por meio de uma suposta guerra às drogas perigosas que é na verdade apenas uma guerra contra os pobres e nos transformou no Estado mais encarcerante da história da humanidade. Falo em termos dos simples números de pessoas que colocamos nas prisões norte-americanas e da porcentagem de norte-americanos que colocamos nas prisões. Nenhum outro país na face da Terra prende pessoas no número e no ritmo em que o fazemos.

Tornamo-nos algo diferente do que reivindicamos no sonho americano, e tudo por causa de nossa incapacidade básica de compartilhar, de sequer considerar um impulso socialista.

“Socialismo” é um palavrão em meu país. Tenho de fazer essa ressalva no início de cada palestra: “Oh, aliás, não sou marxista, vocês sabem”. Vivi ao longo do século XX. Não acredito que uma economia dirigida pelo Estado possa ser tão viável quanto o capitalismo de mercado para produzir riqueza em massa. Não acredito.

Estou totalmente comprometido com a ideia de que o capitalismo tem de ser o modo como geraremos riqueza em massa no próximo século. Essa discussão terminou. Mas a ideia de que não estará casado com um pacto social, de que a distribuição dos benefícios do capitalismo não incluirá todo mundo da sociedade em medida razoável, isso é incrível para mim.

E assim o capitalismo está prestes a arrancar a derrota das presas da vitória com sua própria mão. Esse é o fim surpreendente desta história, a menos que revertamos o rumo. A menos que levemos em consideração, senão os remédios de Marx, pelo menos o diagnóstico. Ele viu o que aconteceria se o capital triunfasse de modo inequívoco, se conseguisse tudo o que queria.

E uma das coisas que o capital queria inequivocamente e com certeza é a diminuição da mão-de-obra. Eles queriam que a mão-de-obra fosse diminuída porque a mão-de-obra é um custo. E se a mão-de-obra for diminuída, vamos traduzir: em termos humanos, significa que os seres humanos valem menos.

A partir desse momento, a menos que revertamos o rumo, o ser humano médio vale menos no planeta Terra. A menos que levemos em conta o fato de que talvez o socialismo e o impulso socialista deva ser novamente abordado; ele tem de ser casado como era casado nos anos 1930, 40 e até nos 50, com a máquina que é o capitalismo.

Confundir o capitalismo com uma planta detalhada para se construir uma sociedade me parece uma ideia realmente perigosa, de uma maneira ruim. O capitalismo é uma máquina notável para produzir riqueza. É uma grande ferramenta para se ter na caixa de ferramentas se você estiver tentando construir uma sociedade e quiser que essa sociedade progrida. Você não desejaria avançar neste ponto sem ela. Mas não é uma planta para se construir a sociedade justa. Existem outras métricas além do relatório trimestral de lucros.

A ideia de que o mercado solucionará as coisas como preocupações ambientais, como nossas divisões raciais, nossas distinções de classe, nossos problemas com a educação e inclusão de uma geração de trabalhadores na economia depois de outra quando essa economia está mudando; a ideia de que o mercado vá atender a todas as preocupações humanas e ainda maximizar os lucros é juvenil. É uma ideia juvenil e está sendo defendida em meu país apaixonadamente e estamos descendo pelo ralo. E isso me aterroriza porque fico incrédulo ao ver como ficamos à vontade ao nos absolvermos do que é basicamente uma opção moral. Estamos todos juntos nisto ou não?

Se você visse o fracasso que foi, e é, a luta sobre algo tão básico quanto a política de saúde pública em meu país nos últimos anos, imagine a ineficácia que os norte-americanos vão oferecer ao mundo sobre algo realmente complexo como o aquecimento global. Não podemos nem conseguir atendimento de saúde para nossos cidadãos em um nível básico. E o argumento se resume a: “Maldito presidente socialista. Ele pensa que vou pagar para manter outras pessoas saudáveis? Isso é socialismo, filho da mãe”.

O que você pensa que é o seguro-saúde em grupo? Você sabe que pergunta a esses sujeitos: “Você tem seguro-saúde em grupo onde você…?” “Oh, sim, tenho…” você sabe, “minha firma de advocacia…” Assim, quando você fica doente você pode pagar pelo tratamento.

O tratamento vem porque você tem pessoas suficientes em sua firma de advocacia, de modo que você pode ter seguro-saúde suficiente para elas se manterem saudáveis. Assim as tabelas de prêmios e riscos funcionam, e vocês todos, quando ficam doentes, podem ter os recursos para sarar porque contam com a ideia do grupo. Sim. E eles balançam as cabeças, e você diz: “Irmão, isso é socialismo. Você sabe que é”.

E… você sabe quando você diz: “Está bem, vamos fazer o mesmo que fazemos para sua firma de advocacia, mas vamos fazer para 300 milhões de norte-americanos e vamos torná-lo acessível a todo mundo dessa maneira. E sim, isso significa que você estará pagando para os outros caras da sociedade, da mesma maneira que você paga para os outros caras da firma… Os olhos deles brilham. Você vê que eles não querem ouvir isso. É demais. Demais contemplar a ideia de que todo o país poderia na verdade estar conectado.

Por isso fico surpreso de que ainda hoje eu esteja aqui de pé dizendo que talvez queiramos recuperar esse sujeito Marx do qual estávamos rindo, senão por suas prescrições, pelo menos pelo retrato que ele fez do que é possível se você não mitigar a autoridade do capitalismo, se você não abraçar alguns outros valores de esforço humano.

E é basicamente disso que se tratava The Wire, a série de TV. Era sobre pessoas que valiam menos e não eram mais necessárias, como talvez 10 ou 15% do meu país não são mais necessários para a operação da economia. Era sobre eles tentando resolver, por falta de um termo melhor, uma crise existencial. Em sua irrelevância, sua irrelevância econômica, eles continuavam não obstante em campo, ocupando este lugar chamado Baltimore, e eles tinham de sobreviver de alguma forma.

Esse é o grande show de horrores. O que vamos fazer com todas essas pessoas que conseguimos marginalizar? Era mais ou menos interessante quando se tratava apenas de raça, quando você podia fazer isso com base nos temores raciais das pessoas, e eram apenas os negros e pardos nas cidades norte-americanas que tinham os índices mais altos de desemprego e de dependência de drogas, eram marginalizados e tinham sistemas escolares péssimos e falta de oportunidades.

E é interessante nesta última recessão ver a economia encolher e começar a atirar as pessoas brancas de classe média no mesmo barco, de modo que elas se tornaram vulneráveis à guerra das drogas, por exemplo com a metanfetamina, ou se tornaram incapazes de qualificar-se para empréstimos para a universidade. E de repente a fé na máquina econômica, na autoridade econômica de Wall Street e na lógica do mercado começou a se distanciar das pessoas. E elas perceberam que não se trata apenas de raça, trata-se de algo ainda mais aterrorizante. Trata-se de classe. Você está no topo da onda ou está embaixo?

Então, como isso pode melhorar? Em 1932, melhorou porque eles distribuíram as cartas de novo e houve uma lógica comunitária para estabelecer que ninguém seria deixado para trás. Vamos resolver isto. Vamos abrir os bancos. Das profundezas daquela depressão, um pacto social foi feito entre trabalhador, entre mão-de-obra e capital que na verdade permitiu que as pessoas tivessem alguma esperança.

Ou vamos fazer isso de alguma maneira prática quando as coisas ficarem suficientemente ruins, ou vamos continuar fazendo como estamos fazendo. E nesse ponto haverá tantas pessoas paradas do lado de fora desta confusão que alguém vai pegar um tijolo, porque você sabe que quando as pessoas chegam ao fim sempre há o tijolo. Espero que escolhamos a primeira opção, mas estou perdendo a fé.

Outra coisa que havia em 1932 e que não existe hoje é que algum elemento da vontade popular podia ser expresso por meio do processo eleitoral em meu país.

O último trabalho do capitalismo – tendo ganhado todas as batalhas contra a mão-de-obra, tendo adquirido a autoridade máxima, quase a autoridade moral máxima do que é uma boa ideia ou não, ou do que é valorizado e o que não é –, a última viagem do capital em meu país foi comprar o processo eleitoral, a única via para reformas que os norte-americanos ainda tinham.

Neste momento o capital efetivamente comprou o governo, e você testemunhou isso novamente com a derrocada do sistema de saúde em termos dos 450 milhões de dólares que foram depositados sobre o Congresso, a parte mais danificada do meu governo, para que a vontade popular nunca emergisse de fato naquele processo legislativo.

Por isso não sei o que faremos se não pudermos realmente controlar o governo representativo que, nós alegamos, manifestará a vontade popular. Mesmo que todos começássemos a ter os mesmos sentimentos que estou defendendo agora, não tenho certeza se ainda poderemos efetivá-los, da mesma maneira que pudemos no auge da Grande Depressão, por isso talvez seja mesmo o tijolo. Mas espero que não.

David Simon: Escritor e jornalista americano e foi produtor-executivo de The Wire. Esta é uma edição de trechos de uma palestra feita no Festival de Ideias Perigosas em Sydney, Austrália.

Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves

 

13 Comentários

  1. Os Estados Unidos são hoje um país totalmente dividido no que se refere a sociedade, economia, política. Existem definitivamente dois EUA. Eu vivo em um, em uma quadra de Baltimore, no estado de Maryland, que faz parte da versão viável dos EUA, a parte dos EUA conectada com a sua própria economia, onde existe um futuro plausível para as pessoas ali nascidas. A cerca de 20 quarteirões de distância existe outro país totalmente diferente. É incrível como temos pouco a ver uns com os outros, e, no entanto, vivemos em grande proximidade.===== Q ruptura de idealismo,de vida, de sonhos e de reali//….trágico.Sds.

  2. Será que esse camarada faz a menor ideia do que está falando? Respondo: Com certeza, não!
    A problemática é simples de ser compreendida e as perguntas a serem feitas são: Como incluir os excluídos? Como tornar a sociedade mais justa? Como desenvolver nossa economia de forma sustentável?
    Vou rapidamente tentar responder superficialmente as perguntas feitas acima:
    Para incluir os excluídos deve-se promover a busca por oportunidades e a mobilidade social, isso se dá através da educação. Educação inclusiva, para todos. Não preciso ser socialista para propor acesso a educação e cultura para o maior número possível de indivíduos.
    Uma sociedade mais justa não significa uma sociedade igualitária! Isso é fundamental! A resposta a primeira pergunta responde quase totalmente a segunda, uma sociedade livre, educada e meritocrática é justa. Se eu tive oportunidades e não as aproveitei isso é um problema meu, e só meu.
    Para terceira e última pergunta fica claro que o capitalismo é a melhor ferramenta de distribuição de riqueza já inventada. Mas, como qualquer coisa na vida, a diferença entre o remédio e o veneno é a dose. É fundamental a regulamentação dos setores bancários, evitando exageros e abusos, mas daí a reclamar do gosto do remédio vai uma grande distância…
    O capitalismo não é incapaz de dar respostas a estes problemas. Ao meu ver o autor expôs toda sua incapacidade e desespero quando ao sinal de uma crise econômica, ir para casa chorando para o papai Marx, sério, foi ridículo. Algum benfeitor poderia oferecer uma viagem só de ida para esse cara visitar a Coréia do Norte e o sonho socialista em todo seu esplendor. Texto bastante fraco.

    • “Será que esse camarada faz a menor ideia do que está falando? Respondo: Com certeza, não!”

      A ele sabe sim. Você é que não compreendeu o alcance do que ele propõe. E ele não propõe uma sociedade Socialista.

      A prova de que você não entendeu nada esta aqui: “Uma sociedade mais justa não significa uma sociedade igualitária! Isso é fundamental!”

      Caro Guga, a justiça existe apenas entre iguais. Talvez seja recomendável que você possa se inteirar do que ele afirma ser “pacto social”, que é algo que tirou o homem do obscurantismo da Idade Média e criou tanto o Capitalismo e o Socialismo.

      E essa coisa de meritocracia é a bobagem retórica que se utiliza quando se quer comprovar que “eu sou melhor que ele”, mesmo que o “eu” não valha nada do outro lado do mundo. Coisa muito difundida em países de terceiro mundo que não são conhecidos pela capacidade intelectual de seus letrados nativos.

      Veja bem, você não conseguiu identificar que o autor afirma que Marx estava errado! Como pretende construir uma crítica dessa forma?

      “Para incluir os excluídos deve-se promover a busca por oportunidades e a mobilidade social, isso se dá através da educação. Educação inclusiva, para todos. Não preciso ser socialista para propor acesso a educação e cultura para o maior número possível de indivíduos.” Consegue notar a incoerência dessa afirmação frente a sua ideia de meritocracia?

      O artigo, sob meu ponto de vista, é ótimo para mostrar uma vissão diferente sobre o que estáacontecendo no principal país capitalista do mundo que, aparentemente, está morrendo porque justamente não colocou freios destro deste sistema e agora esta passando por um processo autofágico. O sistema social norte-americano simplesmente não consegue se preocupar com o que move a estrutura econômica, que é justamente a parte social.

      • Caro Roberto, refiro-me a igualdade de oportunidades e a igualdade perante a lei isso não tem nada a ver com capitalismo ou socialismo, como você mesmo pontuou, isso é justiça.
        Quanto a questão da meritocracia não existir isso sim me parece bobagem retórica do terceiro-mundismo coitadista. Trabalhe, busque oportunidades e persevere. Conheço exemplos pessoais de casos assim, e não são poucos.
        Com relação a incoerência da minha afirmação, você descontextualizou minha citação, que foi:
        “Para incluir os excluídos deve-se promover a busca por oportunidades e a mobilidade social, isso se dá através da educação. Educação inclusiva, para todos. Não preciso ser socialista para propor acesso a educação e cultura para o maior número possível de indivíduos.” Depois concluí:
        “…uma sociedade livre, educada e meritocrática é justa. Se eu tive oportunidades e não as aproveitei isso é um problema meu, e só meu.” Percebeu?!
        Com relação a Marx, é como chutar cachorro morto, você quer mesmo começar essa discussão?

      • “você quer mesmo começar essa discussão?”

        Mas é pra ontem! 🙂

        Uma das coisas que mais me decepciona nos sites sobre geopolítica no Brasil é que não se discute as teses que criaram o atual sistema político-econômico-social, como se estas coisas existissem desde sempre, ao invés de considerar isso como uma criação do homem e que se modifica com o tempo. O problema aparece quando começam a surgir os trolls querendo tumultuar e impedir a troca de ideias.

        Bem antes de chegar a Marx, devemos começar (pela ordem cronológica) com o “pacto social”, coisa que o autor do artigo dá grande importância, já que considera que a sociedade norte-americana é incapaz, neste momento, de definir por si mesma o que é importante quanto a sua própria existência/manutenção e que, por tabela, influencia a maior parte do mundo a seguir este caminho.

        Este ponto pra mim é extremamente importante pois, muito antes de criar o conceito de “meritocracia”, o pacto se livrou das estruturas totalitárias (monarquias), resgatou o conceito de República, criou a Ciência Econômica (e daí o Mercantilismo), culminando com o desenvolvimento de teorias capitalistas e socialistas de caráter sócio-econômico. E isso se deu sempre através da ação direta da população, seja com ações violentas (revoluções, etc.), seja por meio pacífico (eleições, etc.).

        De acordo com o missivista, a população dos EUA é incapaz hoje de realizar qualquer tipo de modificação importante porque estaria “ensimesmada” (sic). Ela, apenas por existir, se bastaria como modelo a si mesma. E com o agravante de que a ação individual extrema não consegue fazer com que essas pessoas percebam que o caminho trilhado está levando a sua própria derrocada. E o ele justifica sua tese afirmando que não há pacto social atualmente nos EUA. Isso é o mesmo que dizer que não há interação suficiente entre os indivíduos do país para que se discuta suas próprias necessidades, erros, acertos, etc. E estas necessidades estariam sendo determinadas e aceitas passivamente pela sociedade porque está sendo estabelecido por instituições, que são apresentadas como os orientadores da sociedade, tirando do indivíduo aquilo que ele tem de mais importante: o direito de definir, por si próprio, o que lhe melhor convém.

        Não há discussão de mérito se o que você faz é somente replicar algo que não foi definido e aceito por você.

        Aliás, o que pode ser considerado como atitude meritocrática, já que não é a sociedade que define os padrões do mérito, mas, segundo o missivista, um grupo restrito de pessoas?

        Por enquanto é isso. Se quiser continuar, terei grande satisfação em manter o debate.

        Abs

      • Caríssimo Roberto, tentarei ser breve na minha visão deste problema. Ok, concordo que as ideias que pautam o sistema político-social são construções humanas e sim, elas variam com o tempo.
        A questão é que a determinação do pacto social é sempre estabelecida de cima para baixo, sempre. É possível argumentar em inversões de perspectivas, já que como qualquer construção social sua lógica varia com o tempo. Uma revolução pode reestruturar as relações existentes entre o indivíduo e o Estado, por exemplo. Porém, sempre o Estado, o sistema economico, a religião, etc. irão conduzir o indivíduo nestas necessidades estabelecidas por estas instituições.
        Essa é a beleza do liberalismo, concordo com você quando diz: ” … aquilo que ele (indivíduo) tem de mais importante: o direito de definir, por si próprio, o que lhe melhor convém.” Essa é a definição, por excelência, da livre iniciativa. Nesta perspectiva, o liberalismo delega ao indivíduo o grau de esforço (mérito) necessário para a obtenção (ou não, depende dele) de ganhos materiais. Assim, como disse no post anterior, a justiça existe ao oferecer uma maior igualdade de acesso às oportunidades, e a educação é o caminho, a partir daí é com cada um.
        Abs

  3. A esquerda fabiana dos EUA, não vai medir esforços para destruir a livre iniciativa, e monopolizar o capital de poder nas mãos de alguns poucos “iluminados”
    E tanto lá quanto aqui, quando este veneno populista travestido de coitadista começar a fazer seu efeito, o povo não vai saber nem onde o galo cantou.

  4. eu tb gostei do texto, sempre disse que o capitalismo sozinho nao é completo e pode chegar ao fracasso, porem o socialismo em si ja é um fracasso, o jornalista disse de forma bem clara o que é o socialismo, (o socialismo tem uma capacidade muito boa de “diagnostico”(é verdade), mas na parte da “solução” é totalmente incapaz e é por isso(e outras coisas) que nao deu certo), mas o capitalismo precisa um pouco de socialismo sim, pois nao a como viver só com o ideal do “lucro”, avançamos em muitas áreas só que a que condiz em nos mesmos estamos super atrasados.

  5. O AUTOR É SÓ MAIS UM MELANCIA QUE NÃO TEM CORAGEM PARA SAIR DO ARMÁRIO… o capitalismo selvagem não é desejável, assim como o socialismo “garantidor” que, na verdade garante que teremos muitos vagabundos incompetentes e despreparados que não terão condições de competir e falecerão perante o sistema meritório porque foi induzido a não se preparar para a competição saudável… o que muitos aqui, que não são socialistas mas foram criados nessa névoa enganadora querem não é o estado “um pouco socialista” mas na verdade um estado que garanta que as regras do jogo de competição sejam respeitadas… nesse mister é que surgem as legislações antitruste que até os americanos capitalistas usam… na verdade, o capitalismo é o sistema econômico e político mais viável porque sem os consumidores preparados para consumir com qntidade e qualidade os capitalistas não sobreviveriam… quem mais quer que a sociedade enriqueça são os empresários e os banqueiros, porque sem riquezas geradas por esses, estes não existiriam… povo pobre, imbecilizado e desnutrido só interessam aqueles que tem uma visão marxista retrógrada e distorcida da realidade… são psicopatas que querem implantar tal regime apenas para que seu grupo mafioso alcance o poder, se instale e não sai mais dali, usando o povo ignorante como trampolim… e claro, com a ajuda da propaganda fascista e enganadora…

  6. Eu tenho um grd amigo q vai duas (2) x por ano à UE à passeio, e ele sempre diz-me :Eu estou na federal por meritocracia….previlegiada, e ele está cero, sempre estudou nos melhore colegios, tem sempre explicadoras e nunca trabalhou..e eu vendia o almoço p “talvez” obter o jantar….pura meritocracia.Sds.

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