Posted on 01/30/2011
Na manhã de domingo havia sinais de que os militares egípcios estavam assumindo algumas funções de segurança. Soldados começaram a prender suspeitos de vandalismo, cerca de 450 deles.
O desaparecimento da polícia das ruas havia levado à ameaça de saques generalizados, o que agora está sendo enfrentado pelas forças militares regulares. Outros métodos de controle ficaram claros. O governo fechou o escritório da Al Jazeera no Cairo e tirou a licença para que os jornalistas da emissora trabalhassem lá, de acordo com mensagens no twitter. (A Al Jazeera não tinha sido capaz de transmitir diretamente do Cairo mesmo antes da decisão). O canal, baseado no Catar, é visto pelo presidente Hosni Mubarak como agente a serviço de enfraquecê-lo.
Por que o estado egípcio perdeu sua legitimidade? Max Weber distinguia entre poder e autoridade. O poder flui das armas e o estado egípcio tem uma grande quantidade delas. Mas Weber definia autoridade como a probabilidade de uma ordem ser obedecida. Líderes que tem autoridade não precisam atirar nas pessoas. O regime de Mubarak já atirou em mais de 100 pessoas nos últimos dias e feriu muitas outras.
Literalmente, centenas de milhares de pessoas ignoraram as ordens de Mubarak para observar o toque de recolher noturno. Ele perdeu sua autoridade.
A autoridade é baseda em legitimidade. Líderes são seguidos quando as pessoas concordam que eles tem alguma base legítima para sua autoridade e poder. Em países democráticos, a legitimidade vem das urnas.
No Egito, entre 1957-1970, a autoridade derivou do papel de liderança que os militares e as forças de segurança tiveram ao livrar o país da hegemonia ocidental. Aquele conflito incluiu enfrentar o Reino Unico para ganhar controle do canal de Suez (originalmente contruído pelo governo egípcio e aberto em 1869, mas comprado por quase nada pelos britânicos em 1875, quando as práticas bancárias ocidentais levaram o governo egípcio endividado à beira da bancarrota).
Também envolveu enfrentar as tentativas agressivas de Israel de ocupar a península do Sinai para representar interesses israelenses no canal de Suez. O líder revolucionário árabe Gamal Abdel Nasser (que morreu em 1970) conduziu uma grande reforma agrária, dividindo as gigantescas fazendas de estilo centro-americano e criando uma classe média rural. Leonard Binder argumentou que no fim dos anos 60 aquela classe média era a coluna do regime. O estado sob Abdel Nasser promoveu a industrialização e também criou uma classe urbana de empresários que se beneficiaram das construções encomendadas pelo governo.
A partir de 1970, Anwar El Sadat levou o Egito por uma nova direção, abrindo a economia e abertamente se aliando à classe empresarial multimilionária do ramo da construção. Esta estava em busca de investimentos europeus e americanos. Cansado das guerras sem resultado entre árabes e israelenses, o público egípcio deu apoio ao plano de paz de 1978 com Israel, que acabou com o ciclo de guerras com aquele país e abriu espaço para construir a indústria de turismo egípcia e o investimento ocidental nela, assim como ajuda financeira americana e europeia. O Egito se moveu para a direita.
Mas enquanto as políticas socialistas de Nasser levaram à duplicação dos salários reais no Egito entre 1960-1970, de 1970 a 2000 não houve desenvolvimento no país. Parte do problema foi demográfico. Se a população cresce 3% ao ano e a economia cresce 3% ao ano, o aumento per capita é zero. Desde cerca de 1850, o Egito e outros países do Oriente Médio tem tido um (misterioso) boom populacional.
As crescentes populações tornaram as cidades inchadas, já que tipicamente elas oferecem salários maiores que na zona rural, mesmo na economia informal (por exemplo, vendendo caixas de fósforo). Quase metade da população agora vive nas cidades e muitas vilas hoje se tornaram subúrbios das vastas metrópoles.
E assim a classe média rural, embora ainda importante, não serve mais como principal base de apoio ao regime. Um governo bem sucedido teria de ter um grande número de pessoas nas cidades ao seu lado. Mas lá, as políticas neoliberais exigidas pelos Estados Unidos de Hosni Mubarak desde 1981 não ajudaram. As cidades egípcias sofrem de alto índice de desemprego e de inflação relativamente alta. O setor urbano viu nascerem alguns multibilionários, mas muitos trabalhadores ficaram para trás. O enorme número de formados em escolas secundárias e universidades produzidos pelo sistema não encontra empregos à altura de sua educação e muitos nem conseguem emprego. O Egito urbano tem ricos e pobres, mas uma pequena classe média. O estado tenta cuidadosamente controlar os sindicatos, que quase nunca agem de forma independente.
O estado, assim, é visto como um estado para poucos. Sua velha base de classe média rural estava em declínio com a mudança dos jovens para as cidades. O estado está fazendo pouco para as classes trabalhadora e média urbanas. Uma classe de negócios ostentadora emergiu, altamente dependente de contratos e da boa vontade do governo — e se encontra nos hotéis de luxo de turismo. Mas as massas de formados na escola secundária e na universidade foram reduzidas a dirigir táxis e vender tapetes (quando conseguem esses bicos) e não se beneficiaram das taxas de crescimento no papel da última década.
O regime militar do Egito inicialmente ganhou legitimidade popular em parte por enfrentar a França, o Reino Unido e Israel entre 1956-57 (com a ajuda de Ike Eisenhower). Depois dos acordos de Camp David o Egito ficou de fora das grandes disputas do Oriente Médio e fez o que é visto como uma paz em separado. A cooperação do Egito com o bloqueio israelense de Gaza e sua aliança tácita com os Estados Unidos e Israel enfureceram politicamente os mais jovens, que já estavam economicamente frustrados.
A ajuda do Cairo aos Estados Unidos, por baixo do pano, com [a invasão do] Iraque e com a tortura de suspeitos de pertencer à Al Qaeda, é bem conhecida. Muito pouco desgosta tanto os egípcios quanto a guerra do Iraque e a tortura. O estado egípcio foi de ter uma ampla base nos anos 50 e 60 para ser capturado por uma pequena elite. Foi de um símbolo de luta por dignidade e independência diante do domínio britânico para ser visto como um cãozinho de estimação do Ocidente.
O fracasso do regime em se conectar com as crescentes classes urbanas (média e de trabalhadores) e sua incapacidade em dar emprego aos formados em universidades criaram as condições para os eventos da semana passada. Trabalhadores educados precisam de um estado legal para regular suas atividades econômicas e o governo arbitrário de Mubarak é visto como um atraso por eles. Embora a economia tenha crescido entre 5 e 6% na última década, o ímpeto governamental que houve para esse desenvolvimento permaneceu escondido — ao contrário da reforma agrária dos anos 50 e 60. Além disso, a renda ganha com o aumento do comércio foi para uma pequena classe de investidores. Por exemplo, desde 1991 o governo vendeu 150 das 314 empresas estatais, mas o benefício das vendas foi para um pequeno punhado de pessoas.
A crise econômica mundial de 2008-2009 teve um efeito devastador para os egípcios que já viviam precariamente. Muitos dos mais pobres enfrentaram a fome. Depois, a queda nos preços e nas receitas do petróleo fizeram com que muitos dos trabalhadores egípcios em outros países perdessem sua reserva econômica. Eles não puderam mais fazer as remessas de dinheiro para casa e muitos tiveram de voltar de forma humilhante.
O estado nasserista, com todos os seus problemas, teve legitimidade porque era visto como um estado para a massa dos egípcios, tanto fora quanto dentro do país. O atual regime é visto no Egito como um estado para os outros — para os Estados Unidos, Israel, França e Reino Unido — e é um estado para poucos — os novos ricos neoliberais.
O islã não é levado em conta nesta análise por não ser uma variável independente. Os movimentos islâmicos tem servido para protestar contra a ausência do estado diante de suas responsabilidades e para oferecer serviços. Mas eles são um sintoma, não uma causa. É por isso que a nomeação por Mubarak de militares para ocupar os cargos de vice-presidente e de primeiro-ministro não são suficientes em si para enfrentar a crise. Eles, como homens do Sistema, não tem mais legitimidade que o presidente — talvez até menos.
Distribuição de renda. Esse é o foco.
O melhor sistema político é o Parlamentarismo.
Os políticos devem ser indicados pelos sindicatos de todas as profissões. Mais democracia do que isso, não é possível.
Votação direta jamais, pois o povo não sabe em quem está votando. No sindicato de trabalhadores, eles sabem quem é quem.
Esse sistema político só vai funcionar, se escolherem o melhor dos melhores de cada sindicato. Não precisa de partido político.
Se o Egito dar uma de entrar em um Regime Teocrático, vai acabar entrando numa guerra civil.
PARLAMENTARISMO.
Um texto para se refletir,e constatar que o jogo geopolitico do petroleo cada vez mais fica perigoso,e isso implica o Brasil.
Caos no Egito é nova ameaça à economia
África: País abriga importante rota de transporte de petróleo, exporta algodão e é grande importador de trigo
Os protestos e saques causados no Egito pelo impasse entre manifestantes e o presidente Hosni Mubarak ameaçam ter repercussões econômicas na região e no mundo. A economia do Egito é relativamente pequena – a quarta maior do Oriente Médio, com PIB de quase US$ 217 bilhões em 2010, segundo estimativas do Fundo Monetário Internacional. Mas o país tem um papel econômico maior por abrigar uma das rotas comerciais e de petróleo mais importantes do mundo, o Canal de Suez.
O Egito também é o maior comprador mundial de trigo e exporta um volume significativo de algodão. E também tem um dos mercados financeiros mais globalizados da região, o que faz com que as bolsas do país sejam uma aplicação popular entre os investidores voltados a mercados emergentes.
No curto prazo, a maior preocupação econômica mundial continua sendo a cotação do petróleo. O Egito não é um grande produtor da commodity. Mas um volume significativo de carregamentos de petróleo e derivados passa diariamente pelo Egito, vindo do Oriente Médio para a Europa e os EUA.
Cerca de 1 milhão de barris diários de petróleo e refinados são transportados rumo ao norte pelo Canal de Suez, segundo estimativas de Washington. Um oleoduto ligando o Mar Vermelho e o Mediterrâneo transporta mais 1,1 milhão de barris diários. Juntas, essas rotas movimentam cerca de 2% da produção mundial de petróleo.
Se o transporte do óleo pelo Egito for interrompido, o suprimento europeu (e a cotação mundial) pode ser “bastante afetado”, disse Dalton Garis, professor no Instituto do Petróleo, um centro de pesquisas em energia de Abu Dhabi.
Até agora, o fluxo de petróleo pelas duas rotas parece não ter sido afetado. Mas o toque de recolher do anoitecer ao amanhecer no país obrigou as empresas de transporte marítimo que operam no canal a alertar no fim de semana para possíveis atrasos e dificuldades em contatar agentes e pilotos, e também para obter peças de reposição. Se levado em conta o transporte de petróleo, cerca de 8% do comércio marítimo mundial passa pelo canal, segundo o Egito.
“Os protestos não afetaram o tráfego de navios”, disse ontem Abdul Ghani Mohamed Mahmoud, porta-voz da Autoridade do Canal de Suez. O WSJ não localizou autoridades da Arab Petroleum Pipeline, dona do oleoduto Suez-Mediterrâneo, para comentar.
O contrato futuro do petróleo referencial dos EUA subiu mais de 4% na sexta, após manifestantes enfrentarem a polícia e o Exército.
Em meados de 2009, os mercados de petróleo quase não se mexeram quando ocorreram protestos no Irã, um dos maiores produtores mundiais de petróleo. A reação diferente do mercado, desta vez, ressalta um cenário mundial muito diferente de oferta e demanda apenas 18 meses depois. Depois de cair fortemente por causa da crise financeira e econômica, a demanda se recuperou. Isso deixou os mercados mais sensíveis a ameaças de problemas na oferta.
Além do papel do Egito como rota de transporte do petróleo, o temor de que a turbulência se espalhe para produtores maiores pode influenciar mais o mercado.
A Argélia, importante produtora de petróleo e gás natural, tem enfrentado nas últimas semanas protestos antigoverno parecidos com os que tomaram conta do Egito. A mais recente onda de turbulência regional começou este mês na Tunísia e culminou na derrubada do autocrático líder do país, e também causou tumulto no Iêmen. A Arábia Saudita e os outros países do Golfo Pérsico, ricos em petróleo, conseguiram até agora evitar as manifestações, mas líderes árabes deram a entender que temem que a revolta se espalhe.
Embora a produção egípcia de petróleo não seja grande, o país se tornou um exportador considerável de gás natural. Parte segue por gasodutos para o Oriente Médio. Mas a maioria do gás do Egito é transportada na forma de gás liquefeito supercondensado em navios-tanque aos EUA e à Ásia.
Até agora, as operações de extração de petróleo e gás aparentemente não foram afetadas. O diretor-presidente da produtora regional de gás Dana Gas PJSC, Ahmad al Arbeed, disse que a empresa está operando normalmente.
Mas as petrolíferas internacionais fecharam seus escritórios no Cairo. Tanto a BP quanto a Royal Dutch Shell fecharam seus escritórios ontem. Um chefe de segurança da Shell disse que parte dos funcionários expatriados saiu do país.
Os outros mercados de commodities também podem ser extremamente influenciados pelos acontecimentos no Egito. O contrato futuro do trigo caiu mais de 2% na sexta em Chicago, em parte por causa dos temores de que uma possível derrubada do regime no Cairo possa prejudicar a capacidade egípcia de pagar pelo trigo. Nomani Nasr Nomani, vice-presidente da Autoridade Geral de Suprimento de Commodities, disse que as remessas de trigo estão sendo descarregadas normalmente nos maiores portos do Egito, como o de Alexandria e o de Porto Said.
Os exportadores de algodão podem ser prejudicados nos próximos dias pela falta de segurança e o toque de recolher no país. A cotação mundial da fibra já atingiu o maior nível dos últimos 140 anos.
E os investidores das bolsas também estão se preparando para sentir o efeito. Embora o mercado acionário do Egito seja menor que outros do Oriente Médio, é um dos mais abertos a investidores estrangeiros. É acompanhado de perto por investidores internacionais e integra o índice MSCI de mercados emergentes. A bolsa saudita, muito mais capitalizada, ainda é considerada um novo mercado. A bolsa egípcia está fechada desde que começaram os protestos.
(Colaboraram Shereen el Gazzar, Tahani Karrar-Lewsley e Nikhil Lohade, de Dubai)
Fonte: Valor Econômico
dandolo nao viaja colocar o mundo na mao dos sidicalistas, nao viaja,os sindicalistas sao muito mais coruptos de que muitos politicos.
(…)O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse na segunda-feira temer que o Egito possa terminar com um regime radical islâmico como o do Irã.(….)
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——–(FONTE:ESTADÃO/INTERNACIONAL-31/01/11)
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É BENJAMIM,NÓS TEMOS A MESMA IDÉIA.
Falou Dandolo, “distribuição de Renda” , o mesmo ocorrer no BRASIL e México,q está infiltrado no narcotrafico, no egito uma revolução p depor um ditador, se contínuar assim no BRASIL teremos esses 2 caminhos, + qual?quem está seria/ preocupados são os ianks e judeus…os Palestinos estão + animados ,poderam ter uma forçinha p ajudar-los.Vamos conrtinuar a observar.
Lucena, eu temo pelos judeus!
Pois se o Obama ficar mais 4 anos, ja era Israel!
O Tio Rico não vai socorrer Israel!
Mais de 80 milhões passando dificul// e os judeus e seus “aliados” sugando os Arabes egipcios…vão tomar de irman//mulçumana; segurem o tranco pq será mt forte, talvez, um vai ou racha.Os Palestinos estão + felizes q pintinho no lixo, c a ajuda da irman//,talvez eles possam ter capaci// bélica p expulsar e ou causar a > baixas possiveis nas IDFs invasoras de suas terras,e fazer guerrilha sistemática, oficial, vide resolução da ONU de número .242 até hoje ñ cumprida,e retomarem a mesma destes criminosos .Tremei judeus.Mt Bom sds.