Decadência dos Estaleiros Cariócas Parte II: Um dos maiores estaleiros do país, Eisa atrasa entregas e salários

EISAUm dos mais importantes estaleiros do país, o Estaleiro Ilha S.A (Eisa), do empresário German Efromovich (dono também da companhia aérea Avianca), passa pela pior crise de sua história.

Com as operações suspensas desde junho, deixou de pagar quase três meses de salários de 3.200 funcionários e acumula atraso na entrega mais de dez embarcações. Trata-se de um golpe no projeto de reabilitação da indústria naval, estimulada no governo Lula e que tem no pré-sal um forte propulsor.

Sucateados nos anos 1980 e 1990, os estaleiros foram reerguidos com a política de conteúdo nacional, mas hoje sofrem uma crise de competitividade que pode ser o prenúncio de uma onda de consolidação no setor.

O Eisa diz ter uma carteira de 14 navios a entregar, avaliada em US$ 1 bilhão. Para o mercado, o volume de embarcações em atraso é superior a 20, a maior parte destinada ao setor de óleo e gás. Um de seus clientes, a Log-In, afirma que tem quatro pedidos em atraso e teve de alugar barcos substitutos.

“Todas as nossas obrigações com o estaleiro estão pagas. Somos uma empresa adimplente com projetos que dependem dos navios”, afirma Vital Lopes, presidente da Log-In.

Em audiência do Ministério Público do Trabalho nesta terça-feira (12), o estaleiro prometeu que irá pagar a folha em duas parcelas nos próximos dias 20 e 30.

“O German conseguiu levantar R$ 40 milhões com um banco no exterior para honrar a folha e está negociando mais R$ 160 milhões para fazer a empresa voltar a operar”, afirma Omar Peres, representante da companhia.

Aproximadamente 2.500 funcionários poderão receber aviso prévio se até o dia 30 a segunda parcela do recurso não entrar. Uma parte dos funcionários deverá ser absorvida por outro estaleiro do grupo, o Mauá.

“Há mais de um ano eles demitiram 400 trabalhadores. Neste ano, começaram a atrasar salários. Já vinham com esse nível de dificuldade e sem demonstrar recuperação”, afirma Wallace Paz, diretor do Sindimetal Rio (sindicato de metalúrgicos do Estado).

A CRISE

A companhia enfrenta problemas de gestão e falta de capital de giro, situação que foi agravada no início deste ano, quando uma questão fiscal com a Receita levou a Justiça Federal do Rio de Janeiro a determinar o bloqueio de cerca de R$ 100 milhões do grupo Synergy, holding que controla os negócios de German Efromovich.

O gerador da dívida foi o outro estaleiro do grupo, o Mauá. “Já liberamos os recursos. Mas o bloqueio por 90 dias provocou esse estrago no Eisa. O estaleiro ia precisar ser capitalizado, mas não com essa urgência provocada pelo bloqueio dos bens”, afirma Peres.

O estaleiro já vinha tentando se recuperar de calotes anteriores, segundo seu representante. Em 2007, a PDVSA, estatal de petróleo da Venezuela, encomendou dez navios ao Ilha, mas não honrou os pagamentos após primeiro navio ficar pronto dois anos depois.

Nas últimas semanas, o Eisa tentou negociar um empréstimo de R$ 200 milhões com a Caixa, sem sucesso. Peres afirma que o empréstimo que está sendo negociado com um banco estrangeiro será suficiente para colocar o Eisa no azul em dois anos.

“Ainda buscamos sócios ou investidores pois o grupo está decidido a deixar a área naval”, diz Peres, que defende a criação de linhas de financiamento público para ajudar a consolidar o setor e melhorar a competitividade dos estaleiros.

Fonte: Folha de São Paulo

31 Comentários

  1. Me digam em que planeta o possível fechamento de um estaleiro se transforma em crise de um setor inteiro? Só em terra de bobos.

    Ou é só mais uma que a imprensa nacional cria para manter o discurso do fim do mundo daqui a 5 minutos.

    E o mais fantástico é que os comentaristas que se dizem capitalistas, a favor do livre mercado, chamando qualquer um que discorde de suas opiniões de comunista, botam a culpa disso no governo!!! Se é iniciativa privada pra que o governo deveria interferir? O Alvez80 postou aqui vários artigos onde se mostrava o tipo de empresário que administra este estaleiro, mas ainda assim culpa-se o governo. É o fim da picada.

    • RobertoCR,
      a matéria trata especificamente sobre o estaleiro EISA, o problema está na modificação do título…

      A chamada original desta matéria da FSP é:

      “UM DOS MAIORES ESTALEIROS DO PAÍS, EISA ATRASA ENTREGAS E SALÁRIOS”

      Más o editor do Plano Brasil entendeu que a crise
      no EISA é de forma genérica, a “Decadência dos Estaleiros Cariócas”, e acrescentou isto ao título…

      Más os problema pontuais da EISA, empresa privada administrada de forma incompetente…Não impedem a industria naval nacional como um todo de estar em franco desenvolvimento, na verdade os problemas atuais desta industria são do tipo “bom problema”, porque se referem mais a falta de capacidade instalada para atender a demanda.

      Porém em um movimento natural do mercado, frente a esta demanda não atendida estão surgindo novos estaleiros, investimentos de grande porte, que demandam alguns anos para amadurecerem…Más dentro de uma visão imediatista e “restrita ao buraco da fechadura”, isto é “crise”! Então tá…

      Noticia veiculada hoje demonstra bem o momento porque passa a industria naval brasileira:
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      13 de Agosto, 2014 -( Brasília )
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      “INDÚSTRIA NAVAL – 50 ESTALEIROS NO BRASIL”
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      Obras de quatro estaleiros entram na reta final

      http://www.defesanet.com.br/prosuper/noticia/16386/Industria-Naval—50-Estaleiros-no-Brasil/

      • Alvez 3 estaleiros cariocas estão fechando, a crise não é só no EISA, os 140 Navios da Fronap não se concretizaram a indústria contratou e não teve respaldo da PETROBRAS para as construções.
        Foram Criadas Vagas no Rio e não houve demanda como propagado nos discursos, este é só um dos problemas.

      • Tem outra coisa ainda Edilson, o atual grupo político no poder preferiu estaleiros instalados no RS e no Nordeste aos tradicionais estaleiros cariocas.

      • Edilson, quanto aos navios da “FRONAPE”, você está um pouco desatualizado, pois a FRONAPE deixou de existir em 1998…O equivalente atual é a Transpetro.

        E os 140 navios por tí citados (gostaria de mais informações, pois desconheço), é uma meta bem ambiciosa, visto que a própria FRONAPE que vc citou…Em toda sua história de quase meio século, entre 1950 e 1998, possuiu 160 navios e destes, em torno de 70 foram de fabricação nacional, o resto foi feito fora do país…

        E sobre estes 3 estaleiros em perigo, o EISA está incluído entre eles? E quais são?

      • Isso, Alves estás correto referia-me a Transpetro, mas não só navios Plataformas também, os contratos estão indo pra china, é só entrar na página do sindicato e ver isso
        Quanto aos estaleiros
        O Renavi está fechando
        O Caneco está indo a leilão
        E o antigo Ishibrás EPP está perdendo 3 das 4 plataformas para a china.

      • Ok Edilson, obrigado pelas informações…

        Sobre as plataformas e navios encomendados no exterior, acredito que haja aí uma questão de prazos referentes ao cronograma
        de investimentos (feitos com empréstimos) da Petrobrás, que não podem atrasar…

        Por meu lado, a informação que consegui localizar é de que a frota atual da Transpetro é de 60 navios e a encomenda de novos navios, que consta no site da Transpetro (sucessora da FRONAPE) é de 49 novos petroleiros…

        Trecho copiado do site da Transpetro:
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        “O Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef) integra o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do Governo Federal e é responsável por renovar a frota da Transpetro. A encomenda de 49 novos petroleiros e um investimento de R$ 10,8 bilhões.

        Criado em 2004, o Promef foi elaborado tendo como premissa a construção de navios no Brasil, com a garantia de estaleiros modernos e competitivos em nível internacional. As embarcações também devem conter um índice de nacionalização superior a 65%.”
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    • “E o mais fantástico é que os comentaristas que se dizem capitalistas, a favor do livre mercado, chamando qualquer um que discorde de suas opiniões de comunista, botam a culpa disso no governo!!! Se é iniciativa privada pra que o governo deveria interferir?”
      _
      Não confunda politicas de estado, para setores estratégicos nacionais, com atraso estatista. No Brasil o Empreendedor trava uma verdadeira batalha contra o estado,

      • “No Brasil o Empreendedor trava uma verdadeira batalha contra o estado”

        Isso é papo furado. E espero que não entenda como ofensa pessoal.

        Essa expressão “empreendedorismo” surgiu a uns 20 anos por aqui, dentro do racioncínio criado a partir do Consenso de Washington, mas de fato nada é criado ou desenvolvido no Brasil sem que primeiro o Estado entre com algum tipo de investimento financeiro. E isto é histórico e sem relação alguma com políticas de esquerda. Então, só ocorreu algum “empreendedorismo” no Brasil quando o empresário tinha garantias de que teria retorno financeiro bancado pelo Estado se as coisas não dessem certo. É fácil ser “empreendedor” desse jeito.

        Outra piada pronta que estão tentando vender por aqui é a noção de “start-up”, comum na economia dos EUA. Mas quem estes corajosos “empreendedores” estão pedindo para garantir a sobrevivência de uma start-up? Ao Estado através do governo!!! Isto é absurdo!!! Quem deve garantir qualquer coisa nesse modelo é a competência empresarial associada aos mecanismos de mercado como o sistema financeiro PRIVADO!!!

        Ora, se o sistema é baseado em livre iniciativa, deve-se assumir também os riscos inerentes a este sistema. O problema é que no Brasil o capitalismo é de cumpadres: o Estado, desde o tempo da Monarquia, sustenta a classe empresarial que, na primeira dificuldade, sai correndo atrás do dinheiro coletado via impostos. Aí fica fácil ser capitalista.

        E sobre esta nova neura da “crise do setor naval” (mais uma que aparece em tempos de eleição, só que com novo nome), eu acompanho bem o que está ocorrendo. O que é apresentado como problema nacional é de fato problema localizado nas plantas industriais do Rio de Janeiro por serem mais antigas e terem promovido adequação tecnológica tímida na comparação com outros estados da federação. O E.M.Pinto listou alguns deles acima, e posso garantir que todos eles receberam dinheiro e encomendas que permitiriam que “andassem” sob suas próprias pernas, mas preferiram seguir a velha cartilha do capitalista brasileiro de dividir os prejuízos com o Estado, coisa muito mais difícil de ocorrer atualmente. E afirmo isto não porque li em alguma publicação, mas porque tenho contatos dentro desse meio, especialmente no Rio de Janeiro. E é quase consenso que a indústria naval do Rio vai perder mais espaço no mercado nos próximos 5 anos.

        Então CAPA, política de Estado para o setor existe mesmo que você não goste dela. O problema é que essa política é mais ambiciosa do que a vontade de nossos capitalistas do setor, muito acostumados ao mínimo esforço e grandes margens de lucros. O empresário brasileiro não sabe trabalhar em ambientes competitivos e com margens de lucro pequanas, principalmente porque sempre foi “apadrinhado” pelo Estado. Agora que tem de mostrar competência e produtividade por conta própria se mostra de fato um dinossauro.

        Abs

      • Pois é RobertoCR…
        E sobre os três estaleiros fechando:

        1) O antigo estaleiro Caneco cessou sua atividades antes do ano 2000 e abriu falência em 2006.

        O estaleiro Rio Nave assumiu seu legado e realmente, a briga pelo espólio do antigo Caneco, com disputa judicial para que vá a leilão, especialmente o terreno, onde está instalado o RIO NAVE, ameaça este último…Más esta é uma questão judicial que transcende o papel do executivo.

        2) O estaleiro Renave é dedicado a manutenção,consertos e reformas de navios, não produz navios novos…Portanto não é afetado diretamente pelo
        aumento ou diminuição da carteira de encomendas de novos navios.

        3) O antigo Ishibrás, mais de vinte anos depois de fechar as portas…
        Está novamente ativo, foi arrendado pela Petrobras e reativado como estaleiro no fim de 2011 – começo de 2012, agora sob o nome de Estaleiro Inhaúma.

  2. O empresário brasileiro, em geral, é mala. Busca o lucro na malandragem, sonegando impostos, reduzindo salários e benefícios, piorando a qualidade ou reduzindo a quantidade e tamanho do produto. Economizando no descarte, mesmo que isso gere custos ambientais… Alguns pagam autoridades para obter “benefícios”…

    • O Empresário brasileiro, de fato, primitivo a ponto de estar, geralmente, em um estágio pré-capitalista. Mas pior que isso são os petistas….rs!

      • A culpa é sempre dos BURGUESES que não tem interesse em ganhar dinheiro… só sabem sugar a mais valia do pobre operário, por isso despedem em massa aqueles que lhe renderiam fortunas… 🙂 … eis a lógica do sindicalista socialista… 🙂 … ninguém fala da ALTA CARGA TRIBUTÁRIA que impede investimentos no país… da LEGISLAÇÃO TRABALHISTA ARCAICA que onera a folha e impede o aumento de salário para o trabalhador… dos SINDICATOS, verdadeiras MÁFIAS que vendem o próprio trabalhador para as empresas e para o governo… mas claro, a CULPA TEM QUE SER DO EMPRESÁRIO que não tem risco algum no processo empreendedor, apenas acha tudo pronto e abarcanha os lucros e não recolhe NADA aos cofres públicos e aos bolsos dos trabalhadores… 🙂 … eis a visão dos quadrúpedes esquerdopatas sobre a economia capitalista e empreendedorismo… ora, se eles não são empreendedores, como se metem a falar do que NÃO ENTENDEM NADA !!!… calados são uns gênios !!!… 🙂 … eles não processam os diversos fatores que compõe uma derrocada empreendedora… é sabido que uma grande porcentagem de empresas criadas vão a bancarrota… abrir um negócio não é sinonimo de vitória… muito pelo contrário… os riscos são altíssimos… isso os socialistas falastrões não citam, não é mesmo ???!!!… agora, esculacho mesmo, e INCOMPETÊNCIA PURA é quebrar uma petroleira como a PETROBRÁS que possui MONOPÓLIO ESTATAL e não assume qualquer risco no processo, só lucra… quer dizer, deveria lucrar… mas cadê o seu lucro ???!!!…

      • Alta carga tributária é na França e na Europa, onde o Imposto de Renda tem alíquota de até 90% (noventa por cento).

        A petrobrás está quebrada, quebrando todos os recordes de produção de nossa história. Encontrando mais e mais petróleo todos os dias.

        INCOMPETÊNCIA é deixar falta água em São Paulo, é construir aeroporto para a família, é roubar bilhões durante 30 anos em um sistema de metro que não consegue avançar um quilometro por ano.

        INCOMPETÊNCIA é vender patrimônio público na bacia das almas, a troco de migalhas e passar o governo devendo muito mais do que pegou.

        INCOMPETÊNCIA

      • Esse é Walfredo, o Petista Cor de Rosa. Em que pese ele ser um militante Pink, no quartinho dele predomina o vermelho. Também no quartinho dele, ao invés de uma boneca Barbie, tem uma boneca da Marilena Chauí, que faz companhia ao boneco do Ken, ops! do Lula. Fanático pela mitologia petista, natal para ele não é no dia 25/12 mas sim no dia 27/10, quando o Apedeuta nasceu. E ele acredita que nesse dia um raio de sol cortou o sertão até a casa onde o caudilho nasceu. Ele também acha que o Zé Dirceu é um Super Herói em bora todos saibam que a biografia do mensaleiro-mor é uma farsa.

        Ah! O nosso petista pink também tem uma camisa baby look mas ao invés de ser da Hello Kitty, tem a cara do Che Guevara…rs!

      • ESQUERDALHA COR-DE-ROSA, os fatos são os fatos… seu mimimi partidário não altera a realidade… pode vc tergiversar o qnto quiser… o problema é que a INCOMPETÊNCIA e a ROUBALHEIRA DOS PETRALHAS em cuidar da riqueza da nação não está mais dando para esconder… questão de tempo e serão chutados do panorama político nacional… ponha sua viola no saco e se mande logo… enquanto tem tempo para não ser caçado pelo povo revoltado com quem está lhe roubando… junho de 2013 provou isso… abre o olho, japonês sindicalista… 🙂

  3. Que eu saiba a industria naval brasileira apresentou grandes resultados na última década. E segundo levantamento realizado pelo Ipea, o setor vem crescendo a uma média 19,5% desde 2000, atingindo cerca de R$ 149,5 bilhões. O renascimento se deu graças às encomendas do setor de gás e petróleo. Nesse cenário a realização de políticas públicas, com a promoção de conteúdo local, foi fundamental. Agora o setor precisa de políticas continuadas e fortalecidas para que, da revitalização, se concretize uma indústria consolidada e capaz de enfrentar novos mercados.
    Acho o que se julga aqui, é o “todo pelas partes.

  4. O meu irmão,dizem,+ ñ éh, pq ele se parece mt comigo, trabalha em um estaleiro…vou saber a situação. E preocupante, o GF poderia fazer um pedido de vários Hovr’s e outros p a n MB q estaria justificado…e mt família desamparada..vamos tomar mediadas p ajuda esses patrícios. terrível.Sds. 🙁

  5. INDÚSTRIA NAVAL BRASILEIRA: JÁ SÃO 50 ESTALEIROS

    Indústria Naval – 50 Estaleiros no Brasil

    Obras de quatro estaleiros entram na reta final 

    Por Maria Alice Rosa, no jornal “Valor”

    “Quatro novos estaleiros estão na reta final de construção: “Oceana”, em Santa Catarina; “EBR”, no Rio Grande do Sul; “Jurong Aracruz”, no Espírito Santo; e “Enseada”, na Bahia. Com eles, o setor passa a contar com cerca de 50 estaleiros distribuídos de norte a sul do país, segundo o Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (SINAVAL). Há mais empreendimentos em fase de instalação, com previsão de abertura em médio ou longo prazos.

    As novas indústrias, assim como projetos de ampliação de estaleiros já constituídos, são resultado dos investimentos que reergueram o parque naval do país nos últimos 12 anos para atender à demanda da Petrobras por plataformas, embarcações e equipamentos necessários à exploração do petróleo do pré-sal e para permitir o escoamento de crescente produção agrícola. Passado esse primeiro momento, o setor busca a consolidação de suas conquistas com tecnologia de ponta, qualificação de mão de obra e aumento da produtividade para se tornar competitivo no mercado global.

    “A Petrobras atua no limite da tecnologia de prospecção em mar aberto, e nos poços mais profundos possíveis, o que significa que as embarcações fornecidas para suportar essas operações também precisam estar no limite do conhecimento. Esse é um dos nossos grandes desafios”, afirma Luiz Maurício Portela, presidente da Companhia Brasileira de Offshore (CBO), adquirida no fim do ano passado pelos grupos “Vinci Partners” e o fundo “P2 Brasil” – parceria entre “Pátria Investimentos” e “Promon” -, que detêm o controle do estaleiro junto com a empresa de participações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDESPar). Portela cita o caso das embarcações de apoio ligadas a satélites, que se aproximam de plataformas sem encostar nelas – um exemplo de recurso tecnológico avançado que otimiza as operações.

    O “Oceana”, que ocupa uma área de 320 mil metros quadrados em Itajaí (SC), tem sua produção voltada para embarcações de apoio offshore de médio porte e possui capacidade para processar 15 mil toneladas de aço por ano. Segundo Portela, essa capacidade instalada equivale ao fornecimento de seis “platform supply vessels” (PSV) por ano. Hoje, o estaleiro tem em sua carteira de encomendas dois PSV e dois “anchor handling tug supply” (AHTS). “Nossas embarcações estão no estado da arte da tecnologia que existe hoje”, afirma Portela. A conclusão das obras está prevista para agosto.

    No início de julho, uma nova tecnologia aportou em Aracruz, no Espírito Santo, trazida do Japão pelo “Sembcorp Marine”, grupo de Cingapura que está construindo o estaleiro “Jurong Aracruz” no local. É um guindaste flutuante gigante, de 140 metros de altura, 110 metros de comprimento, 46 metros de largura e quatro ganchos de 900 toneladas cada -, capaz de içar até 3,6 mil toneladas. O equipamento foi encomendado pelo “Sembcorp” a uma empresa japonesa para ser utilizado no Brasil, inicialmente na produção de sete sondas que o “Jurong Aracruz” vai produzir para a “Sete Brasil”, empresa que tem contrato para fornecer 29 sondas para a exploração do pré-sal à Petrobras. “O guindaste tem bandeira brasileira e poderá ser utilizado para prestar serviços para outros estaleiros”, diz a diretora institucional do “Jurong Aracruz”, Luciana Sandri.

    O estaleiro, cujo investimento é orçado em R$ 1 bilhão, terá capacidade para processar 4 mil toneladas mensais de aço e foi planejado com conceito integrado – fabrica todo o tipo de equipamento naval e atua também nos segmentos de transformação e reparo. O “Jurong” emprega cerca de 2,5 mil pessoas e, no pico da produção, prevista para agosto de 2016, deverá ter esse número ampliado para 5,4 mil vagas.

    Segundo Luciana, os equipamentos terão conteúdo local entre 55% e 65%, privilegiando fornecedores de navipeças brasileiros. O “Jurong Aracruz” é primeiro estaleiro do Espírito Santo. “O projeto deverá provocar uma diversificação da indústria capaz de representar uma nova era para a economia local”, afirma Luciana.

    Para Portela, do “Oceana”, a qualificação é um ponto crítico no processo de ressurgimento do parque naval nos últimos 15 anos. “O Brasil fez um projeto industrial antes de fazer um projeto educacional.”

    Ele conta que o “Oceana” criou um centro de treinamento que inclui grandes simuladores, cujos programas de capacitação podem durar meses antes de o profissional fazer seu primeiro embarque para o alto mar.

    No “Jurong”, apenas um dos programas de qualificação, realizado em parceria com o Instituto Federal do Espírito Santo (IFES), recebeu US$ 4 milhões, segundo Luciana. Duas mil pessoas passaram por treinamento.

    “É uma dificuldade, mas temos potencialidade grande, porque há anos são desenvolvidos projetos no país voltados para a capacitação no setor”, diz Humberto Rangel, diretor de relações institucionais e de sustentabilidade da “Enseada Indústria Naval”, citando o exemplo do Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural (PROMINP), da Petrobras.

    Maior projeto privado da Bahia, com investimentos de R$ 2,6 bilhões, o “Enseada” terá capacidade de processamento anual de 36 mil toneladas por turno de oito horas. Segundo Rangel, 75% das instalações estão prontas, incluindo o primeiro cais, e o estaleiro recebeu três navios. Um deles trouxe para o Brasil a primeira parte do guindaste Goliath, comprado do grupo finlandês Konecranes. O equipamento tem 150 metros de altura, e capacidade para içar 1,8 mil toneladas. O término da construção do empreendimento está previsto para 2015.”

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