Guerra do Contestado é tema de debate

Sociólogo José de Souza Martins vai discutir conflito com repórteres do ‘Estado’ na 5ª-feira

A Guerra do Contestado (1912-1916), ocorrida na divisa entre Santa Catarina e Paraná e considerada a maior rebelião civil do País no século 20, será tema de um debate promovido pelo Estado nesta quinta-feira, dia 29, das 12h às 14h, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional. O debate ocorrerá no Teatro Eva Herz e a entrada é franca. O auditório tem capacidade para receber 200 pessoas.

O debate Meninos do Contestado terá a participação do professor de Sociologia José de Souza Martins, titular da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP) e estudioso de movimentos sociais, e dos repórteres Leonencio Nossa e Celso Junior, que contarão os bastidores do caderno especial Meninos do Contestado, publicado pelo Estado em fevereiro para marcar os 100 anos do início da guerra. Também será exibido um vídeo produzido pelos dois jornalistas em Santa Catarina, região do conflito, com depoimentos de sobreviventes e reprodução de fotos da época.

As origens da guerra remontam a 1910, quando a Brazil Railway, subsidiária da Lumber Company, concluía a construção do trecho da ferrovia São Paulo-Rio Grande do Sul no território disputado por Santa Catarina e Paraná, o Contestado. A Lumber conseguiu concessão do governo para explorar pinhos e imbuias nos 15 quilômetros de cada lado da ferrovia.

Com isso, 4 mil trabalhadores recrutados em outros Estados para as obras foram demitidos e expulsos de cabanas levantadas nas margens da estrada. A eles se juntaram andarilhos messiânicos que viviam em terras entregues à Lumber e federalistas foragidos do Rio Grande do Sul.

Cenário. O Brasil de 1912 ainda vivia sob o impacto da proclamação da República, duas décadas antes. Representantes do setor agrário de São Paulo e Minas e militares eram os protagonistas de um regime com instituições tomadas pela corrupção e que não conseguia evitar rebeliões nas cidades e no interior.

O presidente Hermes da Fonseca, um militar de carreira, mantinha a política do tio, Deodoro, proclamador da República, e de Floriano Peixoto de aniquilar defensores da monarquia. A presença de federalistas, adversários de Floriano, no movimento do Contestado foi usado pelo governo para esquecer o desastre de Canudos, de 1897, e enviar o Exército para mais uma batalha no sertão, dessa vez no Sul do País. Mesmo deixando 10 mil mortos e um rastro de destruição, o conflito segue pouco conhecido pela maioria dos brasileiros.

Martins vai abordar as causas e o contexto político do País na época da guerra. Colunista do Estado, Martins pesquisou movimentos milenaristas no Brasil, dentre eles o do Contestado – em 1979, ele visitou a região e conheceu cenários de episódios da guerra. Dentre outros livros relativos ao tema escreveu Os Camponeses e a Política no Brasil (Editora Vozes) e O Sujeito Oculto (Editora da UFRGS).

Fonte: Estadão

6 Comentários

  1. Boa história para os saudosista de militares no poder (ou para quem quer experimentar). Democracia, Congresso, Senado? Ruim com ela pior sem ela. Militares geralmente governavam sob aplauso e cabresto de corporações internacionais.

  2. AS FORÇAS ARMADAS SÃO PARA DEFENDER OS BRASILEIROS

    Como se pode observar,a instituição militar na história do Brasil, fora usada contra os próprios brasileiro,isso não poderia acontecer nunca!

    As forças armadas foram feitas para defender os brasileiro em qualquer situação!

    Alguns “cabeças-de-bagre” aqui como o troglodita do BlueEyes,na resistência;insiste em achar que as forças armadas foram feitas para defender os interesses de uma parcela da sociedade,combatendo os comunistas,comedores de criancinhas…Hahaha…!

    As forças armadas tem por natureza da sua constituição,atender e resolver assuntos de estado e não paroquial e para isso,tem as instituições democráticas,como o voto popular,congresso nacional,a imprensa livre,a OAB…. por exemplos.

    Mas para estas bestas-da-resistência” que fazem caricias nas ditaduras e ao extremismo da política;a democracia e uma pedra no seus coturnos ou melhor,em suas ferraduras._Rsrs….

    As forças armadas são nobre de mais para serem usada erroneamente por pessoas sem escrúpulo e sem-noção de civilidade e moral,basta vê o que estes vermes fizeram com as forças armadas no golpe de 64,até hoje a sociedade livre está querendo limpar a sujeira que estes imorais fizeram com tais distintas instituições militares e com toda a nação brasileira!

  3. É uma história bem interessante. Foi a primeira vez na América do Sul em que se usou aviões em missões militares. Uma adolescente chegou a comandar milhares de rebeldes da Monarquia Celestial (nome do país independente que se formou aqui na região Sul). Vivi e conheço bem a região do conflito, mas pouco se fala na guerra.
    Foi conflito grande pra época, se pensarmos que provavelmente a população da região era pequena no início do século XX.

  4. Muitas lendas/mitos surgiram durante a guerra do contestado, como as “panelas de ouro”. Muitas famílias quando fugiam da região dos combates enterravam todos os pertences que possuiam algum valor em panelas, nas margens ou mesmo leitos de rios, estradas ou potreiros. Muitos nunca voltaram para a região, seja por se assentarem em outro local ou mesmo morrerem durante o conflito. Existe também casos de quem simplesmente não achou mais. Ao longo dos anos muitas dessas panelas foram achadas. Uns dizem que sonharam com o lugar onde estavam, outros foram vizitados pelos espiritos de quem as enterrou. Fala-se que quem achar uma delas e não ser o dono, descendente do dono ou mesmo que não tenha sido guiado para ela em sonho ou pelo espirito do dono, somente encontrará desgraça na vida. Existem fazendas e sítios em União da Vitória-Porto União, em que os moradores sabem onde pode ter uma panela de ouro, mas não a proicuram por temor em provocar os mortos…

  5. “Cumpriremos o Dever”, eu nem imaginava que essa lenda das panelas de ouro surgiu do contestado! Minha mãe falou há muito tempo que no terreno onde a gente morava, um parente pagou uma equipe de Curitiba pra procurar as panelas, com aparelhos de detecção de metais e tudo mais! Porém nada foi encontrado…

    Dizem que acharam em Palmas-PR algumas das panelas! Se é verdade que encontraram algumas lá eu não sei, mas é o que dizem.

    Muito interessante!

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