Os possíveis papéis que a Rússia pode desempenhar nas crises que tomam conta do Oriente Médio

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Debidatta Aurobinda Mahapatra

É um exercício interessante, e talvez frutífero, explorar os possíveis papéis que a Rússia pode desempenhar nas crises que tomam conta do Oriente Médio, algumas das quais muito longas e complexas, como as relações entre Irã e Israel. A questão nuclear iraniana e o conflito Israel-Palestina vêm testando os nervos dos líderes mundiais, e o envolvimento da Rússia nessas questões requer análise.

Apesar de as posições contrastantes da Rússia e Israel sobre os problemas na Síria ter aumentado as diferenças entre os dois países, nem tudo é ruim entre eles. Rússia e Israel compartilham valores históricos, como a diáspora russa, motivo pelo qual os russos são um segmento importante da população israelense e a língua russa é a terceira mais falada em Israel. Durante o massacre de judeus na época da Segunda Guerra Mundial, a URSS desempenhou um papel crucial na derrota dos nazistas.

Representando Israel durante a inauguração do Museu Judaico e Centro de Tolerância em Moscou em novembro passado, o presidente israelense Shimon Peres exaltou o papel da Rússia nesse contexto. “Eu acho que o mundo inteiro é profundamente grato ao povo russo por seus esforços sobre-humanos para erradicar a ameaça nazista”, disse Peres. O líder israelense também mostrou que conta com a liderança russa para conter a atual instabilidade no Oriente Médio e levar paz a regiões conturbadas do mundo. “Em seus ombros [Pútin] e sobre os ombros de Obama, pesa uma grande responsabilidade. Onde houver conflitos, compartilhamos a responsabilidade pela humanidade”, acrescentou o presidente.

“Pode ser possível elaborar um acordo segundo o qual Israel irá respeitar o direito da Palestina a soberania e integridade, e vice-versa, bem como do Irã reconhecer Israel como um Estado soberano no Oriente Médio e moderar seu programa de armas nucleares”

As palavras de Peres não devem ser tomadas superficialmente, e as interações entre os dois países continuam caminhando em uma direção frutífera. Em maio passado, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu visitou Moscou para discutir sobre a Síria, com o principal objetivo de travar o envio de um sistema de mísseis S-300. Israel teme que esse moderno sistema de armas possa cair nas mãos do Hezbollah, com o qual mantém uma longa rivalidade. Isso ameaçaria a sua segurança e integridade. Sob a lei internacional, a Rússia pode fornecer armas, incluindo o sistema S-300, para a Síria. Os relatórios atuais sugerem, contudo, que a Rússia ainda não enviou o sistema de armas completo, cuja operação requer um treinamento sofisticado.

A questão iraniana é um pouco mais complicada. Rússia e China têm insistido em uma resolução pacífica da questão por meios políticos, enquanto Israel e seus aliados, incluindo os EUA, veem o Irã com mais desconfiança. Do outro lado, os líderes iranianos garantem que seus programas nucleares têm fins pacíficos. Pútin pode usar a sua próxima visita ao Irã e cultivar o relacionamento com o novo líder iraniano Hassan Rouhani, percebido como moderado, para desenvolver uma conjuntura internacional em que seria possível avançar nessa questão. Muitas outras potências expressaram esperança de que Rouhani estará mais predisposto a cooperar do que seu antecessor. Um entendimento internacional por iniciativa da Rússia, e apoiado por todas as grandes potências, incluindo os membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas, vai neutralizar grande parte das tensões no Oriente Médio e a rivalidade entre Irã e Israel.

Uma das principais questões polêmicas entre Irã e Israel é a Palestina. O Irã não reconhece Israel como uma entidade soberana e percebe a política de Israel em relação à Palestina como discriminatória. A Rússia, juntamente com outros membros do Quarteto (Nações Unidas, Estados Unidos e UE), pode trabalhar para aproximar os dois países.

Pode ser possível elaborar um acordo segundo o qual Israel irá respeitar o direito da Palestina a soberania e integridade, e vice-versa, bem como do Irã reconhecer Israel como um Estado soberano no Oriente Médio e moderar seu programa de armas nucleares. O Quarteto expressou recentemente a esperança de retomada do diálogo entre Israel e Palestina. Embora a Palestina tenha demonstrado pessimismo sobre o papel do grupo, a Rússia pode usar sua relação com os líderes palestinos para acalmar os ânimos.

“Pútin pode usar a sua próxima visita ao Irã e cultivar o relacionamento com o novo líder iraniano Hassan Rouhani, percebido como moderado, para desenvolver uma conjuntura internacional em que seria possível avançar nessa questão”

A falta de visão no Oriente Médio pode ser perigosa; além disso, soluções pensando no futuro seriam benéficas não só para Israel, Palestina e Irã, mas para toda a região. A tão comentada Primavera Árabe e sua propalada meta de instaurar democracia não funcionou tanto, como provam os recentes acontecimentos na Tunísia, Líbia e Egito. Na ordem global pós-Guerra Fria, que testemunhou um aumento significativo dos conflitos internos, é prudente que as grandes potências se unam para enfrentar os confrontos e evitar a escalada da violência para além de suas fronteiras.

As tentativas de expulsar a Rússia do cenário do Oriente Médio, utilizando a Síria como exemplo, também não funcionaram. Esses esforços podem apenas comprometer ainda mais as perspectivas de paz. O representante da Rússia na ONU, Vitáli Tchúrkin, chamou a recente reunião do Conselho da Oposição Síria com os membros do Conselho de Segurança da ONU de “útil” e depositou esperança na conferência de paz proposta para debater a questão. Segundo ele, “ainda há uma boa chance, porque a alternativa seria tão terrível, que é definitivamente melhor continuar tentando”. Sob a liderança atual,  a Rússia assume um papel dinâmico com a intenção de reunir os rivais à mesa de diálogo e levar paz à região.

Debidatta Aurobinda Mahapatra é um comentarista indiano. Suas áreas de interesse incluem conflitos, terrorismo, paz e aspectos estratégicos da política eurasiática.

Fonte: Gazeta Russa

24 Comentários

  1. O que dizer da referida “análise”? Nota zero em isenção e conhecimento de geopolítica! A posição da Rússia no Oriente Médio é extremamente frágil e defensiva atualmente. Em que pese Assad estar virando o jogo e derrotando os terroristas a Síria ainda inspira cautela e nada indica que haverá uma vitória rápida. Quanto à Israel, fora ser o maior aliado dos EUA na região, ainda cultiva enorme e justificada desconfiança da Rússia por seu papel armando, financiando e por vezes até lutando junto com seus inimigos. E quanto ao Irã o Czar Putin pouco pode fazer para romper o isolamento diplomático do mesmo visto que quanto aos pontos nevrálgicos os iranianos continuam intransigentes.

    E quanto ao Egito e ao Iraque, isso fica para depois…

      • Quando o assunto é defecar pelos dedos você fala com conhecimento de causa já que é useiro e vezeiro na prática já que confunde a própria liberação de excrementos com liberdade de expressão…rs!

      • “Defecando pelos dedos eim?”… cara, fiquei passando mal de tanto rir! Nunca tinha ouvido este termo em minha vida! kkkk, o tireless deve ter tido um infarto.

      • Realmente William, por uma dessas vale a pena ler os comentários. Este pessoal costuma estar inspirado. É impossível não rir. Outro dia um amigo chamou o outro de Clotilde Boca de Pereba kkkkk, no fundo eles se amam rsrsrsr

  2. As tentativas de expulsar a Rússia do cenário do Oriente Médio, utilizando a Síria como exemplo, também não funcionaram. Esses esforços podem apenas comprometer ainda mais as perspectivas de paz. ===== Por enquanto o 2º > exportador de armas do planeta, e sem dúvidas de > qualidade, vide o AK-47 ser considerado o fuzil do século XX…mt difícil de ignorar.O BemAssado vai ganhar essa briga,tem + possibilidades a favor; vai demorar, c um custo de + de 200 mil vidas…depois golan.Quem viver verá.Sds.

    • Assad e´o melhor para Israel,ponto final, o ocidente esta percebendo que se tira-lo do poder a merda vai feder de vez para o ocidente, os russos estavam certos na libia e estao no caso Siria , estas influencias externas geralmente dao frutos quando sao exercidas sobre naçoes paria ou naçoes que possuem fortes divisoes internas, mas no caso do Ira~,nem russos ou chineses podem influencia-los, a coesao dentro do pais e´alta e ha um lider agregador no pais , entao se a negociaçao avançar ela tera´que ser feita entre os principais atores ,Ira e EUA ,israel que fique quieto e caladinho ,assim nao vao atrapalhar !

  3. por mais que os EUA tente, a Russia é uma superpotência e tem de ser respeitada. pois a paz do Oriente Médio e do mundo depende disso …

  4. A russia esta se levantando de novo… É questão de tempo até ela retomar o lugar que lhe é devido no mundo…

    Se comparar a situação de hoje com a do inicio dos anos 90, a Rússia esta bem melhor….

    Em que pese o fato de as lagartixa adestradas do foro de Davos nao aceitarem, Nada no mundo se faz sem que a Rússia de a sua opinião….

    E o Oriente médio é uma região com pessoas com cultura diferente,., e devem ser respeitados… Os EUA precisam entender que o mundo nao pertence a eles… Eles tem que aprender a respeitar os interesses dos outros países …..

    Doa a quem doer

    • Em que pese sua idolatria a mãe Russia, ela não tem as pretensões que vc quer para ela… ela vai, ao que tudo indica, se fechar como uma concha ao ocidente… é que vc é idiota demais para perceber isso…

    • As mesmas estultices de nosso engenheirinho rebimbocadaparafusetista! O menino das vetoriais não consegue enxergar que a posição da Rússia no O.M é extremamente frágil e que atualmente possuem uma margem de manobra extremamente estreita. Isso é um fato! E essa história de que nada no mundo se faz sem que a Rússia dê sua opinião é outra bravata! Mas nesse besteirol todo o que mais me divertiu foi isso aqui:

      “E o Oriente médio é uma região com pessoas com cultura diferente,., e devem ser respeitados…”

      Será que o minino pobre que foi estudar “nazoropa” estava se referindo ao fascismo iraniano quando falou em “culturas diferentes”? E como respeitar um regime abjeto desses, que arma e financia grupos terroristas? Ah! Já sei! É porque o ex-presidente de lá era amigo do iluminado de Garanhuns, que até tentou aquele acordo fajuto que virou papel higiênico usado. De fato, esse engenheirinho rebimbocadaparafusetista é uma comédia….

      • Vem cá…. Quem foi quem um dia desses recebeu os talebas na casa branca mesmo em? Com direito a condecorações e tudo mais?

        Quem foi que treinou o Osama BIn Laden?

        Naquela época eles era do bem?

        Quem forneçeu armas pro sSadam HOusseim?

        E a Inglaterra? O que ela faz negociando armas com o Irã?

        Huahuahuahauauhauahuhuahuaha

        Nao tem jeito…. Vc e seus iguais da trilogia sao movido à base muita hipocrisia e falso moralismo

        Nao é possível que vcs mesmos acreditem no que vcs falam….

        Vcs sao tão hipócritas que ja perderam o senso do que é falta de vergonha na cara!!

        E eu apenas me divirto esfregando isso nas ventas de voces

      • Vc e seus amigos com curso de piloto ja nao tem mais solução com psicologia ….

        Tem que ser na base do remédio mesmo…..

        Enfim…

        Eu acho graça da falsidade de vcs…..

        Por falar em besteirol, o rapaz ja conseguiu o brevê?

      • Nao adianta ensistir , a sua militancia pro russia(sovietica)nao faz sentido no seculo 21,os eslavos querem apenas garantir a entreguidade territorial,por isto fazem tais movimentos(alguns acertados ,Libia e Siria),mas com argumentos fracos vc acaba deixando os eslavos russos com vergonha,eles sofreram demais na mao dos cumunas hipocritas ,nao va envergonha-los com esta tietagem latrina das bananas !

      • Amigo TEROPODE, acho que agora posso descansar um pouco dos embates nestas formosas paginas contra os incólumes esquerdalhas… rsrsrsrs… acho que temos um guerreiro da verdade a altura de minhas expectativas em sua pessoa… suas colocações são brilhantes, empolgantes e bem colocadas, bem no queixo de vidro da ralé vermelhuxa e sabes colocar a força necessária nos embates cotidianos… vc é bem informado e esta com a verdade dos fatos … que continue combatendo o bom combate… a verdade prevalecerá… saudações…

  5. É extremamente improvável que a Russia venha a ter a capacidade de projeção de forças que teve no passado… A queda da União Soviética afetou o país profundamente e permanentemente. O caos econômico foi acompanhado de uma verdadeira hecatombe militar, de modo que a capacidade de projeção de força russa em larga escala se limita agora a sua vizinhança.

    O custo econômico de se manter forças armadas no “estado da arte” também se fará pesar em todos os sentidos sobre os russos… A começar pelo fato de que o poderio herdado da era soviética, na forma de equipamentos, será retirado até o final da próxima década. Daí que a substituição desses elementos se dará de forma progressiva, mas certamente o será em quantidade abaixo do que era na era soviética. Basta observar as notícias de reequipamento dos russos e as quantidades razoáveis que estão sendo adquiridas ( longe de serem aquelas aquisições titânicas de 40 anos atrás ). Será, sem sombra de dúvidas, uma potência. Mas não o será como na era soviética…

    Ademais, quase todos os países do leste europeus e vizinhos veem os russos com desconfiança… A maioria deles parte para a OTAN, de modo que provavelmente será formado um “cordão de isolamento” em torno do russos, que terminarão contidos em seu imenso território, de modo que não haverão saídas para os russos que não estarão sob vigia constante e de todas as formas possíveis.

    Agora, isso também não impede que os russos defendam seus interesses de outras formas… Patrulhas navais com meios de superfície e submarinos podem ser bastante eficazes no sentido de “mostrar presença” e fazer valer sua posição frente a países nos quais se tenha interesse, mas o poderio americano simplesmente não pode ser diretamente desafiado; seria problemático, no mínimo… No caso sírio, por exemplo, os russos podem abastecer os sírios de toda a sorte de armas convencionais e assim sendo, garantir a defesa de seus interesses naquela parte de mundo. Contudo, se a OTAN quiser, ela invade. E os russos simplesmente não estarão em posição de impedir… Em suma, são todas maneiras limitadas por natureza de exercer o poderio…

  6. “É extremamente improvável que a Russia venha a ter a capacidade de projeção de forças que teve no passado…”

    “…de modo que a capacidade de projeção de força russa em larga escala se limita agora a sua vizinhança.”
    ————————————————
    Você parte de um pressuposto 50% equivocado, de que os russos no período soviético tinham uma grande capacidade de projeção de poder…

    Isto é uma meia verdade, porque realmente, a União Soviética detinha um avassalador poder de projeção de forças terrestres, apoiadas por sua força aérea baseada em terra. E isto é demonstrado pelo tipo de expansão e projeção que tiveram, sempre foi em territórios vizinhos, aliás, desde o período da Rússia Imperial de “Pedro O Grande”, esta sempre foi uma característica dos russos.

    Já a projeção de poder marítimo, com flotilhas capitaneadas por porta aviões, nunca foi a parte mais importante da doutrina da Marinha Soviética, sua doutrina sempre foi mais de defesa e negação do mar, especialmente através de submarinos eletro-diesel e nucleares. E com os SSBN que também cumpriam e ainda cumprem… a função de projeção de poder dissuasória (não para conquista).

    Já a projeção de poder marítimo com fins de conquista e imposição de poder, foi uma característica da Europa Ocidental desde o período colonial, com os descobrimentos e especialmente do Império Britânico, que se fez através dos mares…Hoje, o EUA é o herdeiro e principal representante desta doutrina de projeção de poder marítimo com fins de conquista e imposição de poder.

    • Alvez8O,

      Sua analise é excelente no que diz respeito a evolução do domínio russo dentro de um contexto histórico…

      Mas minha análise se refere basicamente a diminuição bruta do poderio militar, o que, por tabela, resulta na diminuição da capacidade de projeção de forças…

  7. NATO vai invadir? Sim, eles invadiram a Líbia e agora a dos países mais estáveis, tornou-se um terreno fértil para terroristas

    invadiram o Iraque sob o pretexto de derrota masoovogo armas, o que não foi, os americanos destruíram o país e seus aliados foi de lá

    invadiram o Afeganistão, e após 12 anos de guerra fizeram pouco controle de apenas 30% por cento do
    O exército soviético controlava 90% do Mujahideen nas montanhas zahnav

    no Egito e na Tunísia, é o seu trabalho

    Senhores, o que vem depois? Razões-Síria NATO nevoydet

    1-posição da Rússia e Putin (quando a Turquia queria em 2012 para enviar tropas à influência Síria uma chamada de Putin nas palavras de Erdogan, eram tais-Se um soldado pisou em solo sírio você vai se arrepender

    2 – O Irã, que imediatamente entrar na guerra e do exército iraniano em batalhas com zakolyalas IRAQUE

    Política ocidental no Oriente Médio, a região levou a um beco sem saída com um monte de terroristas

    p.s- E nós faremos a Rússia como nós precisamos eo que queremos

    Nossos vosstonavlivaetsya forças de ataque do exército, um enorme exército, mas temos sim inadequadamente moderno!

    lembre-se destas palavras do século 19 ALEKSANDR3 Imperador da Rússia ea Rússia tem apenas dois aliados no exército e da marinha do mundo!

    Em 2000, SOMOS DO EXERCÍCIO destruir o exército de terroristas árabes na Chechênia

    Em 2008, cinco dias se transformou em um fervor

    http://www.youtube.com/watch?v=E1-JnbdqW-A&feature=related

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