Proton, Cyclone 4 e os riscos de falhas

ProtonSugestão: X tudo

Num artigo publicado no blog Panorama Espacial há 4 anos, o especialista em propulsão espacial do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Dr. José Nivaldo Hinckel, citou como um dos argumentos contrários à utilização do foguete Cyclone 4 pela Alcântara Cyclone Space (ACS) para lançamentos a partir do solo brasileiro, o risco ambiental e risco para habitantes próximos à base de lançamento representado pela falha do foguete nos instantes iniciais do lançamento.

Foi colocada também a seguinte questão: Porque o Brasil vai buscar o Acesso ao Espaço, seguindo uma trilha que está sendo progressivamente abandonada pelos outros programas?

falha do foguete Proton, ocorrida na última segunda-feira (01), demonstra que este risco não é apenas hipotético. Coincidentemente, na edição desta mesma segunda-feira, a publicação especializada The Space Reviewdivulgou a primeira parte de um artigo relatando ocorrência semelhante com um foguete Longa Marcha 3B, em 1996. A segunda parte do artigo será publicada na próxima segunda-feira. No episódio do lançador chinês, houve um número considerável de vítimas fatais. Dados oficiais reconhecem um número de vítimas da ordem de dezenas. Entretanto, há relatos que elevam este número para meio milhar. No último voo do foguete Titan IV, dos Estados Unidos, em 1998, houve outro incidente semelhante. Neste caso, a falha ocorreu a uma altura de alguns quilômetros. Em comum, todos estes foguetes tem a utilização de propelentes altamente tóxicos, uma mistura de hidrazinas e o tetróxido de dinitrogênio.

Neste tipo de incidente o risco imediato é a ocorrência de incêndio e explosões violentas resultante da queima parcial das centenas de toneladas de propelentes armazenadas nos tanques de propelentes que se se rompem. O risco remanescente é a contaminação ambiental relacionada à parcela sustancial dos propelentes não consumidos no incêndio local. Estes propelentes, principalmente o tetróxido que é mais volátil, formam uma nuvem tóxica de coloração alaranjada que se difunde no ar e é carregada e espalhada pelos ventos, ameaçando e destruindo plantações, animais e populações nas proximidades da base de lançamento.

Em função destes riscos, os programas que utilizam ou utilizaram estes propelentes foram e vão progressivamente abandonando o seu uso: a Agência Espacial Europeia e a Arianespace aposentaram os foguetes Ariane 2, 3 e 4 no início da década passada. Os Estados Unidos descontinuaram a utilização dos foguetes Titan 2 e 4 ainda na década de noventa e suspenderam a produção de novos foguetes Delta 2, restando um reduzido número de foguetes para atender a algumas missões da NASA e do Departamento de Defesa. A Rússia vem desenvolvendo os foguetes da família Angara com propelentes não tóxicos com a finalidade de substituir o venerável Proton. O primeiro testes de foguetes desta família está programado para ocorrer ainda este ano. A China igualmente desenvolve foguetes utilizando propelentes não tóxicos para substituir seus foguetes atuais que utilizam a mesma mistura de propelentes tóxicos. A Coréia do Sul busca o seu foguete utilizando propulsores baseados no foguete russo da família Angara.

Este tipo de acidente, falha nos instantes iniciais do lançamento, pode evidentemente ocorrer, e ocorre, com foguetes utilizando outros tipos de propelentes. Porém, os riscos ambientais e pessoais são muito maiores quando ocorre com foguetes carregados com centenas de toneladas de líquidos altamente inflamáveis e tóxicos.

Considerando os riscos acima expostos, a fragilidade dos planos de negócios e de implantação sustentado pela ACS, assim como a inadequação do envelope de lançamento do Cyclone 4 à demanda de lançamentos, é pertinente repetir a questão colocada há 4 anos: continuará o Brasil a busca do “Acesso ao Espaço” seguindo uma trilha evidentemente  traiçoeira e que está sendo abandonada por todos os outros programas?

Fonte: Panorama Espacial

17 Comentários

  1. Esse Cyclone se parece com aquelas centrífugas ultrapassadas vendidas a nós quando inciamos nosso programa nuclear, o melhor a se fazer é abandonar esse projeto agora,já que sabemos dos riscos do equipamento em si e do caráter duvidoso dos ucranianos que relutam em nos passar tecnologia e em por dinheiro no projeto !
    A AEB esta dando uma de corno manso !

  2. Obrigado por aceitar a sugestão…

    O que me levou a fazê-la foi a possibilidade de uma falha ou sabotagem, repercutindo ambientalmente de forma exorbitante! Dando razão desta vez para as ongs ambientais e lobby ambiental instalados no Brasil e que estão a serviço de políticas de estados extrangeiros nocivas aos interesses do país.

  3. eu li esse texto ontem nos site assuntos militares , e acho que todas as potencias usaram e usam ainda esse sistema se as potencias estão diminuindo outros procurando formas mais limpas tudo certo ,
    mas o brasil precisa dessa tecnologia e se depois do governo ter falado que iria lançar em 2014 já começaram a campanha de difamação do foguete
    e se eles começam a falar mal sendo que todas as potencias tem conhecimento e usam eles demostra que a campanha contra continua
    os americanos não querem que o brasil tenha experiência com esse tipo de foguete alias todos os outros também tem que se tomar medidas para os gringos não explodirem como fizeram com o vls
    começou a campanha de difamação essa imprensa brasileira é super nojenta e entreguista mesmo. nunca fala dos potenciais do projeto apenas do que for pejorativo são uns incompetentes .

  4. O texto acima só não diz que o Brasil nunca colocou uma agulha no espaço. Para poder passar para a próxima fase temos que começar de alguma forma, assim como os outros, para depois podermos usar tecnologias mais limpas e complexas! Sempre que chegamos perto de lançar alguma coisa, começam as críticas!

  5. Esse acordo com a ucrania é um desastre economico-tecnologico-politico e ambiental. um dos maiores erros, senao o maior erro da gestão PT no governo.

    Desde o lançamento desse foguetinho de nada — 1t de carga paga é pouca coisa — vai deixar os moradores e as areas ao redor completamente inundadas de componentes toxicos — haverão chuvas ácida so no lançamento.

    A sociedade civil tem q se mexer o quanto antes. Estamos pagando para uma coisa impensável. Duda e o blog [http://brazilianspace.blogspot.com/] mantém uma petição contra esse foguete. vão la e assinem. [http://www.peticaopublica.com.br/?pi=P2012N31169]

    abraços e parabens ao Plano Brasil

  6. Riscos existem para tudo nessa viada, desde ficar deitado até andar representa um risco a vida.
    Nosso programa espacial está muito atrasado e não podemos ficar brincando, temos que correr para tentar nos aproximar dos outros.
    Essa é minha opinião!

  7. Este tipo de acidente, falha nos instantes iniciais do lançamento, pode evidentemente ocorrer, e ocorre, com foguetes utilizando outros tipos de propelentes. Porém, os riscos ambientais e pessoais são muito maiores quando ocorre com foguetes carregados com centenas de toneladas de líquidos altamente inflamáveis e tóxicos.===== Há de se pensar nessa possibilidade, ainda + c tantos contra o mesmo, aki e lá de fora, imensamente poderoso…Sds.

  8. Se explodir o povão vai vetar qualquer lançamento de qualquer coisa do Brasil pro céu… Mídia entreguista:”purquê us fuguete saum tochico.”… Aí vão botar logo no começo da reportagem uma estátua bem grande do símbolo da FAB… O melhor cenário para a “bandeira verde” do atraso. … Que já tem até partido abrindo candidatura nas próximas eleições!…

    • O blog citado acima: http://brazilianspace.blogspot.com/%5D

      É outro tambem com opinião de gente da área.

      Imaginem este recurso indo pro VLS!… Se é de caráter urgente pormos satélites no espaço, que façamos acordo com um projeto que não tenha a capacidade de levar tudo por água abaixo!..

      E o pior é que devem ter feito estudos pra a escolha deste!…

  9. São os riscos da natureza da coisa, não é por isso que não devemos fazer!Contudo, apesar dos riscos não vamos levar muito em tecnologia, isso é que é ruim!

  10. Brasil aluga satelites .
    Brasil dominando esse veiculo que colocara seus proprios satelites em orbita , se tornaria independente , e não ficaria sujeito de um apagão no gps.
    OUTRO FATO IMPORTANTISSÍMO , é que quem detem a tecnologia de colocar em orbita satélites , também tem a tecnologia de missel intercontinental (Balístico).

  11. Sem dúvida o maior problema nos projetos brasileiros de alta tecnologia é a falta de continuidade que a falta de verbas impõem…

    Más já está em desenvolvimento no Brasil, combustível líquido para foguetes a base de etanol.
    E motores movidos por este combustível também :

    “O MFPL L5 (Motor Foguete de Propulsão Líquida L5) finalizou seus testes em solo em dezembro de 2011, e agora se encontra em ‘stand-by’ na espera da finalização do “Sistema de Alimentação Motor Foguete (SAMF)”, para poder assim ser testado finalmente em voo através de um foguete especialmente adaptado para esse teste, ou seja o VS-30/L5 que será composto por um motor foguete sólido S30 em seu primeiro estágio, e o L5/SAMF em seu segundo estágio.”

    http://www.defesanet.com.br/space/noticia/4401/Aeronautica-desenvolve-combustivel-para-foguete

    http://democraciapolitica.blogspot.com.br/2012/01/aeronautica-desenvolve-novo-combustivel.html

    • Falta de verbas???… 30 bi para fazer “arenas” que serão usadas no máximo 4 vezes tem, né???… isso tem outro nome: ENTREGUISMO…

  12. Eu torço pelo o Brasil. Então, espero estar errado. Mas o que vou gostar mesmo vai ser quando o lançamento do VLS for bem-sucedido.

    Nem sempre o tot que ta no papel é o que de fato está acontecendo. Pode ser tot de alguma outra belezinha… ou belezinhas… tomara!

  13. Mas antes chequem todo o litoral de Alcântara, botem os f-5`s no ar com helis, reforcem a segurança do complexo de lançamento e expulsem todos os yankes num raio de 1000 km´s

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