Expansão da UE para o Leste foi positiva na economia

Uma década após a entrada de dez países do Leste Europeu no bloco, temores de concorrência excessiva nos negócios e no mercado de trabalho não se concretizaram. Migração de mão de obra passou a ser fato bem-vindo.

Fogos de artifício, show de luzes coloridas e um mar de bandeiras da União Europeia enfeitavam o céu de dez capitais europeias, há exatos dez anos. O Chipre, Eslováquia, Eslovênia, Estônia, Hungria, Letônia, Lituânia, Malta, Polônia e República Tcheca comemoravam seu ingresso no bloco europeu. O fato também foi, naturalmente, celebrado em Bruxelas. Mas nos antigos países da UE os sentimentos eram ambivalentes.

Entre as empresas com sede nos Estados-membros da UE, o clima definitivamente não era de euforia. A ampliação para o leste do continente era vista com ceticismo, sobretudo pelos empresários alemães. Se por um lado um maior mercado interno significava aumento no número de consumidores, por outro, forçaria uma maior competitividade.

“Três questões preocupavam as empresas alemãs essencialmente. Elas temiam uma concorrência mais forte dos produtos vindos do Leste Europeu no mercado interno alemão, assim como uma competição mais acirrada e também uma maior pressão para racionalização por parte das companhias que vinham para a Alemanha e mostravam um bom desempenho”, lembra Michael Grömling, do Instituto Econômico Alemão (IW, na sigla em alemão), sediado em Colônia.

Os integrantes da UE também temiam que, dada a grande diferença de qualidade de vida entre os países e as altas taxas de desemprego nos novos membros do Leste, haveria uma grande onda migratória para o Ocidente. Em 2003, o PIB per capita médio dos dez países que passariam a integrar o bloco europeu no ano seguinte era metade da média per capita dos antigos membros.

O diretor-gerente da Federação Central do Setor Alemão de Construção (ZDB), Felix Pakleppa, também se lembra da grande preocupação que tomou conta do setor há uma década. No início dos anos 2000, a construção civil atravessava uma longa fase de recessão, o que a deixara numa situação ruim. Pakleppa lembra que o medo da concorrência era enorme, pois as empresas estrangeiras tinham condições de oferecer preços mais em conta, devido às diferenças salariais.

Surpresa uma década depois

Do ponto de vista atual, é possível dizer-se que tudo correu bem nestes dez anos. Um estudo realizado pelo IW neste ano mostra que apenas 10% dos empresários avaliam ter sofrido um forte impacto com a ampliação da União Europeia para o Leste.

A pesquisa revela ainda que, de 2004 para cá, praticamente dobraram tanto a importação quanto a exportação de produtos dos novos Estados-membros. A Polônia passou a ser o principal destino dos produtos alemães, enquanto a Hungria perdeu importância. As expectativas mais sombrias não foram confirmadas.

“Isso também se deve, por exemplo, ao fato de o número de imigrantes ter sido menor do que o esperado”, explica Pakleppa. Alguns impactos – ainda que leves – foram registrados, admite o diretor do ZDB. “Percebemos que a concorrência na construção civil ficou maior. Isso se explica, sobretudo, pela diferença de custos com salários, seguro social e da hora de trabalho, onde a variação chega a 18, 19 euros.”

Segundo as normas da UE, funcionários e empregadores podem fazer uso do seguro social de seus países de origem por vários meses, mesmo que trabalhem em outro país do bloco.

Agora bem-vindos

Também houve uma certa decepção por parte dos mais otimistas e favoráveis à entrada de países do Leste na UE, que não tiveram suas expectativas correspondidas. “Na época, nós perguntamos às empresas se elas esperavam um mercado grande e em expansão no Leste da Europa.” Elas mostraram um otimismo que, embora contido, ainda foi excessivo, na opinião de Grömling, do IW.

Uma das causas seria a plena expansão dos países emergentes e em desenvolvimento, nessa mesma época. “Esses impulsos positivos, que de início se dirigiram mais ao Leste Europeu, provavelmente também migraram para outros países”, avalia Grömling. Segundo ele, para a construção civil alemã, não houve uma grande onda de expansão para os países da Europa Central e Oriental.

E, há dez anos, ainda era grande o temor de uma possível onda de imigração, agora empresários e associações econômicas enxergam a situação de maneira diferente. “Devido às tendências demográficas, hoje também há interesse na força de trabalho vinda do Leste Europeu. O número de jovens que poderiam constituir mão de obra na Alemanha está diminuindo. Assim, os trabalhadores do Centro e Leste da Europa são muito bem-vindos em nossos estabelecimentos hoje em dia”, registra Pakleppa. Mais uma prova de que os tempos mudam.

Fonte: DW.DE

15 Comentários

  1. vamos ver…. quando os russos começarem a desviar seu gás e petróleo da UE para a China PRC…tudo isso apenas fortalece e uni ainda mais os Brics…nós agradecemos..não se enganem senhores..todas essas movimentações…tem um motivo por trás…que é a ameaça dos Brics….tomaremos fatias dos mercados desta gente(já tomamos)…seremos sua principal ameaça…seremos os seus maiores rivais..tomaremos áreas de influencia, poder e controle….tomaremos a hegemonia desta gente… dai estas movimentações e ações…..existe uma guerra velada contra os Brics em varias frentes..por todas as frentes..uma guerra que se utiliza de todas as redes disponíveis..políticas, econômicas, sociais e militares…em 2006 um grupo de cerca de 20 nigerianos fizeram reféns em uma plataforma de extração de petróleo da shell no Golfo da Guiné….a shell então por causa disso encerrou sua produção de petróleo na região do delta nigeriano e como resultado os preços mundiais subiram drasticamente….o mundo de hoje interconectado é altamente vulnerável a interrupções no fornecimento de matérias primas essenciais e questões de negócios podem muito rapidamente se transformar em sérias questões de segurança internacional….

    • a China PRC..nação em ascensão massivamente industrializada precisa de gás e petróleo para manter sua indústria produzindo..e a Rússia precisa de clientes para comercializar suas abundantes riquezas naturais como gás, petróleo e minérios..e ambas potencias em ascensão precisam e precisarão cada vez mais de bens alimentícios e commodities para alimenta-los e manter seus países se desenvolvendo…é ai que o nosso pais…celeiro do mundo…entra e se faz….é ai que os Brics se farão…

      • um certo político famoso estadunidense uma certa vez afirmou: “Controlando o petróleo, se controlam os países. Controlando a alimentação, se controlam as populações.”

  2. CHINA PODE VIRAR MAIOR ECONOMIA MUNDIAL AINDA ESTE ANO

    Estatísticas coordenadas pelo Bird preveem que país supere os EUA neste ano em paridade de poder de compra

    CHRIS GILES – “FINANCIAL TIMES”

    Os Estados Unidos estão à beira de perder sua posição como maior economia do mundo e devem ser superados pela China neste ano, mais cedo do que em geral se esperava, de acordo com as mais importantes agências estatísticas do planeta.

    Os líderes da economia mundial são os EUA desde 1872, quando ultrapassaram o Reino Unido. A maioria dos economistas previa, até agora, que a China tomaria a primeira posição em 2019.

    Os números, compilados pelo ICP (Programa de Comparação Internacional), coordenado pelo Bird (Banco Mundial), são as mais abrangentes estimativas do que o dinheiro é capaz de pode comprar em diferentes países e são usados pela maioria das organizações do setor público e privado, a exemplo do FMI (Fundo Monetário Internacional). É a primeira vez que eles são atualizados desde 2005.

    Depois de extensas pesquisas sobre os preços de bens e serviços, o ICP concluiu que o dinheiro compra mais nos países pobres do que seus cálculos anteriores indicavam, o que o levou a reestimar o tamanho relativo das economias de mercado emergente.

    As estimativas quanto ao custo de vida real, conhecidas como “paridade de poder de compra” ou PPP (na sigla em inglês), são reconhecidas como a melhor maneira de comparar o tamanho de economias, de preferência às voláteis taxas de câmbio, que raramente refletem o custo real dos bens e serviços.

    Usando esse último indi- cador, o FMI estimou o PIB (Produto Interno Bruto) dos EUA para 2012 em US$ 16,2 trilhões, e o da China, em US$ 8,2 trilhões.

    AVANÇO

    Em 2005, o ICP estimava a economia da China com um valor equivalente a 43% do total norte-americano. Em razão da nova metodologia –e do crescimento muito mais rápido da economia chinesa–, a nova pesquisa estimou a economia chinesa como equivalente a 87% da norte-americana em 2011.

    Para 2011, o relatório afirma que “os EUA continuavam a ser a maior economia mundial, mas seguidos de perto pela China, na avaliação com base em PPP”.

    O FMI calcula que a economia da China cresça 24% entre 2011 e 2014, enquanto a dos EUA se expandirá em apenas 7,6% no período, e por isso é provável que a China vire líder neste ano.

    OUTROS PAÍSES

    Os números revolucionam a paisagem econômica mundial e elevam a importância dos grandes países de renda média. A Índia se torna a terceira maior economia mundial, subindo do 10º posto que ocupava anteriormente. O tamanho da economia indiana quase dobrou, do equivalente a 19% do produto norte-americano em 2005 para 37% em 2011.

    Rússia, Brasil, Indonésia e México estão na lista das 12 maiores economias mundiais. Em contraste, os altos custos e crescimento mais baixo colocam Japão e Reino Unido em desvantagem maior ante os Estados Unidos do que era o caso em 2005, enquanto a Alemanha melhorou um pouco sua posição relativa e a Itália não apresentou mudança.

    As constatações intensificarão a discussão sobre o controle de organizações internacionais como o Banco Mundial e o FMI, que está cada vez mais desalinhado com o balanço do poder econômico internacional.

    Tradução de PAULO MIGLIACCI

    Folha de São Paulo

    • Alias tudo referente a China sempre se efetiva mais cedo do que falavam os descrentes não é mesmo !

    • Por muito tempo usaram seus metodos de avaliações e especulavam o mercado numa clara manipulação segundo os interesses do “O Clubinho”.
      Esperem a reunião dos BRICS em Fortaleza onde não so crece o Banco Comum mas tambem a formação de Agencia de Classificação.
      Quem deve mandar na economia mundial quem tem dinheiro,energeticos,materias e generos ou quem especula com papeis e titulos ?

  3. por LUCENA
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    A expansão da CEE se esbarra na Rússia e na Turquia,fica difícil a CEE crescer sem pensar nos interesses Russos e Turco.
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    Vejo nessa expansão européia para o Leste, um potencial problema e sério; se estes não levar em conta a Rússia e a Turquia;elas são grande de mais para serem ignorada ou renegada;como a um porteiro,no caso da Turquia.
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    A Rússia não vai querer ficar do lado de fora do salão de festa dos nobres,isso tenham certeza.

    • Os russos podem… eles são grandes produtores de alimentos… rsrsrsrsrsrsrsrssrs… vão comer gelo daqui para frente, pois não se encontra mais alimentos que não tenha em sua matriz os transgênicos… irão querer pagar cinco vezes mais para cair fora dos transgênicos ???… 🙂

  4. Eu acho que o exemplo alemão não serve como parâmetro nesse caso. Por exemplo, o governo local eliminou um programa de qualificação de mao-de-obra, a cerca de um mês, em que pagava cursos profissionalizantes em outros países aos jovens que quisessem trabalhar na Alemanha, porque está preocupado com o volume de imigração.

    E não é difícil conferir como anda a questão migratória na Europa, principalmente se acompanharmos o movimento das pessoas do leste europeu. Estas pessoas atuam basicamente na agricultura, mudando frequentemente de país de acordo com o calendário das safras. Apesar da agricultura européia ser altamente mecanizada, a mão-de-obra barata e o grande volume de imigrantes disponíveis ainda permite o seu uso intensivo na agricultura. O problema é que boa parte dessas pessoas não é bem vista pela população local até por conta de seculares animozidades.

    Então essa visão “positiva” deve ser vista com algumas ressalvas.

    O progresso da Europa ocidental ainda está apoiada em grande parte sob as costas de populações pobres. A diferença agora é que, ao invés de preferirem imigrantes árabes ou do norte da África, a prioridade vai para o imigrante do leste europeu que sai de países com economia arruinada e incapaz de fazer frente ao sistema industrial ocidental. E, para desgraça dos países do leste, a maior parte destes imigrantes é composta de jovens.

    • Mas grande parte deles tambem tem curso superior e falam outras linguas ja os Arabes e Africanos são quase todos quase que a niveis de refugiados ou evadidos.

      • A justificativa de que a maioria dos imigrantes do leste tem curso superior não é verdadeira. De fato falam outras línguas até por conta de heranças culturais, mas na prática eles são tão “refugiados” quanto os imigrantes da África. São pessoas que não tem esperança de encontrar futuro financeiro em seus países pois, justamente, fazem parte de grandes massas populacionais com baixa ou nenhuma qualificação profissional e que não encontram trabalho no limitado mercado de trabalho de suas áreas de origem.

        Ao fim das contas o diferencial está apenas na maior escolaridade básica e na cor da pele. E na neura de que todo o mundo árabe e grande parte do norte da África pertence aquela religião do mal, como é visto o Islã. Melhor um branco, cristão fundamentalista, nazista do que o resto.

  5. E fato,+ mãos de obra qualificada e barata, sexo farto, barato e abundante.o problema são às máfias do, leste europeu, composta de Russos, Ucranianos e Albaneses..e a coisa vai melhorar economica/ e criminal/.Esse é o outro lado da msm moeda.Quem viver vera.Sds.

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