Em entrevista à DW, diretor de ONG responsável por relatório sobre arsenais do “Estado Islâmico” afirma que organização terrorista fabrica armas e munições em grande escala e com bons padrões de produção.
Equipes da ONG britânica Conflict Armament Research (CAR) acompanharam tropas do Iraque durante uma ofensiva contra a milícia terrorista do “Estado Islâmico” (EI) na cidade de Mossul, em novembro último.
Após examinar armas e munições abandonadas no campo de batalha, assim como seis fábricas de armamentos, os especialistas britânicos constataram que os jihadistas do EI estão capacitados a produzir equipamento militar de qualidade surpreendentemente elevada. Os materiais de produção vêm sobretudo da Turquia.
Nesta quarta-feira (14/12) a CAR publica seu relatório sobre os achados. A DW entrevistou o diretor da ONG, James Beavan.
Especialista em armas James Beavan no Iraque
DW: Que tipos de armas eram produzidos nas fábricas do EI, em que quantidade e qualidade?
James Beavan: Em primeira linha, o “Estado Islâmico” produzia granadas de morteiro de diversos calibres, sobretudo de 120 milímetros, assim como, pelo menos, dois tipos de mísseis. Tanto o que vimos nas oficinas como o que pudemos recolher no campo de batalha permite concluir que foram fabricadas dezenas de milhares dessas granadas.
Em relação à qualidade, o EI trabalha com regras de controle padronizadas. Documentos que encontramos enumeram as especificações exatas: ao conferir as medidas, constatamos que a munição encontrada correspondia exatamente às indicações. A precisão era elevada, a qualidade de produção, boa.
Simplicidade mortal: formas de fundição para granadas de morteiro
Então, até que ponto o EI depende da própria produção armamentista? Que papel ela desempenha na logística bélica da milícia terrorista?
O EI emprega armas improvisadas, mas as aplica de forma convencional. Na maioria, seus comandantes eram oficiais do Exército ou dos serviços secretos iraquianos, por isso tendem mais a um uso convencional. Com a fabricação de granadas de morteiro, por exemplo, fica suprida a demanda de artilharia local; o mesmo se aplica aos mísseis. Eles foram e são usados em larga escala, também durante a estada da equipe da CAR em Mossul.
Quão sofisticada é essa produção de armamentos?
Falamos de armas improvisadas no sentido de não se utilizarem materiais padronizados, ou explosivos e combustíveis para mísseis industriais. Contudo, mesmo se as oficinas pareciam muito simples, os terroristas produziam o que necessitavam em regime de divisão de trabalho, em grande escala e com qualidade adequada. Era bem mais desenvolvido do que tudo o que já vimos numa tropa não estatal.
Também examinamos fábricas armamentistas do EI em Ramadi, Fallujah ou Tikrit, mas o volume de produção em Mossul era muito maior. Afinal, a cidade é o centro econômico do “Estado Islâmico”, é uma metrópole importante, a segunda maior do Iraque, possuía enorme capacidade tecnológica e de produção, e o EI se aproveitou dela.
Nitrato de potássio: da agricultura para o campo de batalha
Segundo o relatório da CAR, o EI obteve, em grande quantidade, os produtos químicos primários para combustível de mísseis e explosivos através de uma cadeia de fornecimento estável, partindo sobretudo da Turquia. Como o EI consegue manter uma rede de abastecimento assim no longo prazo, sem que os serviços secretos se deem conta?
O governo turco sabe que tem um problema nas mãos. Ele até toma medidas para, por exemplo, regular a venda de nitrato de sódio, ou salitre, no mercado nacional. Essa substância é aplicada na agricultura como fertilizante, mas também pode servir à produção de explosivos. Mas o fato permanece: por muito tempo o EI pôde se suprir com produtos primários ou matérias primas químicas no mercado comercial do Sul da Turquia.
O estudo da cadeia de abastecimento mostra isso muito claramente. Durante muito tempo a fronteira entre as áreas controladas pelo EI e o Sul da Turquia esteve mais ou menos aberta, havia muito comércio transfronteiriço. Aqui é interessante o contraste com a fronteira separando a Turquia das zonas sob controle da milícia curda YPG, que está hermeticamente fechada.
Padrões rigorosos de produção: munição do EI é cuidadosamente rotulada
Além da produção armamentista, que outras informações sobre as armas do EI a CAR conseguir coletar em Mossul?
De início – e isso também foi divulgado – o EI se apoderou de muitas armas e munição do Exército do Iraque. Até hoje encontramos entre os jihadistas armas provenientes dos arsenais iraquianos. Também do Exército sírio eles tomaram muitas armas. Recentemente passaram a utilizar cada vez mais armas chegadas através do Norte da Síria. Com financiamento internacional, elas foram entregues pela Turquia a tropas rebeldes sírias, antes de chegarem às mãos do EI.
Qual a relevância das pesquisas da CAR para a continuação da ofensiva contra o EI em Mossul, em relação ao abastecimento da milícia terrorista com armas e munição?
Prefiro não especular. Mas o que estamos vendo é que no momento o EI dispara munição que acabou de ser produzida, nos últimos três anos. O consumo de munição deles é enorme, mas o fornecimento parece que segue funcionando. Eu concluiria que o EI está bem provido de armas e munição.
Edição: konner@planobrazil.com
Fonte: DW
Entrando Em Acordo Com O Inimigo
Uma Parábola Russa: Um caçador estava mirando um urso, quando o urso falou “Não é melhor falar do que atirar? O que é que você quer? Vamos negociar.”
Baixando a espingarda, o caçador falou “Eu quero um casaco de pelo de urso para me cobrir.” “Bom, esta é uma questão negociável” falou o urso. “Eu apenas quero um estômago cheio. Vamos negociar.”
Depois de algum tempo falando, o urso voltou sozinho para a floresta. As negociações foram um sucesso. Cada um recebeu o que queria. O urso conseguiu seu estômago cheio e o caçador ficou coberto de pelo de urso.
Entrar em acordo raramente satisfaz ambos os lados igualmente.
Na negociação com nosso inimigo, ele promete o que nós queremos, mas apenas pretende levar o que ele quer – a nossa alma. Você está tentando entrar em acordo ou negociar com o inimigo?
Por isso que não temos trégua ou negócio com a esquerda ursa que gosta de “conversar”… bala nela… GO TRUMP, GO… esse é dos meus… 🙂