Crise europeia e ingresso da Venezuela são temas da cúpula do Mercosul
Revisão: Alexandre Schossler
A crise econômica europeia será o principal item da pauta a ser examinada em Montevidéu nesta terça-feira (20/12), durante a Cúpula dos Presidentes do Mercosul. A presidente Dilma Rousseff, juntamente com os presidentes do Paraguai, Fernando Lugo, do Uruguai, José Mujica, e da Argentina, Cristina Kirchner, deverão definir medidas que assegurem o fortalecimento das economias do bloco e protejam seus mercados consumidores.
Segundo o Ministério das Relações Exteriores, o governo brasileiro aposta num fortalecimento do Mercosul diante da crise europeia. O comércio entre os países do bloco deve registrar em 2011 uma expansão de 20% em relação ao ano passado, quando as trocas comerciais movimentaram 44,5 bilhões de dólares. Deste total, quase 90% envolveram negócios com o Brasil.
Um dia antes da cúpula, nesta segunda-feira, o chamado Conselho do Mercado Comum – formado pelos ministros das Relações Exteriores e da Economia dos Estados membros – reúne-se para iniciar os debates econômicos. Durante o encontro será assinado um Acordo de Livre Comércio entre o Mercosul e a Palestina. O objetivo é reduzir barreiras com o novo parceiro comercial, que ainda busca reconhecimento junto à Organização das Nações Unidas. Há três meses, Dilma defendeu o pedido palestino durante uma Assembleia da ONU.
A expectativa é que o Mecanismo de Integração Produtiva (MIP), assinado no início do mês entre Brasil e Argentina, seja estendido ao Paraguai e ao Uruguai. O mecanismo visa ampliar as relações comerciais no bloco a fim de proteger os países da crise e, com isso, reduzir a dependência de capitais de fora.
Protecionismo
Para o pesquisador alemão Thomas Fritz, do Centro de Pesquisa e Documentação Chile-América Latina, em Berlim, o anúncio de recessão em alguns Estados da União Europeia já vem afetando países da América do Sul. “Os produtos de exportação do Brasil e da Argentina terão preço menor no mercado. Isso atinge não só produtos agrários, mas também industrializados”, avalia Fritz. “Já é perceptível uma queda no preço das commodities.”
Com a queda nos ganhos, continua o observador alemão, investidores terão mais objeções em investir nos países emergentes, o que deve pressionar a desvalorização das moedas nacionais.
O professor de Relações Internacionais da Universidade de Brasília, Amado Cervo, acredita que os líderes sul-americanos discutirão medidas protecionistas para evitar a pressão dos excedentes de produção, sobretudo industrial, dos Estados Unidos e da Europa em seus mercados. “O bloco dá uma legitimidade maior a mecanismos de proteção de cada país. É mais difícil outros países reagirem a medidas acordadas dentro de um bloco.”
Por isso, afirma Cervo, o fortalecimento do Mercosul é importante especialmente para o Brasil. Cerca de 80% dos produtos manufaturados brasileiros são escoados para os vizinhos do sul. “O Mercosul é base para o Brasil negociar interesses, estabelecer linhas de ação e estratégias externas em escala global”, explica.
A preponderância brasileira dentro do bloco – tanto em termos geográficos quanto econômicos – seria um dos motivos para o Mercosul não ter avançado significativamente, passados 20 anos de sua criação. O professor de relações internacionais do Centro de Integração do Mercosul da Universidade de Pelotas, Bruno Sadeck, ressalta que Brasil e Argentina apresentam condições estruturais e industriais muito distintas de Uruguai e Paraguai. “É preciso propor políticas comums no sentido de proporcionar uma redução dessas assimetrias”, defende.
Ingresso polêmico
Outro tema que deve esquentar as discussões em Montevidéu é a entrada da Venezuela no Mercosul, que já recebeu aprovação dos parlamentos brasileiro, uruguaio e argentino. A expectativa é de que os líderes do bloco tentem contornar a barreira no senado paraguaio – de maioria opositora ao governo de Lugo – e viabilizem o ingresso do país liderado por Hugo Chávez. Uma das possibilidades seria a alteração das regras que estabelecem critérios de ingresso no bloco.
Levantada por Mujica, essa possibilidade de alterações no tratado do Mercosul vem gerando polêmica. Recentemente, parlamentares paraguaios lançaram manifestos afirmando que a eventual medida “passaria por cima da vontade soberana” do Paraguai.
Cervo lembra que o ingresso venezuelano também levantou acaloradas discussões no Senado brasileiro antes de ser aprovado, no ano passado.
“Todo mundo estava de acordo com a adesão da Venezuela, que é a terceira maior economia da América do Sul. Sua entrada daria um pilar a mais ao bloco. Mas o temor era que Chávez quisesse impor sua filosofia geopolítica ao Mercosul. Seu governo é tido como ideológico, antiamericano, e isso não agrada o Mercosul, que tem visão global de interdependência, de cooperação”, avalia o historiador.
“Esse temor ainda existe”, afirma Cervo, apostando que este pode ser o principal empecilho para que a Venezuela, que tenta fazer parte do Mercosul desde 2004, continue de fora do bloco.
Já Sadeck avalia que um assento permanente para a Venezuela de Chavez não traria problemas políticos ao bloco. “A questão não é ter Chávez, mas sim o Estado Venezuela como membro”, diz Sadeck, ressaltando que o potencial quinto integrante poderia “revigorar” o bloco, hoje composto apenas por países do sul do continente.
Crise do euro é lição para o Mercosul, diz presidente uruguaio
Entrevista: Evan Romero-Castillo
Revisão: Alexandre Schossler
Deutsche Welle: O senhor veio à Alemanha acompanhado por sete de seus ministros e uma delegação de 30 empresários. Que espera desta viagem, como chefe de governo do Uruguai e presidente temporário do Mercado Comum do Sul?
José Mujica: Venho recordar ao empresariado alemão que o Uruguai é um país estável, que leva a sério os compromissos que assume, e, embora pequeno, é uma porta de entrada nada desprezível para o Mercosul. E como representante do Mercosul, venho continuar as negociações pendentes com a União Europeia. Tempos como estes, em que os europeus têm problemas internos, não propiciam os acordos de livre comércio que ambos os blocos tenta firmar há anos; porém nosso dever é insistir nisso, pois convém à nossa região ter relações comerciais diversificadas.
Os vínculos entre a América Latina e a China apresentam aspectos muito favoráveis, mas, falando estrategicamente, quanto mais diversificadas que sejam nossas relações comerciais, mais segurança nossas economias terão no futuro. Por outro lado, é importante para nós mantermos os pés na terra e dizer à Europa: “Acorda! Dá-te conta que o espaço que não ocupares, a China vai ocupar e em prazo muito curto”. A China é o cliente número um do Brasil e o segundo tanto da Argentina como do Uruguai, em pouco tempo será o primeiro. Queremos reforçar nossos laços com a Europa, pero para bailar se necesitan dos [para dançar são necessárias duas pessoas].
A Europa tem seus problemas e olha em direção a outras partes do mundo: nós viemos para dizer a ela que volte os olhos para o Sul. Aqui vamos nos reunir com os empresários alemães e com a chanceler federal Angela Merkel: queremos compartilhar com ela a visão que se tem na América do Sul da situação que atravessa a União Europeia. Estamos muito preocupados com a crise do euro. Suas sequelas não se fizeram sentir com força em nossa região – as economias de nossos países estão crescendo 6%, 7% ou 8% – mas essa crise é tão grande que em algum momento começaremos a perceber seus efeitos.
A União Europeia teme sucumbir à prova de fogo que constitui a crise do euro. Ao mesmo tempo, muitos falam de uma década iminente de prosperidade latino-americana. O senhor não crê que esses cenários tão contrastantes venham a estimular as acidentadas negociações entre a União Europeia e o Mercosul?
Digamos assim: em meio a tanta insegurança e incerteza anuncia-se uma boa oportunidade para muitas das empresas prósperas do bloco comunitário. As chances de investimento, que escasseiam na Europa neste momento, podem ser encontradas na América do Sul, e é natural que seja assim. Contudo, não compartilho dessa visão apocalíptica de que a União Europeia vá se dissolver. Apesar da gravidade da situação, ela vai superar esta crise porque tem história, tem recursos e tem talentos. Seu problema atual se origina no fato de a economia financeira mandar sobre a política, quando deveria ser o inverso.
O que os líderes do Mercosul aprenderam com a crise da Eurozona?
Uma das lições mais esclarecedoras que nos deixou a crise da zona do euro é que não pode haver unidade monetária se não forem estabelecidas previamente políticas fiscais comuns efetivas. Isso nós não sabíamos, pensávamos que era ao contrário, que uma moeda comum nos alinharia nos demais setores. E o que ocorre na União Europeia tem servido para atenuar o ímpeto com que vínhamos clamando por uma moeda regional. Temos muito a resolver no Mercosul antes de alcançar esse objetivo, e cada passo é um desafio sério, pois ainda nos custa muito aceitar a noção de supranacionalidade.
Apesar da crise, a União Europeia segue mostrando-se disposta a ampliar sua lista de países-membros. Como avança o processo de expansão do Mercosul?
No momento temos uma grande assimetria no Mercosul. O bloco está formado por dois países pequenos – Uruguai e Paraguai – e dois muito grandes – Brasil e Argentina. Para os países pequenos, seria muito importante o ingresso da Venezuela. E, embora estejamos conscientes de que isso não agrada a outras partes do mundo, que têm bronca do presidente venezuelano, Hugo Chávez, temos que recordar que os governos passam e as nações ficam, e que a Venezuela tem uma das principais reservas de petróleo do planeta. Agora que a Venezuela está batendo à porta do Mercosul, seria uma estupidez de nossa parte não abri-la.
“Seu problema atual se origina no fato de a economia financeira mandar sobre a política, quando deveria ser o inverso.” (não ficou claro e é dúbio)
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“…temos que recordar que os governos passam e as nações ficam…”
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Para todos os países funciona assim.
O ingresso da Venezuela pode ser muito positivo, mas o mais importante agora é acabar de vez com as barreiras protecionistas entre os paises, especialmente a Argentina, que insiste em nos atrapalhar, depois quando sofrer a retalhação não chore. Com a entrada da Venezuela o comercio poderia ser espandido e muito, e seria um novo mercado consumidor para nossos produtos manufaturados, o que precisamos é de politicas comuns a todo o bloco de fortalecimento da industria, e de protecionismo contra os outros paises. Se Europa bloqueia nossos produtos, bloqueamos os deles, eles tem muito mais a perder do que nós. E a Venezuela possui muito petroleo, poderia fornecer a nós, o que permitiria parar de comprar petroleo de fora, e principalmente nos temos a capacidade de refinar o petroleo deles, é bom pra todo mundo. E também precisamos avançar com a UNASUL, especialmente no que diz ao Conselho de Segurança, é necessario criar uma aliança militar para se contrapor aos interesses da OTAN e de quem quer que seja.
É com um misto de satisfação e esperança que acolho a percepção política demonstrada pelo presidente do Uruguai, as sábias ponderações por ele apresentadas à frente da gestão do bloco do Mercosul demonstram, não apenas a sua grandeza política como estadista, mas sobretudo a sua consciência situacional como líder de um pequeno, mas importante e estratégico país no cenário sul-americano e mundial.
O seu exemplo de amadurecimento, humildade, inteligência e de conhecimento do atual momento delicado pelo qual passamos, deve servir de combustível para alimentar e fortalecer as relações políticas internas necessárias a união, pacificação e solidificação do bloco do Mercosul de forma a amenizar os possíveis futuros riscos decorrentes da crise européia.
Por outro lado, torna-se necessário e imperativo que algumas medidas corretivas sejam adotadas de imediato pelos integrantes do bloco de forma a blindá-lo face a possibilidade futura da criação de uma moeda comum em nosso continente. Copiem a ideia, mas não copiem os erros.
se o coronel aceitar se submeter as regras como os demais, otimo.
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que a Venezuela ingresse…..esse ditador morre ano que vem ..para a felicidade geral de seu país..
Se o coronel assinar , tem q cumprir o contratado..Sds.
Em época de crise, tem que ter protecionismo. Toma lá dá cá.
Eu acho que a humildade deve ser o fator predominante para o fortalecimento do não só do mercosul mas tambem de toda a américa do sul…
Rorschach, na questão argentina, não é tão simples a situação… não devemos simplesmente os condenar por querer proteger a sua industria nacional…. o que houve foi uma demonstração de descontentamento deles, em ver nossos produtos invadindo a prateleira deles… isso é natural.. mas nós também compramos carros de lá.. O que eles querem é um pouco mais de igualdade nessa troca comercial Brasil-Argentina. Ceder? eu acho válido.. a gente perde uns trocados, mas ganhamos a confiança dos argentinos de que não queremos ser um novo estados unidos do hemisferio sul.. um bom estrategista sabe que as vezes precisa-se recuar pra ganhar a guerra.
rapidinhas mercosul……Intergrante da delegação Argentina é encontrado enforcado no hotel que a delegação estava hospedada em Montevideo.A reunião de cupula foi cancela.Seria um recadinho do M5 a Argentina?Ou uma forma da CIA adiar a aceitação e o ingresso definitivo da Venezuela ao bloco?
Esses pesquisadores e professores expõe suas ideias e difundem boatarias rsrs rsrs Com crise sem crise hoje a moeda Brasileira é a terceira moeda mais comercializada do mundo e isto indica a confiabilidade de investidores extrangeiros ao nossso mercado e eles na realidade não teem outra alternativa a não ser apostarem em um mercado emrgente,promissor e com democracia estavel.Vão tentar armar de tudo de boatos a intrigas numa manobra suicida de salvarem suas economias.A guerra cambial e as emissões desvairadas de papeis moeda apenas é paliativo pois remediam o problema que como o virus da gripe se adequa a vacina e retorna mais mortifero.Mesmo que produtos agricolas fiquem mais baratos no mercado internacional eles jamais podem deixarem de serem comprados pois se não come não sobrevive.Ainda não enxergam a realidade do seculo 21 e continuam com suas teorias economicas acham que tudo vai se normalizar.Nossa economia pode a qualquer instante desmoronar simplesmente com a propagação de especulações ou boatos.O povo por receio deixa de consumir,o comercio desfaz de seus estoques para não gerar dividas e sobrar algum para sobreviver e os bancos por receio de inadimplencia e resseção deixam de emprestarem E MORREM TODOS pois na realidade estes tres segmentos se precisam e se complementam.Então basta-nos termos consciencia disso e buscarmos adequação ao invez da ganancia pois todos deixarão de ganharem mais para todos sobreviverem.Neste estagio o que se evidencia é a falencia economica e a derrota da sociedade que cair.Quem cair não se levantara mais então se ajudem sem ganancias ou então é cada um por si e Deus por todos.
GUSTAVO G meu caro a Argentina a decadas sempre teve uma balança favoravel a eles no comercio com o Brasil mas toda vez que a balança tende para o nosso lado eles ensaiam retaliações e protecionismos ou reclamações.Então que merda de socio é esse que so aceita ganhar?Eles não tem condições de competirem conosco alias nenhum deles tem então a meu ver associar-se com quem não tem nada a acrescentar e somente vira usufruir é assumir para si proprio os problemas e as dividas dos outros.Sinceramente nada envolvendo alianças na America do Sul nos é realmente benefico.Eles sempre nos viram e sempre nos verão como imperialistas regionais e somente visão nutrirem-se de nós e todos nos invejam muito.Sera sempre esse jogo todos querendo ganharem encima do Brasil e ao menor sinal de ganho nosso choromingações de que somos Imperialistas.Que esses merdas todos então se vendam aos Chineses deveriamos sim realmente sermos protecionistas e imperialistas pois é assim que se respeitam um pais mais poderoso regionalmente e não sendo complacente e tirando do nosso povo para dar para eles.
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sera que esse ‘assessor’ da presidente ‘pinguin’ … não estaria envolvido em um escandalo sexual… as especulações estão no ar…
Rorschach..seria tudo muito bonito se o Hugo Chavez estaria interessado em ‘comercio’ e ‘harmonia’ entrea as nacoes Sul Americanas. E bom lembrar que Chavez tem uma agenda, guiada e coordenada desde Havana, e essa politica ‘bolivariana’ sofre de dores de barriga anti-americana e com severa diarreia comunista. E sempre a mesma baboseira das super esquerdas de culpar outros por seus propios problemas. A Venezuela nao faz outra coisa que nao seja culpar os EUA. O mais incrivel e o dominio Cubano em setores da Venezuela; Imagine um pais falido,sem mercado, sem economia, sem liberdade,”ensinando” Venezuelanos no setor economico. Parece filme de terror.
A Venezuela de Hugo Chavez vai tentar controlar a agenda e todas as reunioes so vai faltar sapatadas a la Khrushchev.
Siga firme Paraguai; Nao deixe o Marco Aurelio Garcia, um comunista incubado, tentar dar voltas as regras somente para incluir esse Sapo chamado Chavez.
Nós não podemos excluir um pais por causa de seu lider. Além do que ele estaria sobe as mesmas regras e objetivos de todos. Se ele se recusar a obedecer ta fora, simples assim. Além do que o objetivo do Chaves é e sempre foi fortalecer e unir a América Latina, se ele odeia os EUA problema é dele, tamos falando de MERCOSUL e não ALCA. Uma revolução comunista não vai acontecer e nem daria certo, revoluções desse tipo exige um desejo da população extremamente forte mas o mais importante, unidade etnica, que obviamente não existe no Brasil. Além do que Chavez hoje pode ser um aliado mas pode se transformar num problema rapidamente, é melhor mante-lo bem perto da gente sob nossos atentos olhos do que isola-lo.