Lula pede que EUA negociem 'rapidamente' fim de retaliação

http://www.worldbulletin.net/images/news/69069.jpgO presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira que o Brasil “não tem interesse em confrontação com os Estados Unidos” ao divulgar a lista com produtos americanos que passarão a ser sobretaxados ao entrar no país, e pediu que o governo de Barack Obama “negocie rapidamente” um fim à retaliação comercial.“Eu queria pedir ao companheiro Obama que colocasse as suas pessoas para negociar rapidamente. O Brasil não tem nenhum interesse em nenhuma confrontação com os Estados Unidos”, disse o presidente durante a inauguração de uma usina termelétrica em Cubatão, São Paulo.

Uma lista com 102 itens importados dos Estados Unidos que passarão sofrer sobretaxas ao entrar no Brasil foi divulgada na última segunda-feira pelo Ministério da Indústria e Comércio.

Entre as mercadorias que receberão tarifas que vão de 12% a 100% estão desde escovas de dentes até produtos da chamada linha branca, como geladeiras e fogões.

A medida – que envolve um total de sobretaxas de US$ 560 milhões – é uma retaliação autorizada pela Organização Mundial do Comércio (OMC) aos subsídios pagos pelos Estados Unidos aos seus produtores de algodão.

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“Bagunça”

Em seu pronunciamento, Lula afirmou que “há sete anos o Brasil tem brigado” para que os Estados Unidos retirem os subsídios aos produtores de algodão e que a OMC deu “ganho de causa” ao Brasil no assunto.

O presidente fez um apelo para que os Estados Unidos respeitem a decisão e retirem os subsídios.

“O Brasil tem interesse que os Estados Unidos respeitem as decisões da OMC tanto quanto o Brasil respeitará quando a OMC decidir contra nós. Ou nós obedecemos as instituições multilaterais ou o mundo vai virar uma bagunça”, disse.

Segundo Lula, os subsídios americanos não prejudicam tanto os produtores brasileiros, mas sim os produtores dos países africanos.

“Quem precisa que os americanos diminuam os subsídios do algodão não é o produtor brasileiro, porque nós temos competência, terra, sol, água e tecnologia para competir com americano, com chinês e com francês, quem não tem são os pobres dos países africanos, que ainda não receberam a tecnologia dos países ricos”, disse.

Após a divulgação da lista de retaliação, o Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos (USTR, na sigla em inglês) se disse “decepcionado” com a decisão do governo brasileiro.

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Segundo um porta-voz do órgão, no entanto, governo americano continuará trabalhando na busca de uma solução para a disputa e espera chegar a um acordo com o Brasil nos próximos 30 dias.

Uma segunda série de medidas de retaliação do governo brasileiro no valor de US$ 269 milhões deve ser divulgada pelo Ministério da Indústria e Comércio no dia 23.

Fonte: BBC Brasil

3 Comentários

  1. Caso os mesmos quisem negociar já teriam enviado alguém p a negociação..eles vão retaliar , por derespeitarem OMC; q eles mesmos criaram e se ferraram.. e comecemos a dar pauladas..assim eles vão pular é talvez, talvez venham a sentar-se à mesa p conversar-mos…+ primeiro as pauladas na quebra das patentes..ai é q doí + .

  2. Edilson, Boa Tarde

    Abaixo , uma boa análise do confronto comercial BRASIL X EUA.

    A retaliação comercial brasileira
    Do Último Segundo
    Coluna Econômica 11/03/2010

    Está um pouco confusa essa história da retaliação brasileira aos produtos americanos, em decorrência na vitória obtida na OMC (Organização Mundial do Comércio) contra o subsídio ao algodão norte-americano.

    A retaliação consiste no direito do país vencedor em escolher quais produtos poderão ser retaliados (isto é, ter as alíquotas de importação aumentadas) do país condenado.

    Pode parecer estranho à primeira vista. Os subsídios americanos foram para o algodão. As retaliações brasileiras foram sobre outros produtos. Qual a lógica de se retaliar setores que nada tinham a ver com a pendência original.

    ***

    Essa possibilidade surgiu no final da Rodada Uruguai, que definiu as novas regras da OMC – organismo que regula o comércio mundial. Os países desenvolvidos propuseram o mecanismo, como forma de pressionar os emergentes.

    A reação inicial dos emergentes foi contrária à proposta. Coube ao representante brasileiro na rodada – o então embaixador Celso Amorim – convencê-los a aceitar a regra, desde que os desenvolvidos concordassem em se submeter a elas.

    Com isso, os emergentes ganharam uma arma extraordinária.

    Tome-se o caso do algodão. A condenação da OMC permitiu ao Brasil retaliar produtos americanos até o montante de pouco mais de US$ 500 milhões – uma gota perto do montante das exportações americanas.

    Ao poder selecionar setores, o quadro muda de figura. Em vez de se basear apenas na importância econômicas das exportações do setor, o Itamarati escolherá aqueles setores com maior influência política nos EUA. Ao aumentar as alíquotas sobre seus produtos, deflagra um alarido dos setores contra o governo americano.

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    Não é por outro motivo que, assim que soube da decisão brasileira de retaliar, o governo norte-americano enviou imediatamente um negociador ao Brasil. Aí tem início um jogo interessante de blefes e tentativas de influenciar a opinião pública e governos.

    Para todo mundo que acompanha os meandros dessas negociações, está claro que não se partirá para as vias de fato. Joga-se de um lado e do outro, blefa-se daqui e dali para se chegar ao melhor acordo possível.

    Nesse jogo, os meios de comunicações tem um papel relevante, seja para fortalecer ou para torpedear as posições nacionais.

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    Do lado norte-americano, a jogada veio através do Financial Times, com uma matéria alertando que a retaliação poderia produzir uma guerra comercial.

    Do lado brasileiro, alguns jornais resolveram atirar contra o próprio país. Foi o caso de O Globo e do Jornal Nacional que, em vez de divulgar a lógica da retaliação, preferiram matérias mostrando que o aumento das alíquotas de importação prejudicariam o consumidor brasileiro – mesmo sabendo-se que existem produtos de outras origens para substituir o norte-americano.

    ***

    No final do jogo, provavelmente se chegará a um acordo pelo qual o governo norte-americano aportará recursos para um fundo destinado ao setor algodoeiro nacional – que abriu a representação contra o dumping.

    Mas o episódio demonstra como é difícil para alguns veículos defender o interesse nacional.

    Brasil não quer disputa comercial com EUA

    O Brasil não está interessado em um confronto comercial com os Estados Unidos, disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para ele, é importante que os EUA respeitem as determinações da OMC – de autorizar uma retaliação brasileira a produtos norte-americanos -, senão o mundo pode virar uma “bagunça”. “Os Estados unidos são muito ricos. Podem fazer o que quiser na economia mundial, mas não é justo”, afirmou.

    FONTE:BLOG DO NASSIF
    http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/2010/03/11/a-retaliacao-comercial-brasileira/

    • Slave Itamar, sem dúvida uma boa análise, infelizmente não a publicarei na capa pois não tenho a utorização, já pedi ao Nassif uma vez e ele não me respondeu, fiquei no aguardo, e até estou cadastrado como membro da sua comunidade, mas ele ainda não em respondeu.
      desta forma deixo ai a sua recomendação.
      Obrigado
      E.M.Pinto

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