Evolução das Armas Antitanque: Parte 2- Os Mísseis anti carro Iranianos – Sistemas e evoluções históricas

E.M.Pinto & Linnequer Santos


O desenvolvimento dos mísseis anti-tanque guiados (ATGMs) no Irã tem sido parte integrante da estratégia de defesa do país ao longo das décadas, com avanços significativos em tecnologia e capacidades.

Ao longo das décadas, o desenvolvimento dos mísseis anti-tanque no Irã refletiu não apenas a evolução tecnológica, mas também as necessidades estratégicas e as pressões geopolíticas enfrentadas pelo país.

O Irã continuou a buscar maior autonomia em sua capacidade de defesa, desenvolvendo sistemas próprios e adaptando tecnologias estrangeiras para atender às suas exigências específicas de segurança.


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O desenvolvimento de armas anticarro ou anti-tanque foi de grande importância para o Irã devido a vários motivos ao longo das décadas de 1970, 1980 e 1990. Ainda nos anos 70, o Irã estava sob o regime do Xá Reza Pahlavi. Nesse período, o país estava empenhado em modernizar suas forças armadas e expandir sua influência regional.

O desenvolvimento de armas, incluindo armas anti-tanque, era parte integrante dessa estratégia. O Irã estava focado em fortalecer suas defesas contra potenciais ameaças, especialmente considerando a instabilidade na região do Oriente Médio e as tensões com seus vizinhos, como o Iraque.

Já anos 80, o Irã enfrentou uma das fases mais desafiadoras de sua história recente: a Guerra Irã-Iraque (1980-1988). Neste conflito, as forças iranianas enfrentaram um inimigo poderoso em termos de capacidade militar. O Iraque, sob o governo de Saddam Hussein, lançou uma invasão ao Irã em 1980, e a guerra se arrastou por oito anos, resultando em milhares de mortes e grandes danos materiais.

O desenvolvimento de armas anti-tanque tornou-se crucial para o Irã durante esse conflito, já que os tanques eram uma peça central na estratégia de guerra do Iraque. Armas anti-tanque eficazes permitiriam ao Irã neutralizar as unidades blindadas iraquianas, uma necessidade estratégica para manter sua defesa.

Além disso, é importante notar que durante esse período, o Irã enfrentou um embargo de armas imposto por muitos países ocidentais, tornando-o dependente principalmente de suas próprias capacidades de produção de armas.

Na década seguinte, anos 90, o Irã enfrentou desafios significativos, incluindo sanções econômicas e uma contínua preocupação com a segurança regional. Durante esta década, o país continuou a investir em seu complexo militar, incluindo o desenvolvimento de tecnologia militar, como armas anticarro, como parte de sua estratégia de defesa.

De lá para cá, o Irã trabalhou para desenvolver sua própria indústria de defesa. Isso incluiu não apenas o desenvolvimento de armas, mas também a construção de capacidades para produção doméstica desses equipamentos. As indústrias de defesa iranianas se concentraram em superar os desafios tecnológicos e logísticos associados à produção de armas eficazes, incluindo armas anti-tanque.

No entanto, o país enfrentou obstáculos significativos, como a falta de acesso a tecnologias de ponta devido a sanções internacionais e a necessidade de inovação contínua para manter a relevância de suas armas em um ambiente em constante evolução.

O quadro a seguir sumarisa esta trajetória de desafios e superações e nos dá uma noção do longo caminho traçado pelo irã para alcançar autosuficiência e soberania no quesito armas anti-tanque:

Ao longo dos anos, o Irã fez avanços significativos no desenvolvimento de armas anti-tanque, passando de uma dependência inicial de mísseis americanos e soviéticos para o desenvolvimento de modelos autóctones.

Na década de 1970 e início dos anos 80, o Irã adquiriu uma variedade de armas anti-tanque de origem americana e soviética para fortalecer suas defesas e capacidades militares. Isso incluiu sistemas como o míssil TOW (Tube-launched, Optically-tracked, Wire-guided) dos EUA e os mísseis antitanque soviéticos como o AT-3 Sagger.

Mas foi no início da Guerra Irã-Iraque (1980-1988), que o Irã enfrentou a necessidade urgente de desenvolver suas próprias capacidades de produção de armas e ao longo dos anos, o Irã fez avanços significativos nesse sentido
como veremos neste artigo, os engenheiros iranianos trabalharam havidademente para alcançar:

  • A Melhoria de sistemas existentes como os mísseis TOW, adaptando-os para suas próprias necessidades e aumentando sua eficácia contra tanques inimigos.
  • Desenvolver  mísseis anti-tanque como o Toophan e o Raad. Esses sistemas foram projetados para serem eficazes contra tanques inimigos e foram integrados às forças armadas iranianas.
  • Inovação em tecnologia e design para melhorar a tecnologia de suas armas, Isso incluiu avanços em orientação, propulsão e capacidade de penetração de blindagem.
  • Diversificação de armas, lançadores de foguetes e sistemas de mísseis guiados por laser.
  • Produção em massa de suas armas anti-tanque, garantindo um suprimento constante para suas forças armadas.

Apesar dos avanços, o Irã enfrentou vários desafios no desenvolvimento de suas armas. Isso incluiu a necessidade de superar restrições tecnológicas devido a sanções internacionais, bem como a adaptação constante às novas tecnologias e táticas empregadas pelos adversários.

Em suma, o Irã passou de uma posição de dependência de armas estrangeiras para o desenvolvimento de suas próprias capacidades de produção de armas anticarro. Esses avanços ajudaram a fortalecer suas defesas e aumentar sua capacidade de dissuasão contra potenciais ameaças.

Na sequência deste artigo abordaremos os principais sitemas de arma anti-tanque iranianos como segue.

TOSAN

Míssil Sovietico 9M113 Konkurs

O Tosan, também conhecido como Tosan-1, é um míssil anti-tanque iraniano guiado por fio com sistemas de orientação SACLOS (Comando semiautomático para linha de visão).

Este sistema utiliza um método de comando de orientação do míssil  onde o operador deve apontar continuamente um dispositivo de mira para o alvo enquanto o míssil estiver em vôo, sistema muito semelhante ao utilizado no míssil Brasileiro MS 1.2.

O Tosan é baseado no modelo soviético 9M113 Konkurs, e resulta não do processo de engenharia reversa, mas sim de licença para produção local no Irã. O míssil foi licenciado pelo Irã em 1991 já na era pós soviética e a sua produção começou em janeiro de 2000 com inúmeras melhorias e modificações locais introduidas pelos engenheiros iranianos.

Em 2013, foi usado em jogos de guerra pelo IRGC em Kerman. O Tosan foi empregado na insurgência Houthi e na intervenção liderada pela Arábia Saudita no Iêmen. Sua implantação também foi relatada em áreas de fronteira iranianas em 2018. O míssil pesa 26,5 kg e possui uma série de características, incluindo alcance de 70 a 4000 metros, velocidade máxima de 200 metros por segundo e taxa de penetração na armadura de até 670 mm. Ele pode ser equipado com câmeras de imagem térmica RU244TK e RU150TK.

TONDAR

9M119 Svir

O Míssil Tondar é um míssil anti-tanque iraniano disparado a partir das armas principais dos carros de combate T-72 e T-90.  O míssil é fabricado pelo Ministério da Defesa e Logística das Forças Armadas do Irã é lançado de canhão de 125 mm e pode destruir alvos diversos a uma distância de 4km. De fato o míssil é uma cópia feito a partir do míssil Sovietico 9M119 Svir conhecido como AT-11 Sniper.

Os especialistas iranianos aplicaram as capacidades do míssil Tosan no processo de fabricação do míssil Tondar, o que significa que este míssil anti-tanque passou a ser capaz de atingir alvos fixos/móveis em terra e no mar. Além disso, possui a capacidade de destruir alvos aéreos em baixa velocidade, devido ao seu tipo de orientação.

A cabeça de guerra do míssil Tondar é mais leve do que o do míssil AT-11 Sniper, o que pode indicar mudanças de projeto ou relatórios de dados imprecisos. O Comandante do Exército da República Islâmica do Irã na região de Fars afirmou que os mísseis iranianos Dehlaviyeh, Tondar e Tusan foram testados pela primeira vez durante o exercício Beit al-Moqaddas 26 em maio de 2014.

RAAD

Sistema de mísseis RAAD e torre de lançamento

O Raad é um míssil antitanque guiado por fio iraniano baseado no míssil soviético 9M14M Malyutka (AT-3b Sagger). O Irã iniciou a produção em massa desta aerma em 1988 e foi apresentado publicamente em 1997, fabricado pela Indústrias de Mísseis Parchin, subsidiária da Organização de Indústrias de Defesa do Irã.

Ao que se sabe, esta arma ainda continua sendo produzida e existem quatro variantes da família Raad sendo eles:

  • O míssil base, que de fato é um clone do Malyutka-M 9M14M (AT-3b Sagger).
  • O segundo membro da família é o  I-RAAD, com orientação SACLOS.
  • O terceiro membro é o RAAD-T, com uma ogiva tandem
  • Por último o I-RAAD-T, com ogiva tandem e orientação SACLOS que funde os avançoes de seus predecessores, sendo esta a versão ainda em produção.

Pode-se dizer que o Raad foi a  primeira arma anti-tanque construída pelo Irã. O Raad foi apresentado em 30 de abril de 1997. A SIPRI relatou que entre 1996 e 2001, o Irã produziu ou importou 1500 mísseis Raad e cerca de 2250 Sagger de 1996 a 2004. Em 2015, foram fabricados 4500 Raads no Irã.

O Raad foi usado por combatentes do Hizbullah na Guerra do Líbano de 2006 e na guerra civil síria. O Estado Islâmico também utilizou mísseis Raad no Iraque. Em 7 de outubro de 2023, militantes das Brigadas Al-Quds usaram um Raad-T durante um ataque a Israel a partir de Gaza.

SADID

O sistema Sadid-1 guiado por TV não chegoua ser integrado como arma principal dos drones Shahed 216, Não se sabe a razão, mas a arma foi desconsiderada.

O Sadid-1 foi desenvolvido para ser empregado pelo drone Shahed 129. O sistema possui cerca de 34 kg, tem 1,63 m de comprimento e 152 mm de diâmetro, com alcance de 6 km. Sua ogiva é preenchida com explosivo de composição H6 e tem um raio letal de 30 m. Pode ser equipado com buscador infravermelho, buscador laser ou buscador visual. Apesar do seu desenvolvimento, o Sadid-1 não chegou a ser usado para o fim que foi planejado. Não há informações para o insucesso do míssil que acabou sendo substituído por uma bomba de mesmo nome a Sadid-345.

TOOPHAN

Ainda nos anos 70, o Irã iniciou uma cooperação com a Emerson Energy Systems e a Hughes Missile Systems dos EUA para a produção conjunta dos mísseis BGM-71TOW e FGM-77A Dragon. No entanto, em maio de 1975, as negociações foram paralisadas devido a divergências de preços e, após a Revolução Islâmica de 1979, os EUA interromperam completamente a transferência de tecnologia para o Irã.

Durante a Guerra Irã-Iraque (1980-1988), o Irã precisava desesperadamente de mísseis antitanque para enfrentar as numerosas forças blindadas do exército iraquiano. O estoque inicial de armas iranianas que basicamente consistia em mísseis TOW, foi complementado pela compra de mísseis Malyutka (9M14 Malyutka) no mercado negro. Os mísseis TOW tiveram um alto índice de sucesso, levando o Irã a iniciar a engenharia reversa desses sistemas. Como resultado, 0 míssil Toophan foi desenvolvido com base no TOW e foi utilizado como base para o míssil Sadid-1 (supramencionado).

A família Toophan de mísseis antiblindados usa orientação de comando semiautomático para linha de visão (SACLOS). Os lançadores terrestres consistem em um tripé, uma mira eletro-óptica e um tubo contendo os mísseis. A mira detecta alvos durante o dia e à noite, e o operador deve manter o alvo na linha de visão até que o míssil atinja o alvo. Os comandos são enviados para correção de trajetória via fio para o míssil, garantindo uma alta precisão de ataque.

O Irã desenvolveu uma família de armas multiemprego baseada no Toophan da qual foi projetada para incluir 11 tipos de mísseis pelas indústrias do Ministério da Defesa da República Islâmica do Irã.

Até agora, 10 especificações dos mísseis foram identificadas. O décimo primeiro tipo parece ter sido uma atualização pesada baseada no modelo Spike, mas que será discutido posteriormente.
O quadro a seguir sumariza as versões desenvolvidas e suas características.

* G-M= Ghaem-M

** Massa total= Míssil + lançador

***Perfuração=Capacidade de perfuração em blindagem

H = HEAT

HTCO = HEAT-TAMDEN

TMB =Termobárica

FRA= Fragmentação

EFP= Explosively Formed Penetrator

Com os avanços da famílai Toophan o Irã deu seguimento a uma nova linha de mísseis derigavos, a família GHAEM como segue.

GHAEM

O  míssil Ghaem  é um míssil guiado semipesado destinado ao uso contra UAVs e helicópteros de vôo baixo ou estacionários. Este míssil é muito semelhante ao míssil Toophan-1 e é difícil distingui-lo.
As especificações exatas deste míssil não foram reveladas, mas diz-se que é um míssil guiado por laser e resistente à guerra eletrônica.
O sistema já está em sua segunda geração, denominado GHAEM-M que será descrito como segue.

GHAEM-M

O míssil Ghaem-M é uma variante aprimorada do míssil anti-helicóptero Ghaem, projetado para destruir alvos aéreos de baixa velocidade e altitude, especialmente helicópteros de ataque.

Ele utiliza vários buscadores de proximidade para melhorar seu desempenho e uma ogiva de fragmentação com 500 submunições, pesando 1,7 kg, para causar mais danos caso o míssil não atinja o alvo diretamente.

A variante”M” foi equipada com um motor maior, e possui um alcance de 6 km. O Míssil utiliza orientação por feixe de laser, semelhante ao míssil Toophan-5. Embora a altitude de tiro não seja especificada, se for de 5 km, o míssil será capaz de enfrentar a maioria dos drones e helicópteros.

SAEGHEH

O nome “Saegheh” na verdade se trata de outra família de arma anti-tanque iranianas cujo primeiro modelo o Saeghe 1 , é um clone iraniano de engenharia reversa do americano M47 Dragon SACLOS ATGM guiado por fio , introduzido em 2001. A arma entrou em produção muito recentemente em 2002.

Mais tarde  a  variante original foi logo substituída pela versão Saeghe 2, uma variante mais avançada com uma ogiva tandem destinada a perfurar blindagens reativas explosivas (ERA), atualmente a rma mais moderna é o  Saeghe-4 que utiliza uma ogiva termobárica.
Até a escrita deste artigo não obtivemos informaçõe smais precisas destas armas especificamente do Saeghe 3, cujas informações são confusas e desencontradas e desta forma optamos por não apresentá-las.

Os dados que dispomos dão conta de que a primeira versão, 0 Saeghe-1 cuja ogiva 6,1 kg e pode penetrar em blindagens de até 500 mm. Já o  Saeghe 2  Cuja Ogiva em tandem de 7,4 kg pode penetrar até 760 mm.Ambos possuem um alcance útil entre  50 a 1000 m.

Apesar de serem essencialmente obsoletos, os mísseis Saegheh foram exportados para a Síria, ao Hizbullah e as milícias xiitas no Iraque. O Saeghe 1 e o Saeghe 2 estavam em produção e serviço em 2011, embora não tenham sido amplamente implantados.

PIROOZ

O Pirooz é um míssil anti-tanque que se assemelhar ao Kornet-D da Rússia, a arma é lançada apartir de um transportador de mísseis sobre rodas. Ele possui um lançador quádruplo de design semelhante ao Kornet-M 9M133M.

O Pirooz foi revelado pela primeira vez na Exposição de Defesa do Iraque (IQDEX) em 2017. Após um período de testes, entrou oficialmente em serviço nas Forças Terrestres do Corpo de Guardas Revolucionários Islâmicos do Irã em 2021.

O sistema Pirooz consiste em quatro lançadores de mísseis montados em uma estação de armas controlada remotamente  a qual pode lançar o míssil Dehlavieh, uma cópia do míssil antitanque Kornet 9M113 russo.

O Pirooz é capaz de engajar alvos terrestres a uma distância máxima de 8km, mas também pode ser usado contra alvos aéreos com um alcance máximo de 1,8km. O veículo tem possui uma tripulação de dois integrantes e todas as operações de disparo podem ser realizadas de dentro do veículo.

A plataforma de armas é destinada a ser facilmente integrada com vários tipos de veículos blindados e táticos, embora no serviço iraniano seja especificamente projetado para o veículo tático Aras.

DEHLAVIEH 3

O Dehlavieh-3, foi apresentado durante a cerimônia de entrega de 10 novos sistemas de defesa pelo Ministério da Defesa e Logística das Forças Armadas do Irã. O Míssil é uma variante iranian feita por Engenharia Reversa do modelo russo 9m133M-2 Kornet-EM.

O Dehlavieh-3 possui uma ogiva poderosa que pode penetrar até 1300 mm de aço laminado e foi introduzido em produção em massa após ser visto pela primeira vez em 2021. Uma versão do Dehlavieh-3 com ogiva termobárica também foi apresentada para uso contra veículos blindados leves, pessoal e edifícações. Suas especificações incluem um alcance de 8km, velocidade máxima de 300 m/s quase superônico e massa de 31 kg, incluindo o contêiner lançador.

Este sistema de mísseis anti-tanque desenvolvido pelo Irã é extremamente portátil, projetado para ser facilmente transportado e implantado por operadores terrestres. O alcance do Dehlavieh 3 pode variar, mas é projetado para atingir alvos a distâncias significativas, possivelmente várias centenas de metros ou até mais, dependendo da versão específica e das capacidades de orientação.

A arma possui sistema de orientação que pode incluir tecnologias como sistemas de guiamento a laser ou sistemas de guiamento inercial, permitindo maior precisão na mira e no ataque a alvo e pode ser utilizado em diversas situações de combate, adaptando-se a diferentes ambientes e condições de batalha.

Sabe-se que o Dehlavieh 3 é de todas as armas iranianas anti-tanque a mais imune a contramedidas eletrônicas ou sistemas de defesa ativa que possam ser empregados pelos alvos. É integralmente produzido pelo Irã, o que significa que o país desenvolveu capacidades significativas em termos de pesquisa, desenvolvimento e produção de sistemas de armas.

ALMAS

O míssil  Almas é a mais nova revelação de armas anti-tanque iranianas. Trata-se de uma arma desenvolvida tanto para ataques ar-terra quanto terra-terra, com três variantes conhecidas: Almas-1, Almas-2 e Almas-3.

O Míssil foi visto pela primeira vez em 2020, durante a entrega de drones em massa ao Exército da República Islâmica do Irã, e oficialmente revelado durante um exercício militar em janeiro do ano seguinte.

O míssil Almas atraiu a atenção de especialistas militares por sua semelhança com o míssil israelense “Spike”. Alguns especialistas acreditam que, após a Guerra Israel-Hezbollah de 2006, mísseis Spike podem ter caído nas mãos de combatentes da resistência, que então os transferiram para o Irã. Especula-se que engenheiros iranianos realizaram engenharia reversa nesses mísseis, resultando na produção da família Almas.

Os mísseis Almas empregam ogivas anti-tanque de alto explosivo (HEAT) ou termobáricas de carga tandem. Seu sistema de orientação é baseado em imagens infravermelhas (IIR) e sensores eletro-ópticos. O míssil é projetado para atacar o ponto mais fraco da blindagem, aumentando sua eficácia. Além disso, possui capacidade de “dispare e esqueça”, o que reduz os danos à equipe de lançamento.

  • A variante Almas-1 tem um alcance de 4km e massa 15 kg.
  • O Almas-2 é uma versão mais avançada, com alcance de cerca de 8km e capacidade de penetrar 1000 mm de blindagem.
  • Já a Almas-3, a mais recente da família, é maior e se assemelha ao míssil Spike ER, provavelmente tendo um alcance de cerca de 10 km. Seu sistema de orientação pode ser atualizado com um link de RF para alcançar um alcance de 16 km se disparado de uma aeronave.

ANÁLISE

Ao longo das décadas, o Irã demonstrou um compromisso contínuo com o desenvolvimento e aprimoramento de seus mísseis anti-tanque (ATGM), visando fortalecer suas capacidades defensivas.

Desde os anos 70, quando começou a adquirir tecnologia estrangeira, até os anos 2020, quando provavelmente intensificou seus esforços para enfrentar desafios emergentes, como mudanças no cenário de segurança regional, o Irã tem avançado significativamente nessa área.

As décadas testemunharam uma progressão constante, desde a aquisição de sistemas estrangeiros até o desenvolvimento de tecnologia própria, refletindo o desejo do país de alcançar independência tecnológica e reforçar sua dissuasão contra possíveis ameaças.

Ao longo desse período, os avanços foram evidentes, com a introdução de sistemas mais sofisticados, precisos e capazes de penetrar as defesas inimigas, mostrando a evolução contínua das capacidades militares iranianas.

 


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Fontes

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