Dilma Rousseff é recebida pelo presidente do Peru, Ollanta Humala, em Lima.
Tai Nalon
A presidente Dilma Rousseff iniciou na manhã desta segunda-feira (11) uma série de compromissos em Lima, capital peruana, com o intuito de estreitar a relação entre o Brasil e o país vizinho, sobretudo do ponto de vista econômico.
Do lado brasileiro, Dilma discutiu estratégias de integração de transportes entre os países, com vistas à alimentação da rodovia Interoceânica, que liga Porto Velho (RO) ao litoral do Peru. Também conversaram sobre incentivos à criação conjunta de políticas de infraestrutura elétrica, além de ampliação da fronteira agrícola e modernização de portos e aeroportos.
Do lado peruano, o presidente Ollanta Humala, em momento delicado do mandato, quer levar a termo compromissos de aproximação assinados pelos países na área social, como o compartilhamento de iniciativas do Farmácia Popular e o Bolsa Família. Conversaram também sobre exportação de tecnologia para o desenvolvimento de vacinas contra a malária e a tuberculose.
Os dois países também demonstraram a intenção de cooperar no combate a redes de tráfico de pessoas que atuam nas fronteiras brasileira e peruana. “Eu e o presidente concordamos em cooperar para combater a rede internacional de traficantes de pessoas, de rede de traficantes de pessoas, como é o caso dos haitianos”, disse Dilma.
“Principalmente porque o Brasil considera os haitianos muito bem vindos. Nós não queremos que eles sejam vítimas dos coiotes que cobram para entrar no país –uma coisa que não é necessária, uma vez que abrimos as embaixadas para que os pudesse acolher”, continuou.
Havia também a expectativa de que os líderes discutissem apoio ao candidato boliviano à secretaria-geral da Unasul, Francisco Eguiguren, patrocinado por Humala, mas nem Dilma nem Humala anunciaram ter chegado a algum termo em comum.
Dilma chegou ao país por volta de 10h50, horário local (13h50 no horário de Brasília), e terá a agenda tomada por encontros bilaterais e compromisso com empresários. Está acompanhada dos ministros Fernando Pimentel (Desenvolvimento), Helena Chagas (Comunicação Social) e Luiz Alberto Figueiredo (Relações Exteriores), além do conselheiro para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia. É a quarta vez que visita o Peru na condição de presidente da República.
Os presidente de ambos os países assinaram ainda acordo de compartilhamento de dados de telecomunicações para regiões fronteiriças. Residentes nos municípios de Assis Brasil (AC), Iñapari e Iberia devem ser beneficiados com a flexibilização de regras de roaming internacional para o uso de telefonia.
“Creio que o caminho de integração [entre Brasil e Peru] é irreversível e inexorável”, disse Humala, ao fim da audiência.
Também assinaram memorandos nas áreas de infraestrutura de águas de boas práticas de trabalho e emprego.
Dilma retorna ao Brasil no fim do dia, após fala a empresários.
Dilma diz que Brasil vai triplicar comércio com Peru em 5 anos
A presidente Dilma Rousseff, em encontro com empresários em Lima, no Peru, firmou como meta nesta segunda-feira (11) que as relações comerciais entre aquele país e o Brasil deverão chegar a US$ 10 bilhões ao ano até 2018. Em uma fala de cerca de 30 minutos, comemorou os dez anos da parceria estratégica entre as duas nações e o crescimento de investimentos brasileiros em território peruano.
A uma plateia de mais de 100 empresários, disse que o fluxo comercial Brasil-Peru cresceu seis vezes desde 2003, passando de US$ 650 milhões ao ano a US$ 3,7 bilhões ao ano em 2012. Nos últimos nove meses, os países verificaram aumento de 7% nas relações comerciais em relação ao mesmo período do ano anterior e 50% nas exportações peruanas para o Brasil.
“Essa evolução é o resultado da progressiva eliminação de barreiras tarifárias aos nosso países. O acordo Brasil-Peru conferiu a partir de 2012 o acesso aos produtos brasileiros sem impostos. Seria importante que o mesmo acontecesse com relação ao Brasil, antecipando o acesso dos produtos brasileiros”, disse a presidente.
“Nós não vivemos numa época em que as características sejam as guerras comerciais e as barreiras protecionistas. Vivemos numa época em que a inserção se dará por capacidade de competição”, disse Dilma. “Quero aqui lançar um desafio para os empresários no sentido de colocar uma meta. A meta de US$ 10 bilhões no comércio Brasil-Peru nos próximos cinco anos. Uma meta é objetivo para se alcançar. Quando se alcança a gente muda a meta”, completou.
Dilma também convidou empresários a investir em infraestrutura no Brasil. Destacou a necessidade de ampliação de hidrovias, sobretudo na bacia amazônica, e citou a necessidade de aproximar os dois países por meio da necessidade de conectá-los do oceano Atlântico ao oceano Pacífico através da rodovia Interoceânica.
“Hoje uma das questões que mais preocupam o Brasil é a infraestrutura. Convidamos os senhores empresários a participar. São muito bem vindos. Temos projetos para rodovia, hidrovia, portos, aeroportos e petróleo. Gostaria de destacar que esses eixos de integração são possíveis se os empresários brasileiros e peruanos forem capazes de trocar informações. Estamos vendo a criação de oportunidades as mais diferenciadas”, completou.
Dilma retorna ainda na noite desta segunda-feira (11) para o Brasil, depois de passar o dia em uma série de encontros com autoridades e empresários peruanos, em Lima.
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