ABANDONANDO A SÍRIA

Mideast Israel Syria Druse

“Até aqui, a despeito da retórica de Obama, os Estados Unidos limitaram-se a impor sanções econômicas à Síria e a anunciar que treinariam os rebeldes e lhes forneceriam pequenas armas, mas mesmo essa ajuda ainda não começou.

Ao mesmo tempo, contudo, houve intensa movimentação da Rússia e do Irã, que armaram Assad e tornaram ainda mais difícil uma operação militar para derrubá-lo.

China, Rússia e Irã, ademais, têm auxiliado Assad enviando-lhe US$ 500 milhões mensais em petróleo.

Abandonando a Síria

O Estado de S.Paulo

Energy - OilNo já distante 18 de agosto de 2011, o presidente Barack Obama deplorou a “feroz brutalidade” do ditador da Síria, Bashar Assad, contra sua própria população e disse que ele se tornara um “obstáculo” para a transição do país rumo a uma democracia. E acrescentou, sem meias palavras: “Pelo bem do povo sírio, chegou a hora de Assad deixar o poder”. Passados quase dois anos, o número de mortos na guerra síria já superou 100 mil, segundo anunciou o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e não há sinais de que o “obstáculo” será removido tão cedo – quer porque Assad tem conseguido conter os rebeldes que o acossam, quer porque os americanos admitem não ter nenhuma disposição de assumir os riscos de uma intervenção militar.

Em relatório encaminhado ao Congresso americano, o chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, general Martin Dempsey, traçou um cenário delicado sobre uma eventual ação contra Assad. Para uma ofensiva aérea, por exemplo, “seriam necessárias centenas de aviões, navios e submarinos”, com um custo na casa dos bilhões de dólares.

Mesmo uma zona de exclusão aérea, com o objetivo de criar uma área de segurança para que os rebeldes possam se organizar e para que a ajuda humanitária seja entregue, teria de mobilizar milhares de soldados e custaria cerca de US$ 1 bilhão por mês, segundo Dempsey. O general foi claro sobre todas as implicações de um engajamento militar na Síria ao dizer que, uma vez no front, os americanos devem estar preparados para situações imprevistas e que “um envolvimento mais profundo será difícil de evitar”.

Depois das experiências traumáticas no Iraque e no Afeganistão e ante a prioridade dada à recuperação da economia, o governo e os contribuintes americanos não parecem dispostos a envolver-se em novo pesadelo militar, razão pela qual mesmo entre a oposição republicana há poucas vozes defendendo uma ação enérgica. Obama, que passou os últimos dois anos dizendo que os dias de Assad estavam “contados”, agora começa a considerar plausível a hipótese de que o ditador não deixará o poder tão cedo.

Escolhendo cuidadosamente as palavras, o porta-voz de Obama, Jay Carney, disse recentemente que Assad “não governará mais toda a Síria de novo”. Isso significa que, para a Casa Branca, o ditador continuará a governar ao menos alguma parte do território sírio num futuro previsível. Já o secretário de Estado americano, John Kerry, deixou claro que “não há solução militar para a Síria”.

A reticência dos Estados Unidos tem vários motivos, além dos custos de uma eventual intervenção. O primeiro deles é a complexidade do problema sírio: os rebeldes estão longe de ser um grupo único, com liderança e objetivos claros, e entre eles há radicais islâmicos que não têm nenhuma intenção de estabelecer uma democracia na Síria. Além disso, uma intervenção poderia aprofundar os confrontos sectários que estão por trás da atual conflagração, com consequências terríveis.

Até aqui, a despeito da retórica de Obama, os Estados Unidos limitaram-se a impor sanções econômicas à Síria e a anunciar que treinariam os rebeldes e lhes forneceriam pequenas armas, mas mesmo essa ajuda ainda não começou. Ao mesmo tempo, contudo, houve intensa movimentação da Rússia e do Irã, que armaram Assad e tornaram ainda mais difícil uma operação militar para derrubá-lo. China, Rússia e Irã, ademais, têm auxiliado Assad enviando-lhe US$ 500 milhões mensais em petróleo.

Enquanto isso, a catástrofe humanitária na Síria prossegue, com 1,6 milhão de refugiados, o país se esfrangalha na luta entre as diferentes facções, e a ONU se limita a tentar organizar uma conferência de paz que, a esta altura do conflito, soa como uma fantasia.

O distanciamento americano da guerra síria é compreensível, mas terá implicações dramáticas: constitui um grande revés para a capacidade da comunidade internacional de, no futuro, pressionar e castigar ditadores sanguinários.

Fonte: Estadão 

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EUA, UNIÃO EUROPÉIA, E TAMBÉM ISRAEL, QUEREM O GÁS E O GASODUTO DA SÍRIA

Daí o apoio do Kremlin ao seu aliado Assad e, por outro lado, o interesse de Ankara em derrocá-lo, pois converteria a Síria na primeira porta energética da Ásia para a Europa. Rússia, Estados Unidos, Inglaterra, França e também Israel têm fortes interesses no gás sírio e em um gasoduto, crítico para a Europa, que, para funcionar, depende da boa vontade síria

EUA, Israel e Europa querem o gás e o gasoduto da Síria

gasoduto-siriaA única base militar da Rússia pelo mundo afora fica precisamente na Síria, aliás tradicional comprador de armas dos russos, com estes dispondo do porto de Tartus e acesso também ao de Latakia, cujo projeto russo para este ano é converter em base naval; Rússia, Estados Unidos, Inglaterra, França e também Israel têm fortes interesses no gás sírio e em um gasoduto, crítico para a Europa, que, para funcionar, depende da boa vontade síria.

Colossais jazidas de gás estão localizadas na plataforma marinha síria e estendendo-se até Israel, passando pelo Líbano. Uma vista ao mapa ajuda a entender o peso dos marcos geográficos nessa disputa de interesses que envolve grandes petroleiras e tira o sono de estrategistas russos.

Total, francesa, e a British Petroleum (BP), esta desde 1990, vêm se lançando sobre o gás das águas sírias em disputa com Líbano e Síria. Israel, por sua vez, conseguiu deter as operações da BP, sob protestos do governo Tony Blair, a partir da vitória eleitoral do Hamas em 2006 (que passaria a controlar uma parte do litoral de Gaza onde há gás).

Neutralizada a ofensiva da BP, a pretexto de “governo terrorista” do Hamas, Israel se lançou com tudo sobre aquelas reservas bilionárias e estratégicas. A disputa agora, por grandes reservas de gás (virtualmente só superadas pelas da Rússia, Irã, Qatar) eclode novamente, tomando as cores da questão síria. Como lembra Armanian (2012):

Os imensos campos de petróleo e gás de todo o Oriente Médio mediterrâneo são uma tentação para os Estados Unidos e a União Europeia (UE).

Depois do fracasso do Ocidente no projeto do gasoduto “Nabucco” – que diversificaria o fornecimento energético da UE com a importação de gás desde o mar Cáspio ao Mediterrâneo, evitando a Rússia – a UE considera mais viável o “Arab Gas Pipeline” (gasoduto árabe) com a participação da Síria, Jordânia e Líbano, que conectaria o gasoduto do norte da África à Turquia, ao Mediterrâneo.

Daí o apoio do Kremlin ao seu aliado Assad e, por outro lado, o interesse de Ankara em derrocá-lo, poisconverteria a Síria na primeira porta energética da Ásia para a Europa

Fonte: ler-qi.org via Caminho Alternativo via Plano Brasil 

3 Comentários

  1. Em vezes desses jornais falar a verdade sobre interesse dos apoiadores desses terrorista, preferem falar que Assad está massacrando seu próprio povo. Na verdade o interesse dos EUA , Inglaterra e demais países que apoiam esses terroristas é devido gás Sírio , que a UE , EUA e Israel estão de olho. Querem roubar a riqueza Sírio a força. Esse papo de democracia é conversa para boi dormir..

  2. Depois do fracasso do Ocidente no projeto do gasoduto “Nabucco” – que diversificaria o fornecimento energético da UE com a importação de gás desde o mar Cáspio ao Mediterrâneo, evitando a Rússia – a UE considera mais viável o “Arab Gas Pipeline” (gasoduto árabe) com a participação da Síria, Jordânia e Líbano, que conectaria o gasoduto do norte da África à Turquia, ao Mediterrâneo.

    Daí o apoio do Kremlin ao seu aliado Assad e, por outro lado, o interesse de Ankara em derrocá-lo, poisconverteria a Síria na primeira porta energética da Ásia para a Europa. ==== Eis aí o motivo q nortearam os financiadores dos rebeldes, a verdade apareceu… dizer + o quê…falou IIya.Sds.

  3. se o plano brasil não tivesse saído da rede e perdido vários posts dava para colocar o que alguns que não entende nada de geopolítica disseram a dois anos atrás quando começou a guerra civil na síria
    iria ser muito engraçado ver como eles erraram feio
    e além de ser engraçado talvez ajudaria eles em melhorar os seus comentários futuros sobre a geopolítica mundial ,pois eles iriam ver os erros que cometeram no passado e talvez melhorando o futuro
    mas eu acho que alguns vira lata velhos não aprendem truques novos ,não é mesmo o zoinho azul ? rrsrsrs

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