Evolução das Armas Antitanque Parte 4: MSS 1.2 A Arma antitanque brasileira- ontem, hoje e amanhã

Imagem de capa: Pedro Teruaki Kawakam

E.M.Pinto


O MSS-1.2 representa um avanço significativo no esforço do Exército Brasileiro para fortalecer sua capacidade no campo dos mísseis anticarro, em resposta à crescente relevância dessas armas no cenário militar contemporâneo. A percepção desse esforço ganhou destaque quando se comparou a capacidade anticarro do Brasil com a de seus vizinhos sul-americanos, revelando um atraso na modernização das capacidades nacionais nesse aspecto.

Em resposta a isso,  introdução do MSS-1.2 que embora seja uma medida paliativa para essa lacuna identificada, oferece uma perspectiva de avanço futuro. O programa visa não apenas preencher essa lacuna, mas também proporcionar melhorias significativas, oferecendo maior alcance e letalidade do que as armas anteriormente utilizadas pelo Exército Brasileiro. Os testes em andamento visam aprimorar ainda mais essas capacidades, tornando o MSS-1.2 uma plataforma de armas mais eficiente e adaptada às necessidades operacionais do país.

Nesse sentido, este trabalho detalha o desenvolvimento, as características e o potencial impacto do MSS-1.2 AC, destacando sua importância para as operações militares brasileiras e seu papel na promoção da segurança regional. É um relato revelador de como o Brasil está se posicionando para enfrentar os desafios do século XXI, fortalecendo suas defesas e ajustando-se às demandas de um ambiente de segurança em constante transformação.


Prelúdio

A primeira tentativa do Brasil de desenvolver um míssil anticarro, surgiu ainda nos anos 50 com esforçosdo Exército Brasileiro em 1958 os quais geraram os primeiros estudos para adquirir mísseis, um esforço precursor e visionário conduzido pela então Escola Técnica do Exército (ETE), hoje Instituto Militar de Engenharia (IME).

O projeto de outrora, visava desenvolver um míssil anticarro de comando remoto, guiado por fio, controlado por um joystick e manipulado por um operador de acordo coma s tecnologias da época presenets nos Mísseis anticarro de primeira geração. Essa iniciativa demonstrava uma inegável inovação para a época, contudo, acabou sendo interrompida em detrimento da iniciativa de aquisição direta do míssil  suíço-alemão “Cobra AC”.

O “Cobra AC”, produzido pela empresa alemã MBB (Messerschmitt-Bölkow-Blohm)

O “Cobra AC”, produzido pela empresa alemã MBB (Messerschmitt-Bölkow-Blohm), representava um avanço tecnológico com suas dimensões compactas e facilidade de transporte. Com apenas 0,95 m de comprimento e 10kg, este míssil oferecia um alcance de até 1,6, porém, sua velocidade de 300 Km/h, destacava-se como uma limitação. Equipado com dois motores e ogivas de combate extremamente leves de apenas 2,7 kg, a arma mostrava-se defasada frente a evolução que se veria nas blindagens e sistemas de contramedidas que viriam surgir nas décadas de 60, 70 e especialmente 80.

O “Cobra AC”,(Messerschmitt-Bölkow-Blohm)

Sua operação baseava-se na pontaria visual, utilizando um sistema de comando guiado por joystick acoplado a uma luneta ou binóculo de observação. Desde o início das tratativas, a intenção era nacionalizá-lo por meio de esforços que seriam implementados sobe a êgide do acordo que Brasil e Alemanha haviam então assinado e cuja produção caberia à empresa brasileira de armamentos,  IMBEL.

O míssil “nacional” receberia no País a designação de AC SS-X1 “Cobra”, porém este programa jamais se concretizou, fazendo com que os estudos fossem redirecionados para o MAF/LEO/MSS 1.2 AC, de concepção mais moderna e melhor desempenho operacional, sendo de origem italiana do projeto do “Missile Anti-Carro della Fanteria” (MAF), posteriormente designado MSS-1.2 AC.

Esse novo projeto, concebido em parceria entre a italiana OTO-Melara e a brasileira Engemissil, foi assumido pela Órbita Sistemas Aeroespaciais S.A., uma sociedade formada pela Embraer, Engesa e outras empresas, que se tornou responsável pela fabricação nacional de mísseis.

A Órbita Sistemas Aeroespaciais S.A. estabelecida em São José dos Campos, com participação acionária da Embraer e Engesa, simbolizava um marco na capacidade nacional de produção de armamentos. Com um capital social bem distribuído entre as empresas envolvidas e um quadro de 250 funcionários, a empresa estava posicionada estrategicamente para contribuir significativamente para o desenvolvimento tecnológico do país, com a fabricação local de mísseis. Essa iniciativa não apenas representava uma cooperação internacional com a Itália, mas também evidenciava a busca do Brasil por autonomia e excelência na indústria de defesa.

LEO – Imagem Forças de Defesa

Porém, a Órbita Sistemas Aeroespaciais S.A. enfrentou desafios ao longo de sua história, especialmente após o término de seu contrato com a Embraer em 1991. Com a diminuição de projetos e financiamentos, a empresa enfrentou dificuldades financeiras e operacionais. Em meio a essas adversidades, a Órbita encerrou suas atividades como fabricante de mísseis no Brasil.

Apesar dos esforços iniciais e do potencial de colaboração com a indústria aeroespacial brasileira, a Órbita não conseguiu sustentar suas operações e foi gradualmente desativada. O encerramento das atividades da empresa representou um revés para a indústria nacional de defesa, especialmente no que diz respeito ao desenvolvimento e produção de mísseis.

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Fases do Desenvolvimento

1980: Iniciado o desenvolvimento do “Missile Anti-Carro della Fanteria” (MAF) na Itália pela Oto Melara, em parceria com outras empresas europeias. Em 1986, o Exército Brasileiro abre uma licitação para um míssil anticarro de médio alcance, selecionando o MAF como vencedor e possibilitando uma transferência de tecnologia para o Brasil.

1987: A Engesa transfere o projeto para a recém-criada Órbita Sistemas Aeroespaciais S.A, dando origem ao MSS-1.2 LEO. O projeto recebe financiamento do Exército Brasileiro.

1990: Mais de vinte mísseis são testados, porém o Exército Italiano opta pelo MILAN. A Órbita enfrenta dificuldades financeiras e o projeto é suspenso.

1991: O programa é transferido para o Exército e a recém-criada Mectron Engenharia, que revisa e moderniza o projeto.

2000: Após uma década de desenvolvimento, protótipos são aprovados em testes. O Exército Brasileiro autoriza a produção de um lote piloto de 66 mísseis em 2008.

2010: O lote piloto é entregue ao Exército e ao Corpo de Fuzileiros Navais entre 2013 e 2014. O projeto passa por revisões e testes adicionais, enfrentando desafios técnicos.

2017: A SIATT – Engenharia, Indústria e Comércio assume o projeto, redesenhando o sistema de guiagem e retomando os testes.

2023: Testes continuam e em 2023 o míssil está próximo da produção em série. O grupo EDGE dos Emirados Árabes Unidos adquire 50% da SIATT.

2023: Em resposta à crise na Guiana Essequiba, o Exército Brasileiro adianta a distribuição do MSS 1.2, enviando parte do estoque para Roraima.

2024: Avaliações técnicas dos lotes pré-série estão em fase final, com previsão de conclusão no primeiro semestre. O MSS 1.2 aguarda homologação do Exército Brasileiro para produção em série.

Um Míssil Anticarro Nacional?

No contexto das guerras do século XX e do atual mercado de defesa, os mísseis anticarro portáteis ganharam destaque, oferecendo uma alternativa mais acessível e de fácil operação, se tornando cada vez mais necessárias para fazer frente aos carros de combate cada vez mais poderosos e em constantes evoluções. Essas armas garante um impressionante poder assimétrico às forças leves no enfrentamento de unidades blindadas adversárias.

Ainda nos anos 80 os estudos efetuados pelos militares brasileiros já reconheciam uma lacuna significativa na defesa anticarro do país, destacando a necessidade de um aprimoramento em várias áreas, desde doutrina até infraestrutura. Em comparação com outros países sul-americanos, o Brasil já se encontrava defasado e como resultado partiu para a aquisição de mísseis no mercado exterior buscando na França a aquisição de lotes de mísseis  MILAN (Míssil d´Infanterie Léger Antichar).

Euromissile MILAN

O Exército Brasileiro adquiriu o sistema MILAN em diferentes versões ao longo dos anos. O MILAN é um míssil d disparado e comandado pelo posto de tiro lançador. Esta solução paliativa sanava em parte os problemas levantados, além disso o Exército se equipou com sistemas suécos Carl Gustaf 84 mm e AT-4  uma rarma leve anti carro, porém, no caso dos MILAN adquiridos em pequenas frações a custos elevados e descontinuidade programada, comprometeriam as capacidades a longo prazo e os demais sistemas possuiam alcances inferiores aos dos sistemas empregados  pelas nações vizinhas.

Ficou evidente que haveria espaço para o desenvolvimento de duas armas nacionais, um míssil anticarro Arma Leve Anticarro) ou Canhão Sem Recuo Descartável 84 mm e foi asism criada a condição para surgimento do Míssil MSS 1.2 que por muito tempo correu por fora basicamente mantido pelo produtor sem um interesse firme do Exército em adquirir quantidades significativas.

Dada a descontinuidade do programa até então,  o Exército Brasileiro de seguimento a mais uma nova aquisição de armas anticarro, desta vez buscando em Israel uma arma de 5ª geração, muito moderna o Míssil Spike LR2 que ainda sim foi contrado em quantidades mínimas de 100 mísseis.  De qualquer forma, a aquisição recente de sistemas como o SPIKE LR2 demonstra o compromisso contínuo do Exército Brasileiro em modernizar suas capacidades de defesa, preenchendo essa lacuna estratégica e melhorando sua posição no cenário de segurança regional.

Míssil Spike LR2

O planejamento de aquisições delineou etapas para a implementação de um novo sistema militar, com previsão de progressos a serem alcançados em diferentes fases. No segundo semestre de 2023, estava programado o recebimento dos simuladores, equipamentos essenciais para o treinamento e a familiarização dos militares com o novo sistema. Já no primeiro semestre de 2024, estava previsto o recebimento dos mísseis e lançadores, acompanhado da realização da capacitação inicial dos militares na operação e logística desse sistema, além da elaboração da documentação educacional, incluindo cursos operacionais e logísticos, administrados pelo Exército Brasileiro.

Essas etapas visavam garantir que as tropas estivessem devidamente preparadas para operar o novo equipamento com eficiência e segurança. A capacitação das frações de tropa era parte fundamental desse processo, visando assegurar que os militares estivessem aptos a utilizar o sistema de maneira eficaz durante as operações militares.

O objetivo final era alcançar a capacidade operacional plena até o final de 2024. Isso significava que, até esse prazo, todas as etapas de aquisição, treinamento e integração das novas capacidades estariam concluídas, permitindo que o Exército Brasileiro empregasse o sistema de forma efetiva em suas operações, contribuindo para a segurança e defesa do país.
Até a escrita desta matéria, não tivemos atualizações sobre o status deste programa, uma vez que o recente conflito em gaza pode ter alterado os planos, evidenciando ainda mais o problema da dependencia externa do Brasil de sistemas modernos de armas do exterior, e mais uma vez, destacando a necessiade de produção local de seus próprios sistemas de armas e domínio de suas tecnologias.

MSS 1.2 AC

MSS 1.2 AC (Fonte da Imagem- Tribuna de Brasília)

Para contrapor as limitações, o Exército brasileior passou a considerar o desenvolvimento do míssil anticarro MSS-1.2 AC que encontrava-se em desenvolviemnto desde os anos 1980. Atentativa de preencher essa lacuna baseia-se no desenvolvimento de um míssil que oferece maior alcance e letalidade que as armas anteriormente utilizadas pelo Exército Brasileiro.

Ao longo das décadas foram realizados com os primeiros protótipos do míssil os quais superam os 2,5km de alcance, aproximando-se das capacidades de sistemas empregados por nações vizinhas, como Chile, Colômbia, Equador e Peru,  porém ainda inferiores aos alcances de cerca de 4km dos mísseis operados pelos nossos vizinhos.

Esquema do interior do míssil MSS1.2AC, (Fonte Forças de Defesa)

O extenso período de desenvolvimento, se seguiu até meados de 2004 quando o protótipo foi aprovado após suscessivos disparos e modelos pré-série foram entregues para avaliação entre 2013 e 2014. Porém resslata-se que em 2023 o MSS 1.2 AC ainda não havia ainda alcançado a produção em série.

A Ocasião faz o …

A crise enfrentada pelo Grupo Odebrecht resultou na iniciativa de funcionários da então Mectron em estabelecer a SIATT – Engenharia, Indústria e Comércio, que assumiu o projeto em 2017.

Nesse mesmo período, foram propostas significativas melhorias na arma e houve uma revisão do sistema de guiagem, o qual recebeu aportes da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). Os testes foram reiniciados em 2018, com a colaboração de especialistas do Exército, e obtiveram resultados animadores.

O projeto estava então em uma fase de operação e avaliação técnico-operacional, visando viabilizar a produção de lotes piloto para encomendas das Forças Armadas Brasileiras e/ou para exportação. Vale ressaltar que o programa brasileiro já possuía mais de 30 anos de existência até esse ponto. As avaliações em campo prosseguiram ao longo de 2022.

Por acaso do destino, um evento ocorrido na fronteira norte do país evidenciou o estado de impotência que o Exército Brasileiro se encontrava sem uma solução viável,  a escolha mpelos modernos mísseis israelenses embora programada, não aconteceria no tempo hábil para que o Exército disusesse de uma arma eficáz para fazer frente aos problemas que poderiam surgir devido ao conflito Venezuelano/Guiano pela posse de essequibo.

Forças militares brasileirs deslocadas para a fronteira norte como resposta às crescentes tensões em Essequibo.

Precisou o Exército buscar por emergência uma arma no exterior para receber um caldo frio de respostas de indisponibilidade de muitos aliados para que o Exército e o Governo Federal entendessem que a necessidade urgente passa por outras questões. A entrada em serviço do míssil foi antecipada em meio à crise na Guiana Essequibo, levou o Exército Brasileiro a adiantar a utilização de parte do estoque disponível, estimado entre 50 e 60 unidades.
O Exército Brasileiro realizou então  o deslocamento estratégico de materiais de emprego militar para Roraima os quais foram incorporados ao 18° Regimento de Cavalaria Mecanizado, mais nova Unidade do Comando Militar da Amazônia. As dezenas foram enviadas prontamente para a fronteira norte.

Este evento serviu para demosntrar a importância estratégica do MSS 1.2 AC no cenário militar brasileiro e despertou o interesse do Exército reavivando o programa que desde 2014 vinha sendo novamente replanejado e melhroado.

Capacidades da arma

MSS 1.2AC Imagem-Leonardo FMO

O MSS 1.2 é um míssil projetado principalmente para ser usado contra veículos blindados, mas também pode ser empregado contra casamatas, ninhos de metralhadoras, estruturas de pequeno porte e helicópteros em voo estacionário.

O sistema completo é composto por dois subsistemas que incluem o Modo Apoio- simulador e equipamentos de teste, e o Modo Emprego, composto pelo tubo lançador, míssil e unidade de tiro. Estes sistemas são operados por uma equipe de dois homens, o atirador e o municiador.

O míssil e o tubo lançador possuem massa de 24 kg, enquanto a unidade de tiro, 28 kg, totalizando 52 kg. Em comparação com outros mísseis, como o MILAN ADT-ER (34 kg), Javelin (22,3 kg) e TOW-2A (21,6 kg), o MSS 1.2 apresenta uma massa competitivo. O tubo lançador é recarregável para múltiplos usos. Porém a arma não é de fácil operação ocmo os mísseis passíveis de serem lançados de ombro o que é uma limitação noq uesito flexibilidade da arma.

Quanto a mobilidade, o MSS 1.2 pode ser transportado por tropas em solo ou em veículos e tem a capacidade de ser lançado de paraquedas.

O sistema de orientação do MSS 1.2 é do tipo autoguiamento indireto, utilizando um sistema de comando por linha de visada (SACLOS). O operador direciona ópticamente um feixe laser em direção ao alvo, o qual é seguido pelo míssil (“beam rider”), cujo sensor está instalado na cauda. A trajetória do míssil é estabilizada por aletas retráteis e controlada por aletas acionadas eletricamente, permitindo uma precisão após acelerações de até 5 g.

Míssil MSS 1.2 AC e seu lançador- imagem Estratégia Global

Além disso, a unidade de tiro está equipada com uma câmera de visão noturna sensível à radiação infravermelha, possibilitando operações noturnas eficazes o que aumenta muito o espectro de uso desta arma e é um ponto positivo para sua operação.

A Carga do MSS 1.2 é classificada como high-explosive anti-tank (HEAT), contendo uma cabeça de guerra de carga oca. Sua capacidade de penetração em aço balístico homogêneo, conhecido como RHAe (Rolled Homogenous Armor equivalency), varia segundo as mais variadas fontes, sendo estimadas entre 500 e 800mm. Embora supere a do MILAN ADT-ER, permanece abaixo de mísseis como o Javelin, Spike ER e TOW, que utilizam cargas ocas duplas (tandem), permitindo a capacidade de enfrentar a blindagem reativa.
Outra informação importante da conta que o míssil pode possuir alcance aumenta de 3,5 k, superior aos obtidos nos ensaios originais.

O MSS 1.2 é classificada como high-explosive anti-tank (HEAT) Imagem-Leonardo FMO

MSS1.2 Imagem Leonardo FMEm 2021, um estudo realizado para a Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais analisou o MSS 1.2 em comparação com outras opções de armamento para um futuro Esquadrão Anticarro nas Brigadas de Cavalaria Mecanizadas. Nesse contexto, o sistema brasileiro foi considerado inadequado para essa função específica, mas ainda útil nas Seções Anticarro dos Regimentos de Cavalaria Mecanizados e unidades equivalentes.


Equipado com um sistema de propulsão de combustível sólido de dois estágios, o MSS 1.2 tem alcance efetivo de até 3,2 km. (Fonte da imagem: SIATT)

Outros parâmetros foram avaliados incluindo a experiência do fabricante, calibre superior a 105 mm, capacidade de visão noturna, equipe reduzida de apenas dois operadores, capacidade de adaptação a viaturas, alinhamento com a doutrina do Exército, aceitação política e custo.

A capacidade de penetração na blindagem de aço, embora esteja na faixa de 400 a 600 mm, foi considerada uma variável neutra.
No entanto, limitações como o alcance limitado, falta de variedade de munições (TANDEM, Termobparica, fragmentação etc), e principalmente o sistema de guiamento que não pertence à 4ª ou 5ª geração.
Outro ponto também cé o fato da arma aind anão ter sido provada em campo de batalha o que se mostrou um fator desfavorável ao seu uso em determinadas funções operacionais.
Porém sabe-se que a SIATT está empenhada em otimizar este míssil o que é uma improtantíssima notícia e que segue o curso natural de sistematicamente todos os sistemas modernos hoje disponíveis, nenhum deles surgiu da prancheta sem passar por consecutivas adequações e melhoramentos e este é o caminho.

Evoluções necessárias e perspectivas

Para transformar um míssil anticarro de 2ª/3ª Geração  em uma arma de 5ª geração, várias áreas-chave precisariam ser desenvolvidas e aprimoradas para atender aos requisitos e desafios modernos do campo de batalha. A

  • Integração de tecnologias furtivas para reduzir a assinatura do míssil, tornando-o menos detectável pelos inimigos e sistemas de defesa.
  • Implementação de sistemas avançados de busca e rastreamento, como sensores eletro-ópticos/infravermelhos (EO/IR), Integração do posto de tiro com tecnologia de sensoriamento remoto, para localizar e rastrear alvos com maior precisão e eficácia, mesmo em condições adversas.
  • Integração de capacidades de IA e sistemas autônomos de decisão para permitir que o míssil faça escolhas mais sofisticadas e adaptáveis durante o voo, como ajustar sua trajetória para contornar obstáculos ou selecionar o melhor ponto de impacto no alvo.
  • Incorporação de capacidades de rede e conectividade para permitir a comunicação entre o míssil e outras plataformas ou sistemas de comando e controle, possibilitando uma maior colaboração e coordenação tática com o posto de lançamento.
  • Desenvolvimento de sistemas de propulsão mais avançados e aerodinâmica aprimorada para permitir maior manobrabilidade e agilidade durante o voo, aumentando a capacidade do míssil de evadir contramedidas e atingir alvos móveis e bem-defendidos.
  • Implementação de cargas úteis mais avançadas, como ogivas explosivas de fragmentação direcionada, ogivas de energia cinética ou até mesmo sistemas de guerra eletrônica embarcados, para maximizar o impacto no alvo e aumentar a letalidade do míssil.
  • Integração às contramedidas eletrônicas ou sistemas de proteção  para aumentar a capacidade de sobrevivência do míssil contra ameaças de sistemas de defesa ativa.

Análise

Analisando o desenvolvimento e as características do MSS 1.2 AC, fica evidente que este míssil representa um marco significativo no esforço do Exército Brasileiro para fortalecer suas capacidades no segmento dos mísseis anticarro. Com uma trajetória que remonta aos anos 1980, o projeto enfrentou uma série de desafios ao longo das décadas, desde dificuldades financeiras até questões técnicas e operacionais.

A resposta estratégica do Brasil diante da importância crescente das armas anticarro é fundamental, especialmente considerando a lacuna identificada nas capacidades de defesa do país nesse aspecto. A busca por um sistema nacional representou um desafio ambicioso, mas necessário, dada a natureza dos conflitos modernos e a constante evolução das tecnologias militares.

Embora o MSS 1.2 tenha enfrentado críticas e desafios ao longo de seu desenvolvimento, seu potencial como uma arma eficaz no arsenal brasileiro é inegável. Suas características, embora possam não rivalizar com algumas das armas mais avançadas internacionalmente, ainda representam um avanço significativo em relação às opções anteriores disponíveis para as Forças Armadas do Brasil.

No entanto, é importante reconhecer que o sucesso do MSS 1.2 dependerá não apenas de suas capacidades técnicas, mas também de sua integração efetiva nas estratégias operacionais e táticas do Exército Brasileiro. Além disso, questões como a produção em série, homologação e distribuição eficiente do míssil serão essenciais para garantir sua eficácia no campo de batalha.

Portanto, enquanto o MSS 1.2 AC representa um passo significativo no fortalecimento das capacidades de defesa do Brasil, seu verdadeiro impacto só será totalmente compreendido quando for plenamente integrado e utilizado em operações reais. A continuidade do desenvolvimento e aprimoramento desse sistema são essenciais para garantir que o Brasil possa enfrentar os desafios futuros no campo de batalha com eficácia e segurança.

Por último e não menos importante, sabe-se que os estudos recentes reultaram em novos trabalhos e que algumas novidades podem surgir em relação à uma nova variante do Míssil, aqual se espera que resulte numa arma mais atualizada e capacitada.

Referências

  1. Centro Tecnológico do Exército (CTEx). Projetos em andamento. Disponível em: https://www.ctex.eb.mil.br/projetos-em-andamento
  2. Opto Eletrônica. MSS. Disponível em: https://opto.com.br/espaco-e-defesa/mss/.
  3. Exército Brasileiro. Armamento com tecnologia 100% nacional é deslocado para Roraima. Disponível em: https://www.eb.mil.br/web/noticias/w/armamento-com-tecnologia-100-nacional-e-deslocado-para-roraima.
  4. Instituto Militar de Engenharia (IME). Missil MSS1.2. Disponível em: https://rmct.ime.eb.br/arquivos/RMCT_2_quad_1999/missil_mss1.2.pdf.
  5. Exército Brasileiro. Noticiário do Exército. Disponível em: https://www2.eb.mil.br/web/noticias/noticiario-do-exercito/-/asset_publisher/U3X7kX8FkEXD/content/id/16507729.

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